POR GERSON ALBUQUERQUE
Estava saindo de casa para visitar minha mãe e não tive como passar num dos trechos da Rua Joaquim Macedo, pois as famílias da área conhecida como Favelinha, no bairro São Francisco II, estão em pé de guerra contra o descaso do governo e da prefeitura e interditaram a rua.
A intenção do protesto é chamar a atenção das autoridades para o grave problema dos desabamentos de casas, colocando em risco as vidas das famílias que residem na área.
De acordo com os moradores, a situação não é nova e o governo estadual, há cinco anos, passou pelo local cadastrando as famílias para que fossem contempladas com moradias em outros locais, mas, até agora, nada.
Pelo que pude observar, a abertura e pavimentação de ruas nas proximidades da Favelinha deve ter contribuído para os deslizamentos de terras no local, especialmente, com o aumento das chuvas que caem sobre Rio Branco.
Creio que vale a pena você publicar alguma das fotografias e o vídeo que fiz com depoimentos de duas moradoras, posto que as mesmas fazem uma clara explicação sobre o que está acontecendo e os objetivos dos protestos.
Pelo visto, a retórica do "melhor lugar para se viver" e do "desenvolvimento com sustentabilidade" continua servindo como cortina de fumaça para ocultar a situação em que vivem milhares de famílias no Estado do Acre.
É tudo muito lamentável e creio que é nossa obrigação juntar nossas vozes às vozes das famílias que residem na Favelinha, para que o poder público se mobilize e faça alguma coisa antes que algo mais grave aconteça.
Gerson Rodrigues de Albuquerque é professor associado do Centro de Educação, Letras e Artes da Universidade Federal do Acre
Atualização às 19h20
O presidente do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento, Gildo César, leu o relato e prometeu:
- Vou pessoalmente ver a situação na segunda-feira.
Um comentário:
Favelinha em Rio Branco, Olegário França em Brasiléia, Vitória em Sena Madureira, Pantanal em Xapuri, Lagoa em Cruzeiro do Sul e sabe lá quais os outros em Tarauacá ou Plácido de Castro. Nestes bairros, uma reivindicação social que vem a público, revela outras tantas demandas necessárias à dignidade humana e que programas eleitoreiros como “ruas ou cidade do povo” jamais darão respostas... a não ser para aqueles que recebem os milionários contratos do concreto armado. O Acre como “melhor lugar pra se viver” só existe nas fantasias dos que posam sorrindo ao lado de ovelhas e abraçado com peixes... é uma fábula!
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