Por Elson Martins (*)
Nos anos 30 do século passado, estava em voga no Brasil a “Marcha para o Oeste” - definida como verdadeiro sentido da brasilidade. A primeira marcha foi organizada pelo presidente da Fundação Brasil Central, João Alberto, no final da Revolução de 30.
O mitológico general Rondon, amigo dos índios, e o ex-presidente norte-americano Ted Roosevelt já haviam ligado seus nomes à região, este último com uma expedição que resultara em livro. Faltava o ditador Getúlio Vargas completar a mesma glória.
Era tempo do Estado Novo e Getúlio mandou imprimir cartazes sobre a marcha e espalhá-los pelo país. Depois, seguiu naquele rumo em grande comitiva. Foi recebido por milhares de índios xavante e outros, que lhe ofereceram uma grande festa.
Um dos índios dançarinos, pintado de urucum e ornado de penas coloridas, impressionou demais a Getúlio. No final da recepção, o presidente mandou chama-lo à sua presença para presenteá-lo de algum modo.
- O que você quer do chefe branco? – perguntou ao índio dançarino.
- Eu "telo" um cartório - respondeu o índio.
A segurança do presidente foi chamada para explicar a resposta estapafúrdia e logo descobriu que o índio carnavalesco era, na verdade, um esperto membro da polícia do Rio de Janeiro, infiltrado na tribo por questões de segurança: Edson Sacramento, policial nascido em Xapuri, no Acre.
Claro que ele foi imediatamente depenado e “desterrado” para sua terra natal.
P.S.: A história me foi narrada pelo escritor xapuriense Océlio Medeiros.
(*) Elson Martins é jornalista acreano
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