domingo, 23 de fevereiro de 2014

Fico feliz de saber que o Acre existe

POR FÁBIO PORCHAT

Você já foi ao Acre? Pois deveria. Já fui duas vezes pra lá. A trabalho e a passeio. O show em Rio Branco foi ótimo. Lotado e com um público bastante receptivo. Mas quero falar da primeira vez que eu fui pra lá. Passei meu ano novo de 2007 pra 2008 sozinho em uma tribo indígena, a tribo dos Ashaninkas. Uma semana no meio da selva Amazônica. Foi incrível.

Mas a experiência que eu quero contar pra você aqui não é de estar no meio dos índios, mas sim, do tempo em que eu passei em Rio Branco. Cinco dias antes de ir para a tribo. Que lugar agradável. Comi bem e me diverti. O que mais me chamou a atenção na época foi o povo acriano. Muito simpático. Mas muito. Mais que simpático, um povo legal. Eu me senti à vontade em todas as situações. Na época, eu ainda estava começando como ator, então ninguém me conhecia. Ou seja, me trataram bem, porque lá é assim que funciona.

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O que não sabemos sobre o Acre?

Dois exemplos. Tomei um táxi e queria almoçar. Pedi ao motorista que me indicasse um restaurante gostoso. Ele prontamente me levou a um. No meio do caminho, perguntou se eu ia almoçar sozinho. Eu respondi que sim e ele, sentido, me disse que de jeito nenhum, me faria companhia no almoço. Eu imaginei que ele, espertamente, queria é que eu pagasse uma refeição pra ele. Aceitei pra ver onde íamos parar.

Quando chegamos lá, perguntei o que ele queria comer e ele me respondeu que nada, já havia almoçado em casa e estava ali só para me fazer companhia mesmo. Comi e batemos papo sobre a vida por lá. Corta para: dia seguinte, fui perguntar na recepção do hotel se o Parque Chico Mendes estava aberto. Ele me disse que sim, mas que fecharia em uma hora e que não valeria a pena ir assim correndo. Era tão bonito e cheio de coisas. Me propôs, então, de ir comigo no dia seguinte de manhã, já que um primo dele também estava por ali e queria conhecer e seria sua folga do hotel. Eu titubeei e ele me disse que era até melhor, porque ele sabia tudo do parque e poderia dar informações. Perguntei se era parte de algum passeio e ele me respondeu que era o passeio do primo dele mesmo. Topei.

Infelizmente, no dia seguinte, choveu e, logo cedo, recebi uma ligação sua lamentando o fato e remarcando para o dia seguinte. No dia seguinte eu já tinha que ir embora e acabei não participando dessa aventura.

E lá, tudo era assim. No restaurante, em que comi o melhor palmito pupunha da minha vida, o pessoal tocava uma musiquinha ao vivo muito da simpática e no forró que eu resolvi ir (sim, forró) tudo era muito tranquilo e com todo mundo bastante disponível. Adorei Rio Branco, a cidade é muito bonitinha, os barzinhos depois da ponte... Fico feliz de saber que o Acre existe. Ainda bem! Agora preciso voltar lá pra conhecer o parque. Vamos?

Fábio Porchat escreve no jornal O Estado de S. Paulo

Um comentário:

Tay disse...

Altino, uma amiga me mostrou (com indignação) uma entrevista do ator acima falando sobre o Acre, no Programa do Jô Soares. Bairrista a ferro e fogo, achei sem graça, não rir de nenhuma das piadas, só me atentei ao fato dele saber com detalhes de riquezas alguns lugares nossos. Estive há pouco numa praia em Vitória e nesse "lance" de pedir pra olhar as coisas enquanto mergulhamos no mar, enturmarmos com um grupo e dizendo de onde cada um era incrivelmente NINGUÉM sabia o que era Acre o que dirá onde era... Uma vez também na Bahia, perguntaram-me se o Acre ficava no Sul (fiquei me perguntando o que esse povo estuda em geografia e história do Brasil) enfim. Vai ver você tem razão quando diz: -“problema será quando eles nos descobrirem”.
Lendo o texto do Porchat agora, não sei se foi escrito com carinho ou uma ironia. De qualquer modo, me encontrei em diversos pontos e vejo essa "hospitalidade" um pouco em todos nós. Bom, sendo piada ou não, pelo menos dessa vez ele falando sobre o Acre foi de bom tom!