sexta-feira, 2 de março de 2012

CRIME ABSURDO E TRAGÉDIA NA EDUCAÇÃO

Gilberto Nunes de Ávila

No ultimo dia 25 de fevereiro um crime absurdo (veja) aconteceu dentro da Ufac (Universidade Federal do Acre).

O vigilante Carlito Bezerra da Silva matou o colega Aloildo Oliveira em expediente de trabalho, cometendo suicídio em seguida.

O motivo torpe seria uma discordância de valores para pagamentos em refeições.

Aloildo nem sempre exerceu o cargo de vigilante na Ufac.  Era servidor administrativo e técnico em agropecuária, atuando nos projetos de pesquisa desenvolvidos pela Universidade.

Foi o primeiro funcionário destacado para o Projeto Copaíba no Parque Zoobotânico. 

Trabalhou no Projeto Arboreto, um dos mais antigos e conceituados projetos de reflorestamento da Amazônia.

- Conhecia o experimento como ninguém, fazia coletas de sementes, conhecia as espécies na floresta, era um técnico fantástico - diz Flávio Quental, agrônomo e ex-professor da Ufac com quem trabalhou por seis anos.

Mas não conseguiu ser valorizado como profissional. Mesmo atuando em uma função de extrema importância para a humanidade, a preservação da biodiversidade Amazônica, não teve como prosseguir em suas pesquisas, o salário pago pela Universidade não era suficiente.

Abandonou a pesquisa, os trabalhos em botânica, no herbário, laboratório de sementes, Projeto Copaíba e em todos os experimentos em que estava envolvido. “Optou” pela transferência de cargo para o setor de vigilância, pois o trabalho noturno rendia adicional. 

Experiência e conhecimento em décadas de trabalho florestal trocados pela dura inversão de valores da realidade brasileira.

Seus saberes sem preço para o planeta, não conseguiram ser minimamente recompensados pelo Estado. Foram perdidos para sempre em uma sucessão de tragédias que culminou tão estupidamente que foi difícil encontrar palavras para terminar este texto. 

Sua morte é apenas uma amostra da banalização das funções educacionais e de como a educação precisa de socorro.

Enquanto continuamos olhando de lado para o que se passa dentro de nossas escolas, mais e mais Aloildos deixarão de contribuir para a ciência e a tecnologia. Mais nosso povo vai viver no atraso, imobilizado pela parca verba, inoperância, burocracia das instituições. 

É a tragédia da educação brasileira. 

Gilberto Nunes de Ávila é professor de jornalismo na Universidade Federal do Acre

3 comentários:

Roberto Feres disse...

O Projeto Arboreto merece um capítulo à parte na história da UFAC.
Vale à pena encontrar seus participantes para entender porque uma iniciativa tão rica e importante simplesmente acabou...
É uma lição que a UFAC não pode esquecer.

Ser ou Não Ser... disse...

É professor, pensei que fossem só os servidores do quadro efetivo do estado do Acre que não possuíssem vez, mas vejo que na esfera federal é igualzinho....

Ser ou Não Ser... disse...

É professor, pensei que fosse só os servidores efetivos do Estado do Acre que não possuíssem vez, mas vejo que na esfera federal é igualzinho...