domingo, 3 de julho de 2011

MÉDICA ACREANA PRESA EM PERNAMBUCO

Janilson Lopes Leite

A médica acreana Alessandra Bréa Moreno Dantas (leia) foi presa pela Polícia Federal na sexta-feira (1), em Caetés (PE).

Após concluir o curso de medicina em Pinar del Rio, com bolsa do governo de Cuba, voltou ao Acre, onde em diversas ocasiões procurou a Universidade Federal do Acre (Ufac) para tentar se regularizar.

Como todos sabem, os médicos formados no exterior sempre foram tratados com preconceito e descaso por um grupo da Ufac.

Alessandra Bréa tinha conquistado na Justiça o direito de trabalhar com registro provisório do Conselho Regional de Medicina (CRM). Como o registro expirou, a médica teve que deixar o Acre após a proibição de trabalhar também com um Termo de Ajuste de Conduta.

Ela já havia conseguido revalidar seu diploma pela Universidade Federal do Ceará, mas aguardava a burocracia enquanto fazia plantões em Caetés.

Infelizmente, Alessandra Bréa foi surpreendida pela Polícia Federal, após denúncia do CRM de Pernambuco, acusada de exercício ilegal da profissão.

Incrível tudo isso: enquanto faltam médicos nas nossas unidades de saúde, enquanto pessoas morrem por falta de atendimento, enquanto a Justiça não é feita, a Polícia Federal prende médica que estava salvando vidas.

Onde está a Justiça? Do lado do interesse do povo ou do lado do interesse de grupos?

O Acre continua sendo um dos Estados com menor número de médicos do Brasil, e um dos Estados com maior número de estudantes de medicina no exterior. A Ufac é uma das únicas universidades que nunca revalidou um único diploma até o dia de hoje. Considero isso um desrespeito.

Nossos políticos têm o dever de fazer algo imediatamente, a Assembleia Legislativa precisa se posicionar, pois não dá pra fingir que nada está acontecendo.

São milhares de famílias acreanas que estão investindo sonhos em seus filhos para estudar no exterior. Nós precisamos assegurar que amanhã nossos futuros médicos não estejam presos, como Alessandra Bréa, por lutar para exercer a sua profissão.

Estamos mobilizando muita gente para retirar Alessandra Bréa da Colônia Penal de Caetés. Ela está presa numa cela juntamente com pessoas perigosas. Isso é indigno. As leis e a justiça ainda andam muito distantes.

Janilson Lopes Leite é médico residente de infectologia da Ufac e Coordenador da Associação Médica Nacional Maíra Fachini.

21 comentários:

Andarilho disse...

As pessoas que estudam em Cuba tem o meu respeito. Medicina de primeiro mundo. Muitos acreanos estão estudando sobre pressão psicológica, pois quase não têm condições financeiras para se manterem por lá. Psicologica, pq suas famílias 'mendigam' para manterem seus filhos estudando. Vendem perfumaria de casa em casa, bombons e etc, aqui em Rio Branco para tentarem mante-los estudando em Cuba.
Conheço alguns nessa condição. Pergunto se já pediram ajuda aos deputados, eis que respondem 'Dizem que estão sem dinheiro'. Vejam vocês.
O governo acreano deveria mapear esses estudantes acreanos e estudarem uma forma de ajuda-los em sua formação e futuramente te-los como profissionais do Estado, isso, em conjunto com as entidades necessarias para formaliza-los em estado brasileiro.
É vergonhoso.
Não dou crédito para alguns estudantes da bolívia, perdoe-me, mas muitos, raramente excessoes, estudam realmente. Muitos compram matérias. Preferem mais as farras e diversões que o dinheiro brasileiro propõe na Bolívia.

Hedislandes Gadelha disse...

Esse Janilson Lopes Leite,não faz parte do governo da frente popular?e o mesmo que deixou Rio Branco na epidemia de dengue?Janilson conversa com o pessoal do seu Governo,que voce faz parte!esta sem cargo ai fica criticando agora!
caraca só fala quando não tem cargo!
Seu Partido PC do B,tem a Secretaria de Saúde municipal.resolve ai...

Altemar disse...

Disse alguma bobagem Altino?

ALTINO MACHADO disse...

Comentário do Altemar, que excluí involuntariamente:

"Alguém muito próximo foi para a Bolívia em 2008 quando, entao e a propósito, tive a brilhante idéia de sugerir a Deputada Perpétua - encampava algo no tema- via web, claro, sugestão para a situação dessa galera:
Terminou o curso lá fora? Legal, agora vamos ver o que tú sabes. Vais ficar tirando plantão por um ano acompanhado diariamente por alguém apto em uma unidade pública. Cortar ainda não, só furar ou ouvir. Mais de 8? vamos aos cortes, se não, mais um ano. Ah sim, grana né? Tudo bem comece com o que ganha a enfermeira, seis meses depois de cortar legal estás dentro, se não, mais um ano, ah nao quer? Vende Um carrão do pai e corre o Brasil. Simples assim.
Nunca obtive resposta. Nao sou médico, aliás deles só quero a amizade, mas depois de ouvir tanta lamúria minha indignação se traduz assim. Concordo que grande parte rala lá fora mas é preciso uma " peneirada", só falta a vontade, ou já existe?
.
E dá licença que eu vou tomar uma!
Maninha traz outra lata!!"

Altemar disse...

Tô bêbado, Plácido de Castro 0, Rio Branco 1

Altemar disse...

Quem houve a aldeia fm e a difusora, elas estrrrrrraaao trasminindo

Roberto Feres disse...

Altino,
Moramos num pais onde é necessário um esforço cartorial extra para sustentar a desigualdade social que permite a elite (palavrinha braba) manter seu status quo.
Ja pensou se todo mundo tivesse educação de boa qualidade? Se houvesse médicos com a fartura necessária? Na melhor das hipóteses o salario deles seria equivalente ao de um professor...
Imagine o absurdo da situaçao...

Fátima Almeida disse...

O diploma dela é ilegal porque ela se formou em Cuba? Mas os milhares de diplomas daqueles jovens cujos pais podem pagar faculdades de medicina particulares,Brasil afora,inclusive com ingresso sem vestibular, são legais! Claro, o MEC se transformou num balcão de negócios ou negociatas e quanto a isso não existe a menor diferença entre tucanos e petistas, aliás, só piorou. Eu sei o que digo pois fui funcionária de uma Delegacia do MEC. O CRM é apenas um instrumento para manter reserva de mercado. Portanto, o exercício da medicina no Brasil continua privilégios de muito poucos. Corporativistas, quando algum dá uma ratada fica por isso mesmo, a não ser em casos onde o cliente é pessoa muito instruída. Em Cuba é uma profissão com caráter social como a de professor. No Brasil é uma senha da pequena burguesia. Essa burocracia toda é apenas uma barreira para impedir que a renda do médico caia na medida que aumenta o número de profissionais, ou seja, não interessa a demanda da sociedade e sim o potencial capitalizante da profissão. E se ela tivesse socorrido vítimas de um acidente grave, um incêndio, qualquer coisa do gênero, em local de difícil acesso e com isso tivesse salvado vidas, teria sido conduzida para uma cela? Ela, que passou anos numa faculdade ficaria de braços cruzados vendo pessoas machucadas e precisando dos seus conhecimentos médicos? Se eu sou professora eu o sou porque sou a toda hora em qualquer lugar que possam precisar de mim. Se ela concluiu uma faculdade em Cuba não é uma charlatã. Os médicos cubanos que estão atendendo em Cobija para onde acorrem centenas de acreanos todos os dias, foram obrigados a revalidar seus diplomas? Que loucura é essa? Que absurdo é esse? Que país é esse?

Janu Schwab disse...

Pô, UFAC, o diploma é de Cuba! Cuba, aquela ilha que resiste (tanto ao bloqueio americano, quanto ao próprio socialismo senil e sufocante).

É de Cuba, UFAC, faça-se justiça, onde 99.8% da população é alfabetizada. Cuba, aquela ilha que acolheu e treinou todos os ex-guerrilheiros brasileiros que são o Poder há oito anos + quatro.

UFAC, vamos parar com birra burocrática e validar os diplomados no estrangeiro. Que é, UFAC, tá querendo "proteger" o seu curso de medicina? Não se faz "reserva de mercado" em universidade federal, UFAC. Me explica direito isso aí.

Anônimo disse...

Nossa, que coisa triste isso que aconteceu com ela. Espero que saia logo dessa situacao.

Ela errou porque usou um carimbo de outra pessoa.

Mas o sistema de revalidacao tambem erra, e e injusto pois nao tem normas claras, dificulta, inviabiliza a revalidacao.

Todos os paises tem normas pra revalidacao. Isso e importante, ao meu ver. Acho que existem certas peculiaridades na pratica da medicina de cada pais. As doencas sao sempre doencas, mas existem diferencas na epidemiologia, diferencas culturais e do proprio sistema de saude de cada pais, que fazem com que o curso medico tenha em sua grade, certa peculiaridade. Eu lembro que quando estudei em Belem, tinhamos uma disciplina de infectologia que era super pesada e detalhista. Ja em Sampa, meus colegas nunca viram malaria, por exemplo.

Eu passei pelo processo de revalidacao aqui nos EUA e posso dizer que nao foi nada facil. Esquema pesado. No entanto, as regras sao claras. E mesmo que seja muito dificil, voce sabe de todas as legislacoes, normas, prazos, enfim. As coisas sao mais plausiveis.

Independente de onde o medico e formado, ele tem o direito de ser avaliado com eficiencia, ou seja, com prazos claros. E se for competente pra atuar no pais, deve gozar de todos os direitos e deveres.

Espero que ela saia da cadeia logo. Muito triste essa situacao toda.

Obrigada,

Joema.

xapuriense disse...

Tudo é culpa da UFAC, tudo que não presta nesse Acre velho de guerra é culpa da UFAC. o engraçado é que todos querem estudar lá...

Acho que a UFAC precisa urgentemente de uma agenda positiva...


Quanto a profissionais médicos formados no exterior, só posso falar de uma experiência que tive em Xapuri. Vejamos: Meu tio, que é médico com experiência de mais de 30 anos, certa vez chegou em Xapuri com forte cólica renal. Fui com ele até o Hospital para providências.

O Médico de lá, formado na Bolivia, sem saber que meu tio era médico, diagnósticou: é coluna, é dor de coluna..

O mesmo médico, em outro momento, também deu diagnóstico semelhante para um amigo de Xapuri que estava enfartando...Quase morreu..O médico não, meu amigo.

Felipe disse...

Só sei de uma coisa, esses médicos so pensam en ganhar dinheiro, salvar vidas é so marketing, são coorporativistas, além de trabalhar horas e horas pra ganhar dindin e atender mal o povo, ela errou e tem q ser punida na forma da lei, tem q ficar é presa mesmo, mas sabemos q já já ela saí.

Paulinha Cameli Rodrigues da Silva disse...

sinceramente...tem q ser presos mesmo...querem ser médicos a qualquer custo...médico formando fora do brasil( grande maioria) não sabem de nada...

Janu Schwab disse...

Paulinha, nada de julgamentos precipitados, certo? Certo.

Itairan disse...

O médico que faz faculdade no exterior, seja Cuba, Bolívia ou Harvard, seja de pai rico ou pobre, precisa fazer a revalidação de seu diploma no Brasil, que visa avaliar o preparo e a adequação do currículo para a realidade nacional. Não é defensável o reconhecimento automático do diploma do exterior, pois que grande parte destas faculdades de medicina não tem nenhuma condição de formar adequadamente um médico. As condições das faculdades brasileiras não são as ideais, mas estas se submeteram a todos os trâmites e exigências para funcionamento, os quais, naturalmente, o Brasil não tem nenhum controle quando a faculdade é estrangeira. A Alessandra quando optou cursar medicina no exterior por certo tinha conhecimento da necessidade de revalidação, e, ao exercer a medicina sem esta providência, cometeu crime de exercício ilegal da medicina. A punição para este crime acontece pela justiça civil, pois não sendo médica registrada no Brasil, não está ao alcance de qualquer punição do CFM ou do CRM.

Frank disse...

"Ja pensou se todo mundo tivesse educação de boa qualidade? Se houvesse médicos com a fartura necessária? Na melhor das hipóteses o salario deles seria equivalente ao de um professor...
Imagine o absurdo da situaçao... "

Roberto... você andou fumando????

Mas que discurso pequeno burguês torto é esse, cabra?

Você acha que você, eu, os médicos, todos nós somos alguma coisa além de bactérias no lôdo do cantinho do box do banheiro do Universo?

Qual o problema de um médico ganhar o mesmo que um professor? Qual o problema de um professor ganhar o mesmo que um médico?

Um mau médico pode arruinar a vida de uma pessoa. Um mau professor pode arruinar a alma de vários futuros profissionais, inclusive médicos.

Se os professores ganham o que ganham não é por falta de mérito, é porque para ser político não precisa ser bom aluno.

José Coutinho disse...

Lamentável desfecho!!! Mas a Dra tinha pleno conhecimento da ilegalidade dos seus atos, é como pessoa bem esclarecida é estranho que tenha priorizado o dinheiro ao invés de aguardar pela revalidação do seu diploma, afinal, quando optou por estudar em outro país sabia que deveria realizar a revalidação, nos termos da Lei, como ocorre em qualquer nação civilizada. No tapetão, só o futebol... com resalvas!! Espero que resolva logo este problema e que retome os atos necessarios para poder exercer sua profissão na legalidade.

José Coutinho disse...

Acabei de ler a matéria publicada no PE. Ela utilizava o nome de outra médica para trabalhar?! Dr Janilson, o Sr considera isso correto??

CFM disse...

Caro colega,

A revalidação de diplomas de Medicina obtidos no exterior é preocupação constante das entidades médicas nacionais, entre elas o Conselho Federal de Medicina (CFM). E nesta seara, garantimos, inexiste pecha corporativista, mas o temor real de que o reconhecimento sem critério coloque a saúde dos indivíduos e até de comunidades inteiras em situação de risco.

É preciso ressaltar que o CFM não é contra à revalidação desses títulos, no entanto, existe um aspecto incontornável: isso deve acontecer a partir de marcos técnicos e legais bem delineados.

Acreditamos que, após anos de impasse, o país parece ter encontrado o caminho certo para resolver esse problema. Um programa de excelente nível – implementado, atualmente, pelo Ministério da Educação – permitirá triar de maneira idônea os profissionais que poderão atuar no Brasil.

No entanto, consideramos importante pontuar alguns argumentos defendidos pelo CFM neste debate:

1) A revalidação de diploma de Medicina é assunto sério, que não configura mera formalidade. A exigência poderia até ser desconsiderada se fosse acessória ou secundária. Mas não o é. Em Medicina, ao observar essa regra se atestará a competência indispensável ao exercício do ato médico.



2) Tanto cuidado existe, pois é preciso assegurar que o candidato tenha cursado as disciplinas mínimas que o Estado brasileiro considera necessárias ao exercício da função e, principalmente, que houve o seu treinamento com carga horária compatível.



3) O indivíduo que se lança a diagnosticar e a prescrever tratamentos sem a devida formação expõe a saúde daqueles que o procuram a consequências definitivas. Se alguém se aventura de forma imprudente na área do Direito, o prejuízo potencial também existe. Mas se um, por conta de ato mal calculado, pode comprometer um bem ou, no limite, a liberdade; o outro pode ceifar uma vida, mesmo que involuntariamente.



4) Existe um rito que deve ser obedecido. A lei exige diploma - devidamente revalidado por universidade brasileira e inscrito no Conselho Regional de Medicina – do médico que queira atuar no país. Ou seja, apenas depois de superadas essas duas etapas, o interessado pode trabalhar.

Ora, a revalidação do diploma de Medicina – feita com rigor e critério – protege a sociedade e assegura o padrão mínimo da assistência a ser oferecido. Não fazemos aqui julgamentos de situações específicas, mas chamamos atenção para os cuidados que devem ser obedecidos por todos que se encontram nesta situação.

Roberto Luiz d'Avila - presidente do CFM

Janilson Leite disse...

Nunca defendi nem jamais defenderemos revalidação direta de diplomas de médicos formados no exterior, conheço a heterogeneidade das universidades e de muitos companheiros que se formam no exterior, como também de muitos que se formam no brasil, que aliás deveriam participar do mesmo exame pra  poder trabalhar, mas não faço essa defesa pois uma prova aumentaria a reserva de mercado e o clamor social por atendimento médico brasil a fora. Defendemos a oportunidade do médico formado no exterior demonstrar o que aprendeu através de um prova justa, com nível de conhecimento compatível com do recém formado, e não essa provas tendenciosas que muitas universidades fazem pra excluir e ridicularizar quem correu atrás de um sonho. Não queremos facilidades, queremos justiça e que se cumpra a lei existente, algo que a UFAC  não fez até hoje.  Discrepo dos que acreditam que só salários farão provimento e fixação de médicos nas regiões com menos profissionais, isso sem outras estratégias é pura ilusão,  mas tem uma coisa que está faltando  tanto em muitos que se formam no Brasil ou no exterior, pensar mais no paciente e menos no monetário. Mas de inicio, acho que todo profissional formado com erário publico(instituições publicas)deveria  fazer serviço civil nas regiões com carência de serviços de saúde. 

xinguara on-line disse...

Realmente esse assunto dos médicos que estudam fora é muito complicado,assim como os maus médicos que estudam aqui nas faculdades partiulares onde as vagas são marcadas.Como afirmou o chefe dos drs é muito arriscado colocar um profissional no mercado sem saber como foi sua formação,e se ele simplesmente tiver comprado?Você colocaria seu filho doente na mão de um médico desse.Nós compramos um chevroler feito em são caitano com confiança,no entanto compraremos um chinês com muita desconfiança,é só um exemplo.Portanto que formados no brasil e no exterior faça uma prova justa que teste o minimo desse profissional,e dessa forma a demanda de médicos que entraram no mercado não sofrerá queda,mas de profissionais testados.