quarta-feira, 2 de março de 2011

O DEMOS DEVE SER SOBERANO

Adão Araújo Galo Júnior

A decisão da Comissão de Constituição e Justiça em estabelecer o referendo no Acre apenas como um indicativo, sem nenhum valor legal, para a votação de um Projeto de Lei ainda a ser elaborado para o retorno do horário GMT -5, demonstra o caráter da falsa democracia que rege este modelo de sociedade.

Nossa sociedade tem o princípio da democracia como um pilar ideológico importantíssimo, estabelecendo o sufrágio universal como ato supremo de participação. Entretanto, nossa participação é condicionada e limitada ao ato de votar, instituindo a política como algo a ser exercido pelos representantes eleitos. O indivíduo, conforme nossa democracia representativa, deve se retrair a passividade diante das decisões políticas de seus representantes.

No momento que podemos expressar realmente nossa vontade, ainda que limitado pelo ato de votar num referendo, nossa decisão, ao antagonizar-se com interesses de mercado, vê-se negado veementemente e arbitrariamente pelos representantes do poder econômico, na qual elegemos no último pleito.

Nesse modelo de democracia, o demos ou “povo”, ao ter sua competência política de maneira ampla negada, bloqueia nossa cidadania e descaracteriza a política na sua concepção de origem, na qual nossa participação deveria estar regida pelos interesses da pólis. O que vemos hoje é nenhum interesse pela pólis, mas pelos ditames do mercado, caso contrário nossa vontade estaria sendo acatada de maneira imediata e direta.

Conforme o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, vivemos em sociedades politicamente democráticas mas socialmente fascistas. Segundo o sociólogo, esta nova forma de fascismo não emerge de um regime político, mas de um regime social, em que gente muita poderosa tem poder de veto. Característica demonstrada hoje na Comissão de Constituição e Justiça.

Nossa passividade diante da política, esvaziando espaços públicos de participação direta, legitima ações destes representantes do mercado, proporcionando não apenas a banalização da nossa participação, mas a negação legítima da vontade popular.

Nossa passividade não deve mais ser regida por esta ilusão democrática que beneficia os de “cima” em detrimento dos de “baixo”. Temos que agir, tanto na esfera institucional quanto na ação direta para que nossa vontade seja respeitada, e manobras políticas, como a anulação da vontade popular expressada no referendo, não sejam mais direcionadas pelos interesses de mercado, mas pela sociedade regida pelos de “baixo”.

Adão Araújo Galo Júnior é cientista político

11 comentários:

Diógenes disse...

Tudo por conta de um mês de atraso,

Que pobres coitados!

Não terão outras razões para ficarem revoltados?

Tudo por conta de um fuso horário...

Maria disse...

Só um imbecil como esse Diógenes para pensar que a questão é essa. Mas, enfim, cada um pensa com a capacidade mental que tem e/ou com as razões que o move.

Je vois tout disse...

Novo jingle do povo do Acre

Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.

Eh, ôô, vida de gado
Povo otário, ê
Povo feliz

Eh, ôô, vida de gado
Povo otário, ê
Povo feliz

Diógenes disse...

Maykel, por favor, você é o maior imbecil deste blog, pare com a letra de Zé Ramalho e leia o livro de Aldous Huxley, Admiravel MUNDO Novo.

Maria, o que me move é o meu sol, e minha busca por um homem ao meio dia. Nenhuma destas razões morrerá por birra de oposição, há situações que carecem muito mais de atenção que um mero atraso pela já conhecida BUROCRACIA Brasileña.

Eh, ôô, vida de gado.. ( vagalume.com.br )

Je vois tout disse...

Diógenes partindo do princípio da democracia, principalmente pela liberdade de expressão, eu estou amparado pela constituição brasileira. Todos aqui sabemos que esse blog é uma ferramenta de comunicação e expressão de pessoas civilizadas e principalmente educadas. Em segundo lugar solicito que se dirija a minha pessoa com respeito e educação, pois não vou aturar comentários de uma criatura de 5ª categoria e furreca como você é, pois para não respeitar as pessoas em um ambiente democrático como esse não existe definição melhor para o mesmo. Se teus pais não puderam te dar uma educação como eu recebi dos meus, sinto muito. Porém mesmo assim sabemos que a educação pertence a pessoas centradas, as que não tem, são desequilibradas por natureza.
Viva a DEMOCRÁCIA

Diógenes disse...

Nossa que medo, não vai aturar é benhê? Vai fazer o que? Rodar a baiana?

Democracia não tem acento agudo no primeiro "a" e em nenhuma outra vogal.

bjo me liga.

Carina Menezes disse...

Diógenes, sinto muito por você, imagino que deve ser muito dificil não ter argumentos para rebater uma critica, mesmo assim acredito que partir para grosseria e ignorância é um ato no mínimo desesperado! Espero que com o tempo supere essas barreiras na sua educação! E a propósito seja democracia com ou sem acento, merece ser respeitada, se não assim for então que venha a tirania e que a constituição vá para o raio que a parta!

Diógenes disse...

É nóis Carina! Venha a Tirania! :D

Carina Menezes disse...

Se não precisamos mais decidir nada então me abstenho de qualquer outra imposição da constituição brasileira..e a propósito Diógenes se desejas voltar ao regime militar ou da tirania aconselho vc a procurar referencias e bajular muito os poderosos para que vc possa ter direito ao menos de ser lacaio!

Diógenes disse...

Compreender ironia é um problema grave para algumas pessoas.

Ilari ilariê oh oh oh é a turma da Xuxa que vai dando o seu alô!

Boooooooooom carnaval a todos, que venham os Lolós!

Tania disse...

Acredito que a soberania do povo acreano vai prevalecer. Mas não pode ser uma vitória de pirro. O horário foi alterado por uma lei e somente uma outra lei pode revogá-la para fazê-lo voltar ao que era antes.
Então a lei deve ser aprovada pra fazer valer a vontade popular. Não há como fazer o horário voltar sem tirar do mundo jurídico uma lei que diz que ele é outro. Não é complicado entender isso.
Aliás, o grande erro das autoridades no Acre foi deixar que um processo de consulta acontecesse sem embasamento legal.
Quem apresentou o parecer na CCJ dizendo que é necessário uma nova lei foi um senador que não é alinhado com o governo e menos ainda com o PT, o Pedro Taques. E teve apoio de todos os outros. A questão é tão séria que nem mesmo o Petecão teve como bancar o debate;
Agora, ao invés de tanto xingamento, devemos cobrar dos senadores o compromisso que assumiram na CCJ de votar em regime de urgência a lei. O próprio líder do governo estava presente e garnatiu o regime de urgência.
E quando eles querem votam rapidinho. Mandem e-mail pros senadores cobrando, lotem as caixas de correios deles. É assim que funcina.