Leila Jalul
Há mais de 10 anos não tomo uma injeçãozinha de vitamina B-12. Isso quer dizer que estou tombadinha, carente e inexpressiva. Isso quer dizer também que estou desprovida de hormônios. Isso significa, ainda, que estou em processo de beatificação.
Desde que fui abandonada pela sorte madrasta e pelos pederastas dos meus maridos, escolhi escrever para não enlouquecer. Boa escolha, creio. Desde que não esqueça que há homens e homens e que isso não é semântica, sim verdade absoluta, se é que isso existe, pois que tudo é relativo.
No marasmo e no ócio cotidiano, apesar dos pesares, insisti em continuar viva e sem água na pleura. Não deixei de ser mãe para ser mulher da vida. Isso é semântica, não verdade absoluta. Bem que eu dei umas caminhadas pelos atalhos do mal... Isso é de somenos importância. Dei o que era meu. Dei o que tinha que dar. Sem arrependimentos, pois, pois.
Minha sinceridade é metálica, meus desejos, idem, daí estar muita a damada (feminino de a cavalheiro, pode?) para a confissão pecaminosa.
Nestes 10 anos de virgindade forçada, preguiçosa e dolente, não fiz um curso de informática. Desinteressei-me por ver e ler coisas muito sérias. Entre Hebe Camargo e Proust, preferia, sem medo de ser feliz, a última (isso não pode, não deve e deforma!).
Quando a deformação estava em fase aguda, num dia qualquer, por um motivo qualquer, aconteceu o milagre. Um jantar para discutir florestania com meus velhos amigos, uns comunistas da gema e outros petistas. Por ser da hora, conheci mais profundamente um sujeito que atende pelo nome de Altino Machado. Mostrei uns textículos rascunhados e ele me disse: "Desenvolva e me mande por e-mail". Assim fiz.
Em rápidas pinceladas devo dizer que, no meu mundo internético, Altino Machado teve um preponderante papel. Ele me ensinou, linha por linha, clique por clique, passo por passo, a entender como essa máquina maluca funcionava. Custei a aprender, é bom que todos saibam. Não entendi tudo, mesmo sendo chamada de anta, mesmo sendo pisoteada pela sua impaciência para comigo. Cruel tempo. Tempo cruel.
Não posso falar em internet se não falar em Altino Machado. É um sujeito que muitos amam e muitos odeiam. Sou do primeiro time (com reservas, claro! Risos, risos e mais risos, viu, chefe?) e já declarei isso para ele. Nada em mim é novidade e sujeito a segredumes.
Mudei para a Bahia e ele sabe os motivos. Entre tapas e beijos, ele continua no Acre tratando de assuntos sérios e "cositas" paroquianas. Deixei de escrever no seu blog , por enquanto, pelo menos. Santo de casa não faz milagres! Um dos últimos comentários que escrevi causou estragos. Na paróquia, os crimes, por menores que sejam, ultrapassam a pessoa do criminoso. Os ânimos são muito densos e perigosos. Um descuido e pode-se, tolamente, deparar com mais um corpo estendido no chão. Deus que me livre!
O Edmundo Pinto foi o melhor governador do Acre e todos sabem disso e sentem falta dele. E chorarão lágrimas de sangue, sempre que lembrarem a falta que ele faz, tá certo? Não há controvérsias. Todas as opiniões contrárias podem significar que as pessoas queriam trepar com ele e, do alto de sua empáfia, foi por ele rejeitada (o). Ó céus, ó dia!!!!!
Em março fará um ano que freqüento o site do Lima Coelho. Freqüento-o com a mesma garra das beatas que perambulam durante o dia e durante a noite pelas igrejas da vida. Não sou apaixonada pelo padre, sim pela igreja. O site do Lima Coelho faz parte do meu processo de beatificação. Que declaração linda, não acham?
Nos 2 milhões de acessos que se aproximam, 500 + ou -, com certeza, partiram aqui do meu computador infimamente utilizado e seletivo. Isso o Altino Machado também me ensinou, indicando linhas de pensamento e lugares que minha alma pária gostaria de conhecer. Descerrei as cortinas, uma a uma.
Às vezes, por pura maldade, fico sem minha igreja e sem o sabor das hóstias (pelo amor de Jesus Cristinho, isso é figura de linguagem). Falta-me chão, a casa, a cama, os lençóis limpos e os travesseiros alcochoados. A razão de existir falta-me. Falta-me o ar e o desejo de continuar o processo de beatificação.
Obrigada, Altino Machado. Obrigada, Lima Coelho. Em vossas casas tracei o meu destino. Não quero mais tomar injeção de vitamina B-12. Quero ser santa.
◙ Leila Jalul é cronista acreana. Quando digo que é doida, ela responde: "Só quero ser santa. É melhor do que uma pirocada desnorteda". Viva a Santa Leila Jalul.
5 comentários:
Vc deveria ter guardado este post para a semana santa.É impróprio a festa da carne.
Essa do Edmundo ser o melhor governador do Acre, não entendi.será porque morreu assassinado? Tem também o Zé Augusto, que morreu sobre pressão dos militares, mas o Ed, era fiel ao regime militar.
Essa de quem acha que o Edmundo Pinto não foi o melhor governador é porque quis trepar com ele e foi rejeitada, também não dá pra entender... Quando jovem, até que o Ed nã era de se jogar fora, mas na maturidade, havia bem melhores do que ele...
Os dois últimos comentaristas ignoram tanto o estilo do ex-governador quanto o estilo literário da Leila.
Cumade, que que ocê andou pitando? BETO MINEIRO.
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