Copiar questões de outros vestibulares não é uma prática recente em vestibulares da UFAC. Acompanho o exame desde 1988 e, ano após ano, encontram-se questões que, quando não são cópias fidedignas das originais, são maquiagens grosseiras, às vezes contendo até erros de português.
A prova de Língua Portuguesa é um "espetáculo" à parte. A do vestibular de julho deste ano é um libelo da incompetência reinante entre os professores que se recusam a reconhecer suas limitações técnicas para elaborar itens com as características exigidas por uma avaliação de nível médio, como o vestibular. Das 15 questões que compuseram a prova, 12 são comprovadamente copiadas, a saber:
- vestibular da FUVEST-SP (1997): questão 17;
- vestibular da FUVEST-SP (1998): questão 14;
- vestibular da FUVEST-SP (1999): questões 11, 12, 13, 15, 16, 21 e 22;
- vestibular do ITA-SP (1991): questão 20;
- vestibular da UM-SP (1994): questão 23;
- vestibular da PUC-RS (1993): questão 24.
Há um detalhe interessante relativo à questão 24, copiada da PUC-RS. O professor "autor" prejudicou muitos vestibulandos, pois divulgou uma resposta errada e manteve-a até o final do processo seletivo. Estranhamente a Copeve não colocou as provas à disposição no site da UFAC, divulgou apenas o gabarito.
Neste último vestibular, realizado em 14 e 15 de dezembro, o procedimento do plágio foi novamente utilizado, mas chega a ser um "detalhe" comparado a problemas de natureza teórica. Na prova de Língua Portuguesa, há três questões cujas respostas divulgadas pela banca examinadora não se sustentam. A questão 24, por exemplo, é uma agressão incomensurável à inteligência de discentes e docentes e, sobretudo, aos compêndios literários. O enunciado pede ao aluno que aponte, entre cinco afirmações, aquela que não pode ser feita sobre o livro "O empate", de Florentina Esteves. Entre as quatro afirmações que não servem como resposta - mas que são verdadeiras, segundo o raciocínio aplicado no enunciado -, encontra-se esta: "... o romance 'O empate' (...) apresenta a mulher indígena como personagem nunca antes valorizada nas narrativas de autoria masculina". Em outras palavras: Florentina Esteves superou - nada mais, nada menos! - José de Alencar, para ficarm os apenas na menção de um autor mais conhecido, de um autor "menor" do espectro literário brasileiro.
Em vestibulares sérios, após a aplicação das provas os professores que elaboram as questões apresentam as respectivas respostas com comentários, justificativas. É um procedimento elementar: se o professor propõe um item avaliativo aos alunos, espera-se que ele saiba resolvê-lo e fundamente sua resposta. No vestibular da UFAC, os "autores" dos itens sentem-se agredidos quando se faz qualquer questionamento, mas são incapazes de redigir um fundamento teórico justificando o que propuseram como avaliação. O dom da infalibilidade lhes toma o corpo até a medula óssea. Oxalá o episódio de agora torne esses "autores" seres menos divinos, mais próximos de nossa falível natureza humana!
Sua Magnificência, Olinda Batista, tem uma oportunidade ímpar de promover ações há muito necessárias ao aprimoramento do vestibular da UFAC. Essas ações não compreendem apenas aspectos relativos à organização e infra-estrutura. A mais urgente, revelada pelo episódio do plágio de questões, é justamente aquela que muitos não percebem: definir ao menos um esboço mínimo do perfil de aluno que a instituição deseja receber em seus cursos. Esse perfil é essencial quando a universidade discute, por exemplo, as diretrizes para a melhoria da qualidade de ensino.
Nesse sentido, é importante a reitoria não se deixar embevecer pelo clima moralizante instaurado após a divulgação das irregularidades. Visando à elaboração de questões inéditas, sem a devida reflexão corre-se o risco da ressurreição de mentalidades jurássicas que já reinaram em vestibulares da UFAC e, qualitativamente, em nada contribuíram. Tome-se como exemplo o exame de 1997. Após fraude grosseira que culminou com a anulação total do processo seletivo, novas provas foram elaboradas. É bem verdade que a maioria das questões já não primava pela qualidade e a escassa qualidade existente já era fruto de plágio, mas, no geral, as novas provas conseguiram piorar o que já era ruim. Em uma das questões de Língua Portuguesa, pediu-se aos vestibulandos que apontassem o plural da palavra "ancião", segundo a norma gramatical. Três são as formas de plural registradas em português: "anciãos", "anciães" e "anciões". Como podemos observar, esse tipo d e questão exige do vestibulando uma habilidade tão rebuscada, tão sofisticada quanto "analisar o caráter sistêmico da menstruação das baratas" e "compreender a importância da influência da décima sétima lua de Júpiter no ciclo menstrual das formigas-saúvas africanas". Esse tipo de questão "inédita" revela-nos pelo menos três problemas comprometedores: 1) o elaborador desconhece o teor dos Parâmetros Curriculares Nacionais, documento oficial que fundamenta o currículo do ensino médio brasileiro. O que significa dizer que ele desconhece a realidade do público ao qual se destina a avaliação; 2) o elaborador não domina os rudimentos básicos que norteiam a formulação de um item avaliativo; 3) o elaborador age de má-fé, uma vez que, sendo sabedor de sua inabilidade técnica para executar a tarefa que lhe foi incumbida, aceita-a prontamente como se fora capaz de realizá-la, desprezando de maneira irresponsável o fato de prejudicar a trajetória de muit os estudantes.
É importante, também, que a reitoria da UFAC revele o nome dos professores-copistas e responsabilize-os de fato. A julgar pelas últimas declarações do presidente da Copeve, o velho corporativismo que corrói a estrutura da instituição já começa a dar as caras. Em entrevista a um periódico local, o atabalhoado dirigente disse que "o plágio pode ter ocorrido por falta de tempo dos professores para elaborar questões inéditas". A declaração é um acinte. Falta aos eminentes professores tempo para elaborar itens inéditos, mas não lhes faltam tempo e disposição para receber a remuneração por algo que não fizeram. O decadente programa "Zorra Total" é uma revolução humorística sem precedentes, comparado a uma pérola dessas.
■ João Bosco de Sousa professor de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino.
24 comentários:
A UFAC tem nos seus quadros gente de alta competencia, isso é inegável, mas a classe dirigente da entidade, parece que quando eleita para tal, se vislumbra "principesca" e entra de cabeça num mundo alienado, paralelo. A UFAC tem uma mancha nodosa e mau cheirosa quando se trata de vestibular, que insiste em permanecer já que ninguém quer "magoar" os incompetentes, os filibusteiros de má fé, piratas do saber alheio, já que copiam questões de outras instituições, e ainda cometem a audácia de dizer que não tiveram tempo de elaborar coisas inéditas. Quando a nossa UFAC vai recuperar o prestígio, e ser uma instituição séria ? Motivo de deboche nacional não é uma boa. Alguém já disse, que no Brasil, "... a corrupção e a incompetencia tem um futuro brilhante"...
MERECE PARABÉNS O PROFESSOR JOÃO BOSCO. EXCELENTE TEXTO, MAIS QUE EXCELENTE CRÍTICA AO DESVAIRIO QUE MOTIVOU A ANULAÇÃO DO VESTIBULAR DA UFAC.
RESSALVADAS AS EXCEÇÕES, SEMPRE FOI ASSIM, PRINCIPALMENTE APÓS O SURGIMENTO DA INTERNET. A TÍTULO DE ILUSTRAÇÃO, HAVIA UM DOCENTE QUE, NA FASE PREPARATÓRIA, DA QUAL TAMBÉM PARTICIPAVA, DAS 15 QUESTÕES DE UMA DETERMINADA MATÉRIA, 10 ELE ENFATIZAVA "COM FORÇA, MUITA FORÇA), QUE PODERIAM "CAIR". E PIOR (OU MELHOR): "CAÍAM". E CAÍAM COMO UMA LUVA.
MODESTAMENTE, POR EXPERIÊNCIA, POSSO DIZER QUE ESSE NÃO É O BUSILES DA QUESTÃO. DEVE-SE, TANTO QUANTO POSSÍVEL, DISCUTIR O MEIO PELO QUAL SE PERMITE O INGRESSO NA UNIVERSIDADE, MORMENTE AGORA, NO ABJETO PERÍODO PÓS-COTAS.
MEUS CUMPRIMENTOS E MEU ABRAÇO AO PROFESSOR JOÃO BOSCO DE SOUZA.
A ANÔNIMA SOY YO.
LEILA
Ora, se o "cessor" de comunicação escrevia tudo errado e agora é braço direito.... Fala, Juvenal!
A muito tempo a UFAC precisa de uma reformulação, mas uma reformulação em tudo: cursos sucateados, professores (exteto alguns) descompromissados, qualidade no ensino e por aí vai...
Quando a UFAC solta um edital, eu já leio com um pé atrás e uma pulga na orelha, o certame já vem com cara de carta-marcada. O concurso para professores por exemplo, cancelado várias vezes pelo MPF por causa do edital está com características a beneficiar "algumas" pessoas. Uma amiga minha falou em roda de amigos que o Sr. Moacir eleito recente mente com a nova reitora, falou para ela tentar o concurso para professor que ele daria uma "ajudinha", isso ela falou para uns 5 interlocutores e olhe que ainda nem tinhamos começados os trabalhos de erguer os copos, sendo assim ela ainda estava sóbria. O sr. moacir já foi várias vezes apontado como beneficiário de alguns concurseiros amigos seus. Falando o português claro, SO PASSA QUEM ELES QUEREM.
No vestibular é lambança por cima de lambança, nos tempos do prof batista até que era mais organizadozinha, mas com aberrações aos borbolhões.
O MPF deveria obrigar a ufac a contratar algma banca de concurso para elaborar seus certames, cespe, fcc, esaf e etc. Claro que até uma das bancas mais conceituadas como o cespe já foi acusado de fraude, mas pelos menos a transparencia é maior. Argumentos o MPF têm para isso.
A palavra moralização precisar ser aplicada na UFAC, caso contrário todos os certames de lá vão remeter a uma palavra: MÁFIA.
Hércules
e a uninorte e faao rindo à toa...
ALTINO, EU NÃO POSSO ME APODERAR DE UMA ANÔNIMA QUE NÃO SOU EU. MANDEI UM COMENTÁRIO QUE NÃO ENTROU, CERTO?
DEPOIS EU FAÇO UM OUTRO COMENTÁRIO E ASSINO.
LEILA
Concordo com a Leila, agora quem sabe se a UFAC contratasse o CESPE para fazer as provas... bom neste caso já não daria para assegurar que 50% dos inscritos passariam no vestibular porque o ensino médio e fundamental também é fraco, não tirando a culpa da UFAC que sempre faz tudo errado, mas que tal pensar a educação desde a base?
Marta
o sistema educacional publico, esta morto faz tempo, so esqueceram de sepultar
Marta, o Cespe já elaborou uma prova para a UFAC, foi a do vestibular 2002, realizado em maio daquele ano devido a uma longa greve das universidades federais. A prova é feita sob encomenda, isto é, o Cespe vai dosando o grau de dificuldade de acordo com as determinações do contratante.
Concordo com o landrius, e lendo o post posterior a esse quando ele citou o colégio acreano, lembrei da época em que o Raimundo Louro era o diretor, ele sofria todo tipo de comentário e acusação quanto à fua forma de administrar (rigidez) mas o colégio acreano nos seus tempos era grife, só passava quem estudava e quem estudava muito. A disciplina era exigida e era uma ferramenta poderosa para que o ensino de lá fosse um dos melhores da rede pública. Ele aposentou-se, foram aplicados os "novos parametros educacionais", os "métodos arcaicos" foram aposentados e hoje ele é o que é: mais uma escola da rede pública, perdeu o status de o melhor.
Marta, sobre sugerir uma banca para administrar os certames da UFAC, o cespe foi apenas uma que eu cite, mas existem várias bancas e como disse, a transparência seria maior e as regras mais claras e isentas de beneficiamento. Concordo que a educação de base tem que ser revista, a muito tempo ela tem que ser revista. Mas isso não se recolve da noite para o dia, é um trabalho de longo prazo. Como a zona da UFAC acontece todos os anos, a contratação de uma banca para o já seria o ideal.
Hércules
Nilton, você teve coragem de prestar um concurso para ser professor no curso de Letras? Escrevendo dessa forma tão tortuosa, tão obscura, tão rudimentar? Aliás, tem certeza de que você é graduado em Letras? Onde você estudou?
Carlos
Nilton, não use de maneira sórdida referências bíblicas e o nome de Ingedore Grunfeld Villaça Koch (e não "Kock", como você escreveu) para justificar as lacunas existentes em sua formação (se é que você a teve de fato). Em meu comentário, refiro-me a coisas simples que garantem a clareza do pensamento de quem escreve, como a utilização adequada dos sinais de pontuação, por exemplo. Releia este minúsculo trecho de seu último comentário: "Vejo carlos que a sua..." Você consegue perceber, Nilton? Você compreende por que perguntei se você é mesmo graduado em Letras? Nilton, até um estudante medíocre sabe que, na estrutura que você construiu, o termo "Carlos" é um vocativo e por essa razão deve ser isolado por vírgulas. Não vamos comentar outros casos, Nilton - tais como "carlos", "retrogado", "a qual" e vários outros exemplos do mais puro apedeutismo que caracteriza os beócios da sua estirpe. A propósito, Nilton, você não me respondeu duas perguntas: 1) Você é graduado em Letras?; 2) Em qual "enstituissão de ençino çuperior" você estudou?
Carlos
Se for o mesmo João Bosco do antigo Colégio Equipe, não tem condições alguma de criticar a UFAC. É só verificar o que aconteceu naquele empresa anos passados.
...o atabalhoado dirigente disse que "o plágio pode ter ocorrido por falta de tempo dos professores para elaborar questões inéditas".
Meu comentário? Bom... sem tempo pra fazer o que deve ser feito em uma instituição, mas com tempo pra assumir outro emprego... É só ver em: http://www.noticiasdahora.com/index.php?option=com_content&task=view&id=5357&Itemid=26 Palhaçada...
Nilton, mil desculpas se ofendi você. Sou arquiteto e sempre estudei em instituições públicas.
Fiz o comentário sobre o que você declarou porque, antes, havia lido comentários de outros internautas a respeito da "qualidade" da educação. Então, fiquei indignado quando li que sua intenção era ser professor universitário, pois uma rápida vista d'olhos em sua expressão verbal escrita leva imediatamente o leitor a concluir que você não tem condições de ser professor nem do nível fundamental.
Outro detalhe: mencionei o caso das vírgulas para não expor demais você ao ridículo. O que quero dizer, Nilton, é que seu texto carece não só de forma, mas principalmente de conteúdo. A sua diarréia verbal, ao misturar conceitos cuja essência você ignora completamente, pode ludibriar os incautos, os azêmolas, que tais qual você se sentem mais inteligentes ao ouvirem falar de idéias que não entendem. Você certamente deve ter o "Manual do cara-de-pau", de Carlos Queiroz Telles, como seu livro de cabeceira.
Um outro detalhe, Nilton: lendo os últimos comentários seus, não tenho outra opção a não ser acreditar que você é portador de algum distúrbio mental. Sim, pois comparar-se sub-repticiamente a Einstein, Darwin, Drummond e Machado é um atestado claro da mais pura sandice e também da parvoíce congênita da qual você parece estar acometido.
Mil desculpas, Nilton. Cuide-se. Cuide sobretudo de sua saúde mental. E, por favor, não se esqueça de estudar e de demover de sua perturbada mente a idéia de ser professor (não só universitário, mas de qualquer outro nível). Você acha pouco, Nilton, a crise por que passa a educação brasileira? Saúde, Nilton! Muita saúde! E senso de ridículo também!
Nilton e Carlos,
pelo diálogo dos senhores, estou sentindo que vai dar namoro. Felicidades!
Cupido.
Ei, menininha anônima! Anônimo que chama internautas de "senhores" deve ser... hummm... deve ser... hummmm... Vejamos: rena do Papai Noel! Acertei? É o espírito natalino! Tem rena alegre em tudo que é canto! Até no blog do Altino! Ah... o Altino é mara!
a maioria dos professores necessitam de tratamento psicológicos pois muitas encontram-se devidamente com um comportamento alterado, repondem agressivamente um exemplo disso é um de tenho até nome de citar ......bom isso é apenas uma sugestão
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