quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DIÁLOGO COM O MESTRE ZUENIR

Em resposta à minha resposta no post "Mensagem do Zuenir Ventura", o velho amigo enviou a seguinte mensagem:

Meu Caro Altino:


antes de escrever um ensaio sobre a cegueira, você deveria escrever sobre glaucoma, que é o que tenho. Mas, em vez de ficar tão ressentido, você deveria ter dado uma bronca na hora:

- Não está me reconhecendo não, seu cegueta?

Tínhamos e temos intimidade para isso. De qualquer maneira, lamento não ter reconhecido uma pessoa de quem guardo tão afetuosas recordações, você sabe disso.

Quanto ao público, acho que você está fazendo pouco de minha história de 20 anos com essa bendita terra e esse generoso povo.

Amo e admiro o Laurentino, e acho que ele merecia lotar a sala, mas vamos convir que tenho mais tempo de janela aí.

Acho injusto comigo e com os que lá compareceram atribuir a gande afluência à "livre e espontânea pressão".

Será que foi por pressão que recebi tantas manifestações de afeto e que tive de dar tantos autógrafos?

Adoraria que, em vez de reclamar do que me foi exageradamente dispensado, você tivesse ficado contente pela acolhida ao seu velho amigo, mesmo que ele não mereça tanto.

Com um abraço amazônico, Zu.

P.S: Gostaria que você publicasse também a resposta à resposta, não acha? Até porque ela é igualmente amorosa.


Minha resposta:

Mestre Zu:


Claro que fico feliz pela merecida homenagem da qual você foi alvo. E queira me desculpar se pareci ressentido por não ter sido reconhecido por você em Goiás Velho ou com a enorme audiência acreana que o prestigiou.

Mas jamais ousaria uma bronca contra quem tanto estimo. Mesmo não tendo sido reconhecido quando falei com você naquele evento, fui tratado com o carinho habitual e isso me deixou feliz mais uma vez.

Quanto à Semana Chico Mendes, o que não acho justo é deixarem de fora das homenagens e até privarem de convite pessoas que contribuíram para a história da qual você conhece como poucos.

Nesta manhã, quando recebi e comecei a responder sua mensagem, estava de partida para Xapuri, com meu irmão buzinando o carro dele na frente de minha casa.

Fui fazer aquilo que aprendi com pessoas como você, há 20 anos, quando trabalhamos juntos em Xapuri. Passei três horas hoje na Fazenda Paraná com Darly Alves da Silva. A entrevista exclusiva está boa e será publicada no Blog da Amazônia.


Também entrevistei Derci Teles de Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Ela foi a primeira mulher a presidir um sindicato rural (1981-1982) no país.

É uma mulher valorosa, que dirigiu o sindicato de Xapuri antes de Chico Mendes, e foi reconduzida ao cargo. Ela me contou hoje com enorme tristeza ter sido ignorada de todos os eventos relacionados à lembrança do seu antigo companheiro de lutas durante a Semana Chico Mendes. Também entrevistei Derci.

- O extrativismo florestal está falido - sentencia ela na entrevista.

Estou um caco ao retornar para casa nesta noite, após a correria durante o dia. Mas acho que ainda tenho forças para tirar e publicar a entrevista dela.

Aceite um abraço afetuoso, velho cegueta.


E mestre Zu encerra o papo:

Altino querido: você não perde essa mania de continuar repórter, né? O bom é que pude abrir correndo minha coluna para introduzir pelo menos uma frase da Derci. E pra dizer, claro, que seu blog é o de maior prestígio do Acre. Pena que não tinha espaço para mais. Deixa eu mandar correndo. Bjs. Zu.

3 comentários:

Anônimo disse...

Perguntada a razão pela qual preferem morar distantes das grandes cidades, a mulher de Saramago disse: odiamos a hipocrisia das relações...

Anônimo disse...

Não sei se o público de Rio Branco é tão fã assim do Zuenir Ventura. A maioria não conhece uma alma penada que não apareça regularmente na televisão. Agora, eu só sei que se pudesse teria ido para Rio Branco só para ouvi-lo, tirar uma fotografia e pedir um autógrafo.

Janu Schwab disse...

Venho arrancando fios e mais fios de cabelo por ter perdido esse real evento com o Zuenir. Êta, cabra bom!