terça-feira, 3 de junho de 2008

NOSSAS SUPOSTAS "COBAIAS HUMANAS"

Captura de mosquitos transmissores é procedimento epidemiológico e entomológico de rotina, diz Saúde

A mídia agora se volta para a suposta existência de "cobaias humanas" no Acre. O governo estadual é destaque nesta terça-feira em vários sites noticiosos por causa da acusação de usar pessoas como cobaias em estudos sobre a malária no Estado. O governo do Acre e a União foram intimados a prestar esclarecimentos à Justiça Federal no Acre dentro de 72 horas.

O
caso começou a ganhar visibilidade a partir de uma reportagem de Dayana Maia, da TV Acre, afiliada à Rede Globo. Segundo a reportagem dela, pelos menos seis agentes de endemias contratados pela Secretaria de Saúde teriam sido obrigados a levar, entre 2003 e 2007, no mínimo 300 picadas por dia para que fosse identificado o tipo de mosquito predominante em Cruzeiro do Sul, no extremo-oeste do país, onde existe uma epidemia de malária.

Marcilio da Silva Ferreira contou à TV Acre que foi contratado em 2003 para trabalhar como auxiliar de entomologia e chegava a permanecer de seis a 12 horas com o corpo exposto às picadas, nos locais de maior foco da doença.

A malária é uma doença infecciosa provocada por protozoário e transmitida pelo mosquito Anopheles. Entre os sintomas da doença estão calafrio, suor, anemia e aumento do tamanho do baço e do fígado. Não existe vacina para combater a doença.

- Foram muitas madrugadas, noites de frio que fiquei com as pernas expostas aos mosquitos. Peguei 12 malárias, fiquei fraco e pedi para ser transferido de setor. Não aguentava mais trabalhar para adoecer. Infelizmente precisava do dinheiro - relatou Ferreira.

A reportagem da TV Acre também mostrou Jamisson Rodrigues, um agente de endemias que declarou ter sido usado como cobaia humana.

- Cada mosquito que picava nossa pele trazia o vírus da malária, não tinha como evitar. Depois da picada tínhamos que recolher o inseto para ser levado ao laboratório para fazer pesquisas - disse.

Por causa da denúncia, a a Abraspec (Associação Brasileira de Apoio e Proteção aos Sujeitos da Pesquisa Clínica) entrou com ação na Justiça contra a União e o governo do Acre por considerar que houve uso de cobaias humanas em estudos sobre a malária no Estado.

Secretário nega

No entanto, antes da ação na Justiça, no dia 20 de maio, o secretário de Saúde Osvaldo de Sousa Leal Junior, negou o uso de cobaias humanas. Ele afirmou numa nota técnica (leia) que "a captura de mosquitos transmissores é um procedimento epidemiológico e entomológico de rotina, mundialmente adotado para o controle de vetores.".

- Os técnicos de entomologia são treinados para obtenção de espécies antropofílicas (insetos) capazes de efetuar transmissão. Define-se como atração humana a técnica de captura do mosquito realizada sem o contato direto com a pele, coletando-o no momento em que pousa, com proteção dada pelo uso de barreiras mecânicas como fardas adequadas e demais equipamentos de proteção individual - explicou Leal.

Na semana passada, o Ministério da Saúde também divulgou outra nota técnica (leia) em que trata dos critérios usados pela instituição quanto à captura de mosquitos Anopheles por atração humana. Assinada pelo coordenador-geral do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária,José Lázaro de Brito Ladislau, a nota nega "os rumores de que o Brasil, particularmente o Estado do Acre, esteja fazendo pesquisa em seres humanos envolvendo esse procedimento".

4 comentários:

Acreucho disse...

Alguém precisa ser responsabilizado por esta denúncia, ou o denunciado ou o denunciante.
Se o que os agentes Marcílio e Jamissom contaram for verdade, alguém do governo tem que assumir a responsabilidade, se ficar comprovado que é mentira, tem que ser processados por calúnia.
Temos que aguardar, os desdobramentos deste caso. O que não pode é ficar a palavra do Secretário Osvaldo e do Deputado Moisés Diniz como Lei, só porque eles afirmam que não houve, não houve o uso de pessoas como cobaias. Acho que a Polícia Federal tem que entrar no caso, pois, o caso já foi citado internacionalmente pela OMS, o assunto não pode morrer por aqui...do a quem doer...

Anônimo disse...

O jornal Folha do Amapá publicou no último dia 2 reportagem de Domiciano Gomes sobre o uso de cobaias humanas para atrair o mosquito da malária. Em troca de R$ 10,00 a R$ 12,00, moradores da comunidade ribeirinha de São Raimundo do Pirativa estendiam pernas e braços para serem picados.

A pesquisa era coordenada pela organização não-governamental norte-americana Institutional Review Board, financiada pela Universidade da Flórida/Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos da América. Seu objetivo era capturar o mosquito para estudo de marcação e posterior recaptura. Pelo menos 10 pessoas contraíram malária.

A decisão do Ministério da Saúde de suspender a pesquisa só foi tomada depois que, esta manhã, a Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), aprovou a convocação dos ministros da Saúde e da Ciência e Tecnologia para irem até lá se explicar. Cristovam denunciou o fato na última sexta-feira.)

Fonte: Blog do Noblat, 14/12/2005

FRANCISCO COSTA disse...

Altino, somente para lembrar. Eu estava em Cruzeiro do Sul produzindo uma campanha publicitária institucional para o governo federal para a TV1 de São Paulo. Fui a Vila Santa Rosa em Cruzeiro, para fazer uma pesquisa sobre o video, quando encontrei um amigo que trabalha no Juruá no Programa de Combate da Malária. Valdomilsom Melo, me contou a situação que os entomólogos e agentes de endemias, estavam sendo submetidos levando picadas do mosquito para ganhar dinheiro, sobreviver. Procurei fontes, fiz os contatos e avisei para meu chefe, Jeferson Dourado sobre a pauta, já que eu estava de férias da emissora. Depois procurei a repórter da Rede Amazônica na cidade, no caso Dayana Maia. Levei ela no meu carro nos contatos que confirmaram a história, sugeri perguntas, fiz o texto da reportagem e parte da finalização da edição. O material foi veinculado na Tv Acre, mas não chamou tanta atenção! Depois procurei mais informações e postei no meu blog e fiz um newletter da matéria para todos os meus contatos. Na semana seguinte, Chico Araújo da Agência Amazônia em Brasília, foi o único em todo o país a se interessar pelo assunto e comprou a briga. 20 dias depois o assunto, estava estampado no G1 de maneira tímida e na Folha de São Paulo. Isso somente ocorreu por causa da ajuda de Chico e a preocupação com o tema pelo advogado e presidente da Abraspec sr. Jardsom. Portanto, a pesquisa, produção, levantamento de informações foi feito por mim antes de chegar na Tv Acre, a repórter foi um instrumento. Mas somente pulou para o cenário nacional quando postado no meu blog. Um desafio que topei sem esperar créditos!

Anônimo disse...

oi altino bom trabalho!mais goestaria de informaçoes sobre uma reportagem de sabado
15/11/2008 a noitre q passou na record ou globo nao lembro,so sei q era na margens do rio jurua,onde tinha uma criança de sete meses e ja tinha tido malaria seis vezes ou seja uma por mes cara e demis pra mim ,como posso ajudar
esse criança ou essas criança ?draytonv@hotmail.com