terça-feira, 10 de junho de 2008

DESMATE DA AMAZÔNIA DENTRO DA LEI


Este aviso tosco está na edição de hoje dos jornais oficiosos e do Diário Oficial do Estado do Acre - a terra de Chico Mendes, Marina Silva, Jorge Viana e tantos outros defensores da floresta. É a maior licença ambiental de exploração florestal (298,29 hectares) e corte raso (191 hectares) dos últimos anos, concedida a um ex-deputado estadual e pecuarista. Leia:

"José Vieira de Farias

Torna público que recebeu do Instituto de Meio Ambiente do Acre - IMAC, a Licença de Operação nº 210/2008, com validade de 01 (um) ano, para atividade de exploração florestal (extração, arraste e armazentamento) de espécies florestais em uma área de 298,29 ha, fazer o corte raso e a queima controlada em 191,00 ha para posterior implantação da atividade pecuária no ano de 2008, localizado à Rua, BR-364, Km 48, Seringal Barcelona, margem direita - Sena/Manoel Urbano, Sena Madureira-AC".

Cleísa Cartaxo, presidente do Imac, disse ao blog que se trata de uma área de conversão à qual o proprietário tem direito, após apresentar Certificado de Cadastro de Imóvel Rural expedido pelo Incra, averbação da reserva legal em 80% e o devido licenciamento ambiental da propriedade.

- Não podemos negar o direito do proprietário. O que costumamos fazer quando alguém tem direito a desmatar mais de 100 hecatres, por exemplo, é negociar para que o desmate seja parcelado e não de uma única vez. É uma forma de minimizar o impacto. Essa licença não dá direito a desmatar toda a área a que o proprietário tem direito - afirma Cleísa Cartaxo.

Em tempo: enquanto isso, a exemplo dos demais moradores de Rio Branco, estou proibido de queimar a grama e as folhas que caem das árvores existentes no quintal de minha casa. Um ipê, por exemplo, ameaça desabar sobre ela durante os temporais. Paguei taxa para abrir o processo de solicitação de autorização para derrubada do ipê junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. E agora espero a boa vontade do Corpo de Bombeiros para derrubar o ipê com segurança. José Vieira vai torrar 200 hectares de floresta apenas para plantar capim e enfeitar o pasto com algumas vaquinhas. Queria vê-lo pagar, como paguei, mais de R$ 20 por cada árvore da propriedade. É o fim da picada.

8 comentários:

Unknown disse...

Será que o desmatamento parcelado 'minimiza os impactos' mesmo? Sobre o que o desmatamento impactará, segundo a visão do Imac?

Mas, a fala da presidente do Imac é esclarecedora: a ques~toa é de dieito de propriedade. Nada a ver com bem-estar social, bem-estar coletivo ou coisas assim. A questão é mesmo, como convém ao mundo do capital garantir o direito de propriedade.

Wesley Diogenes disse...

Caramba altino acho bastante válido as publicações desse tipo sobre o desmate no acre publicados pelo diário oficial, pois assim não passa despercebido pela maioria das pessoas que nunca chegam a saber os grandes desmate que sempre vem sendo praticado aqui no estado. É engraçado que o pequeno produtor quando solicita um desmatamento pequeno da sua terrinha para fazer plantação ou sei lá, sofre sérias dificuldades, dificuldades essas, que são alegadas que é para o bem da floresta...


Agora quando vem esses pecuarista, com poder, dinheiro e vários outros artifícios quase coloca a floresta toda dentro do bolso...

Acho que o IMAC daqui tá precisando de uma liderança, se possível pelo menos um pouco parecida, como Marina Silva.

É no mínimo dúbio e incoerente saber que na terra da preservação ambiental, ainda tenha esses tipos de licenças hehehehe.

Abraços.

morenocris disse...

Caramba digo eu! Isso já não é um quintal, mas uma floresta dentro de outra floresta! Ah, a Marina tá sabendo disso?.. rsrs

Beijos.
Gosto tanto de você!

Cruzeirense disse...

Minha nossa. 20% = 489 HA.

Façamos uma regra de tres básica e veremos quanta terra esse senhor tem.

Quanto será que ele pagou pelos 2.445 HA?

A terra é tão barata que se faz isso. Se a terra custasse mais que uma arroba de boi, ninguem faria isso.

É tão simples de resolver.

. disse...

Nao se terra e tao barata assim, as terras baratas sao aquelas que so tem mata, mesmo assim nao sao tao baratas, tente comprar uma area que ja foi beneficiada ou alguma das tantas terras degradas do estado do acre. Se voce tiver uma conta milionaria conseguirá, caso contrario nem tente.

Anônimo disse...

Caro Altino, vejo com alegria a contribuição de seu espaço para informação sobre a realidade acreana e as possiveis dicussões oriundas dela. Uma ótima iniciativa nestas terras...

Grande abraço

Saudades do Acre disse...

Altino, se considerar-mos o que disse a senhora Cleísa Cartaxo a respeito do direito de propriedade, caso o senhor Luís Vieira venda seus 80% restantes de mata, o novo proprietário poderá desmatar mais 20% de uma mata já anterior e teóricamente protegida como reserva legal. Desconheço a matéria legal que rege o assunto, mas gostaria de saber como o Estado administra este nocivo e predatório efeito cascata, se é que ele é permitido.

Igor Agapejev disse...

Altino, essa publicação tosca é modelo do Próprio imac, toda a autorização para manejo, desmate e queima não vai pra frente se não mostrar que foi feita essa publicação. Não sei se acompanhja constantemente estas publicações, mas 298 ha não é uma área tão incomum de ser solicitada para desmate, já ví muitos com 300ha, 400ha, no município de rio branco. acredito que estando nos 20% permitidos por lei, não é um absurdo.
Caso o proprietário da fazenda desejasse fazer um plano de manejo com metade da área solicitada para desmate, ele teria muito mais dificuldade. Um manejo mal feito é muito menos prejudicial ambientalmente que qualquer desmate. É mais fácil aprovar desmate a aprovar manejo. Isso sim é um absurdo.