sábado, 10 de maio de 2008

NO TEMPO DOS SERINGAIS

Sérgio Souto


Meu nobre Altino Machado, essas fotos devem ter 25 anos. Festival do Amapá, não sei ao certo o ano. Mas pouco me importa. Reconheces todos os personagens? Como éramos felizes!

Eu, você, a Kátia, o Narciso Augusto, o Maués Melo, o Joãozinho Veras, o Klemer, a Keila Diniz e mais um mundo de gente e emoções. Era um tempo de afetos e de delicadezas. Era tudo muito lindo, divino e maravilhoso.

Liberdade em todos os sentidos!



NA CORDA BAMBA

Sergio Souto

Andei na corda bamba com venda nos olhos
Tropecei no meio fio da navalha
Tirei cobras e lagartos da velha cartola
Mas voltei pra casa com minhas medalhas.

Passei noite em claro namorando a lua
Fiz passeata na rua batendo em panela
Mas me deixei seduzir e até me apaixonei
Por uma overdose de olhar de uma donzela.

Eu nunca me permitirei ser um capacho
Aprendi a olhar de frente e de soslaio
Não tenho papa na lingua, sou filho do mato
Tenho horror dos dedos-duros e lacaios.

Fiz um samba torto com cara de enredo
Pintei a minha cara e até botei penacho
Mesmo sabendo dos atalhos da estrada
Vi meus sonhos desaguarem rio abaixo.

Tenho o olhar vigilante e uma calma saudita
Jamais cantei de galo em outro terreiro
Eu não engulo sapo nem com batata frita
Morro de orgulho de ser um cantador barranqueiro.

Não pendurei na parede os meus brasões
Sobrevivi dos "salões" da guerra fria
Tenho na cara as rugas da opressão
E no bolso a minha carta de alforria.

Ah! Como eu sou feliz longe do coronel
Tô com uma saudade danada da democracia
Liberdade será sempre o meu troféu
Sou povo, sou canção, sou poesia.

Eu não tô nem aí pro que você pensa
Medo é sentimento que eu desconheço
Eu só canto o que meu coração mandar
Mas ouvir teu blá-blá-blá... Ah! Eu não mereço!

Um abraço-açú!

Meu querido poeta e compositor Sérgio Souto, as fotos remontam ao verão de 1983 ou de 1984 do século passado, quando organizamos os primeiros festivais de música na praia do Amapá. Na primeira foto aparecem Sérgio Souto, Antonio Klemer, Keilah Diniz e eu. Na segunda, Sérgio Souto, Maués Melo, Kátia Jaccoud, Zé Luiz e eu. Por perto estavam Toinho Alves, Sílvio Margarido, Rubão, Jorge Nazareth, Thaumaturgo Filho... E outros espíritos benignos. Dá até saudade da ditadura militar.

7 comentários:

maga disse...

Eu sou suspeita pra dar opinião sobre a poesia do Sérgio porque, além de ser fã N. 01 dele sou também sobrinha. Como sempre, e é o que eu acho o melhor de sua poesia, ele fala sobre as coisas do Acre: lugares, termos, situações, coisas de RAIZ, que fizeram ou ainda fazem partes e estão entranhadas em nós que nascemos ou passamos grande partes de nossas vidas(eu) no Acre . Um abraço e parabéns pelo seu trabalho.

Anônimo disse...

A poesia "Na corda bamba" me cheira a desabafo,posso estar errado. Mas de qualquer forma parabenizo pelo sentimento de quem "Dedilha um samba enquanto afina o coração" e, aos trancos e barrancos tenta alçar um vôo "Albatroz"

Parabens nobre "Cantador barranqueiro"

Cartunista Braga disse...

Serjão livre, leve e Souto. Precisamos poestar juntos de novo tomando uma loura no boteco da Loura. Depois da "democracia" de 3 de outubro, pousarei por aí feito um maracanã sedento de conversa boa e poesia.

Anônimo disse...

Pelo menos na época não tinham inventado essa gracinha de conceito chamado de "Florestirania"

Magrão

Anônimo disse...

Caros Sérgio Souto e Altino,

Estas fotos são, com certeza, de 1984, pois, embora não apareça, estava grávida de Gabriel Kuran, que nasceu em 30 de novembro de 84. Nas negociações institucionais para a produção deste Festival do Amapá - época em que eu gerenciava o Centro de Lazer Municipal de Rio Branco (CELAM), órgão de cultura do Município - também ficou na história o dia em que fomos "conversar" com o então Presidente da Fundação Cultural do Estado - que havia "adquirido" a área de realização do evento - e o Toinho não suportou tamanha insensatez e quase se tornou um herói dos artistas, representante máximo de nossa indignação.
Naquela época, de ditadura e poucas oportunidades de "diálogo", tudo era motivo para uma boa briga.
Bons tempos. Continuam bons, para quem continua nas batalhas da vida de hoje. Abraços saudosos. Keilah

Anônimo disse...

É verdade. Grandes batalhas!

morgana disse...

Deus não subtrai, soma, multiplica, e por amor a todos nós, dividiu seu Filho mais amado com quem não soube reconhecer a sua Luz.
Deus é amor, é vida e justiça, e por tantas coisas que nos oferece,
nós agradecemos e pedimos humildemente,
que nossa casa, seja digna de receber ao menos uma réstia de sua Luz,
através do seu filho, nosso querido e amado, Jesus.


Que Ele esteja em sua casa ainda hoje
e te dê a vida com abundância, afinal de contas,
você é uma das pessoas mais importantes na lista de Deus!

Amém.
Beijo azul de quem acredita em você.