Sinônimo de tudo o que há de ruim neste mundo, está na hora de mudar porque Acre é um nome terrível, panarícico, putrefato, incongruente e primário
Leila Jalul
Mudanças nem sempre são benvindas. Esse negócio de alterar datas, nomes de ruas, efemérides, sobrenomes, principalmente o que está arraigado nas mentes e nos costumes, só agradam aos que querem agradar a si mesmos ou a "alguéns e alguns" que detêm o poder de alterar o curso natural das coisas.
Os homens do concreto armado, os puxa-sacos de plantão, os desenvolvimentistas por vocação, os engomados de Brasília, os serventuários dos imponentes setores da comunicação, protegidos e defensores de regimes totalitários, manipuladores da educação, não titubeiam em obedecer ordens e pedidos...
Assim, da noite para o dia, em nome de um erro histórico nunca notado, mudam a vida de um povo simples, acostumado por cento e tantos anos (segundo eles) a dormir na hora certa e acordar na hora dita, por conta de um erro que não lhe bateu a passarinha.
Particularmente, isso não me altera a vida. Sou e sempre fui notívaga. Acordar, sempre foi uma questão de responsabilidade. Agora, quase sem enxergar, dia e noite se confundem. Excluam a reclamação em causa própria. Aliás, quem sou eu para reclamar?
Mudou? Mudou. E está mudado, sem direito a chiados. Agora é se conformar com a vontade do Tião Viana, do Lula e da Globo. Fazer o quê? Deus, com certeza, nada tem a ver com isso.
Mais um mandato de um qualquer, arredondará a conta e ficará tudo azul na América do Sul. Outro erro histórico? Bobagem, pura bobagem!
A mudança, entretanto, não deveria parar por aí. O nome do Acre, de per se e etmológicamente, encerra um grande estigma. Que se procure nos dicionários o seu significado. Não me darei ao trabalho de pesquisar. Aos agentes das mudanças, isso sim.
Acre, além de medida agrária, tem sinônimo de azedo, fedido, ácido, morte, degredo e tudo o que há de ruim neste mundo, além das dúvidas de sua origem nas línguas nativas. Rio de jacarés, assim falam. Em terra que tem piranhas, jacaré nada "de costas".
Tempo desses, imaginem, o também senador Nabor Júnior, ameaçou processar o filólogo Aurélio Buarque de Holanda. Coisa de doido! O Aurélio, indecentemente, lá no vocábulo, definiu acre como sendo sinônimo de punição, degredo, morte e tudo de coisa ruim nesta vida.
Acontece que, dois pontos: o senador nabor júnior (é assim mesmo, sem letra maiúsculas), era empirista, por falta de opção e destino, ao contrário do meu querido, amado e nobre Tião Viana. Nabor não sabia, por exemplo, que nos tempos de Rodrigues Alves, o Rio de Janeiro modernizou-se por conta das vísceras e do sangue dos pobres seringueiros do Acre. Nabor era seringalista, certo? Tião, não. Tião tem formação no que há de mais nobre, desde os tempos dos reis.
Nabor não tinha acesso a livros senão aos borradores e escritas dos seringais, nos quais, quanto mais se pagava, mais se devia. Nada que uma boa conta de chegar não resolvesse. Nabor não sabia de Oswaldo Cruz, da febre amarela, dos descontentes, das punições e etecétera e tal que, de forma aprimorada e pesquisada desse ao vocábulo ACRE o significado que deu.
Nabor não atentou que os governos que lhe antecederam e sucederam limparam o Acre, roubaram os cofres e se locupletaram à revelia dos pedintes, dos miseráveis, dos funcionários públicos, prostitutas e delinqüentes juvenis, num prejuízo que ultrapassa à casa da insensatez e aos limites da vergonha e honradez.
Não sou historiadora e isso me alucina, me tira do sério, me faz mais ácida e depressiva que o nome do Acre. Está na hora de mudar porque Acre é um nome terrível, panarícico, putrefato, incongruente e primário. Sem ranços, a minha sugestão: Castelo dos Viana.
◙ A cronista acreana Leila Jalul vive atualmente no interior da Bahia, de onde acessa a internet a partir de uma conexão discada. Em breve vai revelar o motivo da mudança.
19 comentários:
Leila, sei artigo resume perfeitamente este momento que o Acre vive. E, só quem está distante é que percebe, pois muitos dos que estão imersos nesse mar de podridão das políticas inescrupulosas não percebem.
Meus mais sinceros votos de estima
Isaac Melo
Blog: almaacreana.blog.terra.com.br
Tem um porém que a nobre amiga não sabe, o castelo já existe. Mas de repente nem todo mundo pode ver.
Essa questão de fuso horário, ateé agora não entendi tanta polêmica. Por que tanta briga? tantas opiniões? O melhor é viver enquanto é tempo.
Altino, eu tinha outra opinião a seu respeito, porém, você publicando esses artigos polêmicos e interessantes, está começando a ganhar a minha admiração.
Leila, não a conheço, mas gostaria, mesmo estando longe do Acre, vejo que continua plugada na problemática daqui e consegue definir tudo com muita clareza. Grande artigo.
www.blogdoacreucho.blogspot.com
Oh! Não suporto polêmica. E eu nem conheço você, não tenho e nem quero ter opinião a seu respeito.
Leila, castelo é português, nobreza de tamancos, não serve para novo nome desta terra tão charmosa. Chateau fica melhor. Te abraço às gargalhadas.
Nesse "Castelo", vale a pena lembrar, existe também imperador que persegue como se fosse uma ditadura maqueada, talvez pior do que a ditadura militar, pois persegue até tirar o ganha pão da gente pq assim vai matando aos poucos!!!
Ei altino desculpa falar isso não sei nem se vc vai aceitar, mas que seu blog gosta de uma polêmica isso é indiscutível.
A maioria dos artigos são interessantíssimo, mas que tem algumas polêmicas que rendem muitas discussões, eu sempre vi por aqui...
Espero que não se sinta ofendido é apenas uma opinião que pode está errada e mal formulada ok.
Algumas sugestões:
Vianópolis
Green Zone
Fool City
A essência do modo de dominação seringalista/feudalista (?) ainda está arraigado nas oligarquias locais. Claro que, hoje disfarçado pelo verniz da democracia. Sugestão para uma "tabuleta" no barranco do rio: "siringau dus viana". Se é para avacalhar...
Leila, cê tem toda razão em sugerir a mudança. Até porque dei uma pesquisada num dicionário editado em Portugal e encontrei mais um significado para ACRE. É o vocábulo AGRO, que além de significar AGRIDÃO e AZEDUME, significa também CAMPO, TERRA CULTIVADA OU ARÁVEL (VÔTE).
Êita! que a Leila, agora, arretou-se!!
Uma nova ->
http://www.rondoniagora.com/web/ra/noticias.asp?data=6/5/2008&cod=18131
creio que o novo nome teria mérito, tendo em vista os trabalhos realizados pelos queridos, nobres e amados viana para um Acre melhor.
Acre significa esse monte de coisas ruins. Mas a riqueza das palavras está nisso também, pois além de significar as ruindades, Acre significa ainda um Estado brasileiro, tesouro singular de uma nação chamada Brasil, o que, per si, regenera a palavra. Acre, enquanto sinônimo de Estado, é uma palavra bonita.
Exu, em pernambuco, abriga muito poucos umbandistas e os evangélicos que nascem por lá são todos filhos de Exu. As palavras e as coisas...
Oxee...´que mulher danada essa Leila, encasquetei...virei fã.
Há dois Acres, ou dois Aquirys, como se queira denominar a terra do Chico, do Plácido, do Galvez e dos... deixa pla lá! Tenha o significado que tiver, não hesito nem um minuto para afirmar que há um Acre antes de Jorge Viana e outro depois deste. Isto é ponto pacífico, como ponto pacífico é afirmar que a atuação de Tião e Marina, no Senado, dignificaram o Acre e fizeram-se respeitar e respeitar o nome do Estado nos salões atapetados daquela casa.
O que me intriga, nem é a razão do fuso horário mudar, ficar que nem era antes, aumentar mais uma horinha e ficar tudo igualzinho, do Oiapoque ao Chuí.
O que me intriga são as justificativas amarelas e bastante discutíveis que o Senador usou para embasar sua proposta. Um mapa de 1800 e bunda mandava assim e assim devia ser feito. O famoso erro histórico alegado. Negou-se, no entanto, em apresentar as verdadeiras, quais sejam as obrigações impostas às emissoras de TVs,em ajustar suas programações. E assim, armou-se o lobby, tendo na linha de frente a "loura platinada".
Ora, para um povo "besta e inculto", engolir a conversa do mapa, seria tranquilim, tranquilim... e vai ser, podem crer, exceto nos dias de jogos do Brasileirão...
Já me fiz essa pergunta: teriam a rede amazônica, a TV do Narciso, a do Bispo e as mais pobres, condições de criar programas alternativos locais mais atraentes que a novela Duas Caras?
Acho difícil... Saber o resultado do Flamengo e Botafogo apenas uma hora depois? Dificílimo!!! Imposible!
Foi um processo de rito sumário, quase sumaríssimo. Acho que nunca um projeto correu com tanta celeridade. Foi vapt-vupt! zaz-traz! e pimba na gorduchinha!, com direito a foto no gabinete do homem no ato da promulgação e noticiado nas emissoras, em horário nobre.
É só isso que queria dizer. Os motivos foram outros. Exijo que deixem o Acre com o nome que tem. Eu e muitos dos meus conterrâneos já nos acostumamos a gostar dessa terrinha enjoada, do seu hino, da sua bandeira, de seu passado, da magia de suas lendas, dos rios, igarapés, matas, índios e, até de todos os seus contrastes. O verdadeiro significado de Acre, no meu dicionário, é amor.
E tenho dito!
Altino, deixa de ser mal educado...
Antes que processem a amiga, manda que ela coloque Vênus Platinada. Essa loura aí é para baixar o ´
nível da emissora?
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