Narciso Mendes
Se quisesse, até que eu poderia invocar minha privacidade para não ter que estar dando explicações às críticas que dizem respeito a minha pessoa, entretanto, não só acato-as, como estou à disposição para, no mesmo nível, debatê-las. Primeiro porque, quando bem e seriamente elaborada, considero a crítica como algo absolutamente relevante. Segundo porque, muitas delas advêm do tempo da minha militância político-partidária, e destas, para não respondê-las, não tenho o direito de alegar minha privacidade recém conquistada.
A priori devo esclarecer, e assim gostaria que meus críticos entendessem e soubessem fazer a diferença: deixei a militância política-partidária e não minha participação na atividade política, ou mais precisamente, fiz a opção de defender tão somente os valores democráticos, republicanos e éticos, entre outros, independente da coloração partidária desse ou daquele sujeito. Já cometi erros em demasia por haver apoiado e defendido candidatos rabugentos a pretexto de não permitir que minha coerência político-partidária fosse arranhada.
Exemplos: em 2004, na disputada pela prefeitura de Rio Branco, votei em Márcio Bittar, e, por conseguinte, não votei em Raimundo Angelim. Em 2006, quando da disputa pelo governo do Acre, novamente, votei em Márcio Bittar e não em Binho Marques. Absurdo igual a este só se comparado àquele que já havia cometido na eleição anterior. Para não incidir no mesmíssimo erro vi-me obrigado a arrebentar as amarras que me prendiam a uma oposição que já havia se degenerado, porquanto, tão somente, já se encontrava a serviço de certos e determinados arrivistas. De mais a mais, enojava-me saber que o deputado federal Sérgio Petecão já estava a caminho de formar uma parceria com o próprio Márcio Bittar.
Entre os tais valores que passarei a defender, por certo, um deles se sobressai, qual seja, o de ainda assistir o ressurgimento da oposição no Acre, espaço que ficou vazio desde o covarde assassinato do Movimento Democrático do Acre (MDA), àquele sim, um movimento de oposição que tinha sabor, cheiro, cor, cara e coragem. Tanto era que a Frente Popular do Acre (FPA) se mostrou incompetente para destruí-la. Tanto era que foi preciso que o próprio Márcio Bittar, contando com a ajuda de uns doidivanas que o então prefeito Isnard Leite colocou na prefeitura de Rio Branco para assumir suas posições estratégicas, fornecessem as armas e as munições para liquidá-la. Oposição encabeçada por quem teve interesses contrariados, e tão somente por isto, não é oposição.
Que venha e viva a oposição. Desde que, é claro, desacompanhada de usurpadores.
◙ O empresário Narciso Mendes, dono da TV e do jornal Rio Branco, escreve neste blog às quartas-feiras.
2 comentários:
"Oposição encabeçada por quem teve interesses contrariados, e tão somente por isto, não é oposição."
Assumir tal asserto como verdade, reclama do bom senso que assumamos também, como verdadeiro, o asserto abaixo:
"Apoio ofertado por quem teve interesses atendidos, e tão somente por isto, não é apoio."
Pois o apoio, o verdadeiro e definitivo apoio, carece, para sustentá-lo, dos pilares da comunhão em torno dos mesmos ideais e legados morais e políticos. Qualquer apoio que se utilize de premissas distintas, expõe ao descrédito os que o ofertam e os que o recebem. Os primeiros, por não respeitarem a sí mesmos quando abdicam das próprias convicções em prol de interesses menores.
E os últimos? Bem, os últimos, exatamente pelos mesmos motivos.
O "saudade do acre" costuma falar coisas com as quais nem sempre concordo - inclusive por manter-se à sombra -, mas, agora, precisou uma lógica irretocável. O contraponto do argumento é impecável.
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