segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ACABOU CHORARE

Leila Jalul



Altino Machado,

Se, e quando eu morrer, tenha uma certeza: levarei uma dívida impagável. Adivinhe com quem? Pensou? Respondeu? É isso mesmo. Devo, não nego. Pagarei quando puder, e se puder.


Sei que não combinamos em tudo nesta vida. Você é impaciente, eu sou cardíaca. Você é político, eu sou anarquista, sem o amor de Deus.Você escreve bem, eu dissimulo. Você é concreto, eu nem sei quem sou.

Mas uma coisa eu sei: você me despertou da letargia da aposentadoria marajara, piedosa e farsante. Abri um coração sem medo, uma cabeça ocada, uma escrita rasteira e, mesmo assim, você disse sim. Faça-me o favor de explicar. Qual foi o verbo que de mim brotou para lhe enganar?

Reflita, se oriente, rapaz, não pela constelação de Cruzeiro do Sul, mas deste universo acreano como um todo. Onde foi que acertei, se sempre fui acostumada a errar? Onde foi que errei?

Uma coisa é certa, Altino Machado, meus ovários não “desuneraram” quando você me corrigiu, mas, muitas vezes, fiquei intrigada. Filho da Puta, ao pensar em você, era elogio. Você ofendeu-me à mim no âmago, ao esculhambar os meus boleros. Eu sou roqueira, por um acaso?

Tentei uma atualização, na base da porrada. Convoquei a nata da literatura acreana e ela me ajustou, não aos teus parâmetros, mas aos nossos. Nem tanto ao mar, nem tanto ao Altino. O mar sou eu.

Assim nasceu o livro Suindara, menina bonita por você maquiada, por Fernando França desenhada e por Branco Medeiros absorvida pelas garras da noite e pelo carnaval do dia.

Tá pouco? Quer mais? Não tenho mais. Acabou chorare.

Pela primeira vez vou chamar você de menino, embora lhe ache velho, enfastiado, carcomido, tanto quanto eu sou. Menino é meu Toinho Alves, porquanto o vi nascer. Você já nasceu velho.

Menino Altino, muito obrigada! Por renascer a menina Leila Jalul, muito obrigada! Por ter me reflorido, muito obrigada.

Quero, de vez em sempre, mandar meus mal escritos para colaborar. Se publicados, você assimilou. Se não, fique certo, você rejeitou e fez bem. Não mereciam. Coisa com coisa tem que ser dita. Caso contrário, lixo! É na lixeira o lugar da literatura lixo, do pensamento lixo e do lixo propriamente dito. Certo?

A palavra de ordem para o lixo, hoje, é reciclagem. Se estiver muito lixo, recicle-me. Meus ovários não “desunerarão”, entendeu?

Aliás, o melhor do lixo, é não fazer lixo.

Acabou chorare. Coloca a música para que ouçam. É a minha cara!

A cronista Leila Jalul, patrimônio da acreanidade, vai morar na Bahia logo mais, ainda durante as águas de março, num cantinho na divisa com o Espírito Santo. E segue Arnaldo Antunes interpretando Acabou Chorare (Galvão - Moraes Moreira).

6 comentários:

Jalul disse...

Bofe, esqueci da Almeida que me apresentou e do Juarez que me deu orelhas e ouvidos. Sem eles não seria eu. Suindara estaria incompleta, não acha?
Aos leitores, um pedido de perdão.
Para Azize um oi diário e um pedido de abençoar eterno. Mãe é mãe!

Cruzeirense disse...

Ai, ai... Blog velho de guerra...

Não fosse esse blog velho de guerra, onde esse povo que escreve por achar que tá abafando, escreveria se tu não existisse.

Patrimonio da Acreanidade... hehe... com carteira de estudante fica na metade?

Abraços

Maurício P. Homem de Bittencourt disse...

É por isso que nós errantes precisamos da sinceridade dos poetas. Para reconhecer que necessitamos uns dos outros, loucamente, se quisermos renascer a cada dia. Querida Leila, felicidade e paz na Bahia!

Maurício P. Homem de Bittencourt disse...

É por isso que nós errantes precisamos da sinceridade dos poetas. Para reconhecer que necessitamos uns dos outros, loucamente, se quisermos renascer a cada dia. Querida Leila, felicidade e paz na Bahia!

Jalul disse...

Olá, Coca!
Que pena que você seja uma inveja líquida e escura, um corpo sem cabeça e uma alma sem nome.
Que pena!
Com essa capa, infelizmente, nem metade da metade da metade de uma carteira de estudante você vale. Um homem sem nome vale zero. Zero, multiplicado por qualquer número, dá sempre ZERO. Dividido, também!
Você quer abafar, e não tem nome. Quer viver, e não tem como! Quando morrer, não terá paz, porquanto não existiu. ZERO não conta!
Mas você tem cheiro de fedor e sua fedorência nem perturba. Você não é. ZERO NÃO É.
Uma antiga criatura descreveria o comentário do ZERO, mais ou menos assim: onde muitos sentariam a bunda, outros não conseguiriam esfregar a cara. ZERO, NEM ISSO!
Siga em frente, Coca! Você não tem caminho, nem futuro.
O anonimato é isso aí. ZERO!
Peça uma esmolinha e compre um nome! Aí a gente conversa, tá bem?

Jalul disse...

Maurício Bittencourt:
dívida a gente paga. Humildade é bom pra tudo. Melhor quando dita em alto e bom tom. Todos, poetas e não poetas, precisamos dizer do reconhecimento.
Obrigada, desculpa, licença e bom dia, não nos quebra a língua.
Um dia quero conhecer você, se possível.
Anote meu e-mail
leilajalul@gmail.com
Espero contato. Absinto Maior está pronto e bonitinho. Basta contactar e mandarei, correto?