sexta-feira, 2 de novembro de 2007

PRA DATA NÃO PASSAR EM BRANCO

Johnson Fernandes Nogueira

Nos feriados, assim como sábados, me lembro de lugares e pessoas. Não são lembranças sistemáticas, as que mais gosto já que me enxergo cientista. São recortes, cenas, às vezes em preto-e-branco, às vezes em colorido desbotado. Não têm seqüência. Faço um grande esforço para montá-los como, quando ainda adolescente, assisti na TV acreana Admirável Mundo Novo, versão para televisão dividida em três episódios. Foram exibidos na seqüência: segundo, primeiro e terceiro. Sorte de quem havia lido o livro.

Infelizmente o roteiro das minhas lembranças não é tão claro, linear, cartesiano como minhas frases de efeito: dialética não traz felicidade.

Mergulhado em afazeres nem sempre prazerosos, lembrei-me de um amigo de longa data que num certo sábado me fez um convite inusitado: vamos filmar uns loucos da cidade?

Eram vários. E, claro, não vou me lembrar de seus nomes, nem mesmo suas típicas manias. Lembro vagamente de uma mulher que carregava sacos enormes cheios de outros sacos: “Mulher do saco plástico?” Ou um que andava sempre com um rádio, daqueles antigos, grandes, grudado na orelha. Lembro ou imagino?

Naquele sábado ensolarado saimos. Meu amigo devidamente armado com uma câmera super oito. Eu? O acompanhava curioso como sempre fui, sedento por novidades improváveis na Rio Branco daqueles dias.

Fato é que não encontramos nenhum louco disponível naquela manhã – ou teria sido tarde?... o que nos fez pensar, por uns instantes se não fazíamos parte daquele seleto e folclórico grupo.

Caminhamos muito. Fomos, pela ponte nova(?), até o segundo distrito. Nenhum sucesso na busca. Conversamos muito. Não me lembro dos planos pro futuro que eu tinha naquele dia. Não posso nem mesmo afirmar se alguns deles viraram realidade.

Hoje me lembrei deste amigo e resolvi escrever, pra não deixar esta data passar em branco.

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