quinta-feira, 11 de outubro de 2007

NÃO FIQUE CONFUSO. FIQUE COM DEUS

Leila Jalul

Meu caríssimo Moisés Diniz,

Tenho, no meu rol de admiração e simpatia, além do respeito, quatro camaradas da foice e do martelo: Márcio Batista, Edvaldo Magalhães, Vossa Excelência e a deputada federal Perpétua Almeida. De todos, apenas o Márcio Batista recebeu meu voto na última eleição. É o mais bem preparado de todos, nas questões doutrinárias, pelo menos. Edvaldo tem tido uma postura firme e atitudes bastante louváveis não só na condução da Assembléia Legislativa, mas noutras de alcance social.

Esse negócio de mudar fusos e parafusos, confusos e obtusos, é jogo de cartas marcadas e fatura paga. 100 ou 200 mil assinaturas são dispensáveis para a tomada de decisão. Podem servir de aval aos seus idealizadores, para outros fins. Apenas. Sem ofensas, sem ironias: esta defesa virou uma pereba braba na sua folha de serviços e nas suas ações parlamentares. O senhor está além disso, muito além.

As cartas foram jogadas na mesa de discussão bem antes de sua iniciativa, bem antes do senador Tião Viana encampá-la. Tudo começou com a firme decisão de retornar a censura ao país. Primeiro sob a forma de recomendação sutil às emissoras de televisão. Uma nota de rodapé: "recomendável para tal idade". Vi programas inteiros nas emissoras, principalmente no Roda Viva, salvo engano, e na Band, numa mesa redonda que acontece aos domingos. Também a Globo, através do Jô Soares, abordou o assunto.

O nobre deputado deve pensar que vivo apenas para assistir TV. Se assim pensar, está quase certo. Enquanto escrevo textos, enquanto monto livros infantis, enquanto escrevo meus próprios livros, ou leio os dos outros, tenho uma televisão ligada. Estou prestes a desenvolver um trabalho sobre os programas evangélicos e católicos que passam de madrugada. Esse vai me dar muito trabalho, pois exige gravações e muito cuidado na linguagem e na forma de abordar, de modo a não ferir os ditames legais. Chamar um pastor ou um padre de vagabundo, charlatão, enganador de fiéis ignorantes, sem ferir a liberdade religiosa, não é tarefa pequena.

Nas horas de relax, assisto as sessões do Senado. Aquilo está um circo. Mesmo assim, acredito que pode mudar. Tenho certeza, com a força da opinião pública, a mãozinha do Judiciário, e o bom senso de alguns parlamentares, ainda teremos um Senado que não nos envergonhe. É questão de tempo.

Voltando aos fusos, assisti ao encerramento da reunião de deputados e representantes das emissoras amazônicas. O acerto final foi pela mudança. Fuso horário único, do Oiapoque ao Chuí. As empresas dos Marinhos, a do Bispo, a do Senor Abravanel, a do Sr. Saad, ficam como estão. As afiliadas do norte que se enquadrem. E vão se enquadrar, direitinho. Afinal, não há dinheiro para a aquisição de filmes e produção de programas educativos locais. Tem que ter material disponível para as gravações dos programas tidos "impróprios e imorais". As fitas são caras. E mais, as repetidoras ficariam diminuídas perante as do sistema das parabólicas e em descompasso com as TVs por assinatura, que já dispõem de alguns canais abertos em seu elenco, a exemplo da Band, Record e Rede TV, sem contar com a Cultura e a Educativa.

Então reflita, meu caro Moisés, tudo que nos chega, vem de cima, inclusive os retrocessos. Nossa Eletronorte já dançou, nossa Embratel, idem. Isso falando do nosso Acre. Ainda somos uma fatia menor de votos, uma maior de analfabetos, lascados pelas doenças de origem hídrica, possuidores de uma rede de esgotos mínima, quadro político perneta por falta de vontade de apostar no crescimenbto de nossos irmãos, a partir das necessidades maiores. Reconhecimentos são devidos aos que não só resmungam, mas arregaçam as mangas para auxiliar o governo na batalha diária de viabilizar o Acre. Talvez nunca se consiga torná-lo o melhor lugar do mundo para morar, mas um lugar digno de viver. Isso já é muito.

Por último, gostaria muito que os Estados amazônicos, de culturas tão diversas, pudessem ser aproximados por iniciativa de seus representantes, não para formarem um bloco homogêneo, mas para discutirem questões comuns. Quem sabe, sairíamos da mesmice de, a cada quatro anos, entrar na briga de foice para definir quem vai ficar com a Suframa e com o Basa? Os deputados acreanos sabem o que faz o Inpa? E o Emílio Goeldi?

Meu caro Moisés Diniz, o nascer e o por-do-sol serão sempre momentos de encontrar com Deus. Independentemente de fusos e parafusos, Ele sempre há de nos irradiar. A iluminação vem de Deus. Não fique confuso. Fique com Deus.

15 comentários:

Anônimo disse...

êita Leita porreta! Me disseram dia desses que tu tiveste um irmão, já falecido, que foi meu amigo de juventude. Gente boa o cara! e tú és porreta que ne ele!!!

Anônimo disse...

Leila,

Eu fui muito elegante com você e com o Toinho. E olhe que eu estou estudando a questão do fuso horário há muito tempo. É só ler o que está escrito no Blog do Líder (moisesdiniz.blogspot.com).
Lá você vai perceber que eu não uso linguagem para ludibriar, confundir. A minha argumentação é simples, austera e pura.
Percebo que há uma má vontade de alguns em relação à minha pessoa (tenho medo que seja anti-comunismo)... Você deve ter percebido que os políticos não entram em temas polêmicos. Eu tenho essa mania de me envolver com esses assuntos.
Alguns dizem que é falta do que fazer. Pois é, acabo de sair de uma audiência pública sobre o conflito no Baia Velha. Fiquei lá presidindo desde às 9:30 horas. Conseguimos boas vitórias para aquele povo sofrido. Amanhã cedo embarco para o Jordão. Vou ficar quatro dias às margens do belos rios Jordão, Tarauacá e D'ouro. Vou agir a favor daqueles que sequer sabem que eu existo (aliás, eles não votam). São os índios isolados.
Não vou poder ficar dialogando na tela do computador.
Eu pensei que a gente pudesse externar uma opinião sem ser agredido. Impressionante! Nunca vi tanto ódio nas pessoas ao debater questões políticas, filosóficas ou morais. Fico triste com isso, pois acho que não há nada mais belo do que o debate de idéias.
Desejo sorte a você, aos outros, aos anônimos! Infelizmente, não vou poder ficar me expondo às agressões dessa forma. Me desculpe! Meu silêncio, a partir de agora, será o meu abraço a todos que me agridem gratuitamente. Daqui a cinco dias, quando voltar, darei uma olhada nos comentários "carinhosos" que serão postados...
Ah!, não conheço você pessoalmente, mas te admiro pelas letras!
Um abraço,
Dep. Moisés Diniz

Anônimo disse...

Natinho, entra em contato: jbretz@brturbo.com.br
Leila

Anônimo disse...

Vai com Deus, Moisés.
De minha parte espere crítica e carinho.
Olha, quando vc voltar, quero que leia meu Suindara. Você vai gostar e me conhecer melhor. Somos todos amantes do ideal socialista.
Quem vai ficar com inveja agora sou eu. Você lá no Jordão e eu aqui.
Um abraço e breve regresso, companheiro.
Leila

@MarcelFla disse...

Excelente todo o texto, mas devo confessar que adorei a parte "Chamar um pastor ou um padre de vagabundo, charlatão, enganador de fiéis ignorantes, sem ferir a liberdade religiosa, não é tarefa pequena."

realmente Leila, vai dar muuito trabalho! parabéns! hahaha

Anônimo disse...

Como é que é mesmo? As pessoas estão contra essa história de trocar o fuso horário por uma postura anti-comunista? Será mesmo deputado? Então quer dizer que essa história é um tema comunista? Não me diga! Trocar o fuso horário em benefício dos negócios é um tema comunista?

Anônimo disse...

Como é que é mesmo? As pessoas estão contra essa história de trocar o fuso horário por uma postura anti-comunista? Será mesmo deputado? Então quer dizer que essa história é um tema comunista? Não me diga! Trocar o fuso horário em benefício dos negócios é um tema comunista?

Anônimo disse...

Anticomunismo sem comunismo? É isso? Será que o Moisés ainda olha no espelho e vê um comunista? Se vê, tá explicado porque abraça essas causas, digamos, não muito inteligentes. Helôoooooooooooo... Dâaaaaaaaaaaaaaaaaaan

Anônimo disse...

Moises
tú nao conhece a Leila porque nunca brincou carnaval com o Calil. Ele ia te pegar (rs)

Anônimo disse...

Nunca houve e nunca haverá debate ou diálogos na política. O que há é um jogo de interesses particulares muito grande, e o resultado de tudo isto, é o que estamos vendo hoje.
Quem quiser viver e respirar, viva e respire, longe de política.

Anônimo disse...

O problema, anônimo próximo, é que o ar que tu respiras depende da política. Se as decisões políticas preservam a vida, os mananciais, a floresta... Tu consegues respirar. Do contrário, é morte súbita!!!!
Você não é ingênuo. Não induza as pessoas à ingenuidade! Ajude a elevar o nível politico. Esse discurso seu é cópia dos Agripinos, Renans, Barbalhos...

Anônimo disse...

Esse tipo de anônimo (agressivo, desrespeitoso) não sai do armário porque tem vergonha: da opção sexual, da classe, do lugar onde mora, da família ignorante, do salário, do nível escolar, da alma suja...

Anônimo disse...

O pobre do Manoel Rodrigues é um poço de traumas - ele reconhece todos.

Anônimo disse...

Pessoal, que tal elevar esse nível de discussão para um lado que não seja pessoal? A democracia esxíste pra ser discutida, mas com um nível melhor. Não vamos transformar esse veículo de comunicação em debates pessoais. Isso serve para todos... Deixemos a agressividade, a inveja, a raiva e o desrespeito de lado. E o preconceito tb viu...
Gabi, Cascavel - PR.

Kennedy Maia disse...

Há coisas que não consigo compreender, isso nem seria possível é claro. Mas gostaria de saber porque que pessoas inteligentes, intelectuais sem dúvida, que utilizam esse espaço para criticar, não aproveitam para dar sugestões. Não quero aqui dizer que a crítica é desnecessária ou coisa desse tipo, apenas que as mesmas viessem juntas com sugestões.
"crítica sem sugestão aparenta auto-promoção" talvez não seja o seu caso
obs: gostei do seu com... Gabi