Leandro Colon
O PT não esconde o desejo de ver Tião Viana (PT-AC) efetivado na Presidência do Senado. Após o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL), o petista até já marcou reunião de líderes para discutir votações e promete tentar aprovar até dezembro a prorrogação da CPMF.
O senador conversou ontem com o Correio. Na entrevista, ele nega que, nesses 45 dias de interinidade, tentará se cacifar para conseguir apoio numa eventual renúncia de Renan ao cargo. “Pelo regimento, daqui a 45 dias, Renan estará de volta. Como vou tomar uma atitude golpista, insensata, ou oportunista para querer um espaço pessoal de poder?”, disse. “Eu quero te dizer que estou vacinado daquela doença da fogueira das vaidades e da mosca azul”, ressalta.
Primeiro vice-presidente do Senado, Viana minimiza a crise entre PT e PMDB. Diz que não teme uma retaliação peemedebista pela postura petista de cobrar a saída de Renan. “Essa crise gerou instabilidade em todas as bancadas”, afirmou.
O presidente interino do Senado ainda defende mudanças no regimento da Casa e busca um discurso de unidade, embora reafirme a todo momento que não tem intenção de ficar no cargo.
Nada de golpismo no Senado
Nada de golpismo no Senado
Presidente interino nega que vá se cacifar de olho numa eventual eleição para o comando da Casa
O senador Renan já disse a amigos que não acredita em retorno à Presidência. O senhor trabalha com a hipótese de passar dos 45 dias no cargo?
Olha, tenho o dever, na solução interina que estou, de ter muita responsabilidade política. Minha primeira missão é de lealdade com a instituição do Senado e os senadores, acima de qualquer interesse partidário ou pessoal envolvido nesta questão. Acho que devo ter plena ciência do meu limite da condição de interino. Legitimamente, quem deve ter qualquer pretensão além disso tem que reunir a maioria. Ou seja, se alguém tiver algum tipo de pretensão, que se apresente . Não darei um passo para subtrair o direito do senador Renan.
O senhor então descarta uma eventual candidatura para sucedê-lo, caso ele renuncie ao cargo?
Pelo regimento, daqui a 45 dias, o senador Renan estará de volta. Como vou tomar uma atitude golpista, insensata, ou oportunista para querer um espaço pessoal de poder?
Mesmo que tenha apoio consensual dos colegas de outros partidos e do PT?
Eu quero te dizer que estou vacinado daquela doença da fogueira das vaidades e da mosca azul.
Como ficou sabendo da licença de Renan?
Ele me ligou uma hora e meia antes da decisão. Disse que estava tomando aquele caminho. E externei a ele o mais elevado respeito.
Como o senhor avalia essa decisão?
Ele fez um gesto a favor do distensionamento, está permitindo que se busque a pacificação do ambiente político do Senado. Acho que nenhuma atitude de quem quer que seja, e principalmente minha, deverá ser para trazer qualquer tipo de conduta que venha tripudiar em cima da condição que ele está vivendo. Deveremos ser serenos e éticos no caso envolvendo o senador Renan Calheiros.
Renan e aliados criticam a postura do PT pela pressão a favor da licença dele do cargo. O senhor não teme uma retaliação por parte do PMDB?
Essa crise gerou instabilidade em todas as bancadas. O PMDB foi a maior expressão disso, desse juízo de valor da crise. E o PT, por sua natureza histórica, já vive opiniões fortes e, às vezes, não compatíveis com a maioria do núcleo partidário. Isso faz parte da vida do PT. Quem conhece o PT não se surpreende com esse tipo de comportamento. Agora, precisamos reduzir a disputa em defesa do interesse da instituição.
O PT está agora com as presidências da Câmara, do Senado e da República. Não é muito poder para um só partido?
Me sinto muito à vontade, porque exerci nesses 150 dias de crise a função de vice-presidente de inteira lealdade à função. Não fiz absolutamente nada do meu esforço para prejudicar Renan e nada para defendê-lo. Prefiro ver que a condição que o Senado vive é de interinidade. Terei 45 dias para cumprir normas regimentais, fazer a defesa justa da instituição. Quero romper o paradigma que estamos vivendo de que não podemos encontrar a ética entre a base do governo e a oposição.
A oposição sempre considerou Renan um aliado e porta-voz do governo no Senado. Como garantir que o senhor, do PT, não vai agir da mesma maneira?
Não tenho nenhuma dificuldade em reconhecer no governo federal um extraordinário acerto nas políticas públicas, na área econômica, na política externa do Planalto. Agora, isso não vai me impedir de ter, como prioridade, a lealdade à instituição. É um ato de honra. É preciso dar transparência.
Qual será seu primeiro ato como presidente do Senado?
Convoquei uma reunião da Mesa para segunda-feira para refletir sobre a necessidade de pacificarmos o ambiente político na Casa. Isso é muito importante. É a primeira medida que os 81 senadores querem para que possamos preparar uma pauta de agenda legislativa, e, ao mesmo tempo, discutir pontos fundamentais que digam o interesse dos parlamentares. E marquei, para terça-feira, uma reunião de líderes, no horário de almoço, onde cada um pagará o seu, para fazermos uma reflexão partilhada sobre as relações políticas que devem nortear os trabalhos nessa interinidade. E refletir sobre a pauta que está atrasada, como um assunto importante que é a CPMF.
O governo espera que, com a saída do Renan, o Senado se acalme para a aprovação da CPMF. Integrante da base do governo, como o senhor vai se comportar no comando da Casa?
A CPMF é um assunto extremamente delicado para o governo, porque envolve uma reserva de R$ 38 bilhões. Isso tem que ser tratado com respeito, porque não foi um imposto criado no atual governo, tem décadas de existência. Isso precisa ser refletido à luz da responsabilidade política, com muita serenidade, responsabilidade, respeitando as diversas opiniões, mas entendendo que nós temos o dever de encaminhar o assunto dentro do processo legislativo, sem intimidar ninguém.
O governo quer aprovar a CPMF até dezembro. O senhor acha possível?
O Parlamento sabe dos prazos que tem. Sabemos que, se não votar em dezembro, implicará em prejuízo de bilhões para a sociedade brasileira, em investimentos na área social. Votaremos nos termos do regimento federal e cumprindo as responsabilidades de partidos e dirigentes políticos.
Com a licença, Renan espera ser absolvido nos demais processos. O senhor concorda?
Eu prefiro não antever nenhum tipo de cenário. Porque acho que o caso dele tem que ser conduzido à luz da imparcialidade e da ética. O assunto está no Conselho de Ética. Acho que o caminho vai ser o melhor, sem atitude passional.
Há um pedido de abertura de processo sobre as acusações de que Renan tentou espionar senadores. O senhor vai convocar a Mesa para analisá-lo?
Com certeza. Posso garantir que nenhum assunto ficará pendente sobre a Mesa. Porque trataremos todos itens sem atraso, nem antecipação.
O senhor defendia o fim da reunião da Mesa para analisar abertura de processos. Qual sua proposta?
O regimento diz que a Mesa deverá encaminhar toda representação ao Conselho de Ética. Ou seja, uma função homologatória. Eu acho que o Conselho de Ética precisa de uma revisão. Acho que o melhor seria uma eleição direta entre os 81 senadores, escolhendo cinco senadores para serem membros do Conselho por um mandato definido. E, a partir daí, toda e qualquer denúncia se encaminha ao Conselho, que julgará se é pertinente ou não. À Mesa caberá dar o tratamento secundário e encaminhar à Comissão de Constituição e Justiça e, depois, ao plenário. Isso daria racionalidade à denúncia.
Renan e Demostenes Torres bateram boca na última terça-feira. Um acusou o outro de transformar o Senado numa delegacia. O senhor concorda?
O ambiente não fazia bem à instituição. Na hora que tivermos um diagnóstico de que o Senado é inútil para a vida republicana será muito triste. Que sejamos capazes de virar imagem do Senado.
◙ Leandro Colon é da equipe do Correio Braziliense
8 comentários:
Agora a porca vai torcer o rabo, isso se não for bicó. como dizia vó.Chegamos lá,com o Tião todo poderoso,se o sensdor acreano passar por essa prova de fogo que é a presidênca do senado, aí eu tiro o chapéu pro homem.E em breve teremos um forte candidato à presidente da República.
Nada disso! Ele - o senador = ainda não tem idéia de jerico. Nem rabo de pavão.
O caminho é longo. Ele sabe disso.
A prova de fogo é ser PT sem ser vendilhão. Suicídio político não faz parte da carreira nem do Tião, nem do Jorge.
Se quiser apostar, guarde as fichas para mais uns anos pela frente.
Tem tempo pra colher, mas só depois do tempo de semear.
Leila Jalul
Essa já um colheita e tanto! Se o PT segurar essa batata quente o Tião emplaca como forte candidato para o comando do Executivo Brasileiro. lula não pode ser candidato, a turma da são Paulo tá feia demais. Tem grandes possibilidades, política é o caminho do Tião, então...bola prá frente.
Não coloco adubo nesse pensamento.
Esse batatal é de colheita antes do tempo. Apodreceu. Minguou. Tem fungos.
Qualquer agricultor sabe que terra cansada tem que ser revirada. O PMDB caga pesado faz tempo. Tem que retirar a merda mole, deixar curtir e esperar até que a banda viva do PSDB resolva cantar um canto de harmonia junto com o PT, já que são uvas do mesmo cacho.
Enquanto os burros encangados não se decidirem por onde começam a comer os molhes, a população brasileira vai continuar comendo capim fazendo força e terminando escangotada.
É o que penso.
Tião é novo. Não se pode descartar o poder devastador do PT paulista, nem o arsenal aniquilador, mortal, potente e acumulado do Zé Dirceu.
Marília Martins
Como tem gente morando na Ilha da Fantasia.
Sintam-se orgulhosos!
PQP... dá vontade de dizer um palavrão bem grande. Nós, acreanaos, temos um defeito muito grande. NÃO SABEMOS NOS ORGULHAR DO QUE TEMOS.
Ideais, politicas e partidos a parte, é um acreano que tá lá. Levando nossa terra a ser conhecida, mesmo que seja a força.
Sintamos orgulho. Deixemos de ser idiotas.
Tenho dito!
Pronto. Já valeu a demonstração de júbilo e orgulho. Agora, leiam o texto da Eliane Catanhede que o Altino publicou acima.
Sem "acreanada" o senador Tião Viana é um craque, tem destaque nacional e é admirado na casa que comanda.
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