sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O TEMPO NÃO PÁRA

Cazuza e Arnaldo Brandão



Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha no palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

9 comentários:

Anônimo disse...

Andaram passando um e-mail moralista contra o Cazuza, uma professora,que dizia ser o filme sobre a vida do cantor um péssimo exemplo para os jovens do Brasil. Cazuza diz na letra de uma de suas músicas:"...sou burguês, mas sou artista...",com isso ele amenizava sua dor de ser burguês. Viva Cazuza!A burguesia fede, é rola-bosta.

Cartunista Braga disse...

Altino, tu aí em Sampa, diante dessa merda que é a boçalidade do concreto das ruas e das caras, tá muito inspirado e mais sensível do que eu podia imaginar. Parabéns!

Cartunista Braga disse...

E aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro e diz que não sabia de nada.

Anônimo disse...

e esse governo que disse que o Acre ia ser o melhor estado para se viver, acabou de matar os pobres para deixar a ala rica viver melhor e muito melhor, todos estão sendo beneficiado com empregos e salário muito bom e nem se que colocam a cara no trabalho.E agora o que fazer??Esperar o tempo passar. E o tempo passa.tudo é rotativo isso eu sei!!

Anônimo disse...

Grande Cazuza!!Eu vejo o futuro repetir o passado.O tempo não para.

Anônimo disse...

E o nosso rio está cheio não só de ratos, mas de esgoto. Nossa cidade está podre, basta uma chuva para tudo se transformar num caos.

Anônimo disse...

Lindo Cazuza! Salve Cazuza!

Anônimo disse...

Cazuza, tanta perda para tão curta vida! À sua maneira, Cazuza estabeleceu os pontos por onde passou a parábola dos anos 80 e se tornou uma referência mais ampla do que um simples artista pop: um poeta, chegou-se a anunciar. Mas suas letras são a música, a performance e o conjunto de sinais que conformaram um discurso pop-político que o próprio encarnava. “A burguesia fede/ A burguesia quer ficar rica/ Enquanto houver burguesia/ Não haverá poesia”. Tudo errado: a burguesia não fede, cheira bem, à custa de perfume que seja; não quer ficar rica, já é rica. E as mulheres da burguesia?! Paulo Francis já falava do especial fascínio do velho Trotsky pelas mulheres historicamente condenadas da burguesia, hehe. Quem fede mesmo e quer ficar rico de verdade são os neoliberais de esquerda no poder, que transformaram literalmente o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro. E temos o futuro repetindo o passado. De resto, a burguesia gerou a melhor poesia que se tem notícia. E os melhores letristas, quase poetas, ou poetas em exercício: “E se eu achar a tua fonte escondida / Te alcance em cheio o mel e a ferida/ E o corpo inteiro feito um furacão/ Boca, nuca, mão e a tua mente, não!/ Ser teu pão, ser tua comida/ Todo amor que houver nessa vida/ E algum remédio que me dê alegria”.

Aquinei Timóteo disse...

Grande Cazuza, ainda bem que o tempo não pára; caso contrário, imaginem o bolor!!!!