terça-feira, 17 de julho de 2007

SUINDARA

Capa, contracapa e texto da orelha do livro



Leila Jalul


Altino Machado,

Suindara chegou. Chegou com aquele olhar de quem sente saudades. Sem fazer alardes. É agora a filha que parte para enfrentar críticas e desafios.


Suindara está bonitinha. Tem cheiro e gosto de livro. Cheia de pudores, é verdade. Chegou dizendo que é hora de aprender mais, de escrever mais, de aprimorar mais o verbo, afinar os ouvidos e enxergar mais o coração.

Suindara não é minha, Deus me deu para criar. É múltipla de pais, de amigos e padrinhos.

Você é o pai primeiro. Pai enjoado, exigente, atento aos erros da menina. Às vezes ela pensou em você como rabujento, exigente, dominador. Mas não. Pai que é pai, zela a prole.

Suindara rendeu-se até aprender que um pai quer, sempre, sempre, o melhor para os filhos.

Taí, amigo, toma que a filha é tua! Adote-a com carinho de pai.

O lançamento de Suindara, o livro de crônicas da Leila Julul, será no dia 27, às 20 horas, na Tentamen. O desenho da capa é do Fernando França, com concepção gráfica de Branco Medeiros, ambos artistas plásticos dos bons. Clique sobre as imagens para conferir. A edição do livro é custeada por Leila Jalul. A máquina pública raramente tem espaço para boas obras. Abaixo, o texto da orelha do livro, de autoria do escritor mineiro Juarez Nogueira, que estará no lançamento.



Juarez Nogueira

Na língua tupi, Suindara é coruja. Significa ‘o que não come’ e os indígenas assim pensavam por ser ave noturna. Ave encantada que foi outrora um pescador, acreditavam. Diz-se também que é bicho agourento, rasga-mortalha. Mas é a coruja símbolo de sabedoria. Da aguda capacidade de ver no escuro. Da clarividência de ver e ouvir o que os demais não vêem, não escutam. E o que isso tem a ver com a Leila?

Para saber, leia Leila! É de lei da boa leitura. O nome já a prescreve. Ler. Lê. Lei. Lá, palavra que leira, leina.

Leila dá trocadilho. Aliteração. Paronomásia. Dá paroxismo, a agudeza de seu texto peixe-vivo. Dá haicai, aiaiai, enredo e desenredo, prosa e poesia. Leila dá o que ler.

E o que falar? Em bom mineirês, Leila é um trem danado de bão.

Mas Leila é acreana. Vá, nas páginas dessa Suindara, ler o que é isso... Rede irisada de tipos a que a crônica de Leila apanhou e deu o lustro do gênero humano, com acuidade de ave pescadora que vê brilhar na escuridão a prata do peixe, o cardume inteiro.

Coube a mim, mineiro, aqui laudar Leila. Certo, mineiro tem que garimpar. É de lei. Quando viajei pelo a.C.RE, em 2006, garimpei amigos de boa (pa)lavra. Daí de dentro veio Leila. Dentro porque ela tem esse jeito de deixar a gente, só com palavras, muito à vontade. Como se tivesse permanentemente escancaradas as portas da sua percepção, das suas emoções, do seu sentimento. Casa aberta, arejada, cama-mesa-e-banho, puro convite ou ameaça sedutora. Entre. Fique à vontade. Palavra de Leila.

Palavra de quem se expõe com intimidade muito própria do seu escreviver. Por isso nos predispõe à cumplicidade muito íntima com as histórias que conta, reconta, reencanta. Augura. Histórias que poderiam ser as histórias da gente, as que a gente gostaria de colher num sobrevôo em meio à paisagem dessas memórias rasantes de afeto.

Acho que foi por isso que quando li Leila pela primeira vez, senti que a conhecia de longa data. Ela despontou lá no Blog do Altino, precedida de sua verve crônica, pedindo licença, querendo se justificar. Disse-lhe que não precisava se justificar, basta escrever. O seu texto a justifica: lei, lá, é toda prosa.

Leila é Jalul. Gosto da pessoa. Gosto do nome. Tem um J. J é um anzol. A Leila tem a manha de fisgar a palavra, com a palavra fisgar a gente. Um fisgo que tira do espinho, de repente, a doçura do peixe, ao mesmo tempo que uma voz sereia anuncia, lá no fundo, dentro, cortante como o grito na noite ou a risada na luz do dia: Gente, é a palavra que prediz a vida!

4 comentários:

Anônimo disse...

Olha que maravilha
Leila, depois só diz ai no Blog do nosso amigo Altino onde a gente pode consigo um “Suindara Leila Jalul”, com certeza e muito bom.
Juarez o texto e bárbaro.

Bom lançamento
Leila Jalul

Saramar disse...

Altino, Leila, no momento, estou tomada de emoção com tudo: o livro da mnha querida amiga, a beleza desse nome, a beleza dessas capas e, principalmente as palavras de leila.
Fico feliz e orgulhosa também por sabê-lo pai amoroso (e exigente, segundo a Leila) desta criança.
Milhares de beijos a ambos junto com meu orgulho de ser amiga de ambos, minha admiração já antiga por Leila e os desejos de sucessso, muito sucesso.

beijos

Anônimo disse...

Saramar,

Descobri que só ando na base do empurrão. Você nem imagina o tanto de broncas que tomei por conta de não saber mexer direito com essa joça de computador.
Escrevia o texto, mandava, o troço não ia. Do outro lado lá se vinha a voz de comando: clica aqui, clica ali. Copia, cola, anexa... manda para este outro e-mail. Espera fazer o down não sei o quê. E o bicho não ia nem no porrete. E eu sem enxergar quase nada, clicava onde não devia. Um furdunço dos diabos!
E assim fui aprendendo. Acho que ele (Altino) não me dava uns petelecos, apenas e tão somente, por estarmos a quilômetros de distância.
O aprendizado foi longo. Aprendi a ser mais sintética, deixando de escrever como se estivesse conversando e cantando numa mesa de bar. Fui aconselhada a ler mais o gênero (crônicas), enfim, além de pai-patrão, era conselheiro. Dei-lhe o apelido de mãos de tesoura quando mandava eu cortar as letras dos meus boleros...
Era difícil. Eu amo boleros.
E assim Suindara nasceu.
Manda teu endereço por e-mail. Mando a menina pelo correio, embrulhadinha e alimentada com um cadinho de meu amor e pelo muito de admiração que tenho por você.
Leila Jalul

Anônimo disse...

Juarez,
pra nós, que prezamos da amizade da Leila Jalul, ela é tudo isso que você falou e mais alguma coisa... Leila é inquietação, é opinião, é corajosa, é poesia, é romantismo e realismo, acima de tudo, Leila é verdadeira... Vá em frente amiga, essa é tua hora ou seja, é nossa hora por sermos agraciados com SUINDARA!!!
Admirador de suas qualidades.