segunda-feira, 2 de julho de 2007

ADEUS, EVERALDO MAIA!

"Há quanto tempo, rapaz"


Há quanto tempo, rapaz
Você não faz um blues com a gente

Pra gente se olhar nos olhos e ver
O quanto a gente se gosta assim, profundamente

Sou tímido à luz dos flashs
Sou tímido pro papai e pra mamãe

Mas quando a luz da meia-noite
Bater em meu cabelo esvoaçante
Eu vou por aí



"Há quanto tempo, rapaz", de Everaldo Maia (Flint) e Pia Vila, foi composta no final dos anos 70 e se tornou uma das canções mais tocadas no rádio e nos ambientes da badalada cena roqueira acreana. Everaldo Maia de Queiroz, 54, era psicólogo e assessorava o vice-prefeito de Rio Branco Eduardo Farias. Falei com ele pela última vez na sexta-feira, após uns dois meses sem encontrá-lo pessoalmente para uma boa prosa. Ele estava em Brasília e enviou uma mensagem na qual perguntava: "há quanto tempo, rapaz, você não faz um blues com a gente?". Havia lido o blog e tratou-me de guerrilheiro. Avisou que nesta semana estaria em Rio Branco e que haveríamos de nos encontrar para conversar. No dia seguinte, sentiu dores no grande coração. Os médicos constataram uma lesão grave na artéria aorta. Foi submetido com urgência a uma cirurgia e não resistiu. Foi o primeiro a me contratar como repórter profissional, quando era diretor da extinta Folha do Acre, no começo dos anos 80. Ali começou a nossa amizade. Agora é saudade. Deixa os filhos Joema e Januário. E ele vai por aí, em paz.

ATUALIZAÇÃO: Mensagem enviada por Isabel de Souza Aydos no dia dia 29 de fevereiro de 2008:

"Lembro com muita clareza do ano de 1984. Recém chegada em Rio Branco nem bem havia desembarcado do avião, fui levada pela mão a conhecer as instalações da Folha do Acre. O mais novo local de trabalho do Everaldo que despertava nele aquele entusiasmo que alguns conheceram.

Fui apresentada a várias pessoas de rostos espantados e deduzi que pelo jeito que me olhavam a minha pele muito branca e meus cabelos loiros me faziam diferente daquele lugar. Mas era só essa a diferença. As pessoas que eu encontrei ali ("Fé em Deus", Ramaiana, Alceu e tantos outros) eram muito parecidas comigo, na verdade conosco: Eu e Everaldo. Naquela época todos tinham os sonhos muito parecidos. Vivíamos o período da abertura, "diretas já" e fervilhava em nós a vontade de fazer tudo diferente, melhor.

Lembro do dia em que fui apresentada ao Altino Machado. Um jovem talento promissor buscando espaço.

Passou o tempo e morei por quase cinco anos em Rio Branco. Criei os filhos do Everaldo, o Januário e a Joema consolidando uma família feliz e cheia de energia. Fomos de fato um modelo de família. É bem verdade que um modelo diferente, mas fomos e para coroar toda essa felicidade tivemos um filho: Gabriel nascido em Rio Branco, "acreano do pé rachado".

Como quase tudo na vida tem "prazo de validade" nosso vínculo se rompeu, mas o Gabriel segue me lembrando todo dia que o Everaldo esteve por aqui. Dos três filhos o Gabriel é indiscutivelmente o mais parecido com o pai e completa no dia 11 de março, 20 anos.

Ficam muitas lembranças de um tempo feliz de nossas vidas e apenas por uma questão de justiça, gostaria de lembrar e pedir para retificar o que ficou publicado:

"Everaldo Maia morreu e deixou TRÊS filhos: Januário, Joema e GABRIEL!"

Meu nome é Isabel, mãe do Gabriel e companheira do Everaldo de 1983 a 1988.

Fica meu e-mail para contatos.

Um abraço!"

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Altino:
Eu não conheci o "Flint" pessoalmente, mas ouço esta música com devoção - como, de regra, tudo que vem de nosso santo endiabrado Piá Vila.
Bom, que dizer numa hora dessas?...

"Como é grande esta floresta,
bem maior a solidão,
desta vida passageira,
deste verde sertão"

Abçs,

Alexandre

Anônimo disse...

"Veraldão"... Era assim que o chamava. Grande amigo, literalmente!! Deixará saudades, mas o que fazer se a vida é assim mesmo. Soube do falecimento dele num momento que pensava que ia encontrá-lo no arraial da UDV, local onde algumas vezes conversamos e nos tornamos amigos.

Anônimo disse...

"Veraldão"... Era assim que o chamava. Grande amigo, literalmente!! Deixará saudades, mas o que fazer se a vida é assim mesmo. Soube do falecimento dele num momento que pensava que ia encontrá-lo no arraial da UDV, local onde algumas vezes conversamos e nos tornamos amigos.