sexta-feira, 27 de abril de 2007

BIODIVERSIDADE AMEAÇADA

Leonardo Calderon

O Brasil é considerado o país mais megadiverso do mundo - é a “Arábia Saudita da Biodiversidade”, sendo o primeiro em espécies de anfíbios. E a nossa região do Alto Juruá, no Acre, tem a maior biodiversidade de anuros (rãs, sapos e pererecas).


Este grupo de vertebrados apresenta um potencial biotecnológico inigualável, como já demonstrado por grupos de pesquisa brasileiros. E pode ser a solução para uma série de enfermidades que assolam os brasileiros do Norte, como a malária e a leishmaniose.

A criação e manutenção de reservas ambientais e corredores biológicos sempre foram tidas como ações de preservação desta biodiversidade, no entanto, um trabalho desenvolvido por Steven M. Whitfield, publicado agora em abril, na revista americana PNAS, apresenta um resultado alarmante.

O monitoramento das populações de anuros terrestres realizado na Estação Biológica La Selva, uma região de floresta tropical protegida na Costa Rica, mostrou que pelo período de 1970 a 2007 ocorreu o declínio de 75% da população de anuros terrestres.

E este declínio está atribuído às alterações climáticas globais, que modificam a deposição de folhas no solo das florestas, seu principal habitat, além de favorecer a emergência de doenças infecciosas aos anuros, como as provocada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que infecta a sua pele úmida, desenvolvendo uma infecção que os leva à morte.

Desta maneira, a intensa produção global de gases estufa pode estar provocando a redução da biodiversidade de nossas florestas, como na Costa Rica, comprometendo a nossa riqueza biológica e seu potencial biotecnológico ameaçando a descoberta e o desenvolvimento futuro da cura de uma série de doenças que assolam o homem da floresta.

Isto torna imperativo o desenvolvimento de ações que visem o resgate e a proteção do patrimônio genético da Amazônia, sob pena de perdemos aquilo que os biopiratas não levaram.

Leonardo Calderon é doutor em biologia molecular e professor de bioquímica do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre em Cruzeiro do Sul.

Um comentário:

Editor disse...

Caro Altino,

O texto abaixo não está contextualizado com o post. No entanto, foi a forma que encontrei de te enviar.

Um abraço.



A CUT e a destruição dos movimentos sociais do Acre

Edinei Muniz


Os Movimentos Sociais acreanos por patrocínio do PT e de seu braço sindical (CUT), enfrentam uma situação de refluxo que vem corroendo as bases das lutas legítimas dos trabalhadores. Isso se deve a alguns fatores, vejamos: Burocratizado – as direções perderam a perspectiva de suas bases, funcionando em um mundo à parte; Institucionalizado – as direções substituíram a mobilização de sua base pelo conchavo nos gabinetes de um poder púbico que se limita a corromper; Envelhecido – a mais de dez anos não existe uma renovação da militância; Aparelhado – os movimentos acabam se tornando instrumento de agrupamentos políticos ou de exploradores do povo; Dispersão – as lutas são tocadas de forma autônoma sem ligação entre si como se cada problema fosse desconectado de outros e o inimigo não fosse o mesmo. Corrupto – não há transparência no trato com os recursos que constituem o patrimônio dos trabalhadores.

Outra característica do momento está no excesso de direções e na absurda falta de “unidade”. Por isso, os movimentos acabam não se consolidando perante a população, dispersando ainda mais a luta. Toda essa perda de valores do movimento sindical é obra da CUT.

Ao mesmo tempo as entidades que congregam as organizações cartoriais do movimento não passam de aparelhos a serviço de partidos eleitoreiros. Uma nova proposta de direção deve ser criada, com compromisso fundamental com a luta dos trabalhadores e excluídos.

A construção de uma direção para o movimento, é fundamental para superarmos a desarticulação sindical e o peleguismo que hoje ata o movimento e faz com que as lutas fiquem localizadas e dispersas. Neste sentido, precisamos apostar nos movimentos que efetivamente mobilizem para a luta. Bandeiras não faltam, estão aí. É uma pena que a miopia e o peleguismo dos movimentos sejam maiores que o compromisso com a luta dos trabalhadores.

É tempo de rompimento. Nossa luta deve ser centrada na visão de que os direitos fundamentais dos indivíduos não podem servir para que uns poucos enriqueçam às custas da miséria de nosso povo. Ao mesmo tempo, devemos lutar por formas de organização permanente, não basta organizar milhares nas ruas se, no momento seguinte, não se consegue um saldo organizativo que prepare as próximas lutas. Vejam o exemplo da CUT do Acre, vez por outra, sempre próximo de alguma eleição, chama o povo para as ruas, no entanto, fica só nisso. Nada é encaminhado. É o de sempre com as “estratégias” de sempre.

Neste momento, de envelhecimento e de atraso, precisamos de uma nova identidade para o movimento, só assim iremos adquirir forças para sermos uma organização legítima para levar a luta adiante, com efetiva mobilização das massas. O que propomos é uma organização em caráter não institucional, não cartorial; um movimento comprometido com a construção do poder popular, que unifique as lutas comunitárias, extrapolando e unindo as diversas esferas de luta, pela educação, pela moradia, de gênero, contra o racismo e outras levadas pelo nosso povo. Nosso primeiro passo é articular o conjunto de nossas intervenções e propagandear nossas idéias de formação de uma frente de massas. O poder do povo está na união. Dispersos somos fracos.

Para tanto, é necessário entendermos lições básicas e ainda não assimiladas pelos movimentos: central sindical é uma coisa, governo é outra. Movimento sem independência e atrelado, não cola mais. Sindicato deve queimar toda a energia disponível para agrupar a classe. Os sindicalistas devem, nesse momento, lutar para que a central seja plural, com diferentes matizes, mas unitária em suas lutas.

Um novo tempo de lutas sociais haverá de surgir.


Edinei Muniz é professor.