sábado, 21 de abril de 2007

ANONIMATO FANTÁSTICO

Leila Jalul

Já me questionei muito sobre o anonimato na internet. Nos blogs, de um modo geral, à exceção de um ou outro, estas figuras desconhecidas se fazem presentes. No anonimato, ou sob pseudônimo, elas elogiam, esculhambam, agridem, endeusam ídolos, fazem piadas, algumas de extremo mau gosto, ou sobre fatos ou sobre pessoas. Tem sido assim a regra.

Especificamente no Blog do Altino, isso tem sido freqüente, principalmente no assunto em voga – a prospecção de gás e petróleo na Serra do Divisor. Ser contra ou a favor, a maior importância é ser. Ou contra ou a favor. Mas que seja. Isso não impede que em outros assuntos, até em coisas banais, exista a prática do “não digo quem sou”. Quem não souber o que dizer, melhor calar. Eu, por exemplo, não tenho bases para um posicionamento concreto, nem para ser a favor, nem contra. Só tenho muito é medo, talvez pela ignorância. Então calo.

Existem anônimos e anônimos. Uns, de tão freqüentes, dá para reconhecer pela tirada de humor, outros pelo tom revoltoso. Quero dizer: anônimos, mas nem tanto! Mas existem outros e mais outros. Os que temem retaliações, os que têm medo da alma da verdade, os que acham estar desrespeitando, sendo contrários à opinião manifesta por políticos. E outros mais...

Ora, se ainda entendo de Acre, mesmo que seja um pouquinho, asseguro que a forma de fazer política mudou. E mudou para melhor, salvo outro juízo mais ajuizado.

Nos antanhos, para exemplificar, não se podia criar entreveros com o dono da farmácia. Vai que uma pessoa da família adoecia e somente o sujeito da farmácia tal tivesse o apropriado medicamento? Os ódios reinavam nas relações mais simples e se estendiam nas comerciais, políticas e religiosas.

Alguém há de lembrar das estreitezas do passado. Eram muitas. Chegava-se ao absurdo de nem o filho de beltrano podia namorar com a filha de sicrano, nem o filho do sicrano, com o filho do outro sicrano pelo simples motivo dos pais, avós ou trisavós, estarem em arenas opostas no campo das idéias. Por respeito às descendências, omito exemplificar.

No hoje, seria absurdo pensar que políticos das legendas que governam e outros tantos políticos de outras legendas ficassem “intrigados de sangue e fogo” diante dos pensamentos contraditórios. A modernidade não aceita isso.

Ainda existem resquícios de algumas práticas não tão saudáveis, mas, mudança é processo, e, como processo, há que ser entendida.

Não hei de ver, não se o direito tiver de escolher, voltar o tempo dos distribuidores de óculos de qualquer grau para qualquer tipo de anomalia dos olhos, das telhas brasilit, dos milheiros de tijolos, das sacas de cimento e dos caminhões fretados de areia. Eram as cestas básicas dadas aos ignorantes, que mal sabiam assinar o nome, em troca de votos. A moeda de troca é outra.

Há que se rever conceitos e preconceitos. De todos os lados, preferencialmente. Sem perseguições, retaliações, desejos pessoais impositivos, vaidades descabidas, loucuras de perenização do poder e arrogâncias de conhecimentos.

Um mestre-cuca que pretende preparar a melhor caldeirada há que levar em conta o gosto dos fregueses, a cultura da população e, acima de tudo, o picante não deve ser tão picante, que possa causar danos maiores à saúde e bem-estar geral. O peixe deve ser pescado de antevéspera, temperado de véspera, cozido na hora e comido com gosto. Assim, em dois minutos, com muitas mãos querendo mexer na panela, pode dar tudo errado e só sobrar tempo para fazer uma omelete. Se a pressa for demais da conta, sai omelete mal passada. O resultado não é bom.

Faço coro contra o anonimato, principalmente em se tratando de coisas sérias. Neste caso, sou pelo debate que ensina, corrige, deixa dúvidas, assombra, faz perder sono, o escambau.

Como dizem, Blog também é cultura!

O texto está fraco, porém assinado. Mas vidas são muitas e sempre preciosas. O tempo pra frente depende de mim. Meus netos, pequenos, não sabem pensar. Conclamo os anônimos a fazerem parte da festa dos que querem aprender, à luz do dia. Debaixo das capas ficam os lobisomens.

Leila Jalul é cronista acreana. Reitero o fim da farra de comentários anônimos neste blog. Quem quiser fazer comentarios terá que se registrar. É a forma que encontrei de barrar a leviandade da qual eu mesmo já fui vítima em blog. Quem preferir pode enviar comentários para meu e-mail e indicar a qual post se destina. Quem não gostar, que crie seu próprio blog. É bem simples.

11 comentários:

Anônimo disse...

Altino, já vou fazer o primeiro comentário. Não é bem para modificar o texto, apenas para não deixar margens aos maldosos.
No parágrafo onde diz: a filha do fulano não podia namorar com a filha do sicrano, acrescente: nem o filho de beltrano podia namorar com a filha de sicrano, nem o filho do sicrano, com o filho do outro sicrano..... e continua.

Texto corrigido, atendo aos reclamos da população hetero e homo.
Falha nossa! rs

Leila Jalul

Anônimo disse...

Altino,

Legal que acabastes com os comentários dos anônimos. Assim fica melhor.

Bom trabalho

Lindomar Pasilha

ALTINO MACHADO disse...

Leila,

nosso amigo Walmir leu "nem o filho do sicrano, com o filho do outro sicrano" e disse que continua esquisito. Mas quem sab dessas histórias mesmo é voce. Não vamos pedir realmente para revelar nomes.

Anônimo disse...

Compa, vamos deixar o texto eclético. O Acre nem nunca foi totalmente hetero, nem totalmente homo. Será que estou tendo uma falha de identidade?
Então emplico:
filho com filha
filha com filha
filho com filho.
Melhorou?
Leila Jalul

Anônimo disse...

Na minha idade, e na da Dercy Gonçalves, vale tudo!
Quando fizer 60 anos, creiam todos, não vou pedir cheques de presente.
Aí reside a diferença.
Apenas nisso.
Velhice tem suas compensações. rs
Só quero que me vejam como uma pessoa que, mesmo sem pensar, tem a capacidade de sentir.
Me dou por satisfeita,
Leila Jalul

Anônimo disse...

Ô minha gente. Me tira desse rabo de foguete. Achei esquisito só o fato do último sicrano, que achei que devia ser beltrano. Aliás, além dos filhos e filhas dos sicranos e beltranos, os sicranos e beltranos, além das sicranas e beltranas, devem ter suas opções sexuais respeitadas, sejam elas homo ou hetero. A única opção que respeito mas não aceito, seja partindo de hetero ou de homo é a opção pela prospecção de petróleo no Acre.
Amiga Leila, mais uma vez parabéns pelo texto. Você, como sempre, é a camomila e o maracujá deste blog.

ALTINO MACHADO disse...

Valéria Andrade: faz a gentileza de enviar seu comentário por e-mail, indicando telefone para contato. Seu comentário contém uma denúncia grave e caso alguém decida apurá-la, poderei indicar a fonte a quem interessar. Grato.

Anônimo disse...

Amigo Walmir, tu ainda não me viu vestida de chá de boldo, às duas da madrugada!!!
Amigo, é cada pinote! Até Deus duvida!
Olha, o petróleo e o gás são machos, mas nem tanto!
Ainda há de passar muita água debaixo da ponte. Ainda tem tempo para reflexões e balanceamentos.
Não queira comer omelete mal passada, O arroto é puro a ovo cru. Horrível! Intragável!
A paciência é coisa monástica. A pressa, por mais que tenha calma, é drástica.
Vai ver o Dinossauro com teu menino. Aproveita para que a irritação te observe de longe! rs
É melhor.
Leila Jalul

Anônimo disse...

Pow Altino, você sabe que aqui, no Acre, existe uma perseguição "maneira", se abolir o anonimato a galera vai tremer e não vai falar qualquer "besteiras" que atinja os perseguidores, aí perde a graça :/
Já até me alertaram sobre o que escrevo por causa do meu sobrenome.

Arison Jardim

Anônimo disse...

Sobre os anônimos.
Não dou a mínima. Compreendo suas inquietações e medos. Prefiro um bom argumento de um anônimo à puxação de saco ou aos insultos de alguém com nome, identidade e cpf. Aliás, os maiores blog's do país também não se importam. Quer saber, Altino? Acho que é um tiro no pé.

Anônimo disse...

Sobre ser anônimo;

Altino, se seu blog não tivesse moderação, até entenderia que se quisesse barrar as postagens anônimas, mas todas as mensagens passam obrigatóriamente pelo moderador (você). Então não vejo o menor sentido.

Sem contar que o blog vai perder muito com isso, porque se você fizer uma retrospecção, vai ver que tem muita coisa boa dita pelos anônimos. Acho até que as melhores são postadas por eles. Os "de verdade" muitas vezes só se mexem quando um anônimo "cutuca". São os chamados reativos. (:p)

Eu prefiro assinar tudo o que eu faço, mas tem gente que tem o anonimato com a única arma. Deixa eles porque quem tiver furado que conte os buracos!

E olha que tem gente aí só o couro e o buraco da bala.

Abraços, parabéns!