terça-feira, 2 de janeiro de 2007

DESCAMINHO MUSICAL

O Acre parou e foi emocionante ver, no primeiro capítulo da minissérie "Amazônia - De galvez a Chico Mendes", a água barrenta de nosso rio, a portentosa Manaus e o drama da chegada da família de Bastião ao seringal Santa Rita, onde prevalecerá a lei do rifle 44 de papo amarelo.

No geral, a trilha sonora está boa, mas a escolha de "Caminho das Águas", de autoria do carioca Rodrigo Maranhão, interpretada por Maria Rita como tema da abertura, me causou os mesmos acessos de calafrios e febre das vítimas de malária.

O tema é urbanóide, a letra é de uma pobreza retumbante, a melodia pretensamente alegre e por isso fora de foco, pois não expressa a carga dramática e sentimental que o ambiente e a história encerram. Maria Rita é da Warner Music. Prevaleceu o "jabá" de sempre das gravadoras?

Existem tantas músicas que seriam mais adequadas na abertura da minissérie. O tema que tem sido usado nas chamadas, por exemplo, é muito mais articulado com a obra. Claro que uma música de abertura, por mais perfeita que seja a letra, é difícil de expressar a grandiosidade da Amazônia.

Mas o diretor musical poderia ter optado por um tema instrumental. Um tema de um de nossos grandes compositores amazônidas: Waldemar Henrique, João Donato, Cláudio Santoro, Nilson Chaves, Pia Villa, Sérgio Souto...

Nossos caminhos de águas são outros e não vai ser fácil suportar a rima de "bumbar" com "zabumba". O tema está em desarmonia com a história do Acre e com a trama ficcional de Glória Perez. Com desprazer, reproduzo a letrinha de Rodrigo Maranhão, que certamente desconhece o caminho da Amazônia.

Caminho das Águas

Leva no teu bumbar, me leva
Leva que quero ver meu pai
Caminho bordado a fé
Caminho das águas
Me leva que quero ver meu pai

A barca segue seu rumo, lenta
Como quem já não quer mais chegar
Como quem se acostumou no canto das águas
Como quem já não quer mais voltar

Os olhos da morena bonita
Agüenta, que to chegando já
Na roda cantar com você
Ouvir a zabumba
Me leva que quero ver meu pai.

31 comentários:

Anônimo disse...

Sou obrigado a usar o velho e surrado ditado: Nem Jesus agradou todo mundo. O erro da produção foi não ter escolhido você como produtor musical.

Anônimo disse...

Marcos, assim é apelação. Saiba argumentar. Esse papo de que nem Jesus agradou a todos ou que o erro foi não ter me escolhido é lugar comum. Argumenta, meu caro.

Anônimo disse...

A miniserie está linda. A pesquisa histórica eficiente pontuando discretamente aquele requinte da belle epoque amazonense.Geovana Antonella e Débora Boch "roubam a cena" cada uma em seu cenário.Maravilhosas. Notei um pouco de raquitismo somente quanto ao cenário da estrada de seringa.Poderiam ter explorado melhor o ambiente noturno da floresta com um seringueiro assombrado levando sua poronga acesa sobre a cabeça em meio à mata fechada, pois a estrada que se vê mais parece uma trilha de parque em perímetro urbano. Mas isso não tira nem um pouco o brilhantismo do trabalho como um todo muito menos da produção musical que foi muito fiel ao sentimento que as imagens passam, principalamente para nós do Acre.

Anônimo disse...

Estou aqui no sofrimento, longe das terrinhas (Acre e Minas), espiando para ver como começou a minissérie, que tanto gostaria de ver. Já chorei com o trailer e não me atrevo a revê-lo. Este alimenta todas as histórias de família que ouvi quando criança, desta terra tão prometida, tão rica. Um beijo a vocês acreanos, de uma mineira com um coração conquistado por vocês e sua história.

Anônimo disse...

Sr. Altino, concordo com teu comentário
sobre o tema de abertura, é de uma tristeza tão grande que me comove.
A história é tão forte, tão bonita. Em nada combina com esse baiãozinho sem sal
e sem tempero. Está faltando amazônidas
nessa trilha. Por favor ainda há tempo.
Não permita que a Amazônia sirva de cenário prá esse "garbage" musical bem
embalado. Lembro ainda que além do João Donato,Cláudio Santoro,Sergio Souto,Pia
Vila,Nilson Chaves,Waldemar Henrique,
temos tambem Márcia Siqueira,Vital Lima
e o fantástico Sebastião Tapajós.
Chega de JABÁ !!!

Anônimo disse...

Assisti o primeiro capitulo,e confesso que gostei muito. Tudo muito bem feito e e bem cuidado. Só tomei um baita susto
com aquele baião sulista da Maria Rita,que não tem nenhuma relação com a nossa
verdejança. Uma pena !
É o jabá invadindo a Amazônia !

Anônimo disse...

Melhor seria aquela música que o Chico Mendes mais gostava do Vital Farias eu acho. Era u,a vez na Amazônia a mais imensa floresta... Até os dedilhados da viola já serviria de vinheta para os intervalos.

Anônimo disse...

Pelo fato de estarmos ligados diretamente à história é normal não concordar com esse ou aquele detalhe. Eu também tive várias impressões negativas durante a exibição, tipo 'aquele ator não combina com a personagem'ou 'este cenário não repruduz a realidade', e assim por diante. É uma experiência igual a assistir a um filme baseado num livro que já lemos. Mas me detive porque tenho consciência de que é praticamente impossível atingir a satisfação de todos, principalmente nós acreanos, visto que cada um de nós tem sua própria expectativa em relação à minissérie. Achei o seu texto pretensioso. Além de criticar a trilha sonora, sugere nomes de artistas que supostamente fariam melhor num gesto bairrista. Já que tens contato direto com a autora porque não fizeste essa sugestão antes ao invés de criticar o trabalho depois de pronto?

Anônimo disse...

Altino, é realmente um fato. "o caminho
das águas" tá na contra-mão da nossa querença, da nossa esperança.
amo os artistas da Amazônia!
amo os tambores do meio do mundo!
amo o jabuti bumbá
amo o bui-bumbá
amo a ciranda de manacapurú
amo a marujada
amo o siriá
amo o carimbó
amo o marabaixo

Anônimo disse...

Marcos Diniz, qual é a sua rapaz? Está sugerindo-me auto-censura? A própria Gloria pediu-me que escrevesse. (Leia post abixo). Um trabalho a gente só pode criticar quando fica pronto. Poupe-me de sua estreiteza, moço. Passar bem. Recomendo que páre de ler o blog bairrista e pretensioso. Você tem um blog, não é? Faça bom uso dele.

Anônimo disse...

Sua crítica procede Altino. Eu quase nem percebi aquele "Caminho das Águas"... Entretanto, meu coração acelerou quando tocaram o velho Luiz Gonzaga para expressar a solidão de Ritinha:
"A todo mundo eu dou psiu/Perguntando por meu bem/Tendo um coração vazio/Vivo assim a dar psiu/Sabiá vem cá também".
Que achado!
No cinema e na TV a música é um elemento importante da linguagem que cria emoção. Não é enfeite.

Anônimo disse...

Querido Altino,

Feliz Ano Novo. Pra voce, seus amigos, sua família, seus leitores.Espero que em 2007 voce continue lúcido, verdadeiro, competente, profissionalíssimo.E depois,meu bem, qual a graça de se ter um espaço de opinião se esta não for comprometida com a própria verdade? Estou com saudades. Beijo.Mara.

Anônimo disse...

Olá Altino meu nome é Flavia Dindo, sou do Rio. Fiquei conhecida no Acre como Flavia Vidon. Fui para Rio Branco no final de 2000, casei com um carioca, também, mas juntos decidimos viver aí e constituir uma família, e sermos “felizes para sempre”. Infelizmente, meu casamento não deu certo, mas Rio Branco me tratou como uma estrela e vivi aí momentos inesquecíveis...
Fiz muitas amizades as quais preservo até hoje, como a de Sérgio Souto, por exemplo.
Mudei de profissão e hoje estou montando repertório, contatando produtores, entregando Vídeo Book, e, tudo isso, graças a minha experiência vivida em Rio Branco, Acre.
Guardo em meu coração, para sempre, a gratidão eterna pelos acreanos, pois vocês foram os primeiros, depois de minha família e amigos, a acreditarem no meu talento como cantora.
Bem, escrevo em seu Blog para manifestar minha opinião concernente a música de abertura da Minissérie Amazônia, que lamento muito não estar no elenco...(rs)
Fui convidada pelo Sérgio para participar de uma homenagem que foi realizada no dia 18/12/06, para a Glória Perez, aqui no Rio de Janeiro, no centro da cidade, no Teatro do Sesi. Subiram ao palco João Donato e Sérgio Souto, ambos acompanhados de grandes músicos, grandes nomes da música, no Brasil.
O Sérgio cantou músicas MA-RA-VI-LHO-SAS, as quais só ele sabe fazer com versos brilhantes sobre o Acre, Amazônia e seus mistérios, você sabe...
Acredito que a canção “Caminho Das Águas” tenha o seu charme. A voz da filha da nossa querida Elis, todavia, a engrandece, mas, definitivamente, tive a mesma impressão... de que a música de abertura de uma Minissérie tão promissora e tão delicadamente cuidada, ainda não foi escolhida tal como o seu elenco e a grandeza de sua história e importância.

Anônimo disse...

Altino.
Resguardei-me de fazer qualquer tipo de comentário sobre a trilha sonora pois poderia soar como "dor de cotovelo", ou como uma atitude anti-ética pelo fato de ser músico e ser acreano, e cada vez mais orgulhoso por isso. Porém, como lançou esse fórum, desculpe meu caro, mas não achei apenas o tema de abertura ruim, mas a trilha (quase) toda. Bachianas... de novo? esse tema (reconheço que é lindo) do grande maestro Villa Lobos anima até vídeo caseiro de trabalhos escolares. Não dá mais. Até entendo que os chorinhos (que são fantásticos como gênero) queiram reproduzir uma época, mas, definitivamente, não reportam em nada a nossa cultura amazônica. Por fim, esperava mais da trilha sonora, mas reconheço que pode ser um julgamento prematuro, afinal foi apenas o primeiro capítulo... vamos esperar que venham melhores dias (sonoros). Um abraço.

Anônimo disse...

Já manifestei pessoalmente ao Altino minha concordância com sua observação. No entanto, gostaria de considerar que - vou "chover no molhado" - trata-se de ficção, com viés histórico, e não um documentário. Se assistirmos à este trabalho com olhar demasiadamente crítico, histórico, a decepção será inevitável. Os rondonienses viveram esta mesma experiência com Mad Maria, guardadas as proporções e adaptações. É isso.

Anônimo disse...

Meu carinho prá Glória, pro Marcos, prá Giovana, prá Bianca e prá Sandra, pelo primeiro capítulo da história.
Estou esperando o momento do meu "RIO DA VIDA" desaguar mundo afora.

PARABENS PROCÊS TODOS

ABRAÇO

Anônimo disse...

Fantástica a escolha de "caminho das Águas"....Uma cantora q. provou q. veio pra ficar e resgatando a nossa MPB c/ nobreza e um novo compositor, lançado por ela e despontando no cenária da MPB...enfim Graças a DEUS tem q. ter oportunidade p/ o novo......Viva a nossa musica.....Afinal Maria Rita junto c/ Rodrigo Maranhão levou um Grammy pela composição Caminho das Águas...Parabéns.....

Anônimo disse...

Ora seu besta, você acha que nós alem de exóticos,lindos somos burros. Grammy é prêmio de bundão prá calar boca de boboca.
Eu prefiro " o caminho das éguas "

Anônimo disse...

Concordo com seus comentários,Altino.
A beleza das imagens,os cenários e a
nossa história não combinam com o baião-
zinho sem sal apresentado.
Abraços do chico souto

Anônimo disse...

A minissérie está maravilhosa, mas a trilha não encaixou. Ainda. Foram dois dias até agora. Esperemos. Quem sabe decidem inserir esses todos citados aí e nosso querido Pereira, cantor amazonense que compõe lindas canções. A trilha não precisa descrever somente o lugar retratrado, mas os personagens. Entrou até a Nana Caymmi ontem para marcar o encontro de Galvez e Beatriz!!!

Anônimo disse...

Acabei de chegar de viagem e por isso não opinei antes sobre a tal música de abertura.
Realmente não agradou. Até meu cunhado que é (italiano) e músico disse com cara de quem não gostou: "Maria Rita???". No meio das caras feias em frente à TV e dos comentários posteriores, acabamos não prestando atenção na letra. Quando li aqui, fiquei parecendo que tinha chupado limão.
Mas enfim.....
A minissérie está aí para receber os comentários e críticas, sejam eles bons ou ruins.
O importante é saber argumentar.
Penso Marcos Diniz foi infeliz nos seus comentários, levando os mesmos para o lado pessoal. Fred Perillo conseguiu expor sentimento parecido, sem ser grosseiro.
E digo mais: no segundo comentário de Marcos Diniz sobre as sugestões serem dadas antes, percebe-se que é leitor recente do blog.
De repente conheceu através do UOL. Vai saber.....
Parabéns à Glória e ao Marcos pela obra. Sucesso à minissérie que está linda e que prende o expectador.
Abraços,

Anônimo disse...

Ainda não estou acreditando, que o mais acreano dos compositores brasileiros, Não esteja
na trilha. O que aconteceu ? Alguem por favor me responda.

Anônimo disse...

Decorridos 3 capítulos da minissérie, vejo belos figurinos, cenários cinematográficos da amazônia e uma história belíssima que o Brasil está conhecendo.
Concordo plenamente com suas críticas ao tema de abertura.
Estou achando muito estranho a ausência de cantores/compositores da região, principalmente de Sergio Souto que o Espírito Santo, estado em que resido, conhece bem.
Caso essa ausência se confirme, fica claro o tamanho da instituição conhecida no Brasil inteiro como "JABÁ" que dá para alimentar o exército de seringeuiros e ainda sobra para os bolivianos. É o velho esquema global agora, mais uma vez, (veja Mad Maria) presente nesta minissérie.
É esse o entrave que nos impede de ter um país melhor: maracutaia de norte a sul, de leste a oeste. A Vênus Platinada está longe de ser exceção.

Anônimo disse...

Altino
acabei de mandar um comentário sem meu e-mail
Resido no espírito Santo
Abraços

Anônimo disse...

É verdade. Por essa ninguém espeava!Não é a presença da Maria Rita em si- ou em qualquer outra nota -mas a música amazônica em "dó maior", principalmente com a ausência do grande Sergio Souto. lamento sinceramente sem trocadilhos.eymard

Anônimo disse...

É lamentável a ausência do Sergio nessa
história que ele ajudou a construir.
O Acre vivia mergulhado em escândalos e
maracutáias e outras sacanagens: O homem
dos cinquenta CPFs, o homem que serrava gente com a motosserra, o crime desorganizado e outras cositas mais. Em
paralelo Sergio souto dedilhava canções
maravilhosas "minha aldeia" "falsa alegria" "lembrando de você" e prá completar acertou em cheio o coração de
todos os acreanos quando gravou em seu disco o mais bonito dos hinos: o hino do
Acre.
Está faltando um pedaço muito expressivo
nessa história.
Porque???????

Anônimo disse...

E verdade Sr Geraldo,estou engasgada, esta dificil de aceitar esta baita sacanagem que fizeram com o grande Sergio souto.Foi serginhoque que divulgouo nosso Acre na midia...Cantando Minha Aldeia no festival da Globo.Eu estava presente,e vi pela primeira vez a Bandeira do Acre sendo acenada...E naquele momento senti orgulho de ser Acreana...

Anônimo disse...

Altinão!!
Depois de tudo pronto e rodando... muitos críticos aparecem com soluções caseiras!! Eu conheço essa história bem de perto!
Abraço e ótimo 2007 pra família Machado.

Anônimo disse...

Sr.J Galinha,qual o motivo da critica,o Sr.e Acreano?Lamento,pelo que vejo deves ser Americano,Portugues ou Espanhol,O verdadeiro Acreano, ama seu povo, sua cultura e os talentos da terrrra.Pelo visto o Sr e chegado a um jabasinho...Faça bom proveito...Ha,ame o que e da terra.

Patrícia Sanches disse...

Concordo contigo Altino. Não pela produção de cena, elenco, mas da falta de perspicácia da produção de atentar para os regionalismos. A trilha é algo importantíssimo em trabalhos como este e deixar Nilson Chaves e Vital Lima de fora de um projeto que fala da amazônia é mesmo um erro irreparável.
Vamos ver qdo as coisas vão mudar...

gilbert abadia disse...

Concordo em partes. Sou de Cristalina em Goiás. Apesar de não ser nortista, admiro muito a cultura amazonense. Sou fã do Nilson Chaves e Sebastião Tapajós.
Com relação a falta de compositores amazonenses na trilha sonora da citada minisérie, achei um absurdo. Contudo, confesso que gostei da musica do Rodrigo Maranhão. Quanto a Maria Rita, para mim, ela é uma das maiores cantoras da MPB. Minha opinião!