quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

MAGNÓLIA DO PÂNTANO

Leila Jalul

Dia desses eu me chateei, pensei em sair do mundo das crônicas, cair novamente no marasmo e reassumir meu posto de fiscal da natureza. A chateação passou quando lembrei de uma música e de uma amiga.

A música é Flor de Retama. A flor é uma espécie de bicha danada e daninha. Mata aqui, ela nasce ali. É mais uma que não desiste e vai se reproduzindo pela vida afora, numa espécie de geração espontânea.

Na terra de minha amiga, a Flor de Retama virou símbolo da resistência. Por anos de poderio militar foi proibida e só cantada nos socavões, longe dos ouvidos dos meganhas e dos opressores.

“La sangre del pueblo tiene rico perfume
huele a jazmines, violetas, geranios y margaritas
a pólvora y dinamita!!
A pólvora e dinamita!! Carajo!!”

Essas coisas nós bem conhecemos. E, pelo menos de minha parte, faço questão de lembrar.

Toda essa introdução apenas para dizer que não sou nenhuma Flor de Retama, mas bem que resisto direitinho aos chiados e broncas dos meus domadores.

Tanto resisto que, decidi por minha própria conta, escolher uma flor para ser meu emblema. Doravante serei uma magnólia do pântano. E me dou por satisfeita.

Essa florzinha, vez por outra, põe a cabeça de fora!

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