segunda-feira, 11 de setembro de 2006

MARCOS VICENTTI

O repórter fotográfico Marcos Vicentti, 39, abre amanhã, às 9 horas, no Memorial dos Autonomistas, a exposição “Incondicional”, em homenagem à Semana da Diversidade. Trinta fotos da primeira exposição de nu artístico no Acre estarão à disposição do público até o dia 15 e depois seguem para a loja Íris Tavares, Mira Shopping e a Mais Academia.

- O diferencial do trabalho está na amostra de corpos de pessoas anônimas, sem a exigência de expor um modelo de beleza, mas valorizar o ser humano como um todo - diz Vicentti, que começou a carreira como motorista e distribuidor de jornal do diário Página 20, onde também nos servia café na redação.

Durante uma emergência, sem fotográfo na redação, Marcos Vicente foi mandado de improviso com uma máquina na mão para cobrir um incêndio numa indústria de laticínio. As fotos ficaram boas e foram publicadas com o artístico sobrenome Vicentti. Nunca mais voltou a entregar jornal e foi contratado como fotógrafo. Ele é o melhor repórter fotográfico do Acre com quem já trabalhei. Além da competência, seu 1,86 m de altura impõe respeito em certos ambientes do faroeste acreano.

Ele não dispensa um desafio e fala da ousadia com que tratou a amostra desde os primeiros cliques até a seleção final das fotos.

- Quando fui convidado por Moisés Alencastro para fazer as fotos para esta exposição comentei que não havia tempo suficiente, pois elas precisavam ser trabalhadas. Ele então me disse que se tratava de uma questão de honra que a exposição acontecesse. Eu, como não gosto de fugir de desafios, aceitei e fui em frente. O difícil foi acharmos pessoas que posassem nuas. Muitas das que foram convidadas chegaram a questionar o fato de morar em uma cidade onde todos se conhecem, outras cobraram até cachê.

No primeiro dia de fotos, Alencastro marcou com cinco pessoas numa academia de Rio Branco. Apareceram duas, cada uma mais tímida que a outra.

- Olhei e pensei: como vou fazer? Os "modelos" não ajudam. Quando mostrei algumas fotos, concluiram que era um trabalho ousado e não teriam coragem de tirar a roupa. Mesmo com receio e tímidos, iniciaram as poses.

Vicentti com Alencastro que não daria tempo. No segundo dia, marcaram com mais oito pessoas numa loja da cidade. Então, aos poucos, chegaram a mais de quinze "modelos". Das 22 horas até às 3 horas, tudo ocorreu acima do esperado.

Fotografou ao todomais de 25 pessoas, entre mulheres e homens. Foram cerca de 1000 fotogramas. As fotos não tinham lugar pra acontecer e tudo foi improvisado. Na academia, na loja, na garagem e numa adega. A partir dali começava nova fase, a de escolher as fotos da exposição ‘Incondicional’. Apesar de se tratar de corpos nus, Vicentti buscou selecionar imagens que não agredissem o olhar dos mais críticos.

- Gostaria de agradecer a algumas pessoas que contribuiram com esses belos corpos que vocês conhecerão. Esta exposição fotográfica, que pela primeira vez acontece no Acre, não deixa nada a desejar em relação a outras amostras que acontecem pelo Brasil. Agradeço de coração a minha esposa Edjane Pinheiro, ao diagramador Fernando de Castro e ao amigo Moisés Alencastro pela confiança. Mais uma vez agradeço às pessoas comuns que fotografei, desde a dona de casa, a secretária, a empresária, os atletas e os anônimos. Para fazer o nu artístico não é necessário ter um corpo escultural, mas apenas a sensibilidade e gostar de si mesmo - ensina Vicentti.

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