sábado, 23 de setembro de 2006

HISTÓRIA DE UM ESTUPRO

Conversei com a brasileira I.C.M, 28, que foi abusada sexualmente pelo médico boliviano Carlos Vaca Justiniano, 32, diretor de um posto de saúde em Montero, uma pequena cidade a 40 quilômetros de Santa Cruz. Formada em medicina, ela cumpre o serviço rural obrigatório (província) na Bolívia.

O primeiro exame de secreção vaginal foi realizado na cidade por médicos colegas do diretor do posto de saúde. Diante do resultado negativo, um juiz explicou à brasileira que o médico é influente em Montero e sugeriu que ela realizasse novo exame numa clínica independente de Santa Cruz.

O resultado do segundo exame será divulgado na terça-feira junto com o exame de urina, que indicará a presença ou não de eventuais substâncias que possam ter sido ingeridas pela vítima. Médicos e estudantes bolivianos e brasileiros estão prestando solidariedade à médica acreana.

Ela também foi submetida a exame de corpo de delito e está sob a proteção de uma médica e de um empresário, ambos de Santa Cruz. A família da médica é dona do principal canal de televisão da cidade, que levará o caso ao conhecimento da opinião pública.

- A médica brasileira é nossa amiga e faremos o que for necessário para que o médico estuprador seja responsabilizado criminalmente pelas leis de nosso país - disse a médica. Carlos Vaca está sujeito a 15 anos de prisão em caso de condenação.


I.C.M contou que durante a semana teve um sonho no qual embarcava num carro e acabava sendo estuprada pelo taxista. Ela contou o sonho para as amigas. O médico organizou para ontem uma festa de confraternização no posto de saúde. Ele fez questão de exigir com antecedência a presença da estagiária.

- Você vai me acompanhar à festa porque ainda estou preocupada com aquele sonho - disse I.C.M a uma amiga.

Ela contou que bebeu apenas um copo de cerveja oferecido pelo médico durante a festa. Logo começou a reclamar que se sentia muito cansada e sonolenta. Ela e duas amigas decidiram aceitar a carona oferecida por
Carlos Vaca Justiniano.

As duas amigas insistiram para que fossem levadas para casa primeiro sob o argumento de que I.C.M deveria fazer companhia ao médico na volta. As três moravam em casas próximas. I.C.M acordou num motel com o médico violentando-a.

Não tinha força para reagir. Quando pediu para que ele parasse, passou a ser espancada. Sem conseguir se levantar, a brasileira foi arrastada pelo médido do quarto do motel até o carro. Ele a deixou em casa semi-acordada.

Autoridades do consulado brasileiro em Santa Cruz de La Sierra já foram avisadas do caso pelos familiares da médica e ofereceram apoio jurídico. A mãe e um irmão da vítima viajam ainda hoje para Brasília e amanhã à noite seguem para a Bolívia.

- Minha mãe contou recentemente, ao telefone, o caso da pesquisadora portuguesa Vanessa Sequeira, que foi violentada e estrangulada no Acre. É muito difícil a gente enfrentar esse tipo de violência, sobretudo longe do país da gente. Agradeço a Deus por estar viva e também pelo apoio que veio de amigos acreanos e bolivianos - disse I.C.M.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, boa noite.
Mais uma tristeza, mais uma vergonha!
Fiquei aqui imaginando se fosse uma índia ou uma mulher pobre do povo, essa história não estaria sendo contada aqui porque teria sido escondida antes.
Depois dizem que a violência é fruto apenas da miséria e da falta de educação, como se apenas os pobres e os incultos a praticassem.
É lamentável!

beijos e bom domingo.

Anônimo disse...

Olá Altino...

É uma pena eu comentar aqui (novamente) uma notícia trágica dessas. E não se trata de uma pessoa qualquer e sim de um médico, uma pessoa que confiamos uma parte de nossas vidas. Espero que ele receba a pena justa (que não verdade nunca é justa...), mas que pague pelo menos o mínimo que uma pessoa desse nível, baixíssimo, merece...

Minha solidariedade para com ela..


Bjos Altino..

Ká*