quarta-feira, 26 de abril de 2006

PRÊMIO GOLDMAN

Ele liderou esforços para criar o maior grupo de áreas protegidas de floresta tropical em região remota do Pará ameaçada pela extração ilegal de madeira. Apesar das ameaças de morte, trabalhou com organizações locais para criar reservas e expôs atividades madeireiras ilegais ao governo brasileiro.

O brasileiro Tarcísio Feitosa da Silva, 34, representante de uma aliança formada por 114 entidades sociais do Pará, está entre as seis personalidades ganhadoras do Prêmio Goldman de Meio Ambiente (Goldman Environmental Prize), que é considerado o maior reconhecimento às lideranças sociais que arriscam e dedicam suas vidas em defesa de causas ambientais.

Trabalhando com organizações locais, Feitosa revelou a vasta exploração ilegal de madeira e violações de direitos humanos. Seu trabalho impeliu o governo a proteger um mosaico de áreas de floresta tropical que, juntamente com as terras indígenas existentes, constituem a maior área (225 mil km2) de floresta tropical protegida do mundo.

Tarcísio é natural de Altamira, na região Terra do Meio (PA), um dos locais mais violentes da Amazônia. No mosaico estão as reservas extrativistas Verde para Sempre e Riozinho do Anfrísio, o Parque Nacional da Serra do Pardo, a Estação Ecológica da Terra do Meio e a Resex do Iriri, que será criada nos próximos meses.

- Apesar da criação dessas unidades de conservação, não podemos parar. A luta agora será para tirar essas novas áreas do papel. Seria importante que se fosse repensado o passivo ambiental deixado pelos crimes que já foram cometidos contra a floresta. Se o governo brasileiro fosse mais rígido na punição desses criminosos, poderíamos criar um fundo para auxiliar na implementação de projetos de desenvolvimento que valorizassem a floresta em pé. O que poderia ser uma nova alternativa de crescimento sustentável para a região - afirmou Feitosa.

O brasileiro volta a falar hoje novamente para uma platéia internacional formada por políticos, lideranças sociais mundiais e representantes das principais organizações não governamentais. A cerimônia acontece na sede do National Geographic Society e será a segunda vez que a falta de justiça social e ambiental na Amazônia e a necessidade de preservação da floresta serão lembradas ao mundo pelo brasileiro.

- Ele é a pessoa que está em contato com o mundo exterior, o elo entre os moradores das comunidades ribeirinhas tradicionais e o movimento ambientalista nacional no Brasil. Ele é o elo de ligação a nível local - afirma Stephen Schwartzman, co-diretor do Programa Internacional do Environmental Defense [Fundo de Defesa do Meio Ambiente].

A premiação, que foi idealizada por Richard e Rhoda Goldman, em 1990, acontece todos os anos, em abril, para coincidir com as celebrações do Dia da Terra. Os seis defensores do meio ambiente premiados pelo Goldman são de regiões da África, Ásia, Europa, Ilhas e Nações-Ilhas, Américas do Norte, do Sul e Central.

O premiados freqüentemente são personalidades simbólicas e representativas, afastadas das luzes das grandes cidades: homens e mulheres que vivem em áreas isoladas e regiões do interior e que arriscam suas próprias vidas para defender o meio ambiente. A premiação atual do Goldman Prize é de U$ 125 mil.

O primeiro brasileiro a receber um Goldman Prize foi Carlos Alberto Ricardo, um dos fundadores do Instituto Sócio Ambiental (ISA) e ex-coordenador do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). Ele foi premiado em 1992 por sua ação na garantia dos direitos dos povos indígenas durante a elaboração da Constituição Federal de 1989, além de sua trajetória relacionada à demarcação da terra Yanomani. Posteriormente, em 1996, ministra Marina da Silva, foi premiada por sua atuação na implantação das Reservas Extrativistas no Acre.

Além do brasileiro Tarcísio Feitosa da Silva, também foram premiados: Olya Melen (Ucrânia), Craig Willinas (EUA), Silas Siakor (Libéria), Anne Kajir (Papua nova Guiné) e Yu Xiaogang (China), envolvidos com a luta em defesa da preservação do rio Danúbio, do armazenamento seguro do lixo produzido por armas químicas nos EUA, da defesa das florestas da Libéria, do fim do corte ilegal de madeira em Papua Nova Guiné e do respeito aos impactos sociais gerados pela construção de barragens na China.

2 comentários:

Anônimo disse...

OLHA LÁ NO NOTICIASDAHORA.COM..."APOSENTADA É ATROPELADA E MORTA EM ACIDENTE FATAL"...E QUE FATALIDADE!!!

Anônimo disse...

Altino, pessoas como o Tarcísio me deixam extremamente emocionadas. Tanto sua dedicação como esse despreendimento em relação à própria vida que ele e nós sabemos estar sempre por um fio são atitudes dos verdadeiros santos.
Quanta diferença entre aqueles escolhidos para realizar esse tabalho de proteção e que só têm discurso, assim mesmo se houver algum holofote por perto!
Nós temos que nos curvar a esse homem e agradecê-lo todos os dias.
Obrigada.

Beijos