quinta-feira, 16 de março de 2006

A CIENTISTA DOS CORONÉIS

Moisés Diniz (*)

Ela está surpreendendo. Utilizando o pomposo ‘título’ de cientista política, a senhora Lúcia Hippólito vem fazendo o papel de babá literária das elites. No atual jogo político, ela virou cientista política do PSDB. O que não deixa de ser, também, uma serviçal do PFL.

Quando Geraldo Alckmin botou Serra para correr, ela veio em socorro do candidato tucano. Na velha linguagem sociológica, teceu argumentação fantasiosa, para dizer que Alckmin é mais competitivo do que Serra. Só esqueceu de olhar para as pesquisas.

Agora, no episódio do caseiro de Brasília, a ‘cientista política’ Lúcia Hippólito ultrapassou todos os limites. Visando atingir o vice-presidente do Senado, o acreano Tião Viana, a escrivã dos oligopólios voltou sua ácida pena contra o STF. A ‘sabidinha’ diz que “o STF virou um tribunal político-partidário e está contribuindo para a insegurança jurídica”.

Sem querer, Lúcia Hippólito reconhece que o Supremo é e deve ser um tribunal político, exatamente para equacionar os humores políticos à legislação em vigor. Mas, pensadamente, não reconhece outro fato: a CPI dos Bingos virou uma ‘casa da mãe joana’. Qualquer denúncia na República é levada a essa CPI que, pelo interesse tucano-pefelista, só termina depois das eleições de outubro.

É tanta aberração política e, principalmente, jurídica, que só falta levar o papa Bento XVI à CPI, para investigar a morte do antecessor. Pelo querer da CPI dos Bingos, o papa João Paulo II não sofria do mal de Parkinson e foi assassinado pelos muçulmanos. A CPI virou um verdadeiro bingo.

Como o STF decidiu intervir, como tribunal político, na baderna criada pelos velhos ladrões da República, Lúcia Hippólito e os coronéis-senadores de São Paulo e do Nordeste passam a atacá-lo. Lúcia Hippólito, na verdade, só está escrevendo o que fala ACM, que já afirmou a necessidade de ‘controlar’ o STF. Como esse último não escreve, só grita, Lúcia Hippólito transcreve os seus desejos, enlameando a sociologia, a bela ‘física social’, nas palavras de Augusto Comte.

O que nos incomoda é como essa gente, como ACM e suas escrivãs, se ajoelhavam, no passado, às decisões do STF. Passando por toda a longa e tenebrosa ditadura militar, até o governo de FHC, esses ‘intelectuais’ colocavam o STF no altar da infalibilidade. Era quase uma profissão de fé, como se fosse um dogma católico.

É que eles governavam o país e a ‘segurança jurídica’ nunca era abalada por decisões judiciais que penalizavam os pobres, os negros, as prostitutas, os canavieiros, os operários, os estudantes espancados, os sem-terra famintos, os índios, enfim, os ‘arredios’ da bela vida na República. O STF não errava e, como em um tribunal inquisidor, os políticos da República colocavam na fogueira todo aquele que ousasse discordar de suas sentenças.

Era a velha máxima: “decisão judicial não se discute, se cumpre”. Foram séculos sacralizando essa máxima. Agora, ela não vale mais. Agora, o STF virou tribunal político-partidário. Só falta dizer que é um tribunal do PT, mesmo que seus membros tenham sido indicados por Collor e FHC.

É preciso que a esquerda esteja atenta. A velha elite não perdoa. ACM e seus coronéis do PFL, abraçados aos ‘intelectuais’ do PSDB, não vão entregar o jogo no primeiro tempo. A eles não interessa essa estória de segurança jurídica. O que interessa é a segurança de seus interesses políticos e econômicos. E, para atingi-los, vendem a pátria, valores seculares da República e até se dispõem a reinventar, para trás, o papel dos poderes constituídos.

Para eles, o STF pode até fechar. Depois, eles o reabrem, quando lhes interessar. Se eles já fecharam o Congresso, por que não fecham, interditam ou desmoralizam outros poderes? ACM tem experiência nisso. Só não esperávamos a entrada dos ‘intelectuais’ nesse jogo, transcrevendo os humores impublicáveis dos velhos coronéis da política.

Lúcia Hippólito está se ‘credenciando’ como a nova FHC de saias. E nem vamos poder apeá-la dos gabinetes de Brasília, como fizemos com o seu emplumado guru. É que ela não ousa enfrentar o humor popular, através do voto. Prefere os euros e os dólares dos representantes de Bush aqui.


(*) Moisés Diniz é escritor e deputado estadual do PCdoB-AC

3 comentários:

Anônimo disse...

O moises continua sendo Indiao, Burrrrrrrrrrrrro! la de Seabra.
Elisio/Ribeirao/SP

Anônimo disse...

Altino, o Moises continua sendo indio brabo, deveria se recolher a sua taba em Seabra.
Elisio/Ribeirao Preto/SP

Anônimo disse...

Meu deus! Quanto bobagem ideológica! Quem é esse fóssil? Ele é real? "Apeamos FHC do poder"é um tanto surreal,não?A gente lê cada coisa...