quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

TÃO ACRE


Sempre antenado, o fotógrafo Marcos Vicentti, do Página 20, é o autor desta Imagem 20, publicada na edição de sábado do jornal, com a seguinte legenda:

- Menos verde no pronto-socorro de Rio Branco. A direção da unidade de saúde mandou derrubar todas as árvores do estacionamento. Há agora mais espaço para os carros, mas o local ficou mais pobre sem as sombras das belas árvores.

O médico Marco Aurélio, gerente do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, exigiu direito de resposta para dizer basicamente que os galhos das árvores ameaçavam cair sobre os fios da rede elétrica, carros e pessoas.

O corte foi autorizado pelo engenheiro florestal Raimundo Nonato do Nascimento, da Secretaria de Meio Ambiente, e executado pelo Corpo de Bombeiros.

- Esta direção procura agir de maneira coerente no que diz respeito as (sic) normas que regem e norteiam a administração pública - afirma o médico.

Imaginem se o médico e o engenheiro não fossem gestores do Governo da Floresta. O desafio agora é mantê-los bem distantes da Gameleira, a árvore centenária que é a única testemunha viva da fundação de Rio Branco.

Para que serve o governador Jorge Viana ou o prefeito Raimundo Angelim aparecerem frequentemente na mídia plantando árvores ou pregando a defesa do meio-ambiente?

Existe no Ministério Público do Acre promotoria especializada de defesa do meio ambiente para impor ao médico e ao engenheiro florestal alguma lição de civilidade?

Seria bom que tamanha incoerência não ficasse impune, pois a maioria da população da cidade prefere plantar e podar a derrubar árvores.

3 comentários:

Anônimo disse...

Impressionante: diria que o conflito é quase uma xerox, do outro lado do oceano! Uma dessas manhãs, chegando no estacionamento do jornal, como tantas outras manhãs, minha visão perisférica de imediato registou alguma anomalia, tinha qualquer coisa de errado, naquela manhã, sim. Completei a curva, terminei de estacionar o carro e o mesmo sentimento de estranheza, como se algo estivesse fora do lugar. Pensei que fosse a caneta fora do bolso, ou os cigarros esquecidos no carro, quem sabe as moedas para a máquina do café que sempre trago no bolso das calças que estivessem faltando...mas não! Tranquei a porta, dei meia volta e fiquei de frente para o edifício. Subitamente, caiu diante dos meus olhos o que estava de tão profundamente errado, naquela manhã: as grandes acácias que cresciam no gramado em torno do edifício, as mesmas que ladeavam a escadaria e roçavam as vidraças da janela, dia e noite, noite e dia, num assomo de verde tantas vezes vital no corre-corre da rotina de cortar o fôlego da redacção, não estavam mais lá. Visíveis ainda seus galhos desmembrados pelo chão, um amontoado mal arrebanhado, aos pés da entrada, um tapete fúnebre para brindar o começo do dia.
Entrei feito louca no gabinete da administração, perguntando se alguém estava se dando conta do que estava acontecendo lá fora, falando que esse condomínio empresarial de luxo tinha enlouquecido com o frio de Novembro, clamando que alguém precisava ir segurar de imediato o braço das moto-serras. Inexplicavelmente, a calma permanece no mesmo lugar, ergue levemente o sobrolho na minha direcção e responde: «Tranquilo! Estamos ao corrente. Aliás, nós que demos a ordem. Lamentamos o incómodo do barulho, mas vão terminar rapidinho. Por favor, peça só um pouco mais de paciência para a equipe: estão terminando lá fora». Porquê?? Porquê, isso? Porquê "a ordem"? O mesmo sobrolho franze mais, mais enjoado agora, mais irritado também, quem sabe se sentindo desafiado com o elementar da pergunta: «Porque as árvores são uma praga, entende?! Aquilo desata a crescer e se não se toma uma atitude qualquer dia os prejuízos são enormes.» Que prejuízos?, pergunto, lá fora é um jardim! Jardins têm árvores, certo?!.... «Não, lá fora é um espaço para estacionamento! Pode ter jardim, mas não precisa ter árvores. Não podemos permitir o tecto dos carros todo arranhado com esse inferno de ramos que não param de crescer.»
Olho lá para fora. Vejo os troncos esquartejados, a folhagem espalhada por todos os cantos, as folhas empurradas pelo vento frio de Lisboa, sobre o gramado, depois o asfalto do arruamento, até passar pela vedação do condomínio e se entupir contra as sargetas, no começo da estrada. E em seguida olho o parque automóvel alinhado lá fora, BMW's, Audi's, Mercedes... linda e lustrosa fila se acotovelando nas boxes. E então eu entendo porque é que esse jornal luta com espaço de páginas de reformulação em reformulação, mas a rúbrica automóvel nunca cai do alinhamento, enquanto a proposta de criação de uma secção ambiental que rola de reunião em reunião faz meses, sem nunca ter lugar!!!

Anônimo disse...

Nossa q coisa!! Será q O Governador da Floresta está dormindo? quando ele acordar a cidade está pelada sem arvores!!

Anônimo disse...

Foi realemnete uma estupidez. Essa gente não sabe o que é podar? Ou será que para eles isso foi uma poda com F maíusculo?