domingo, 5 de junho de 2005

NITROGLICERINA PURA!

Notas do blog do jornalista Ricardo Noblat:

Vem bomba!
A Folha de São Paulo de amanhã publicará extensa entrevista do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB. Quem conhece o conteúdo dela garante que é nitroglicerina pura.
Há cerca de duas semanas, Jefferson havia ameaçado: "se eu sentar naquela cadeira [a de uma CPI dos Correios] vão comigo o ministro José Dirceu, Delúbio Soares [tesoureiro do PT] e Sílvio Pereira" [secretário-geral do PT].
O governo está assustadíssimo.

Vem bomba! O destino da "mesada"
Em sua entrevista bombástica à Folha, Roberto Jefferson concentra suas revelações em Delúbio Soares, o tesoureiro do PT. Diz ele que a "mesada" obtida nas estatais é repassada ao PT, não ao PTB, por intermédio de Delúbio.
Roberto Jefferson poupa, apenas, o presidente Lula.
A Folha vem com três páginas sobre o escândalo de corrupção: duas com a entrevista de Roberto Jefferson e uma expondo todo o escândalo.

Vem bomba! Lula foi avisado
Em encontro com Lula no ano passado, o deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, contou que Delúbio Soares, tesoureiro do PT, pagava mesadas a partidos - entre outros, o PT, o PP e o PL.
Lula chorou na ocasião, segundo Jefferson afirma na entrevista que a Folha de S. Paulo publicará amanhã. E mandou que ele repetisse a história para os ministros José Dirceu, da Casa Civil, Aldo Rebelo, da Coordenação Política, e Antonio Palocci, da Fazenda.
Jefferson fez o que Lula mandou.

O que levou Jefferson a abrir o bico
Jefferson viu na reportagem publicada hoje pelo O Globo e que o deixa mal a impressão digital do PT. Por isso resolveu falar à editora da coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Renata Lo Prete.
Seguem trechos da reportagem de O Globo assinada por Gerson Camarotti:
"O presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), adotou uma estratégia de ocupação de poder no governo Lula. Em vez de lutar por ministérios com visibilidade política, preferiu funções técnicas e conseguiu montar uma rede em cargos do segundo escalão, principalmente nas estatais.
Os afilhados políticos de Jefferson ocupam ao menos oito cargos importantes, responsáveis pela gestão de cerca de R$ 4 bilhões anuais. Além dos implicados nos escândalos dos Correios e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), dois outros indicados por Jefferson para a Delegacia Regional do Trabalho no Rio e para a Infraero foram investigados pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União.
Na contabilidade foram excluídos dois cargos que já não estão sob controle do deputado: a diretoria administrativa dos Correios, que era ocupada por Antonio Osório Batista, afastado em maio depois de denúncias envolvendo a estatal; e a Superintendência Regional Leste da Infraero, que foi comandada por Juarez Lessa, exonerado em 2003.
A preferência de Jefferson por cargos técnicos foi explicitada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações da reforma ministerial. Numa conversa no Planalto, em março, Jefferson disse que não queria um ministério e que estava satisfeito com a representação do PTB no primeiro escalão, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. Mas cobrou agilidade na distribuição de cargos federais nos estados.
A estratégia surtiu efeito: há dois meses ele passou a controlar o comando do IRB, com Luiz Appolônio Netto, cargo também cobiçado pelo PP, e a poderosa vice-presidência de Logística da Caixa Econômica Federal, com Carlos Alberto Cotta.
Segundo um ministro petista, em troca do apoio do PTB, Jefferson passou a controlar cargos em estatais e postos-chaves do Executivo. O ministro diz que é uma aliança arriscada, mas que, em um governo de coalizão, não há outra saída."

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