quarta-feira, 13 de abril de 2005

COMUNICAÇÃO E ARTE


Coro de cor/ Sombra de som de cor/ De mal-me-quer/ De mal-me-quer de bem/ De bem-me-diz/ De me dizendo assim/ Serei feliz/ Serei feliz de flor/ De flor em flor/ De samba em samba em som/ De vai e vem/ De ver de verde ver/ Pé de capim/ Bico de pena/ Pio de bem-te-vi/ Amanhecendo sim/ Perto de mim/ Perto da claridade/ Da manhã/ A grama a lama tudo /É minha irmã/ A rama o sapo o salto/ De uma rã
A RÃ (Caetano Veloso-João Donato)


O músico acreano João Donato disse que já começou a compor a rapsódia em homenagem ao Acre, mas está impaciente para voltar novamente à terra. Quer vir antes da inauguração da Usina de Comunicação e Arte João Donato com a qual o governo estadual vai homenageá-lo.

-Preciso comer bombons de cupuaçu, tomar vacina do sapo, tacacá, voltar ao Alto Santo, aos índios, perambular pelas ruas sem pressa. O George Gershwin compôs a Rhapsody in Blue. A minha vai ficar linda também, mas é a Rhapsody in Green.

João, que está comemorando 70 anos de carreira, nasceu no Acre e começou a tocar acordeom e piano na infância. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 40 e no início dos 50 já atuava profissionalmente na noite carioca.

Logo fez amizade com Tom Jobim e João Gilberto - com quem excursionou pela Europa. Foi para os Estados Unidos nos anos 60 e morou lá por mais dez anos.

Nos EUA gravou discos solo e com outros artistas. Suas músicas, com forte caráter instrumental, ganharam letras de parceiros diversos. Alguns exemplos são "A Rã" (com Caetano Veloso), "A Paz" e "Lugar Comum" (ambas com Gil).

A conversa com ele foi compartilhada com o Toinho Alves, que sugeriu o nome do maestro acreano Mário Brasil quando nos perguntou como poderia executar a rapsódia com orquestra no Acre.

João leu em voz alta um poema que escrevi. Quando perguntei se era possível musicá-lo, respondeu:

-Claro que é. Tudo é.

Donato pediu a foto que tirei de uma rã que apareceu sobre minha mesa numa noite do ano passado.

-A sua rã é lindinha e eu preciso tomar a vacina do sapo.

Mas o que deixou João realmente feliz foi saber da notícia de que a diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, no final de março, aporte adicional, no valor de R$ 850 mil, para o Estado do Acre implantar a Usina de Comunicação, uma escola técnica de artes e comunicação, em Rio Branco.

A suplementação financeira corresponde a 22% do investimento para implantação da Usina. O projeto faz parte do investimento total do Governo Estadual, no valor de R$ 50 milhões, para o Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre (PIDS Acre), que contratou com o BNDES financiamento no valor de R$ 39,9 milhões, em abril de 2002. O programa inclui, ainda, investimentos em infra-estrutura urbana e regional, e em desenvolvimento social.

O projeto da Usina de Comunicação tem o objetivo de oferecer formação técnica em comunicação e artes, com instalações de suporte ao sistema educacional e à comunidade, à produção de programas, eventos e serviços artísticos.

As instalações poderão ser utilizadas, inclusive, por profissionais das redes estaduais de rádio e TV educativas, por produtores culturais, artistas e funcionários dos órgãos do estado e também por entidades que trabalhem com a promoção da cultura.

Cursos – O ensino das artes pretende suprir deficiências técnicas básicas de produção artístico cultural do Estado do Acre. Após a conclusão de um curso básico, o aluno poderá optar pelo seguimento artístico desejado, seja teatro (formação de atores, encenadores, oficinas de iluminação, sonorização, figurinos e adereços cênicos); artes plásticas (pintura e escultura); ou música (formação de instrumentistas de sopro, cordas, percussão, música popular, tecnologia e de cantores).

Na área de comunicação, as atividades são destinadas tanto a iniciantes quanto aos que já desenvolvem atividades em instituições de comunicação e buscam qualificação em rádio, TV e jornal. Entre os cursos técnicos estão: teleradiodifusão; design gráfico; operação em câmera; edição de vídeos; redação para rádio; jornal comunitário; iluminação; e sonoplastia.

As aulas serão ministradas por professores do quadro da Secretaria de Estado de Educação, qualificados nas áreas de abrangência dos cursos. A implantação e o gerenciamento ficarão a cargo da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour (FEM), órgão do executivo estadual para cultura.

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