segunda-feira, 18 de outubro de 2004

PRISÃO DE DESAFETOS

Existem 15 pessoas presas em Rio Branco sob a acusação de terem liderado a destruição da casa e das rádios do prefeito, do fórum e da sede da prefeitura.

Mas em Boca do Acre apenas as pessoas muito próximas da juíza e do prefeito sustentam essa versão. A maioria das pessoas ouvidas pela reportagem, mesmo eleitores do prefeito, acreditam que os presos estão sendo vítimas de injustiça.

Até mesmo policiais militares que tentaram deter a fúria popular foram unânimes em afirmar que não houve alguém que tenha sugerido o quebra-quebra.

“Eu estava lá, atirando pra cima, tentando conter o povo. Levei até uma pedrada nas costas”, relatou um soldado. Segundo ele, o que aconteceu naquela noite foi uma revolta coletiva.”Posso afirmar que muitos dos que estão presos nem lá estavam na hora do fogo”.

Outro policial contou que as imagens de vídeo da PM, que basearam a prisão de parte do grupo, foi feita uma hora e meia antes do fogo ser ateado na casa e nos prédios. “Não aparece ninguém sugerindo destruir nada”, afirmou.

O vereador Tião Almeida (PT) observa o fato de que não há entre os presos qualquer pessoa filiada ao partido. Os militantes do PT, que geralmente são mais politizados e ousados, foram poupados.

“Isso evidencia que a juíza, o prefeito e seus assessores fizeram questão de denunciar apenas as pessoas dos outros partidos da coligação, sobretudo do PL. Devem ter avaliado que dessa maneira haveria menos repercussão e que enfraqueceriam o pessoal mais próximo ao candidato cabeça da chapa”, avalia Almeida.

Para a maioria das pessoas consultadas pela reportagem, a juíza e o prefeito apontaram à Polícia Federal seus desafetos políticos como responsáveis pelos distúrbios.

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