terça-feira, 21 de setembro de 2004

ORA POIS!

Estou cada vez mais perplexo com a incapacidade da maioria dos jornalistas acreanos, sobretudo daqueles que trabalham em veículos que se declaram independentes da influência e dos interesses políticos do governo estadual.

Agora virou moda dizer que existe censura à imprensa no Acre, mas esse argumento serve apenas para ocultar o despreparo de quem se acostumou a fazer reportagens a partir de dossiês ou via telefone.

Todo mundo sabe que sou aliado de longa data da Frente Popular do Acre, mas isso jamais me impediu de fazer críticas ao governo e seus integrantes. Nas vezes que isso aconteceu, claro, houve mal-estar, mas tiveram que se pautar pelo relato dos fatos.

A imprensa local continua sendo apenas um moinho de fofoca. Os interesses da sociedade não são estampados por uma série de interesses em jogo. O mais grave deles, no meu entendimento, é falta de gente preparada para apurar e escrever bem.

Isso talvez explica porque os jornais, por exemplo, estejam a perder leitores a cada ano. Nos damos ao luxo de quatro jornais diários e um semanário, sendo que a tiragem da maioria não chega a 500 exemplares.

Os jornais O Rio Branco e Gazeta, que se declaram independentes do governo, bem que poderiam prestar um enorme serviço à sociedade: apurar e publicar os fatos que supostamente desabonam a máquina pública estadual.

É muito cômodo alegarem que não perderam a capacidade de indignação com a injustiça, perseguição, ditadura ou censura petista. Processos contra os jornais, falta de recursos e de estrutura? Nada disso justifica a omissão. Ninguém publica nada consistente na imprensa.

Leio uma notinha do jornalista Ezi Melo, editor do jornal O Rio Branco, nos seguintes termos: “Alguém tem idéia, noção, do que faz o serviço de informação da Casa Rosada? Procurem saber! E mais que isso: licitações fraudulentas, gente enricando, testas-de-ferro, concessionárias, fazendas. O caso é grave”.


É por isso que aprendi a só entrar na boa numa história, para evitar desmentido, processo judicial e perda de credibilidade. Até quando teremos jornalistas que mandam o leitor apurar? Ora pois!

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