terça-feira, 5 de novembro de 2013

Desfazendo mitos e mentiras

POR MARCIO BITTAR

Não há  mentira que não possa ser desmascarada. Somente essa semana, duas calúnias sobre a oposição no Acre foram atropeladas pelos fatos.

O bloco da oposição está unido. O primeiro ato dessa força política será fazer chegar a cada acreano um plano de governo, capaz de sacudir o marasmo econômico e social em que vivemos no Estado.

No Acre, PMDB, PSDB, PP, PPS, PT do B, Solidariedade, PMN e PR formam um bloco de dez prefeitos, 87 vereadores, três deputados federais e cinco deputados estaduais. Força suficiente para eleger o futuro governador, vice-governador, senador, deputados federais e estaduais nas próximas eleições. Força suficiente para enfrentar e superar a máquina do PT.

Juntos, no plano nacional, esses partidos governam 13 estados, maioria das unidades federadas e da população brasileira, elegeram 43 dos 81 senadores da República e 231 deputados federais, em um universo de 513 deputados. 

Aliás, outra mentira precisa ser desmascarada.

Recentemente, chequei o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Acre. Esse índice foi criado para medir a qualidade de vida das populações. Em ranking de IDH entre estados brasileiros, em 1991, o Acre foi o 21º primeiro colocado. Possuía um índice menor do que o do Ceará, de Rondônia, de Pernambuco, do Amapá, de Roraima,do Pará, do Amazonas, por exemplo.

No ano 2000, o Acre repetiu a performance quando comparado aos demais estados da federação: 21º lugar em desenvolvimento humano, superando apenas Maranhão, Piauí, Tocantins, Alagoas, Paraíba e Bahia.

Os dados relativos de 2010 desmentem a ideia de que vivemos uma melhora substancial da qualidade de vida e fulmina o mito de que o PT transformou radicalmente a realidade social do Acre. IDH é um índice composto de três dimensões: renda, longevidade e educação.

Entramos na primeira década do século XXI novamente em 21º lugar em IDH, entre os estados da federação. Situação similar a de 1991 e a de 2000.

No Acre, vivemos um marasmo econômico e social que precisa ser superado.            

Entre 1991 e 2010, o Brasil saiu de uma condição de muito baixo desenvolvimento humano para a categoria de alto desenvolvimento. No mesmo período, o Acre saiu de baixo desenvolvimento para médio desenvolvimento humano. Ao nos compararmos com o Brasil é forçoso concluir que perdemos o bonde, ficamos para trás, poderíamos ter ido bem melhor.          

Estão condenados pela verdade do IDH  o autoritarismo, a incompetência e o modelo arcaico de governar implantado pelas forças políticas que governam o Acre há mais de 15 anos.          

O bloco de oposição apontará  cada um dos erros cometidos pelo governo do PT e apresentará soluções ousadas e eficientes, inspiradas em projetos que deram resultados concretos.           

Não fará campanha com mentiras, futricas e engodos  Defenderá o povo do Acre com dignidade e boa-fé, apontando os possíveis caminhos para superar o marasmo econômico e social em que o Acre está mergulhado.

Marcio Bittar é deputado federal, primeiro secretário da Câmara dos Deputados e presidente da Executiva Estadual do PSDB do Acre.

Os ajustes da hora

POR EVANDRO FERREIRA

Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes no horário de funcionamento de escolas e repartições públicas para garantir um retorno sem transtorno ao antigo horário nunca é demais lembrar que 2014 é ano de eleição. Agir para fomentar o caos e a confusão para fomentar a rejeição à mudança pode piorar ainda mais a situação daqueles que lutaram abertamente contra a conretização da vontade popular expressa no referendo de 2010.

No próximo domingo (10/11), depois de mais de três anos de atraso em razão de manobras regimentais no Congresso Nacional, finalmente teremos o retorno do antigo horário acreano. A Lei 12.876/2013 sancionada pela presidente Dilma Roussef no dia 31 de outubro faz justiça e garante o cumprimento do resultado do referendo realizado em 2010, quando a maioria da população acreana rejeitou a mudança da hora estabelecida sem consulta popular em 2008.

Apesar do assunto ainda causar polêmica e dividir a opinião pública, todos, com certeza, concordam em um ponto: democracia é assim mesmo, a vontade da maioria deve sempre prevalecer.

Eu sempre fui favorável ao retorno ao antigo horário e estou muito feliz com a mudança que se avizinha. Entretanto, vejo que a lei sancionada pela presidente Dilma contém uma anormalidade que ‘passou em branco’ durante sua tramitação no Congresso: o prazo para a entrada em vigor da mesma é muito curto, de apenas 10 dias. Diante disso, se providências céleres não forem tomadas para ajustar o horário de funcionamento das repartições públicas, escolas e comércio, a população, mais uma vez, será vítima da mudança do horário como aconteceu em 2008. Nessa situação, agir para que a transição para o novo horário seja a menos traumática possível é obrigação de nossos administradores públicos.

Por ocasião da mudança do horário em 2008 a lei garantiu um prazo de adaptação de 60 dias. Nesse período o Governo do Estado promoveu uma ampla campanha midiática de esclarecimento nos diferentes meios de comunicação. A mudança foi transformada em fato político pelos governantes e excessos foram cometidos tendo como desculpa a campanha de esclarecimento. Quem não lembra os outdoors espalhados pela cidade afirmando que a mudança do horário era um dos ‘ideais da revolução acreana’? E da abominável ‘festa da hora’ realizada com recursos públicos para ‘celebrar’ o novo horário?

Bem ou mal, a campanha de esclarecimento foi importante para que a população se preparasse para a mudança. Agora, sem tempo hábil para isso, turbulências serão inevitáveis nas primeiras semanas.

Mas mesmo em 2008, com ampla divulgação na imprensa e um período maior de adaptação, a rejeição ao novo horário foi muito elevada. A maioria das críticas decorreu da lentidão na adequação do horário de expediente nas repartições públicas, escolas e comércio. Não se sabem as razões, mas os governantes de então, que tinham grande interesse na mudança do horário, relegaram os ajustes necessários para minimizar o impacto na população.

O resultado é que a adequação levou quase cinco anos e grande parte da população se ‘acostumou’ forçadamente ao novo horário. A prova é que hoje parte dos que reclamam da volta ao antigo horário inclui muitos que eram contra o horário atual no referendo de 2010. Independente dos atuais governantes não serem simpáticos à mudança do horário, eles tem o dever de deixar de lado suas preferências pessoais e trabalhar em favor da população, evitando os transtornos observados em 2008.

E nesse primeiro momento a principal decisão a ser tomada é quanto ao horário de funcionamento das escolas e das repartições públicas. Tanto o Governo do Estado como as prefeituras devem promover a volta dos horários de funcionamento praticados antes da mudança horária de 2008. Era um horário extremamente conveniente para alunos e professores, especialmente aqueles que ministravam aulas em escolas diferentes porque o intervalo entre os turnos matutinos e vespertinos era de aproximadamente duas horas. Além disso, o final da aula ocorria sempre por volta das 17 horas.

É preciso ser célere nesta mudança porque a manutenção do atual horário de funcionamento de repartições públicas e escolas após a mudança do dia 10 é uma aposta no caos e na confusão. Já foi dito e está espalhado na web que não fazer esses ajustes é uma forma de fomentar na população rejeição ao retorno do horário antigo. Adotar essa atitude contribuirá para fortalecer a impressão de que a classe política vive para tirar proveito de tudo que possa lhe trazer ganhos eleitoreiros, mesmo que isso afete negativamente a população.

De minha parte tenho a firme convicção que os maiores prejudicados, e os que protestarão de forma mais veemente para deixar clara sua insatisfação com a mudança do horário acreano, são a minoria privilegiada que tem aproveitado o final de tarde iluminado nos dias úteis para a prática de lazer em parques públicos. Os maiores beneficiados são a maioria dos trabalhadores mais humildes, que não terão muito do que reclamar da mudança e, portanto, não precisarão congestionar as redes sociais com protestos e críticas.

Afirmo isso porque ao sair do trabalho no final da tarde, passo ao lado do Parque Tucumã e vejo que o mesmo está sempre lotado por um grupo de usuários claramente privilegiados, em sua maioria possuidora de veículos que congestionam o estacionamento da rua de acesso ao Parque. Não tenho nada contra o lazer dessas pessoas, mas como não sou cego também vejo, ao chegar à via principal que margeia o mesmo Parque, dezenas de trabalhadores em bicicletas e motocicletas se dirigindo às suas residências, congestionando a referida via. É possível observar também muitos ônibus lotados de trabalhadores que em razão da precariedade do sistema público de transporte de nossa cidade, não terão a oportunidade de desfrutar da luz do dia para a prática de atividades de lazer depois que chegarem às suas casas.

Foi essa maioria silenciosa e sofredora de trabalhadores que votou pelo retorno ao antigo horário acreano e é ela que espera que os administradores públicos atuem de forma célere para minimizar os impactos da mudança que ocorrerá no dia 10. Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes da hora, nunca é demais lembrar que 2014 é ano de eleição e eventuais transtornos decorrentes de um retorno caótico e confuso ao antigo horário ainda estarão frescos na memória dessas pessoas.

Evandro Ferreira escreve no blog Ambiente Acreano.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

No Acre, ritual pode pôr fim à “guerra” de caciques indígenas e políticos

Ator Joaquin Phoenix golpeia Tashka Yawanawa durante mariri

Na próxima edição do Festival Yawa, na Terra Indígena Rio Gregório, os caciques Tashka e Biraci Yawanawa, além do senador Jorge Viana e do governador Tião Viana, podem aproveitar o evento para pôr fim às suas diferenças, que foram expostas em redes sociais e na mídia local nos últimos dias.

Na verdade o ideal seria, neste blog, uma charge com os quatro personagens, tendo ao fundo seus seguidores ou puxa-sacos gritando “dá-lhe,Tashka", "bate, Bira, "vai, Jorge, "arrebenta, Tião”.

Explico: na tradição yawanawa existe um ritual chamado kenãna ikinai, que significa luta de resistência. A educação tradicional dos jovens yawanawa está baseada na superação de obstáculos, ser forte e valente.  Eles são motivados a resistir à dor e desfrutá-la como parte de uma limpeza do corpo e da mente.

Kenana ikinai é um espaço aberto no meio do círculo da festa de mariri para quem quiser fazer uma limpeza de suas mágoas contra outra pessoa. É um espaço para resolução de problemas pessoais tendo a comunidade como testemunha.

Os cantos de mariri incentivam os participantes a entrarem no círculo. Na medida que o círculo vai se formando é necessário ter coragem e disciplina para entrar no círculo.

Trata-se de uma demonstração da resistência humana, na qual a dor não tem efeito quando o coração é forte e valente. A cada batida faz pulsar o coração, levanta o moral e a estima do participante.

Não existe ganhador e nem perdedor. Quando termina, todos estarão reafirmando ainda mais a sua amizade de irmandade.

Neste ano, o mariri yawanawa foi realizado na aldeia Esperança, liderada por Biraci. Já está acertado que o mariri do próximo ano será na aldeia Mutum, liderada por Tashka. Ótima oportunidade para que Tashka, Bira, Jorge e Tião possam limpar as mágoas que ainda nutrem um pelo outro.

Descaso do governo do Acre


Superintendência da Polícia Federal no Acre começa a mudar para o novo prédio nesta segunda-feira. Apesar de dois pedidos formais ao governo estadual, a nova sede será inaugurada com a rua nessas condições.

Autor da foto, Nelson Costa, agente da Polícia Federal, indagou no Facebook:

- Será que o programa Ruas do Povo vai chegar lá ou os policiais federais não são povo?

domingo, 3 de novembro de 2013

André Lucas Melo, um brasileiro do Acre


Este jovem acreano é  um pequeno gênio e só deve o sucesso a ele mesmo. Em que pese ter boa condição financeira, estuda e estuda muito. Boa condição financeira, que fique bem entendido, é ser classe média baixa no Acre, não ser mais um miserável de nossa periferia. Assinalo isso antes que o governo do Acre, como é comum, queira pegar carona no sucesso do rapaz.

- Obrigado, Altino! Agradeço pelos parabéns, pela nota e por compartilhar comigo o mesmo desejo de que mais oportunidades sejam estendidas a todos que se dediquem a isso. Sou muito grato hoje por poder comprovar que classe social não é limite para o que podemos alcançar. Seria um prazer imenso falar com você. Retorno a Rio Branco ainda amanhã. Durante a semana, qual horário e local seria mais apropriado para você? Forte abraço - escreveu o jovem em resposta a um pedido de entrevista.

Ele é o primeiro brasileiro a integrar o Wise Learnes, conforme noticiou O Globo,  na edição de sexta-feira:

“Sou um Wise Learner”, dizia sem segurar o sorriso André Melo, de 19 anos, em um dos corredores do Qatar National Convention Centre, em Doha.

Estudante do 4o. período de Direito na Universidade Federal do Acre, o rapaz saiu de Rio Branco para se tornar o primeiro brasileiro a integrar o grupo de jovens do Wise Learners, parte do World Innovation Summit for Education - Wise, considerado um dos principais eventos internacionais na área da Educação.

Melo, não só o primeiro estudante brasileiro a participar desse programa do evento, como também o único nesse projeto na edição deste ano, é voluntário na ONG React&Change, que promove oficinas para jovens de projetos sociais no Brasil.

— O Wise Learners seleciona estudantes de vários países para realizar com eles algo como um treinamento para jovens líderes, com aulas de empreendedorismo e gestão de projetos — explica o universitário acreano, que volta a Doha em janeiro.

A experiência internacional na capital do Qatar, no entanto, não foi a primeira de André Melo. Ele conta já ter ido a um encontro da Unesco, ano passado, em Londres:

— Participei de um grupo que desenvolveu uma espécie de versão jovem do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos (da Unesco).

O Wise, que começou em 2009, este ano ocorreu de 29 a 31 de outubro e contou com mais de 1,2 mil profissionais do setor, vindos de cerca de cem países. O encontro é organizado pela Fundação Qatar.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Avidez arrecadatória do governo do PT

POR MARCIO BITTAR

Nessa semana, assistimos o alarde dos empresários acreanos com a proposição de mudança na cobrança do ICMS. O que de concreto aconteceu foi a intenção do governo do Estado em modificar a forma de arrecadação do tributo para reimplantar o regime de apuração com antecipação parcial na entrada da mercadoria no estado. Mas o que salta aos olhos na questão é a sanha sempre crescente do governo em arrecadar mais e mais. Com as mudanças propostas, ainda em negociação, o governo estadual tem o objetivo de aumentar sua arrecadação para fazer frente às despesas crescentes e nem sempre necessárias. É bom lembrar que o PT já elevou, no passado, o ICMS de 17% para 25%.

Uma rápida análise dos dados financeiros do governo do Acre, fornecidos pelo Banco Central, mostra-nos uma gestão econômica desequilibrada. De 2000 a outubro de 2013, houve crescimento de 443% na receita governamental total, mas esse aumento não veio por elevação de produtividade comercial ou industrial do Estado, mas, sim, por aumento dos repasses do governo federal e da carga tributária.

No mesmo período, o crescimento dos repasses governamentais foi de 445%, qualquer desordem ou queda nesses repasses significaria turbulência séria na gestão financeira do governo do Estado, evidenciando a extrema dependência do Acre e a falta de dinamismo econômico próprio. Ainda, o crescimento na arrecadação de impostos, no Acre, foi de incríveis 704%. Tal avidez arrecadatória significa, em última instância, exigência por mais sacrifícios do povo e dos setores produtivos do Estado. A média de dependência da receita por repasses governamentais é da ordem de 68% e a média de dependência por tributos de 19%; o restante refere-se a empréstimos e dinheiro de organismos financeiros internacionais.

Mais grave é o fato dos serviços governamentais carecerem de qualidade mínima, apesar da alta carga tributária. Tem-se noticias sobre dificuldades financeiras do governo na área da Segurança, Educação e Saúde. Há dificuldades básicas em honrar despesas ordinárias e totalmente previsíveis. Os exemplos são abundantes: obras paradas e incompletas, falta de dinheiro até para abastecer os veículos das polícias militar e civil, falta de recursos para honrar promessas de aumento salarial no setor da educação, dentre outros.  

O governo deveria implantar um austero plano de corte de despesas e controle dos gastos públicos e eliminar desperdícios e benefícios indevidos. Deve, também, implantar uma reforma administrativa para racionalizar os processos de trabalho, eliminar o caráter pessoal e político de ocupação de cargos, findar as duplicações e ambiguidades de esforços e dar celeridade à ação governamental.

Se o governo fosse sério, estaria envidando esforços para garantir um ambiente de segurança jurídica e de incentivos tributários inteligentes para fomentar o empresariado acreano e atrair novos investidores e empreendedores ao Acre, garantindo a geração de empregos e renda e o desenvolvimento saudável e duradouro do Estado.

Um governo que almeja, verdadeiramente, desenvolvimento econômico para o seu Estado deve estar sempre vigilante para não sufocar a economia local com a aplicação de alta carga tributária. Geralmente, a avidez na arrecadação é acompanhada por irracionalidades e desperdícios nas despesas de governo. Governos gastadores, perdulários e obesos tendem a massacrar a sociedade com mais e mais impostos. E esse, infelizmente, é o caso do governo do PT no Acre.

Marcio Bittar é deputado federal, presidente da Executiva Regional do PSDB no Acre e Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados.

"Eu fiz tudo que podia fazer", diz governador sobre fuso horário do Acre

Foto: Sérgio Vale

Durante entrevista coletiva na Casa Civil, na manhã desta sexta-feira, quando o governador anunciou concurso público na área de saúde, o repórter Luciano Tavares, do AC 24 Horas, foi o único que teve coragem de perguntar a Tião Viana (PT) sobre o restabelecimento do fuso horário antigo do Acre.

Surpreso com a pergunta, o ex-senador, autor da mudança da hora, em 2008, respondeu:

- Eu já fiz tudo que podia fazer para o Acre estar atualizado.

Viana acrescentou ao repórter do AC 24 Horas:

- Você imagina que as pessoas agora vão ver jogo com atraso de uma hora. Você imagina que as pessoas vão ver um jornal muito cedo, não vão tá nem em casa. Elas vão gastar 10% a mais na conta de energia, porque o anoitecer se antecipa e elas vão chegar em casa à noite. As pessoas vão ter uma dificuldade porque os bancos vão abrir 7h da manhã e fechar uma da tarde. 80% dos países do mundo mudaram o horário e, no Acre, transformaram numa questão eleitoreira. Eu fiz minha parte, agora com a palavra o povo.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Novo fuso horário velho

Galerinha do establishment acreano manifesta preocupação nas redes sociais com o destino político do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) e do senador Sérgio Sérgio Petecão (PSD-AC). Alegam que vai ser triste vê-los no ano que vem a dizer que a única coisa que fizeram nos últimos quatro anos de mandato foi ter contribuído para o restabelecimento do fuso horário antigo do Acre.

E eu pergunto:

O que dirão o governador Tião Viana e os senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, todos do PT? Dirão que foram contra e, mais grave, que foram contrariados pela presidente Dilma Rousseff, autora do projeto que restabeleceu nosso horário?

Mensagem de reconsideração enviada pelo jornalista Beneilton Damasceno:

- Agora não tem mais volta, velho Altino. Por um desses paradoxos inexplicáveis, fui seu adversário (inimigo, jamais!) há exatos três anos, naquele debate na Biblioteca da Floresta acerca do fuso horário, e hoje, além de pedir humildes desculpas pelo deslize (não por arrogância, mas, digamos, por inocência), parabenizo-o por encampar uma luta que tardou, mas não falhou. É como se meu aniversário fosse hoje... Abração.

Do cronista Antonio Alves ao tomar conhecimento da decisão da presidente:

- O Acre é incrível. Depois do Novo Mercado Velho teremos o novo fuso horário velho.

Luta pela hora do Acre: lição de derrota aos coronéis de barranco

POR LETÍCIA MAMED

Finalmente! O antigo fuso horário do Acre já tem data para ser restabelecido: 10 de novembro de 2013. Muitos esperneiam suas preferências individualistas e egoístas. Outros tantos, a serviço do establishment e de interesses empresariais, financiados para tanto, cultivam mentiras, aterrorizando a população com o falso argumento de que a programação da TV será gravada.

E eu apenas celebro a importância da crítica neste mundo e neste Acre em que tudo parece(ia) dominado. A autoritária mudança da hora, em junho de 2008, foi acompanhada pelo firme, engajado e corajoso processo de crítica, que hoje, após mais de cinco anos, venceu o tiranismo político e econômico dos coronéis de barranco do Acre.

A crítica ecoou pelas redes sociais e se colocou até mesmo onde elas não existem, tornou possível a realização do referendo, desafiou o aparelho estatal em uma campanha injusta de recursos e meios, mas jamais recuou.

Depois ainda foi preciso superar as inúmeras e absurdas tentativas de descumprimento da vontade popular nas urnas, sempre bem orquestradas pelos derrotados.

Em menos de seis meses, dois fatos e duas conquistas: a realização do Dia do Basta, da maneira e da proporção que foi; e o retorno do antigo fuso horário do Acre.

Aos tipos políticos conservadores-esquizofrênicos, que perderam o contato com a realidade e mantêm como horizonte uma democracia meramente formal e institucional, mais uma significativa lição.

Letícia Mamed é professora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre

Dilma revoga lei de Tião e Lula e restabelece antigo fuso horário do Acre e Amazonas


A presidente Dilma Rousseff revogou uma lei, de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC), sancionada pelo então presidente Lula, em junho de 2008, que alterou o fuso horário do Acre e de parte do Amazonas de duas para uma hora em relação a Brasília. O Brasil volta a contar com quatro fusos horários, sendo o quarto o que se caracterizava há 95 anos pela hora de Greenwich 'menos cinco horas', que compreende o Acre e o sul do Amazonas.

De acordo com a Lei 12.876, sancionada pela presidente no final da tarde de quarta-feira e publicada na edição do Diário Oficial da União desta quinta, a partir do dia 10 de novembro populações do Acre e parte do Amazonas voltam a conviver com duas horas a menos que Brasília. Por causa do horário de verão em outras regiões do país, quando a lei entrar em vigor a diferença será de três horas em relação à capital federal.

Leia mais:

Chegou a hora de acertar os ponteiros 

Mentira da hora: 'Com a volta ao antigo horário a programação da TV vai ser gravada'

Sob a alegação de que a população sofria prejuízos econômicos, sociais e culturais por causa da diferença em relação ao restante do país, Tião Viana e Lula alteraram o decreto 2.784, de junho de 1913, de autoria do presidente Hermes da Fonseca.

A mudança não agradou à maioria porque foi feita sem consulta à população. O descontentamento popular foi comprovado em 2010, quando os eleitores do Acre participaram de um referendo sobre o tema, decorrente de um projeto de autoria do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC). O resultado mostrou que 39,2% dos eleitores queriam o retorno à hora antiga, enquanto 29,7% eram favoráveis à manutenção do fuso horário em vigor.

O restabelecimento do fuso horário do Acre representa uma derrota para os senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, ambos do PT, além do governador do Acre, Tião Viana. O governador, por exemplo, não mediu esforços pela mudança quando presidiu o Senado. Viana fez lobby para a Rede Amazônica de Televisão, afiliada Rede Globo, que tinha interesse na mudança para evitar gastos com a gravação da programação, exigência de uma portaria do Ministério da Justiça que trata da classificação indicativa.

No começo do mês, o Senado já havia aprovado Projeto de Lei da Câmara para restabelecer o horário antigo do Acre e de parte do Amazonas, que fora apresentado pela presidente Dilma.

A proposta foi aprovada pelas Comissões de Assuntos Econômicos e de Relações Exteriores e Defesa Nacional, tendo como relatores os senadores Anibal Diniz (PT-AC) e Sérgio Petecão (PMN-AC), respectivamente.

O restabelecimento do fuso horário do Acre é uma vitória iniciada na blogosfera local, que se contrapôs à mudança autoritária, mobilizando a sociedade antes, durante e depois. Ao sancionar a leita que restabelece o antigo fuso horário do Acre, a presidente faz prevalecer a democracia em relação à polêmica.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aldeia alimenta turistas com carne de caça

Foto: Odair Leal / Framephoto

Conversei com alguém sobre o festival de resgate cultural da etnia yawanawa, que reuniu centenas de pessoas na semana passada, na aldeia Nova Esperança, na Terra Indígena Rio Gregório. Como turistas e políticos participaram da festa, indaguei quanto cada visitante pagou.

- Cobram dos turistas, por exemplo, para a contratação de caçadores brancos. É necessário alimentar a todos com carne de caça da mata. Uma coisa é caçar para alimentar as famílias; outra coisa são as caçadas predatórias para alimentar turistas. Além disso, nada a ver mesmo misturar umbanda e candomblé nos rituais. Isso tudo faz explodir o egocentrismo de alguns parentes.

A fonte acrescentou e fez uma indagação:

- E todos figuram de naturalistas, adeptos da vida na floresta. Você acha que uma pessoa séria, espiritualizada, precisa disso?

Um indígena yawanawa revelou ao blog que um dos caçadores  foi picado por cobra surucucu quando caçava para alimentar os turistas.

Ministério Público institui auxílio-alimentação para promotores de justiça

O Ministério Público do Estado do Acre também criou, por ato administrativo, o chamado auxílio-alimentação para promotores e procuradores de justiça, sendo o valor correspondente a 5% do subsídio, retroativo a cinco anos.

Em agosto, o Tribunal de Justiça do Acre instituiu o auxílio-alimentação para juízes e desembargadores equivalente a 3% dos subsídios, também retroativo a cinco anos. Tanto no Judiciário quanto no Ministério Público os servidores foram excluídos do benefício.

Leia mais:

Juiz devolve auxílio-alimentação ao Tribunal de Justiça do Acre

A resolução do Conselho de Procuradores do Ministério Público do Acre ainda não foi publicada no Diário Oficial. A procuradora-geral de Justiça, Patrícia Rêgo, confirmou a decisão.

- Votamos, mas ainda não está publicado. O texto ainda será submetido à revisão final do colegiado. Trata-se de um pedido da Associação do Ministério Público do Estado do Acre. Mandei uma proposta idêntica à dos magistrados.

O auxílio-alimentação de promotores e procuradores de justiça será pago a partir do próximo ano.

- Apenas quatro MPs não pagavam auxílio-alimentação aos seus membros. O relator tomou como base a média do que é pago nos demais estados, incluindo o Ministério Publico da União. O gasto está previsto na Lei Orçamentária Anual do ano que vem - acrescentou a procuradora-geral.

No começo deste mês, o juiz Ednaldo Muniz, do 2º Juizado Especial Criminal da Comarca de Rio Branco devolveu ao Tribunal de Justiça do Acre R$ 1.488,32 que foram creditados na conta dele, em setembro, a título de auxílio-alimentação.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Prefeito ameaça demolir casa que Lúcio Costa projetou para Thiago de Mello


O prefeito de Barreirinha (AM), Mecias Pereira Batista (PSD), ameaça demolir a casa que o urbanista e arquiteto Lúcio Costa (1902-1998) projetou para o poeta amazonense Thiago de Mello, 87. A casa onde o poeta já viveu é uma das duas únicas obras de Lúcio Costa na Amazônia.

Mais conhecido como Mecias Sateré, o prefeito quer derrubar a casa a pretexto de revitalizar a orla de Barreirinha, cidade onde nasceu o poeta.

A obra de revitalização que ameaça a casa idealizada pelo autor do projeto do Plano Piloto de Brasília vai custar mais de R$ 1,3 milhões, de acordo com um convêncio entre a prefeitura e o governo do Amazonas.

- Existe gente grande e poderosa no Amazonas que não sabe quem foi Lúcio Costa. Estou chocado. O Amazonas não pode ferir a cultura brasileira derrubando uma casa projetada por Lúcio Costa. A barbárie não pode prevalecer – disse por telefone Thiago de Mello ao Blog da Amazônia.

A casa foi adquirida pelo governo estadual e repassada à prefeitura de Barreirinha, a 331 quilômetros de Manaus, para servir de espaço cultural. Há anos foi abandonada pelo poder público, embora constantemente seja apresentada ao mundo como traço da genialidade de Lúcio Costa na Amazônia.

O prefeito já demoliu a calçada e os jardins do Memorial Thiago de Mello para a construção de um muro de arrimo.

Na segunda-feira (28), a reportagem enviou e-mail à Secretaria de Comunicação do governo do Amazonas pedindo explicações, mas não obteve resposta, e não conseguiu falar com o prefeito de Barreirinha por telefone.


Chocado com a decisão da prefeitura e do governo estadual, o poeta Thiago de Mello enviou mensagem ao Blog da Amazônia em que pede apoio da opinião pública para defesa da obra de Lúcio Costa:

"Altino querido, companheiro de esperança. 

O teu barco solidário vara águas da floresta para defender a beleza ameaçada. Desta vez as águas são as do Paraná do Ramos, que banha a cidade de Barreirinha.

A beleza ameaçada é a de uma casa projetada pelo gênio de Lucio Costa, o urbanista  e arquiteto brasileiro.  É uma casa que Lucio inventou e eu construí, com a ajuda dos mestres carpinteiros da floresta.

A casa está erguida bem defronte do rio. Quem passa de canoa ou de navio fica só olhando as janelinhas dela, lá no alto do barranco.

Pois fiquei chocado nesta segunda-feira, quando o  prefeito do município (ele não sabe direito quem é Lucio Costa )  resolveu demolir a casa, para construir a orla do porto da cidade, segundo projeto do governo estadual.

A notícia, que já chegou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, causa indignação e assombro. A Folha e O Globo já se espantaram.

É a tua vez, Altino. O teu blog não perde uma boa causa, a serviço da vida.

Faz a tua parte, ajuda o Amazonas a não passar essa vergonha de ferir feio a cultura brasileira.

Guarda a luz do nosso rio.

Thiago”

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Música acreana da melhor qualidade

João Donato e Chico Chagas no Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco (AC), no encerramento do show "Donato e a bossa que vem do Acre" 

João Donato e Chico Chagas

Música acreana da melhor qualidade 



"Lugar comum" (João Donato - Gilberto Gil) interpretada na noite desta quinta-feira (24) pelos acreanos Donato e Chico Chagas, no Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco (AC). Primeiro show da turnê de Donato para comemorar os 80 anos. Música acreana da melhor qualidade, diria meu saudoso amigo Jorge Nazaré.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Orlando Testi


"Prezado Sr.  Altino,

Foi um prazer para mim ter encontrado um meu retrato numa postagem de seu blog com o título "Beleza acreana". Trata-se do desfile de 7 de setembro de 1966, em Rio Branco. Eu, na época, era o vigário de Santa  Inês, no bairro Bosque. Mas, desde o 1969, vivo com minha família na Italia.

Saudações e mil votos.

Orlando Testi
Cesèna - Italia"

As raízes do mal

POR MARCIO BITTAR

Hitler, Mussolini e Hirohito, o Imperador japonês, perderam a Segunda Grande Guerra Mundial. Nazistas e fascistas foram julgados e suas patológicas ideologias banidas, restando caricaturas fragmentadas nos dias de hoje. Infelizmente, Stalin, o sanguinário ditador soviético, aliado de primeira hora dos nazistas e fascistas, não teve o mesmo destino; sua ideologia se espalhou dominando parte significativa do mundo.

A ideologia disseminada por Karl Marx e outros teóricos foi bem sucedida em domar milhões de seres humanos, fazê-los embarcar em falsificações históricas repetidas ad nauseam em sindicatos, partidos, praças, escolas, jornais e igrejas. Hoje, os socialistas não mais pegam em armas para assaltar o poder. Fazem a revolução na cabeça das pessoas, solapam as democracias por dentro. O novo estratagema foi elaborado pelo comunista italiano Antonio Gramsci ao escrever suas receitas revolucionárias no cárcere.

Mesmo após a queda do muro de Berlim e a derrocada econômica e moral da cortina de ferro, o socialismo vive e se expande utilizando o estratagema de Gramsci. Os mestres da propaganda até inventaram um socialismo bonzinho, que prega igualdade. Com desfaçatez, esquecem os milhões de mortos, os extermínios, revisam a historia e se reinventam.

Jovens latino-americanos desavisados vestem camisetas com estampas de rostos de revolucionários socialistas responsáveis por assassinatos a sangue frio. O mais famoso deles é figura carimbada. Che Guevara, o mesmo que disse em Assembleia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964: "Execuções? É claro que executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário! Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!".

Quantos jovens brasileiros embarcaram na loucura e foram as vias de fato no Brasil dos anos 60 e 70? Quantos perderam sua juventude e vigor para implantar o socialismo que acreditavam ser o portador da verdade histórica? Quantos não jogaram bombas, assaltaram bancos e sequestraram pessoas em nome da ditadura do proletariado? Certamente, muitos.

Nos anos 80 e 90, facções socialistas e comunistas formaram o Partido dos Trabalhadores, o PT. O partido inventou que tinha o monopólio da ética na política e passou a caçar com difamações todos os adversários, considerados por eles como inimigos. O espírito autoritário é parte da natureza dos socialistas e consequentemente do PT. São herdeiros de Stalin, de Fidel Castro, de Che Guevara, de Mao Tsé-Tung e de tantos outros responsáveis por atrocidades em seus países e pela expansão mundialista do mal.

Em 1990, o PT, representado pelo ex-presidente Lula e em parceria com Fidel Castro, montou o Foro de São Paulo. Estava inaugurada a instituição que iria estabelecer as estratégias de expansão do socialismo na América Latina. Partidos, movimentos sociais e movimentos terroristas revolucionários da América Latina e do Caribe passaram a se reunir no afã de implantar o socialismo em todas as Américas. Atualmente, participam dos encontros do Foro mais de cem instituições, a última reunião se deu em São Paulo, nesse ano. São 16 países governados por membros do Foro de São Paulo. Vivem o novo socialismo, igual ao velho em essência.

O enredo e o desenrolar dessa novela pode ser visto retroativamente no Acre. O Estado vive seu calvário socialista desde 1999. E o receituário é idêntico ao velho: perseguição brutal aos opositores, aumento progressivo de impostos sufocando a iniciativa de empresários, desrespeito à propriedade privada, populismo e assistencialismo, controle de todos os meios de comunicação, sujeição dos políticos de pensamento contrário, aparelhamento partidário dos órgãos governamentais, propaganda baseada em falsidades, desrespeito e desmoralização de representantes do Judiciário e imposição do medo a todos que se atrevem a contestá-los. Lamentavelmente, não há nessas palavras nenhum exagero.

Acredito que a esperança sempre vence o medo. Em 2014, o povo brasileiro e acreano terão, novamente,  nova chance de dizer não ao medo, à opressão e à derrocada econômica. As armas para derrotar o socialismo tupiniquim, no país e no Acre, serão a verdade e o voto. Com elas será retomado o caminho da democracia, do progresso e da liberdade.

Marcio Bittar é deputado federal, presidente da Executiva Regional do PSDB no Acre e Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados

Affonso Romano de Sant'anna


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Chegou a hora de acertar os ponteiros

POR ROBERTO FERES

No dia 23 de junho de 2008 o Sol nasceu às 5h46 em Rio Branco. Naquele ano, quase todos que trabalhavam nas repartições públicas começavam o batente às 7h da matina.

Era a fase do ano quando o dia começa mais tarde e também quando escurece mais cedo. Já por todo o mês de novembro o dia era claro a partir das 5 horas.

No próximo dia 10 de novembro, quando o Acre resgatará o horário antigo, acontecerá algo inverso: o Sol nascerá às 4h59, tendo, na véspera, nascido às 6h, com todo mundo entrando às 8h no trabalho, caso o expediente não retorne também aos horários que vigoravam em 2008.

Um dos principais motivos da rejeição do acreano à mudança do fuso horário foi a relutância dos empregadores, em especial os do setor público, em adequar o expediente aos costumes local.

O que mais se ouvia na época era o argumento de que as crianças tinham que sair de suas casas ainda de noite para irem a escola. Porém, muito aos poucos, e lá se foram mais de cinco anos de ajustes, os horários se acertaram, na medida do possível, ao hábito local de se por os pés fora da cama com o calor e a claridade do Sol.

Agora é importante aprender com os erros do passado e preparar o ajuste do expediente à nova hora. A principal regra desse ajuste será a volta das atividades aos horários que vigiam antes da mudança.

Escolas, comércio, serviços públicos e privados precisam urgentemente redefinir seus horários e comunicar com boa antecedência seus parceiros e usuários para um rearranjo sem traumas na nova mudança.

Sem esses ajustes, um funcionário público que entra no trabalho às 8h e sai às 18h, sofrerá com o excessivo calor matinal de um Sol que brilha há três horas e retornará para casa à noite, num dia que escureceu às 17h31.

Não fazer esses ajustes pode ser uma tática para fomentar rejeição ao retorno do horário antigo. Oxalá, dessa vez, façam as mudanças pelo bem-estar do povo e não para punir os discordantes.

Roberto Feres é engenheiro civil e perito da Polícia Federal

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Com documentário, cineastas paulistas "provam" que o Acre existe

Milton Leal, Paulo Silva Jr., Bruno Graziano e Raoni Gruber

Para conhecer o lugar que menos conheciam e desconstruir uma piada que tomou conta das redes sociais nos últimos anos, quatro jovens cineastas de São Paulo produziram um filme e um livro para provar que o Acre, localizado na remota região do extremo-oeste brasileiro, existe.

Numa empreitada pessoal, sem nenhum apoio financeiro institucional, em dezembro de 2011 eles partiram de São Paulo com destino a Rio Branco. Até fevereiro de 2012, foram mais de 50 dias de viagens percorrendo cidades, rios florestas, seringais, vilas, e acabaram conhecendo muito mais o Acre que a maioria dos próprios acreanos.

O carro deles superou os 10 mil quilômetros rodados entre a vinda, a volta e as andanças pelo Acre, onde também se valeram de avião monomotor e barco para alcançarem os pontos mais distantes, na fronteira com o Peru.



O filme e o livro "O Acre existe"serão lançados em novembro, em Rio Branco,  durante Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira, idealizado para promover a integração cultural, amazônica, andina entre Brasil, Peru e Bolívia.

- Ainda estamos fechando a programação, com muita coisa boa. Destaco, porém, o filme que terá estreia no festival. O grupo de jovens cineastas revela o Acre com muitos personagens, sendo alguns muito conhecidos e outros anônimos, além de paisagens pelo olhar curioso, estrangeiro. Descobrem não um Acre, mas diversos Acres. No final do filme, tive a instigante sensação de que o Acre, de fato, não existe - diz Sérgio de Carvalho, diretor do festival, a única pessoa no Acre que até agora assistiu o documentário.



Na verdade a aventura dos quatro cineastas começou em São Paulo numa noite chuvosa. Milton Leal, que havia tentado rodar o mundo, desistiu disso quando estava no Oriente Médio, voltou para sua cidade, mas não estava disposto a trabalhar como jornalista.

Ele telefonou para Bruno Graziano, saíram para conversar e surgiu a ideia de fazer um filme. O diálogo se deu exatamente assim, de acordo com Milton Leal:

- Eu queria muito fazer um documentário. Poderíamos trabalhar juntos. Eu pesquiso, entrevisto e você filma – sugeriu.

- Acho que deveríamos fazer algo viajando – replicou Graziano.

- Pois, vamos fazer uma viagem de carona.

- Para aonde?

- Vamos de São Paulo até o Acre. Isso! Um filme chamado “O Acre Existe”.

Leal conta que, em meia hora, discutiram boa parte do que se tornaria o projeto de documentário sobre o Acre, quando assumiram que não sabiam praticamente nada sobre a região

- Enviei uma mensagem para o celular do também jornalista e amigo Paulo Silva Jr.. Disse em poucas linhas que ele estava escalado para uma viagem ao Acre. Minutos depois, ele respondeu aceitando o convite, sem saber do que se tratava. Graziano, dois dias depois, convidou o amigo Raoni Gruber para fechar o time dos cineastas na equipe. O quarteto estava formado.

Apesar de afirmarem que o Acre existe, nos pôster do filme consta a duvidosa tagline "não se sabe se o começo ou o fim do mundo". Veja os depoimentos dos paulistanos Bruno Graziano e Milton Leal, além de Paulo Jr. e Raoni Gruber, que nasceram no ABC Paulista:

MILTON LEAL "Antes de desbravar os “outros” continentes, os europeus achavam que nada existia além do Velho Continente. Eles precisaram encarar mares revoltos para “descobrir” as terras além-mar. No nosso caso, por razões óbvias (que algumas pessoas chegaram a desconsiderar), antes de viajarmos, sabíamos que o Acre existia. Mas o que é existir? É constar de uma lista de estados federativos e aparecer em um livro de geografia? Ou é ter o respeito dos outros compatriotas no que diz respeito à sua história, cultura, povo e peculiaridades? Um viajante só existe quando rompe o vidro do seu aquário e navega pelo desconhecido. O Acre só existiu para mim, de verdade, depois que eu rodei este Estado de ponta a ponta e conheci dezenas de pessoas, que me contaram suas histórias e vivências. Passei então a ter certeza que não apenas o Acre existe, mas o meu respeito e admiração por ele também."
PAULO SILVA JR. "Saia do Centro de São Paulo e jogue fora todos os parâmetros sobre distância, afinal, o que nos faz pensar que aqui é tão próximo de tudo mesmo, de onde vem essa nossa impressão de estar tão perto do mundo enquanto eles estão supostamente tão longe? Se livre também daqueles conceitos de isolamento, pois como pudemos ter tanta certeza ao cravar que aqui estamos bem servidos, que nada nos falta e que eles, lá em cima, provavelmente não têm acesso a sabe-se lá o quê? Esqueça qualquer definição sobre progresso, e pago um suco de cupuaçu pra quem souber quem inventou, ainda na escola, que aqui sim é o lugar mais desenvolvido do país, além de ser o pólo nacional econômico, político, cultural, de quê?, em que parte?, mas que diabo é um pólo de um país? Ou melhor, muito melhor, carregue tudo isso, suba num carro pela BR-364 e vá lá ao extremo, de preferência onde mais te falaram a vida inteira que sequer existe. Se tuas ideias se bagunçarem pra sempre, não diga que não avisei."
BRUNO GRAZIANO "Rio Branco é a Paris brasileira. Seus paralelepípedos, sua luz amarelada, um rio lhe cruzando sem pudor e ratos, muitos ratos. Não poderiam faltar os ratos. E se White River não tem vinho e queijo, tem cerveja barata e tacacá. Se lhe falta a nostalgia da Belle Époque, sobra-lhe o teatro de rua do Mercado Velho. Saem as parisienses chiques e claras como a nuvem, entram as morenas jambo de curvas sazonais silhuetadas pelo último pôr-do-sol do Brasil. Rio Branco quer ser mais São Paulo, mas é São Paulo que precisa ser mais Rio Branco, a ingênua e safadinha Rio Branco, da Gameleira - “Ah, a Gameleira” - dos grafites indígenas, das saidinhas do Flutuante, dos repentistas, dos poetas, do namorico de portão. E que o Mc Donalds nunca chegue por lá. Sempre me perguntaram se eu teria o desejo de estrear o filme num dos grandes festivais – Cannes, Berlim ou Veneza - e sempre respondi com a convicção de que a estreia, esta teria que ser em Rio Branco. E assim será!"
RAONI GRUBER "Enquanto viajamos pelo Estado fomos identificados, questionados e cobrados. E a todo momento houve essa preocupação, ao menos por minha parte, com o titulo do filme: O Acre Existe. O Acre existe e ponto, ninguém precisa provar que sim. Pra mim o titulo sempre foi irônico, provocador e, apesar de controverso, decidi bancar, assumir a pressão e seguir em frente. Existe? Pra muitas pessoas eu ainda acho que não, pra muitos não passa de um lugar imaginário, ignorado, renegado, inexistente. É uma tendência histórica nos Estados do Sul do Brasil renegar o Norte, o Nordeste, os negros, os índios e os caboclos. Cabia agora a mim e aos meus companheiros descobrir em nós e nos outros aquilo que somos. O maior medo e o maior desafio sempre foi conseguir, juntamente com a equipe, dialogar com aqueles que lá estavam respeitando o espaço deles e trazendo nossas visões de fora. Mas agradeço a todos que me ensinaram a saber chegar e sair de todos os lugares pra hoje, dois anos depois, ter a clareza de que vivi momentos mágicos, armazenados em minha alma, em minha história."