quinta-feira, 14 de junho de 2012

CAMPANHA NA REDE



O perfil da Escola Municipal de Governo compartilhou uma fotomontagem em que o pré-candidato a prefeito Tião Bocalom (PSDB) é acusado de recusar alianças políticas com evangélicos, revelou o site AgazetaNet.

A fotomontagem já foi removida e alguém publicou o seguinte esclarecimento:

- Apesar de o Facebook da Escola Municipal De Governo não ser uma página oficial da PMRB, informamos que a postagem sobre o Pré-Candidato Tião Bocalom foi um equívoco de uma funcionária que ao compartilhar a mensagem, pensou estar compartilhando em sua página pessoal. Informamos também que a funcionária em tela se encontrava em sua residência. A Escola Municipal de Governo através da sua direção, pede desculpas pelo equívoco cometido.

Indaguei quem é responsável pelo perfil e não obtive resposta.

Atualização às 17h05

O professor Moacir Fecury, coordenador-geral da Escola Municipal de Governo, respondeu no Facebook:

- Olá Altino! Sou o responsável mas quem alimenta é minha funcionária da escola no computador pessoal.

JUSTIÇA NO ACRE

Casal é condenado por assassinato de filho de 1 ano e 4 meses


Um casal foi condenado na noite desta quarta-feira (13) pelo Tribunal do Júri de Rio Branco (AC) a 58 anos de prisão pelo assassinato do filho Victor Manoel Brito Miranda, de um ano e quatro meses de idade.

Em setembro do ano passado, em Porvenir, cidade isolada da província de Pando, na Bolívia, Francimar Muniz da Silva, conhecido como Pepê, de 24 anos, matou o filho a pancadas, chutes, mordidas e arremesso, motivado por crueldade, com tortura e uso de recurso que impossibilitou a defesa da criança.

Pepê, que não é o pai biológico da criança, foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MPE-AC) por causar graves ferimentos que provocaram a morte da criança, conforme laudo médico emitido pelo Serviço de Emergência Pediátrica do Hospital de de Urgências e Emergências de Rio Branco.

No dia do crime, Francimar e mulher dele, Edna Brito da Costa, de 35 anos, estavam juntos no interior de casa. Com fome, sozinha no chão da casa, a criança começou a chorar. O pai mandou a mãe servir leite, não sendo atendido pela mulher.

Como a criança permaneceu chorando, no chão, o pai se aproximou dela e começou a lhe bater, aplicando-lhe vários tapas, o que fez a vítima chorar mais ainda.

Não satisfeito e irritado com o choro da criança, segurou-a e arremessou-a em direção à parte externa da casa, onde existe uma escada de acesso do terreno à casa, tendo a criança caído direto no chão, próximo à parte inferior da escada, dada a agressividade e a força do "arremesso".

O pai foi até à criança, que jazia sobre o terreno, do lado de fora da casa, atingindo-a com vários chutes na região abdominal. Como a criança continuava a chorar ainda mais, dada a violência a qual era submetida, tomado de ódio, o pai investiu novamente contra ela e mordeu-a na barriga e também na perna.

A mãe da criança presenciou tudo desde o inicio das agressões e somente nesse momento reagiu, indo até o local onde a criança estava jogada ao chão, ferida, pegando-a e levando-a para dentro de casa.

Edna percebeu que o filho estava bastante ferido e muito mal devido às agressões do pai e procurou assistência médica em Porvenir. Por causa da gravidade dos ferimentos, foi encaminhada ao Hospital Público de Brasiléia (AC) e, em seguida, removida para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, face a suspeita de espancamento, agressões e péssimo estado de saúde da criança.

No Pronto Socorro, mesmo após submetida a tratamento cliníco-pediátrico, a criança não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois da agressão.

Após as agressões, verificando o grave estado de saúde da vítima, e objetivando furtar-se à aplicação da lei penal, o pai da criança se evadiu, com a intenção de ingressar novamente em território boliviano, sendo posteriormente interceptado, preso e interrogado.

- Fútil, portanto, a motivação do crime, tendo em vista que o delito foi cometido porque a criança chorava muito e o denunciado ficou irritado com aquela situação, demonstrando a sua total incapacidade moral – afirma o MPE-AC na denúncia.

A mãe omitiu reação de defesa e não fez nada para impedir a violência do companheiro contra o filho.

Segundo o MPE-AC, estando presente no local durante todas as agressões, a mãe, que tinha o dever legal de guarda e proteção da criança, tinha o dever e poderia ao menos tentar impedir as agressões desferidas por seu companheiro contra a criança, mas permaneceu inerte e nada fez, tendo sua omissão contribuído para o óbito de seu próprio filho.

A mulher somente foi ao encontro da criança quando esta já estava bastante ferida, após já ter sofrido todas as agressões físicas e ser "arremessada" para fora de casa.

Segundo a denúncia do MPE-AC, embora tenha socorrido tardiamente a vítima, conduzindo-a aos hospitais, a mãe apresentou aos médicos a versão de que o filho havia caído da escada da casa como razão dos diversos ferimentos e hematomas sofridos.

Segundo o laudo de exame cadavérico, a criança sofreu traumatismo crânio encefálico, cujo meio foi ação contundente e produzida por tortura com espancamento.

O pai foi condenado a 32 anos e a mãe a 26 anos e oito meses de reclusão, ambos em regime fechado, porque praticaram homicídio, qualificado pelo motivo fútil, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e contra menor de 14 anos.

A sentença do juiz Leandro Leri Gross, do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, assinala que não obteve nenhuma informação que possa ser considerada como antecedentes negativos para os pais, bem como conduta social negativa e nenhum exame psicológico ou situação de fato que possa apontar personalidade voltada para o crime.

O magistrado afirma na sentença que o pai da criança agiu impelido por completa futilidade, pois a vítima já vinha sofrendo agressões permanentes, conforme declaração do perito ao analisar os hematomas.

- Ainda, conforme depoimento prestado pelo acusado na delegacia, a criança estava com fome e chorando, situação que teria irritado o acusado – acrescentou Leandro Gross.

BEM-VINDOS AO PARAÍSO

POR BENEILTON DAMASCENO

Meu Acre continua sendo "tierras no descubiertas" para muita gente da pátria amada - alguns até intelectuoides. Experimentem mencionar seu nome em qualquer ponto do país, e 92 por cento sequer sabe onde ele se situa no mapa do Brasil. Até vizinhos como Amazonas e Rondônia (olhem a ironia!) tripudiam dele, como se fossem grandes coisas.

José Leite, jornalista saudoso, repetia, com inegável sarcasmo: "Ninguém vem ao Acre impunemente". Da estatura da minha inépcia, eu complemento: "Do médico ao professor, do executivo ao advogado, quem faz pelo menos três refeições diárias não tem motivos para vir morar no Acre. Tampouco visitá-lo" (com exceção de quem é degredado por força da profissão itinerante - integrantes do Exército, da PF, por exemplo - ou mochileiros sem eira nem beira). É possível que, tempos depois, apaixonem-se e não voltem mais ao torrão de origem. Normal! Conheço diversos exemplos.

É que o Acre da hanseníase, da malária e da dengue é paraíso dos aventureiros, que recebem cargos na oficialidade por aparentarem ter mente mais evoluída do que nós, cortadores de seringa e catadores de castanha. Foi assim na década de 70, com o governador Dantinha; é hoje, quase meio século depois. Engordam com facilidade, ganham respeito e confiança. Muitos são incompetentes irrecuperáveis, vigaristas, semianalfabetos, mas ostentam o título de "de fora", por isso detêm "notório saber" e credibilidade. E a moribunda casta acreana concorda, resignada.

Até nossos heróis nativos, tipo Glória Perez, Adib Jatene, Jarbas Passarinho, João Donato, chegam a acumular trinta anos sem desembarcar aqui (quem sabe falte dinheiro para custear o traslado até o remoto Norte brasileiro), a menos que sejam convidados de honra do governo, do qual recebem mesuras e tratamento dignos de Vossa Alteza. Do contrário, não enviariam nem um e-mail para a terra que os trouxe à luz. Na minha opinião, são alienígenas, e podem permanecer por onde estão até o juízo final. Não mereciam nem ter placa de estrada vicinal, mas alguns batizam as escolas top de linha do ex-Território, as quais conheceram apenas na cerimônia de inauguração.

Viva o Acre. Vivam os acreanos - os autóctones e os ex-carentes que hoje se integraram a este pedaço de fronteira, procriaram e perto de nós querem ser sepultados.

Beneilton Damasceno é jornaista

quarta-feira, 13 de junho de 2012

JESUS VOLTOU


Na semana passada, o pastor evangélico e deputado estadual Jamyl Asfury (DEM), então pré-candidato à prefeitura de Rio Branco, fez a seguinte declaração:

- Sou candidato até Jesus voltar.

O milagre não aconteceu, mas o senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM, mandou Asfury retirar a pré-candidatura. E o pastor obedeceu.

CORAÇÃO GELADO

Roberto Vaz, dono do AC 24 Horas, quando era apresentador de TV e cantor de música brega

terça-feira, 12 de junho de 2012

CCJ APROVA PROJETO DE DILMA

Acre com duas horas a menos que Brasília

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (12), por unanimidade, o projeto de lei 3.078/2011, enviado pela presidente Dilma Rousseff com o objetivo de restabelecer os fusos horários do Acre e parte do Amazonas, que voltarão a ter duas horas a menos que Brasília.

O projeto do Executivo atende a referendo realizado em 2010, quando a população do Acre decidiu restabelecer a antiga diferença de duas horas.

O texto encaminhado pelo Executivo substitui outro projeto sobre o assunto (PL 1669/11), aprovado pelo Congresso no ano passado, mas que acabou vetado pela presidente Dilma.

O governo alegou que o texto aprovado por deputados e senadores estendia o fuso horário com diferença de duas horas para parte do Pará, o que provocaria inconvenientes.

O relator da matéria, Eliseu Padilha(PMDB-RS), lembrou que a mudança de horário foi alvo de um referendo, tendo a maioria da população rejeitado a alteração do fuso horário promovida pela Lei 11.662/08, de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC).

O projeto será enviado à Mesa Diretora da Câmara e vai aguardar a realização de cinco sessões ordinárias. Encerrado o prazo, o projeto é enviado ao Senado Federal, onde deverá ser discutido e votado pelas comissões indicadas.

- O projeto obteve aprovação apesar de todas as manobras contrárias do PT. Vou acompanhar a tramitação do projeto até a sua aprovação final, para que a vontade popular do Acre seja finalmente respeitada e devidamente reconhecida - comentou o deputado Flaviano Melo (PMDB-AC).

ESTUDO INÉDITO DO INPE

Acre é o maior emissor de fumaça em região transfronteiriça


Um estudo inédito do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre queimadas e emissão de fumaça no Acre concluiu que, embora as contribuições de fumaça produzida remotamente sejam relevantes, nos meses de maiores níveis de poluição atmosférica (julho, agosto e setembro) predomina a contribuição da produção local para o conteúdo de fumaça que atinge as principais cidades do Estado.

O estudo foi encomendado ao Inpe pelos Ministérios Públicos do Estado do Acre e Federal. A partir da análise de imagens de satélite, trabalhou-se em busca de se confirmar, ou não, a hipótese de que parte significativa da fumaça que se concentra na região durante a estiagem amazônica seja oriunda da Bolívia, do Peru, além de outros estados brasileiros, conforme alegava anualmente o governo estadual.

Nos meses mais críticos, os níveis de poluição do ar no Acre ficam próximos ou acima dos patamares da Organização Mundial de Saúde.

- A fumaça das queimadas produz grandes impactos no ambiente, o que inclui mudança no balanço de radiação, evapotranspiração, chuva, nebulosidade, degradação da qualidade do ar para todos os seres vivos etc. - disse o físico Saulo Ribeiro de Freitas, que realizou pós-doutoramento na Nasa Reseacrh Center e autualmente é pesquisador titular do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe.

De acordo com Ribeiro, a quantidade de fumaça em uma dada região depende, em geral, da produção local e da importação de produção remota.

- A poluição na região transfronteiriça do Acre (Brasil), Madre de Dios (Peru) e Pando (Bolívia) é largamente controlada pela circulação atmosférica, a qual é governada pelas leis da física - explicou Ribeiro, que usou para o diagnóstico modelos de previsão de tempo, clima e qualidade do ar e um supercomputador do Inpe com 31 mil processadores para os cálculos.

Resultado de condições climáticas adversas, em 2005, a Amazônia, particularmente o Acre, passou por uma situação de extrema gravidade.

Três anos depois, os Ministérios Públicos propuseram uma ação civil pública com a finalidade de reduzir gradativamente as autorizações para queimadas, exigindo que fossem elaboradas e disponibilizadas pelo governo estadual alternativas ao uso do fogo.

Por meio de uma decisão liminar, que está parcialmente em vigor, as autorizações para queima estão suspensas em todo o Acre neste ano.

- Os meses de maiores níveis de poluição atmosférica no Acre são julho, agosto e setembro. A fumaça gerada em Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não afetam o Estado. Isso ocorre raramente quando ventos muito fortes de uma frente fria na região sul atingem o Acre - explicou o pesquisador do Inpe.

DOCE PRESENÇA



De Ivan Lins e Vitor Martins, interpretada por Nana Caymmi e Cesar Camargo Mariano

Sei que mudamos desde o dia que nos vimos
Li nos seus olhos que escondiam meu destino
Luz tão intensa
A mais doce presença
No universo desse seu olhar

Nós descobrimos nossos sonhos esquecidos
E aí ficamos cada vez mais parecidos
Mais convencidos
Quanto tempo perdido
No universo desse seu olhar

Como te perder
Ou tentar te esquecer
Inda mais que agora sei que somos iguais
E se duvidares, tens as minhas digitais
Como esse amor pode ter fim?

Já tens meu corpo, minha alma, meus desejos
Se olhar pra ti, estou olhando pra mim mesmo
Fim da procura
Tenho fé na loucura
De acreditar que sempre estás em mim

segunda-feira, 11 de junho de 2012

IMAC REPROVA EIA-RIMA DA CIDADE DO POVO

O Ministério Público do Acre teve que recorrer à Justiça para obter cópia do parecer técnico do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) referente à análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da "Cidade do Povo", empreendimento residencial projetado pelo governo estadual para 10,6 mil pessoas, em Rio Branco.

O parecer, que "reprova o estudo apresentado", é assinado por Francislane Paulino Cabral da Silva (bióloga), Gerson Ramos da Silva (engenheiro civil), Siles Keegari Cavalcante Freitas (advogado), Ana Neri de Sousa Castro (engenheira agrônoma), Glauco Lima Feitosa (geógrafo), Waldirene Gomes Cabral Maia (engenheira agrônoma), Marcela Fidellis de Castro (engenheira florestal), Márcio Bezerra da Costa (cientista social), Demerson de Souza Lima (geógrafo e economista) e Marcel Erick Fernanes Pedralino (engenheiro sanitarista).

O documento, de 27 páginas, assinado em 22 de maio, não foi publicado no Diário Oficial do Acre e estava sendo mantido sob muito sigilo.

Veja a conclusão:

"Considerando a análise acima, esta equipe reprova o estudo apresentado. Sugerimos que o empreendedor apresente as devidas complementações e correções apontadas neste Parecer. Para que posteriormente, o estudo ambiental seja submetido a uma nova análise por este Instituto.

Outrossim, registra-se também que o Ministério Púbico Estadual (MPE) apresentou no dia 3 de maio de 2012 uma Recomendação Conjunta N˚ 01/2012, perante este Instituto, no qual foram apontados alguns aspectos técnicos que estendemos, que, devem ser devidamente elucidados pelo empreendedor, quais sejam: "contemplação de localização alternativa do empreendimento, e menos ainda a possibilidade de não execução do projeto", conforme já exigido no Termo de Referência citado; "estimativa de quantidade e origem de matéria-prima que será empregada na construção das unidades habitacionais", demonstração do "programa de acampamento e monitoramento dos impactos habitacionais", demonstração do "programa de acampamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos do empreendimento"; apontar como "será o abastecimento de água para 10.659 unidades habitacionais, ora cogitando o abastecimento já existente, da ETA II, ora cogitando o abastecimento direto do aquífero…"; e demonstrar a eficiência do sistema de esgotamento sanitário do referido empreendimento".

domingo, 10 de junho de 2012

PÁGINA VIRADA

POR ANTONIO STÉLIO

Caro Altino,

Talvez sinta-se surpreendido com esta epístola que recebes, pois julgo-me que sou para ti um desafeto, e com justa razão: não deixei de ser estupidamente injusto e grosseiro para contigo.

E por razões que, mais tarde, não deixei de me arrepender, por razões que não vem ao caso do momento.

Mas esta missiva tem o intuito de solicitar benevolência de teu espírito, se fores capaz de tapar o nariz para a fedentina deste medíocre escriba, e atenderes minha solicitação, que se resume no seguinte:

Estou escrevendo um novo livro no mesmo molde do Brava Gente Acreana, quer fiz para o gabinete do Geraldinho, com o diferencial de que aquele trata de personagens do nosso passado, e este, de nosso presente, onde afrontadamente, mais por rigoroso critério, inclui o vosso entre outros que considero personagens contemporâneos valoroso de nossa história.

Caso não atendas ao meu pedido, pois, esteja certo que compreendo qualquer rancor existente, e o acho até justificável, embora não necessário, e me desculpo pela ousadia.

Caso, como julgo possível, ignores a minha pequenez de espirito, e me atenda neste projeto, me ponha solicitar que responda a apenas as cinco perguntinhas abaixo e solicito que, em anexo, as respostas venham acompanhadas de um resumo biográfico e algumas fotos de seu arquivo pessoal, com familiares (isso fica a seu critério), com a urgência que lhe for possível.

Perguntas:

Qual a sua visão sociológica do Acre e dos acreanos?

Você tem sido importante dentro contexto contemporâneo do Acre. Como analisa a sua contribuição para a nossa história?

A seu ver, o que é ser acreano?

Como imagina o Acre dos seus sonhos?

Meu comentário

Caro Stélio, foi duro ler aquela sua "Carta aberta a um pederasta safado" contra mim, mas consegui manter o equilíbrio. Houve dois momentos em que o desagradei profundamente. O primeiro foi quando tivemos uma conversa e alertei que você seria descartado pela Frente Popular do Acre, o que se confirmou com a pressão que o fez vender a sua parte no jornal Página 20. Posteriormente, escrevi aquela nota provando que um site criado por você havia adulterado o resultado de uma enquete sobre a disputa pela prefeitura de Rio Branco, o que motivou a sua "Carta aberta a um pederasta safado". Desde então, surgiram insinuações mais ignóbeis dos que não aceitam que haja liberdade de expressão no Acre. Por ora, não vou responder ao questionário porque estou com preguiça de escrever, mas fica aberto para que possamos conversar pessoalmente. Sinta-se perdoado pela estupidez, injustiça e grosseria para comigo.

sábado, 9 de junho de 2012

AFINADOS


O ex-deputado Fernando Melo, pré-candidato à prefeitura de Rio Branco pelo PMDB, e o empresário Elson Dantas, dono do Página 20. Embora a linha editorial do jornal seja de apoio ao pré-candidato petista Marcus Alexandre, Dantas não esconde a preferência por Melo, de quem é compadre. Melo chegou a consultá-lo sobre a escolha do vice.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

JORGE BEN JOR

‎"Não fique esperando o que Jesus prometeu/ Pois ele também está esperando que você tome vergonha na cara"

SERPENTES PEÇONHENTAS

“É mais fácil sermos mortos por outro humano do que por uma cobra”, diz pesquisador de serpentes e acidentes ofídicos


O professor Paulo Sérgio Bernarde, do campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) em Cruzeiro do Sul, lança neste mês o livro “Serpentes Peçonhentas e Acidentes Ofídicos no Acre”, que retrata as espécies de cobras venenosas do Estado e também os casos de ofidismo (picadas de cobra).

Paulo Bernarde, que nasceu em Guararapes (SP) há 40 anos e mora no Acre há quase sete anos, orienta alunos dos cursos de Ciências Biológicas e do Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da Ufac em Rio Branco.

Dividido em 15 capítulos, com 112 fotografias coloridas, o livro apresenta informações sobre a classificação e biologia das serpentes, dentro de outros aspectos sobre a história natural desses animais.

Em relação aos acidentes ofídicos (picadas de cobras), é apresentado os diferentes tipos de venenos e os sintomas nas vítimas, que é o principal critério para que profissionais de saúde possam reconhecer qual é o gênero causador e tipo de soro a ser ministrado no paciente.

Outro aspecto abordado são os cuidados em campo para prevenção de acidentes ofídicos e os primeiros socorros, denotando a importância da obra para os profissionais que trabalham em florestas e na área rural (biólogos, agrônomos, engenheiros florestais, analistas ambientais, militares etc) e também para as pessoas que vivem na Amazônia.

No livro também são apresentadas lendas e crendices sobre as cobras, o que desmistifica algumas condutas inadequadas de primeiros socorros que podem até agravar o quadro da vítima.

Na Amazônia muitas vezes as vítimas estão distantes do atendimento médico nos hospitais além de existir por parte dos profissionais de saúde certa dificuldade no reconhecimento da espécie de serpente causadora, fatores estes que, associados a crendices populares, podem agravar o quadro da vítima e contribuírem para o surgimento de complicações e sequelas.

Doutor em zoologia pela Universidade Estadual Paulista, o biólogo Paulo Sérgio Bernarde conversou com o Blog da Amazônia. Clique aqui para ler os melhores trechos da entrevista.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

FALTA TRANSPARÊNCIA NO TCE DO ACRE


A ex-professora e ex-deputada petista Naluh Gouveia está entre os conselheiros do Tribunal de Contas do Acre que recebem os menores salários. O total do salário dela é de R$ 33.764,66, sendo o valor líquido mais de R$ 20 mil.

O contracheque foi publicado pela repórter Angélica Paiva no Facebook junto com o contracheque da conselheira Dulcinea Benício de Araújo, ex-advogada do PT, cujo salário bruto é de R$ 28.941,14. Ambas decidiram tornar público os valores baseadas na Lei de Acesso à Informação.

- Muito corajosa Naluh Maria Gouveia em deixar divulgar esse contracheque. Quebra alguns tabus de que o salário seria absurdo. Acho até injusto pela história de luta dela. Tem gente aí que nunca deu um prego numa barra de sabão ganhando quase isso ou mais - comentou a jornalista Lamlid Nobre, assessora do PT do Acre.

Mas o comentário do professor de ciências sociais Nilson Euclides da Silva, da Universidade Federal do Acre, desagradou a conselheira:

- Acho que a Naluh não lembra que um dia foi professora.

Consultada pelo blog, Naluh Gouveia fez um desabafo:

- É muito complicado tudo isso. Respeito os comentários, mas alguns doem, como aquele que eu já teria esquecido que fui professora. Ninguém fala dos votos. Eu eu era uma professora muito boa, exemplar. É um absurdo a relação salário mínimo com os nossos salários de conselheiros. Mas daí a colocar qualquer comentário sobre quando eu era professora é demais. Fui um exemplo de professora. Era a primeira que chegava e a última que saia. Implorava para fazermos greve. Quantas greves fizemos com 100 pessoas. Respeito todos os comentários, mas nada que questione minha postura como professora. Dói muito. Trabalhei muito com asma porque nunca gostei de faltar. No conjunto Tangará todo mundo sabe disso. Formada em letras, trabalhei nove anos nos bairros da baixada de Rio Branco. Ninguém queria ir para lá porque era o tempo dominado pelo traficante Marrosa. Por isso eu era a deputada mais votada na baixada. Na minha vida como professora, só coloquei um aluno, o Odair, para fora de aula uma vez. No outro dia, pedi desculpas a ele e à sua turma. Depois reencontrei o aluno na penal e passei a visitá-lo. Desculpa o desabafo. É que aceito tudo, pois não sou santinha e nunca fui. Tenho fraquezas e equívocos horríveis, mas mexer com minha vida de professora, não aceito. Nunca homem nenhum me ajudou a criar minhas filhas. E nenhuma delas trabalha no governo. Bobagem minha, Altino.

Bem, no Tribunal de Contas do Acre, existem conselheiros que ganham mais de R$ 60 mil. Um deles, aposentado, recebe mais de R$ 100 mil, além de ter mulher e filha com altos salários na corte. A sociedade espera que haja transparência naquela ilha de prosperidade e privilégios.

terça-feira, 5 de junho de 2012

POLÍTICA, FANATISMO E OPORTUNISMO

O tenente-coronel Juvenal, da Polícia Militar do Acre, desistiu ontem de ser ser o vice de Fernando Melo, pré-candidato a prefeito de Rio Branco pelo PMDB.

Para tomar a decisão, Juvenal alegou "profecias e conselhos espirituais" dos fiéis da Igreja Quadrangular, da qual é pastor.

Hoje, o deputado Jamyl Asfury (DEM), que também é pastor, nega a possibilidade de desistir da pré-candidatura à prefeitura de Rio Branco.

- Sou candidato até Jesus voltar - anuncia Asfury.

CARTA DE REPÚDIO AO GOVERNO DO ACRE

POR FLÁVIO LOFÊGO ENCARNAÇÃO

No último dia 29 foi divulgado nas redes sociais o ofício enviado por A Firma Cia. de Teatro e assinado por mim, como proponente do Projeto Cultural “A Serpente”, em que abrimos mão dos recursos a que teríamos direito por termos sido selecionados no Edital 2011 de Incentivo Direto da Fundação Elias Mansour (FEM).

A referida recusa acontece em protesto contra o tratamento que o Governo do Estado do Acre vem dispensando à classe artistica, com atitudes que demonstram uma total falta de compreensão das especificidades das atividades culturais que são a razão de ser da FEM, em especial o trabalho dos artistas do teatro. Além de protelar indefinidamente a distribuição dos recursos.

Demonstrando uma total falta de preparo, o funcionário da FEM a quem fomos perguntar pela previsão para o repasse (Sr. Generozo) disse ao nosso produtor que devíamos “esquecer” o projeto contemplado pelo edital e iniciar uma nova peça, pois não haveria uma previsão para a distribuição do dinheiro prometido e divulgado.

Os profissionais do teatro não podem colocar seu produto numa gaveta e aguardar a boa vontade dos gestores em cumprir os compromissos firmados e amplamente divulgados na mídia. Um espetáculo teatral tem um prazo de amadurecimento e não é possível adiantar ou atrasar uma estreia sem graves prejuízos à qualidade do produto final.

Em nosso caso, planejamos nosso processo de ensaios para que o espetáculo estivesse pronto dia 14 de junho . Contando com os recursos a que teríamos direito por termos sido selecionados em edital público, assumimos compromissos com artistas e técnicos. Os técnicos de nossa equipe contavam com o dinheiro prometido, e recusaram outros trabalhos para participar de nosso espetáculo. Em nosso planejamento, iniciaríamos agora a confecção de cenários, figurinos e a compra de produtos necessários para a iluminação.

Como o dinheiro não foi depositado na conta aberta especialmente para este fim, nos vimos na necessidade de adiar a estreia. Como diretor, me via no dilema entre as duas soluções possíveis, igualmente insatisfatórias: parar de ensaiar e perder os meses de trabalho, ou repetir o espetáculo indefinidamente nos ensaios, sem nenhuma objetividade?

Reunindo o grupo para debater o problema, chegamos à conclusão óbvia de que nosso trabalho provinha de nossa necessidade de expressão artistica, e não da vontade de ganhar dinheiro. Aliás, já havíamos decidido anteriormente que nenhum dos artistas seria remunerado pelo dinheiro do edital, que seria utilizado integralmente para o custeio da produção do espetáculo. O passo seguinte foi desvincular a carreira da peça do recebimento dos recursos, optando por uma estratégia de guerrilha cultural, com a valorização do trabalho dos atores como principal elemento de comunicação com o público.

Cortamos em nossa própria carne, sem que nossa atitude prejudicasse a quem fosse. Ao contrário, decidimos assumir uma posição política que traga à tona a crise vivida no setor cultural, visando auxiliar os grupos e entidades mais dependentes de recursos materiais, e colaborar com os setores da própria FEM que notadamente encontram-se insatisfeitos com a nova política do Governo do Estado, que não vem privilegiando a cultura local em suas ações.

Nesse momento em que percebo uma passividade assustadora dos setores de nossa sociedade que historicamente assumiam uma postura crítica em relação à política e a gestão do poder público, tenho orgulho de participar de um grupo com a coragem e a atitude de assumir publicamente o descontentamento que é generalizado em nossa área.
Seguimos os passos dos artistas com quem aprendemos nosso ofício, que nunca foram vistos com um pires na mão mendigando a ajuda governamental nem abrindo mão de se posicionar publicamente por receio de retaliações. Nosso modelo no Acre é o falecido diretor Betho Rocha, que não conheci pessoalmente mas que aprendi a admirar, e que tanta falta faz nesse momento.

Muitos amigos vieram nos avisar de que sofreríamos perseguições pela divulgação de nossa crítica ao trabalho dos gestores. Não acreditamos nisso, pois as instituições culturais não podem prescindir dos artistas. A arte deve se posicionar na vanguarda do pensamento crítico, e não como um apêndice obediente dos grupos hegemônicos. A FEM sem os artistas será apenas um bueiro para o desperdício de dinheiro público. Os artistas sem a FEM continuam a ser artistas.

Ao decidir recusar o dinheiro da FEM, reestruturando a concepção do espetáculo para uma estética mais despojada, conseguimos manter a data planejada para a estreia. Não teremos os belos figurinos que a figurinista Juliana Albuquerque havia concebido, mas outros belos figurinos serão criados a partir das roupas que usamos nos ensaios. Não mais construiremos o cenário realista que eu havia concebido em parceria com o brilhante cenotécnico Lambada, mas sim um palco nu, preenchido pela imaginação dos atores e do público. Não apresentaremos apenas nos teatros com recursos técnicos mais sofisticados, mas iremos também aonde o público está, apresentando em escolas e nas comunidades sem a utilização de iluminação profissional, mas acreditamos que o talento dos atores compensará as perdas. As perdas são materiais, mas nossa riqueza é espiritual e intelectual.

Convidamos o público acreano a conhecer o espetáculo “A Serpente” no ano do centenário do maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues, autor do texto que encenamos. Serão todos bem-vindos no Teatro de Arena do SESC, onde realizaremos nossa temporada regular no mês de julho. Também estamos à disposição para apresentar gratuitamente, desde que tenhamos a garantia de um número mínimo de espectadores. Meu trabalho como diretor sempre teve essa orientação, especialmente desde minha chegada ao Acre em 2008. Já apresentei espetáculos nas comunidades rurais, escolas, associações de moradores e ate mesmo em residências particulares, para grupos que nos receberam com enorme carinho e nos encheram de satisfação. A estratégia que doravante adotaremos é um retorno a esse caminho que nunca deveríamos ter abandonado.

Flávio Lofêgo Encarnação é diretor teatral e professor de Teoria do Teatro do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal do Acre

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O GOVERNADOR E O DETRAN


O governador do Acre, Sebastião Viana (PT), se valeu nesta segunda-feira (4) das redes sociais para publicar foto em que aparece montado numa bicicleta elétrica. Veja o que Viana escreveu no Facebook como legenda da imagem acima:

- Foi super legal ter vindo de casa ao meu Gabinete na bicicleta elétrica, fiz o percurso em torno de 20 min, velocidade segura e economia. Tenho muitos amigos que chegam a gastar de 150 a 1200 reais com combustíveis/mês, depende se é moto ou carro. Neste caso a economia é franca. Sem falar que você pode estar usando fonte de energia limpa, silenciosa e, com redução de espaço das vias urbanas...mais comunidade. Imagina a redução de acidentes, já que a velocidade máxima é de 30 km...grato ao Fontenele, que me fez companhia.

Em entrevista ao apresentador Alan Rick, do programa Gazeta Entrevista, o corregedor-geral do Detran-Ac, Fábio Eduardo Ferreira, declarou em janeiro que ninguém pode trafegar em bicicleta elétrica em Rio Branco porque não existe lei municipal que regulamente o registro desses veículos.

- Esse tipo de veículo não pode trafegar na via pública aberta à circulação. Só pode trafegar no interior de fazendas, em áreas particulares, como o quadriciclo - disse.

Questionado pelo blog, Fábio Ferreira disse que vale o que ele declarou durante a entrevista porque a legislação ainda não mudou.


Atualização às 11h23

Da diretora do Detran, Sawanna Carvalho:

- Nós estamos orientando aos usuários de bicletas elétricas que utilizem os equipamentos de segurança e que façam uso da habilitação com categoria "A" ou apresentem ACC - Autorização para Conduç˜ão de Ciclomotores.

EM DEFESA DE UMA MULHER

POR MADGE PORTO

Há muito tempo milito no movimento feminista por entender que as mulheres têm direitos pelo simples fato de serem humanas. Assim, não aceito que mulheres sejam agredidas, ganhem menos pelo mesmo trabalho que um homem faz ou que seja a principal responsável pelos cuidados com as crianças. Para defender esses direitos é que também me filiei ao PT, ainda quando morava em Olinda (PE), antes de me fixar no Acre.

Diante dessa trajetória, é que venho publicamente para mostrar minha indignação diante de um fato que muito me choca e me assusta. Não apenas por ser feminista, mas por ser pesquisadora do tema sobre a violência contra as mulheres.

A Lei Maria da Penha é fruto da luta das mulheres diante de tanta violência sofrida, principalmente pelos homens da família e mais precisamente maridos e companheiros, ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados.

Mulheres são agredidas a cada quatro minutos no Brasil, 28,9% a 36,9% das mulheres já sofreram violência física e/ou sexual (D'Oliveira et al., 2009) e que 76% as mulheres usuárias do serviço público de saúde relatam pelo menos um episódio de violência na vida (Schraiber et al., 2007).

Isso demonstra que a violência está presente na vida das mulheres apesar de toda nossa luta. Ainda precisamos recorrer à lei, que agora, através do ativismo jurídico do Supremo Tribunal Federal, amplia as possibilidades de denúncia, pois qualquer pessoa que presenciar ou souber que uma mulher sofre violência pode fazer a denúncia. E é amparada nessa lei que faço meu relato.

O petista Jô Luiz Fonseca é um homem que bate em mulher -disso sou testemunha-, e continua intimidando a ex-mulher dele, que é minha amiga, em situações públicas. Ele é assessor do pré-candidato a prefeito do PT em Rio Branco, Marcus Alexandre, além de sobrinho do senador Aníbal Diniz (PT-AC), que jamais apoiou o comportamento violento dele em relação à ex-mulher.

Jô Luiz Fonseca já extrapolou os limites da boa convivência, da cultura de paz e do direito da mulher, qualquer mulher, viver sem violência. É por isso que me vejo no dever de tornar pública a questão.

Fiz a denúncia inicialmente ao PT de forma que tomassem uma providência internamente. Mas não obtive nenhuma resposta. O PT de Rio Branco não deu nenhuma atenção à minha denúncia.

Fiz também a denúncia junto à Secretaria Estadual de Mulheres do Acre. Obtive orientações de procurar a Delegacia da Mulher (atitude que as vítimas já tinham tomado) e promessa de apoio jurídico caso necessitassem. Assim, diante de todas essas tentativas, não me restou outra forma senão apelar para a mídia.

Por isso, descrevo mais detalhes: apesar de estarem divorciados, Jô Luiz Fonseca não deixa sua ex-esposa em paz. Agora que juridicamente não estão mais casados, ele está ameaçando a ex-esposa e também as mulheres que são amigas dela e que estão acompanhando-a nas situações públicas. Ele parece achar que pode tudo, não sei se por conta do cargo de confiança que ocupa no governo estadual, embora, no meu entendimento, deveria ser um cargo que o colocasse como alguém que deve ser exemplo de figura pública e não de desrespeito aos diretos das mulheres.

Outra questão que me intrigou foi a atitude da Delegacia da Mulher diante da queixa: não atuou como deveria, pois orientou as mulheres agredidas a irem para casa para "se protegerem" e ele, o agressor, ficou numa festa, já por duas vezes.

Com o meu relato quero apenas que ele pare de incomodá-la, que não se ache no direito de intervir na vida dela e nem de nenhuma outra mulher. Talvez por ser uma pessoa importante do partido se ache nesse direito, contudo o que me preocupa é que homens de bem, profissionais de respeito, pais de família e homens sem antecedentes criminais assassinaram suas namoradas, esposas ou ex, como foram os casos de Doca Street, que matou a companheira Ângela Diniz, do jornalista Pimenta Neves que matou a ex-namorada Sandra Gomide, de Lindomar Castilho, que matou a ex-esposa Eliane de Grammont, ou do jovem Lindberg, que matou a ex-namorada, a adolescente Eloá, só para citar alguns exemplos.

Todos os dias, mulheres são mortas desse jeito no Brasil por homens que não admitem que as mulheres deem um fim à violência para viver outra vida. Homens que se veem como donos das mulheres e que num momento de desespero, que eu avalio como desespero do machismo mais absoluto, matam as mulheres. Depois, arrependidos e desesperados, agora pela culpa, dizem que não queriam matar. Ou, o que é pior, que fizeram por amor.

Acredito que de fato eles se arrependam de ato tão horrendo, contudo esse arrependimento não devolve a vida das vítimas, e em nada mudará as consequências da mutilação sofrida, como foi o caso da biofamacêutica Maria da Penha Fernandes, quem deu o nome à lei 11340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que ficou paraplégica. Assim, é preciso que se fale, que se denuncie, que não fiquemos acuadas para que nenhuma outra mulher seja vítima de tragédias como essa e depois os assassinos fiquem soltos, refaçam suas vidas e as mulheres tenham perdido a única oportunidade que se tem de viver.

Caso esse episódio fique sem uma resolução concreta, será uma vergonha para o Partido dos Trabalhadores. Sinto-me indignada com esses acontecimentos e não quero ser acusada de ter calado diante da violência. Não quero um prefeito para Rio Branco que, sendo sabedor desses fatos, não se posicione e não tenha uma intervenção concreta no caso, pois trata-se de uma pessoa que assessora e apoia a sua candidatura. Caso a candidatura seja vitoriosa, certamente o agressor fará parte da administração municipal, principalmente quando diante de uma denúncia como esta todos se calaram.

É considerando tudo isso que venho a público solicitar ao homem público Jô Luiz Fonseca, que conheço há alguns anos, que já frequentou a minha casa e eu a deles quando eram casados, que, em nome dos direitos que as mulheres têm de uma vida sem violência, que siga a sua vida e deixe que sua ex-esposa siga a dela. E que os homens e mulheres do PT, em especial o candidato a prefeito Marcus Alexandre, ajudem a trazer bom senso às atitudes de seu assessor. Por fim, que, se nada disso for suficiente, que se faça Justiça.

Madge Porto é psicóloga clínica no Acre. Ao receber o artigo da psicóloga no sábado (2), o blog conversou por telefone com Jô Luiz Fonseca, disponibilizando o mesmo espaço para que possa se manifestar.

ATUALIZAÇÃO ÀS 11H30 -

Jô Luis Fonseca enviou a seguinte nota de esclarecimento:

"Venho manifestar indignação com o fato relatado pela psicóloga que trata de questões particulares à minha família. Cabe aqui esclarecer que não existe nenhuma intimação na Justiça contra minha pessoa em relação a minha ex-esposa e nem em relação a qualquer outra mulher. Respeito à mãe do meu filho e todas as mulheres que fazem ou não parte da minha vida.

Intimidação a quem quer que seja, principalmente à minha ex-mulher não faz parte do meu caráter e da minha formação familiar. O único contato que mantenho com ela é para tratar de assuntos relacionados ao nosso filho, onde sempre buscarei exercer o meu direito de pai, que é cuidar, educar, dar carinho e condições para que ele possa se tornar um cidadão de bem.

Peço apenas que o meu nome e o da minha família sejam preservados de ataques que visam apenas caluniar e tentar me prejudicar no plano pessoal e profissional.

Finalmente, gostaria de ressaltar que mantenho em dia minhas obrigações de pai, com o pagamento das despesas do nosso filho, honrando todos os compromissos da separação judicial, que foi feita de forma amigável e que  atualmente não exerço nenhum cargo de confiança no governo."

sábado, 2 de junho de 2012

PNEU FURADO

Ainda bem que não ando armado



Por volta de 9h40 da manhã deste sábado, estacionei no acostamento, após o cone de sinalização, na altura da lixeira de uma loja, na Av. Nações Unidas, para ir ao Mercado do Bosque.

Três funcionários (duas mulheres e um homem) tentaram me convencer a retirar o carro do local com a alegação de que é estacionamento do estabelecimento comercial.

Recusei retirar o carro com o argumento de que se trata de espaço da via pública, onde não existe proibição para estacionar.


Como os funcionários ficaram exaltados, recomendei que chamassem a guarda de trânsito.
 

Ao retornar, tentei manobrar, mas o carro parecia um cavalo indomável.

Parei para conferir e localizei um pedaço de madeira com prego fincado no pneu traseiro direito.


Constatei também que algo (roda ou pneu de moto?) foi usado para causar arranhões na roda do mesmo pneu do carro.


Recorrer a quem numa cidade onde sequer o Código de Postura é respeitado?

INFINITO

POR JOSÉ AUGUSTO FONTES

A infinita visão da tua passagem, da tua chegada, do teu retorno, elevou meu pensamento para adiante do sol e aconteceu que invadi o céu e penetrei o paraíso. Foi a primeira vez que alguém esteve vivo no paraíso, não sei se será a última. Nessa viagem te levei na euforia do sentimento, carregado de boas intenções, para um momento, até para dois ou três, dependendo do rendimento, até mais. E passamos pela portaria do amor sem pedir licença ao santo, ao anjo, à virgem, que fingiu que não olhou, que viu e gostou, quase sentiu. Fomos indo, suando, gerando, semeando prazer e dor, esperando colher a mão do dia seguinte, do instante do adiante, sabendo que a ilusão faz não passar tudo, faz tudo não passar, isso tudo que é simplesmente para ir, que vai ficando, um ir e vir passageiro, embora perene.

Há mesmo algo de infinito no paraíso, no teu, que quero meu. Fomos colhendo a ilusão de eternizar o momento, de ir ficando, de permanecer, de não sair do querer conhecido, da expectativa esperada. Foi quando caí do céu, de onde violei o pecado, na nascente original, mas era em teus braços que eu estava, quando acordei, quando gemi, quando calei e despejei o silêncio, quando gritei e acordei em gozo angelical. A insaciável visão do teu movimento é um vai-e-vem de desentendimentos, porque não sei o que quero mais, não sei por onde começar, onde estacionar, até onde insistir na etapa anterior, para a qual já quero voltar, sem deixar de acampar no teu olhar, que parece me levar para outro igual lugar.

E aí já há entendimentos, porque não há nenhum deles em que não te exploro, quase querendo não saber que explorado sou eu, dentro dos teus segredos que percorro, pelos caminhos das tuas evidências em que me perco, pelos lugares-comuns da tua beleza em que não me reconheço, pelo conjunto da tua obra, onde não há dúvida nem certeza, apenas constatação do envolvimento, do acabamento, do renascimento. Sou eu, por fora, pele de anjo devorando o lobo coração, coração periférico, suburbano coração, às margens do purgatório, à beira da floresta. Há mesmo muito verde no meu céu. Há mesmo outra vida, é nela que me encontro, é nela que há um espelho grande como muitos rios e igarapés, é sem fim o reflexo, há uma imagem distorcida, como no fundo de uma cacimba, por trás do embaraço, há uma jura de amor, escondendo que manipula as imagens embaçadas, o amor é mesmo cego.

Por isso me agarro em ti, sinto o cheiro, constato que há fé bastante para te possuir; que há pecado suficiente para depois disso te esquecer; que há arrependimento para salvar num arquivo os teus gritos de prazer nascente, de mulher resguardada de dor, da fêmea quieta que havia em ti, do sentimento puro que está em teu querer à flor da pele de mamões. Em ti e nas muitas virgens que há no céu, havia, há controvérsia, o buraco por onde lá penetrei as deixou sair, agora há uma dúvida, duas ou três. Como levá-las às alturas do firmamento, sem tirar os pés da terra? Há muitas crenças no amor, no meu amor insaciável, tímido, como a língua que penetra a manga madura, a goiaba vermelha, enquanto o mel escorre pela mão que prende o caroço ou a membrana.

Cabe quase tudo no paraíso em que te meti, as maçãs do teu rosto foram acariciadas antes da serpente que te encanta, nosso enamorar emocionou serafins e santas, gemeram deusas e fadas, até uma bruxa olhou e piscou enquanto se ajeitava na vassoura, por trás da lua, descendo freneticamente pelo talo comprido da samaúma. Um coral de moças preferiu cantar música de raiz, o que deu asas à seringueira, que também gostou e soltou de suas entranhas um leite grosso, que fecundou a terra, que pariu eternas canções e magias, crenças e incertezas. E nossos filhos gritaram amor para o mundo, que não sabe sentir o que sentimos quando queremos mais, mais mundo, mais vida, um infinito e eterno querer, eternas ondas e banzeiros, casto e impaciente, vibrante e celestial, um mist ério das matas e das estrelas, nosso amor de um verde maduro, duro e terno, para penetrar o céu.

E assim é, assim vai, enquanto o látex escorre, enquanto a borracha enrijeceu de novo, sem perder a ternura, São Jorge me emprestou o dragão, dei asas ao nosso sentimento, nosso calor fez cantar o sol, o gemer das meninas virou dança, envolvente dança de índios e duendes, com tridente, flecha e poção mágica nas mãos, com a jura secreta na voz, comi outras frutas moças, fiz promessas vãs, traí teu sono sereno, num ou noutro dia, fingindo ser pra sempre, passei do paraíso para a perdição sincera, até que um dilúvio acalmou todo aquele fogo, e só tua mão me conduziu pelas nuvens, mostrando que a salvação é o nosso abraço, o nosso dizer querer, o nosso fazer prazer, o nosso gesto amazÃ?nico, uma salvação que es tá para gerar um novo mundo, que chegará por um buraco no céu, feito por uma castanheira apaixonada, embriagada, que penetrou o firmamento e ali depositou a semente. E assim vai ficar, desse nosso passeio pela vida, da nossa semente que se enraíza, uma bela floresta que nos eterniza.

José Augusto Fontes é poeta, cronista e juiz de direito do Acre