segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CRISE HUMANITÁRIA NO ACRE

LUCIANO MARTINS COSTA E ALTINO MACHADO
Direto de Brasiléia (AC)


Unflor completou dois anos de idade na semana passada, ganhou uma festa com bolo e presentes, mas ninguém sabe onde e em que condições ela vai viver seus próximos dias.

Unflor é uma das quinze crianças que vivem ao redor da praça central de Brasiléia (AC), na fronteira do Brasil com a Bolívia, entre os mais de 700 refugiados haitianos.

Unflor é uma das protagonistas de um drama que tem tudo para se transformar rapidamente em uma crise humanitária internacional.

Unflor na verdade pode ser chamada de Enfleur ou Emflor, de acordo com o sotaque do interlocutor.

Conforme observa Damião Borges, funcionário da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre e principal responsável pela rede de apoio que se criou por iniciativa de moradores de Brasiléia, os haitianos são pessoas adaptáveis, extremamente resistentes, curiosas e dedicadas ao trabalho, mas têm alguma dificuldade com a disciplina.

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domingo, 11 de dezembro de 2011

O NOVO LIVRO DE LEILA JALUL

Isaac Melo

O contista, valendo-se aqui de Alfredo Bosi, é um pescador de momentos singulares cheios de significação. É o que faz Leila Jalul em "Minhas vidas alheias", obra a marcar sua estreia no conto. Conhece-se o rasgo da autora como cronista (Suindara (2007) e Das cobras, meu veneno (2010)) e poeta (Coisas de Mulher, coisas comuns, coisas de mim (1990) e Absinto maior (2007)), agora, no conto, embora permaneçam suas características próprias, o seu fazer literário assume uma nova dimensão, menos intimista memorialista para uma mais visionária, sem, no entanto, fugir de um realismo crítico.

"Minhas vidas alheias", a começar pelo título, é singular, trágico-humano, paradoxal. Nele, Leila Jalul se apodera de tal forma de suas personagens (linguagem e ambiente) que acaba por fazer das vidas alheias uma “extensão” da própria vida. O livro reúne 26 contos, em que ficção e realidade dão-se as mãos, pois como ressalta a contista: “Não adianta querer negar as evidências. Ficção e realidade são confluentes...”. Além disso, uma espécie de determinismo genético, aliado a certas patologias, e os elementos sócio-culturais exercem uma influência significativa na trama dos contos: “Inegável, também, é a carga negativa que algumas famílias arrastam vida afora. A genética faz parte disso. O restante fica por conta da assertiva de que o ambiente faz o homem e, por fim, some-se a educação, ou a falta desta”.

A música e a poesia, como nas demais obras de Leila Jalul, são características que persistem em "Minhas vidas alheias". A obra congrega uma miscelânea de fatos e ambientes, indo dos seringais amazônicos às encantadoras paisagens do norte da Itália. A temática também é variegada e não deixa de tocar em pontos críticos e polêmicos, a saber: situação de trabalho infantil (O Oleiro Galenteador), alcoolismo (Pacto é Pacto), pedofilia (Magias e Promiscuidades), drogas (Anelise e seus Bofes), homossexualismo (Rojão Fatal), etc. A presença da mulher também se sobressai e perpassa praticamente todo o livro, e assume um lugar central, como nos contos: Rosa dos Ventos, Estranho Reencontro, No Úbere de uma Vaca Também Bate um Coração, Fugir é Preciso, etc. São mulheres, em sua maioria, de atitudes nobres, que não perdem sua dignidade mesmo quando feridas e subjugadas pela cultura patriarcal. Na literatura leiliniana, a mulher tem vez e voz, não por uma simples oposição ao machismo, mas como uma afirmação da essência do ser mulher, para além das circunstâncias histórico-sociais.

No conto “Árvore Gene(i)lógica”, Leila Jalul realiza aquilo que afirmou Alfredo Bosi, a saber, que o conto tende a cumprir-se na visada intensa de uma situação, real ou imaginária, para a qual convergem signos de pessoas e de ações e um discurso que os amarra. É o conto mais longo de todos. Dividido em nove subtítulos, conta a história de uma família, formada por sete filhos, dos quais a vida de seis é marcada por tragédias. A contista quer acentuar a questão da genética, da “carga negativa”, do ambiente, da educação, como fatores que podem ser determinantes no destino das pessoas. Mas, ao mesmo tempo, é possível fugir desse “determinismo”, como demonstra a personagem Sayto, pois “sempre há uma brecha para a bondade”.

Os contos leilinianos às vezes sobem ao anormal, ao grotesco, ao macabro, tal como a vida muitas vezes também se apresenta. É o absurdo do agir humano elevada à sua potência maior. É a mãe que mantém a própria filha em cárcere privado, e que usa como sopeira, para servir a seus convidados, um penico inglês de próprio uso (A Louca de Caxangá); é o professor de literatura que faz luto por um palito de fósforo (Elvis Morreu); é o desfecho fatal do irmão que mata o outro a machadadas, depois de sofrer humilhações por ser homossexual (Rojão Fatal); é a história da jaqueira que, ao seu redor, minava uma água escura e fétida, pois aí o pai enterrava as próprias filhas, depois de matá-las (A Jaqueira Sombria), etc. Nisso tudo, a autora não quer enfatizar em si a violência, mas, como o fator psicológico pode ser preponderante para incitar ou coibir determinadas ações humanas.

A invenção do contista, diz Bosi, se faz pelo achamento de uma situação que atraia, mediante um ou mais ponto de vista, espaço e tempo, personagens e tramas. É o que ocorre no conto “Estranho Reencontro”. É a história de uma juíza, Suzette, que na hora de pronunciar a sentença reconhece o gentil rapaz, que dois anos antes lhe cedera o quarto para dormir, pois no único hotel do lugar já não havia mais vaga disponível, quando ali estivera a prestar concurso. O voltar-se e o olhar do réu para a juíza no instante da leitura da sentença marca o coração do momento inventivo do conto, pois aí a contista explora a hora intensa e aguda da percepção.

Mas Leila é Jalul, como alguém já ponderou. Sabe dialogar e retirar a emoção que deseja de seu leitor. Não é isso que faz em “No Úbere de uma Vaca Também Bate um Coração”? O modo como a contista realiza a descrição é formidável. A história de Chiara, que tem uma vaca como amiga e um cachorro por fiel companheiro, revela uma mulher de jeito simples, daquelas que têm apenas duas mãos e o sentimento do mundo, como ensina Drummond. Ou então, o conto “Não me Maltrate, Robinson!”, a história de uma criança recolhida da rua por um polonês e adotado como filho. O jovem se torna tão apegado à família que chega a demonstrar mais amor pela avó adotiva, quando esta falece, do que os próprios netos. Tal atitude demonstra que os sentimentos não dependem apenas dos laços consanguíneos, mas é algo também que pode ser cultivado e construído.

Com "Minhas vidas alheias" Leila Jalul se afirma ainda mais como uma das escritoras mais preeminentes das letras acreanas na contemporaneidade, quiçá, uma das mais lidas também, como demonstra seu público fiel no conceituado site Lima Coelho. E tudo ocorre naturalmente, sem alardes, sem holofotes. O vírus Jalul é benéfico e contagioso, só mata fazendo viver. Vida é o que brota de suas páginas, com o poder de fazer com que as vidas alheias se tornem minhas também, nossas, na comunhão do sofrimento e das esperanças, sob o mesmo altar da vida. Por fim, quero fazer ecoar minhas palavras com as de Thomas Mann, em Doutor Fausto, a saber, que a análise necessariamente toma a aparência de frieza, mesmo que se realize num estado de profundíssima emoção.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

TIÃO VIANA REAGE

"Serra não deveria se apequenar e fazer defesa indireta de organizações criminosas"

O governador do Acre, Tião Viana (PT), usou a página dele no Twitter nesta sexta-feira (9) para criticar duramente o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que considerou um “fato gravíssimo”, em nota divulgada na quarta (7), a instalação de grampos telefônicos da Polícia Federal no comitê eleitoral do PSDB no Estado durante a campanha eleitoral de 2010.

- Serra não deveria se apequenar e ingenuamente fazer defesa indireta de organizações criminosas que querem manipular fatos policiais no Acre. Serra, a quem tenho respeito, não se deixe levar por mentiras de meliantes da política, assaltantes da inocência popular - afirmou Viana.

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TRE cassa mandato de deputada evangélica


Segundo o governador, as “ações policiais que flagraram caixas de dinheiro para ‘corrupção eleitoral’ no Estado” estão sendo tratadas como “invasão à legalidade”.

- Ações policiais sérias, flagrantes, à luz do ordenamento jurídico, não podem ser manipuladas por corruptos - acrescentou Viana.

O comitê eleitoral do PSDB no Acre foi grampeado pela Polícia Federal durante a campanha eleitoral do ano passado. O teor das escutas telefônicas chegou a ser divulgado na Rádio Boas Novas, da deputada Antonia Lúcia (PSC-AC), cujo mandato foi cassado no mês passado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Acre.

Durante a campanha, a Polícia Federal apreendeu R$ 472 mil em uma caixa de papelão, enviados para Antonia Lúcia pelo marido dela, o deputado Silas Câmara (PSC-AM).

Um telefone do diretório do PSDB no Acre foi grampeado porque estava em nome da deputada. Ligações para o comitê ou originárias do número foram interceptados. A deputada tem negado que tenha cedido o telefone ao comitê.

TRATAMENTOS DE ALTA COMPLEXIDADE NO ACRE

POR TÉRCIO GENZINI

Estou decepcionado com a repercussão negativa que está tendo o curso “Enfermagem em Terapia Intensiva e Transplante de Órgãos Abdominais”. Eu não fazia idéia que um curso de pós-graduação pudesse ser utilizado para prejudicar a imagem de pessoas, sejam quem for. Em São Paulo, vejo sempre o nosso governador inaugurando Cursos de Medicina, pós-graduação e outros, em instituições públicas e privadas, sem este tipo de repercussão.

A idéia de criar o curso foi minha e, como seriam necessárias verbas não disponíveis no Estado para trazer profissionais de alto nível, procurei a
União Educacional do Norte (Uninorte) e propus um curso de pós-graduação.

Com o curso, a Uninorte assumiria os custos da estrutura necessária para sua realização e também do deslocamento dos convidados que dariam treinamento aos profissionais do HC envolvidos no projeto de transplantes.

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Pensei que seria uma fórmula adequada que, repito, sem custos para o Estado, propiciaria treinamento de alto nível aos enfermeiros do Hospital de Clínicas do Acre, e quem colheria os frutos seriam os pacientes, beneficiados por esta capacitação.

Os professores convidados do  urso foram também escolhidos por mim. A aula inaugural seria dada pelo governador Tião Viana e por outros três médicos de Brasília ligados ao setor de transplantes do Ministério da Saúde: Dr. Heder Murari, Professor Silvano Raia e Dra. Daniela Salomão. Esta aula seria gratuita e aberta ao público e seria um evento de ensino e também de divulgação do curso.

As demais aulas seriam dadas por outros convidados, quase nenhum deles professor da Uinorte, mas apenas convidados para este curso especificamente, e então seriam fechadas para os participantes do curso de pós-graduação.

Realmente não participo de discussões políticas no Estado do Acre e em nenhum outro governo em qualquer esfera e por isso estou surpreso com a divulgação de notícias utilizando este curso como pretexto e base de informações.

As matérias que você publicou inibem ações deste tipo e ecoam os desejos dos grandes centros do Sul e Sudeste que desejam manter a centralização da tecnologia para tratamentos de alta complexidade e não se preocuparam em desenvolver outras regiões.

Só tenho capacitação técnica na área médica e fico tentando encontrar meios de desenvolver minha área nos locais onde atuo e o Acre é um deles. Criamos o projeto Transplantes Sem Fronteiras que nesta semana iniciou um programa de transplantes em Itabuna, na Bahia, tendo como exemplo o programa do Acre.

Procuramos sempre estratégias que independam de recursos do Estado para serem iniciadas e que tragam recursos extras ao mesmo. Para nosso grupo, não importam os nomes que estejam no poder mas sim as atitudes que são tomadas. Na área em que atuamos estamos qualificando profissionais médicos locais, que inclusive já realizam captação e transplantes de rim com bons resultados, estudantes de medicina, enfermagem e nutrição, que formaram grupos de estudo e de atuação prática, atendemos cerca de 70 pacientes triados por mês em Rio Branco.

Hospedamos mais de 200 pacientes por ano na Casa de Apoio em São Paulo, onde os mesmos realizam tratamentos de alta complexidade pelo SUS com atendimento médico, psicológico, hospedagem e alimentação gratuitos. Reduzimos em 90% a necessidade de deslocamentos dos pacientes para serem tratados em outros centros.

Este programa está servindo de exemplo para outros Estados que estão querendo implantá-lo, nos mesmos moldes do Acre. Mas como tudo começou no Acre, então os projetos pilotos de desenvolvimento e qualificação também começam por aí e este Curso é um exemplo.

Enquanto esta polêmica criada em torno deste curso não for devidamente esclarecida, vou propor o cancelamento do mesmo e o prejuízo será todo dos profissionais de enfermagem e da população do Estado que necessita de transplante, pois o desenvolvimento do mesmo será retardado por falta de profissionais devidamente capacitados, fato que teria uma grande oportunidade de ser resolvido com um curso deste tipo.

Estou certo que a consciência humana sempre suplanta os lados profissionais e políticos de todos. Não estou aqui defendendo o governador Tião Viana ou qualquer outro político ou a mim próprio, mas apenas estou esclarecendo fatos que, expostos de uma forma distorcida, podem prejudicar pessoas e denegrir a imagem de um projeto de cunho científico que pode ser bom para a população atendida no Hospital de Clínicas do Acre.

Por isso, peço que apure devidamente os fatos e reflita sobre a publicação de matérias como esta, evitando assim o prejuízo de ações como a realização deste tipo de curso.

Obrigado pelo contato e pela oportunidade de expressar minha opinião sobre o assunto.

Tércio Gezini possui graduação em medicina e mestrado em cirurgia do aparelho digestivo pela pela Universidade de São Paulo. É sócio diretor do Hepato Clinica Médica Ltda e coordenador da pós-graduação do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

AOS JOVENS DO PRESENTE

Marina Silva

Na noite de 6 de dezembro, faltando 16 dias para o 23° aniversário da morte de Chico Mendes, o Senado aprovou o maior retrocesso na legislação ambiental brasileira. Representantes do ruralismo, como a senadora Katia Abreu e os senadores Waldemir Moka, Jaime Campos e Ivo Cassol, faziam ruidosos elogios ao texto aprovado. Reverenciavam os relatores Jorge Viana e Luiz Henrique por terem deixado de fora os radicais ambientalistas.

Naquele momento, vieram à memória dois importantes empates feito por Chico Mendes: o da fazenda Bordon e o do seringal Cachoeira. Nestas ocasiões, com base no mesmo Código Florestal hoje fragilizado, Chico conseguiu a suspensão temporária do desmatamento, após insistente batalha judicial. Mas não teve tempo de ver o nascimento da primeira reserva extrativista, que foi citada no Senado como se sua criação, para acontecer, não lhe tivesse custado a perda da vida.

Para proteger a floresta e defender seus direitos contra a sanha dos que matam e desmatam, tombaram também Wilson Pinheiro, Calado, Ivair Higino, Irma Dorothy, José Claudio e sua esposa Maria do Espírito Santo, só para rememorar alguns que, como os radicais ambientalistas, também foram deixados de fora pelos contemplados radicais ruralistas e seus novos aliados. Essas pessoas acreditavam ser o Código Florestal uma lei pela qual valia a pena perder prestigio e admiradores de conveniência e até mesmo arriscar a própria vida.

Foi a um só tempo triste e interessante ouvir, contra os socioambientalistas, os mesmos argumentos que durante anos foram usados contra Chico e seus aliados, entre eles Jorge Viana: os de que as preocupações com o aumento de desmatamento, com a redução da proteção ambiental e com a anistia para desmatadores refletem apenas o medo da perda do discurso de vítima.

Triste por ver a continuação de um passado que Chico acreditava profundamente não mais existiria no século 21, quando, sonhando acordado para evitar os pesadelos da difícil realidade, escreveu sua melancólica carta aos jovens do futuro.

Interessante por ver que a força dos seus ideais continuam atuais e revolucionárias, a ponto de atravessar o tempo e continuar falando até mesmo aos que a eles se opõem. Como disseram Oscar Cesarotto e Marcio Peter, qualquer doutrina original e revolucionária, depois de ser ferrenhamente contestada, vai aos poucos sendo integrada e aceita, até ser recoberta por noções e idéias anteriores que tudo fazem para neutralizá-la.

Infelizmente é o que acontece, pelo menos por enquanto. Mas isso não me impede de seguir acreditando que a presidente Dilma possa honrar o sonho de Chico Mendes e homenagear sua memória, vetando os artigos que afrontam sua luta em defesa da floresta e do desenvolvimento sustentável.

Marina Silva escreve às sextas-feiras na Folha de S. Paulo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

FRAUDE E DESVIO DE VERBA NO 4º BIS

Seis oficiais do Exército Brasileiro e a empresa Zortton Construções e Comércio Ltda estão sendo acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) no Acre por supostos atos ilícitos envolvendo R$ 1,3 milhão na construção da base administrativa do 4º Batalhão de Infantaria de Selva (4º BIS), em Rio Branco (AC), bem como na aquisição de uma embarcação para o mesmo batalhão, além do desvio de receitas obtidas pelo Hotel de Trânsito de Oficiais do 4º BIS.

Os recursos utilizados irregularmente para construção da base eram desviados do Programa Calha Norte e da Organização Militar do Fundo do Exército. O MPF pediu que a Justiça Federal decrete a indisponibilidade dos bens dos responsáveis até o limite suficiente para cobrir os danos causados ao erário.

Também foi pedida a condenação dos acusados para que devolvam R$ 455 mil, em valores atualizados, além do pagamento de multa civil individual de até duas vezes este valor, ou seja, R$ 910 mil, também proporcional à responsabilidade de cada um dos envolvidos.

Os militares acusados são: o coronel Francisco Cândido Amaral Schroeder (ex-comandante 4º BIS, atualmente na reserva), major Ednilson Nogueira dos Santos, capitão Luiz Cariman Salazar, capitão Alexandre Granjeiro de Lima, tenente Francisco de Oliveira da Cruz, além de George Herison Soares, encarregado do setor de materiais do batalhão.

Os acusados podem perder os direitos políticos e ficarem proibidos de contratar com o Poder Público ou receber créditos ou benefícios fiscais pelo prazo de cinco anos.

Assinada pelo procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, a ação narra que houve irregularidades na compra de uma embarcação tipo batelão, a ser utilizada pelo unidade destacada de Santa Rosa do Purus. Várias formalidades foram ignoradas na compra, como a definição da falta de objeto, orçamento, projeto básico e parecer jurídico.

A licitação que o MPF considera irregular foi vencida pela construtora Zortton, que sequer apresentou a marca do produto a ser entregue. Além disso, não houve também formalização de contrato administrativo para a prestação da garantia e assistência técnica do produto adquirido.

Outra irregularidade grave comprovada no inquérito foi o fato de a embarcação ter sido paga cerca de dois meses antes de sua entrega. Além disso, vários itens que deveriam constar da embarcação também não foram entregues, como motor, radar, bote auxiliar, holofotes e fogão.

Com relação ao desvio das receitas obtidas pelo Hotel de Trânsito de Oficiais, ficou comprovado que não houve o depósito dos valores obtidos com as diárias pagas pelo oficiais nos anos de 2007 e 2008, sendo comprovado o desvio de aproximadamente R$ 50 mil, em valores da época. Na avaliação do MPF, o desvio pode ser maior, pois durante alguns meses não foi sequer feito o registro dos hóspedes.

Os fatos delituosos apurados na construção da base administrativa do 4º BIS indicam que houve desvio de cerca de R$ 277 mil, em valores da época, pagos indevidamente.

Um relatório do TCU chegou a apontar a inexistência de projeto básico, indícios de superfaturamento, ausência de autorização para construir, inclusive do próprio Exército, além de contratação desnecessária de mão-de-obra de pedreiros e engenheiros, tendo em vista existir este tipo de profissional nos próprios quadros militares.

BELO MONTE

Campanha contra hidrelétrica no Pará tem bancos como alvo



O Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) lançou nesta quinta-feira (8) uma campanha contra o projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, tendo como foco os correntistas do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander. O tema da campanha é “Belo Monte: com meu dinheiro não!”.

O objetivo é incentivar a sociedade brasileira a pressionar bancos públicos e privados a não participarem do financiamento da hidrelétrica, projetada em um dos trechos de maior biodiversidade no Rio Xingu.

O MXVPS espera que os clientes cobrem diretamente dos bancos para que não se envolvam com Belo Monte, “sob risco de perder contas e de prejudicar irreversivelmente a sua imagem”.

A campanha consiste em, a partir do site do MXVPS, enviar e-mail aos bancos manifestando reprovação contra a utilização de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) , por meio direto ou via repasse de outras instituções, para financiar o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.

O MXVPS é um coletivo de organizações e movimentos sociais e ambientalistas da região de Altamira (PA) e das áreas de influência da hidrelétrica.

O movimento, que conta com o apoio de mais de 250 organizações locais, estaduais, nacionais e internacionais, agrega entidades representativas de ribeirinhos, pescadores, trabalhadores e trabalhadoras rurais, indígenas, moradores de Altamira, atingidos por barragens, movimentos de mulheres e organizações religiosas e ecumênicas.

Segundo o MXVPS, Belo Monte, assim como todas as grandes obras do PAC, depende financeiramente de um enorme empréstimo do BNDES para se viabilizar. O banco, que prometeu financiar 80% da obra, no entanto, não pretende assumir sozinho os riscos da operação. Boa parte dos recursos poderá ser transferida para outros bancos, privados e públicos, que deverão assumir parte dos contratos.

- Como grande parte dos recursos do BNDES advém de fontes como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o PIS/PASEP, é, em última instância, o dinheiro do trabalhador brasileiro que poderá viabilizar a usina - assinala uma uma nota do MXVPS.

Veja a mensagem que está sendo enviada aos bancos

“Como correntista do […] e cidadão brasileiro venho manifestar minha reprovação que os recursos do BNDES sejam utilizados, por meio direto ou via repasses de outras instituições, para financiar o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu.

Esse empreendimento é caracterizado por graves violações de direitos humanos, irregularidades no processo de licenciamento ambiental e incertezas sobre sua viabilidade econômica, conforme já alertaram renomados cientistas, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil, a exemplo da recente notificação extrajudicial assinada por mais de 150 entidades, enviada em outubro deste ano.

Estou ciente que o governo federal, o consórcio empreendedor Norte Energia e o BNDES estão em busca de bancos que aceitem financiar Belo Monte. Como ainda não fui informado claramente quais instituições participarão do financiamento de Belo Monte, na qualidade de cliente e cidadão brasileiro solicito mais transparência sobre essas informações, bem como manifesto minha reprovação neste financiamento por entender que ele é totalmente incompatível com os compromissos de responsabilidade social e ambiental assumidos pelas instituições que os Senhores representam.

Caso realizado, este será o maior financiamento da história do BNDES, um banco público cujo dinheiro advém, em grande parte, do FGTS, do Fundo de Amparo ao Trabalho e do contribuinte brasileiro. Como cliente e correntista dessa instituição, e como contribuinte brasileiro reafirmo minha reprovação a qualquer participação no financiamento de uma obra marcada pelo desrespeito aos direitos das populações locais e às leis do nosso país.

Sendo assim, solicito respeitosamente que a diretoria desse banco se manifeste imediatamente, no sentido de assumir um compromisso público e definitivo de não participar direta ou indiretamente do financiamento de Belo Monte.

Atenciosamente”

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Luciano Martins Costa

Um exemplo da ausência de controle social ou a não observância das regras para o funcionamento de empresas de comunicação é o não cumprimento das normas para concessão de canais de rádio e televisão.

Nos lugares onde o donatário de emissoras exerce também o poder político, diretamente ou através de prepostos, a tendência é de menor transparência nos negócios públicos, criando-se o ambiente ideal para a corrupção.

Muito comumente, o proprietário dos principais meios eletrônicos também controla a mídia impressa regional e prefere manter a política em mãos leais.

Um desses casos, que chega ao nível da patologia institucional, ocorre no Pará, onde a família Maiorana mantém o jornalista Lúcio Flávio Pinto na condição de refém, com cerca de oitenta processos judiciais que têm como origem a atividade jornalística do profissional independente, considerado até mesmo no exterior como um dos mais importantes cronistas da Amazônia, ao lado do acreano Altino Machado.

Lúcio Flávio não pode se ausentar de Belém, sob o risco de ser julgado à revelia em um desses processos, por algum juiz eventualmente submetido à influência dos donos da mídia local.

A família Maiorana é proprietária do jornal O Liberal, membro da Associação Nacional de Jornais e da emissora de televisão de mesmo nome, afiliada à Rede Globo.

Isso acontece também em Brasília, em outras proporções, com duas blogueiras do Correio Braziliense que estão cercadas por cinco processos judiciais, abertos em foros distintos por um deputado distrital.

Por trás desses episódios há comumente casos de corrupção relatados pelos jornalistas, na maioria das vezes com a simples reprodução de peças judiciais de amplo conhecimento público.

Em quase todos eles, os réus revertem o papel na Justiça, processando o jornalista e praticando ostensivamente a litigância de má-fé, sem que a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre tão pronta a manifestos contra a corrupção, se digne a averiguar essas irregularidades na prática do Direito.

A chamada grande imprensa do Sudeste também não toma conhecimento desses aspectos grotescos da corrupção.

Certamente conta pontos negativos para a realização dessas pautas o fato de que, em muitos casos, o objeto de reportagens do jornalista independente tem relações de interesses mútuos com os coronéis da mídia.

Luciano Martins Costa escreve diariamente no Observatório da Imprensa

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PRESÍDIO SÓ PARA CORRUPTOS

O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul anunciou que ajuizou nesta quarta-feira (7) uma ação civil pública na Justiça Federal em que solicita a construção, pela União, de um presídio federal para corruptos. A medida marca a semana em que é celebrado o Dia Internacional de Combate à Corrupção, a ser comemorado nesta sexta-feira (9).

Assinada pelo procurador da República Ramiro Rockenbach, a ação busca uma resposta concreta do Poder Judiciário à sociedade brasileira, que tem  manifestado, nas ruas de todo o país, insatisfação com os sucessivos casos de desvio de dinheiro público.

No presídio federal para corruptos, os presos, além de cumprir pena, devem receber ensinamentos sobre ética, moralidade, honestidade e trato correto com a coisa pública, favorecendo a reinserção social e minimizando novos atos de corrupção.

O MPF sugere, ainda, que o novo estabelecimento penitenciário também preste serviços especiais, como um museu sobre a corrupção; galeria de fotos dos corruptos condenados; seção de mensagens da população contra a corrupção e imagens de mobilizações populares.

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"ERRO DE GRÁFICA"

Tião Viana desiste de dar aula na Uninorte


O governador do Acre, Tião Viana (PT), desistiu de atuar, a partir de fevereiro de 2012, como professor no curso de pós-graduação "Enfermagem em Terapia Intensiva e Transplante de Órgãos Abdominais", da União Educacional do Norte (Uninorte), maior instituição de ensino superior privado do Estado.

- Vou apenas dar a aula inaugural para a turma. A aula será unicamente neste dia - disse Tião Viana ao jornal A Tribuna.

O governador é professor concursado da Universidade Federal do Acre (Ufac) desde 2006, lotado no Centro de Ciências da Saúde, mas nunca ministrou uma disciplina regular no curso de medicina da instituição pública.

A Uninorte usou o nome de Tião Viana como garoto-propaganda para atrair inscrições no curso de 480 horas, com duração de 15 meses. Viana chegou a ser anunciado como tendo confirmado presença como professor.

- Aconteceu erro de gráfica. O material já foi reimpresso e o governador dará apenas a aula inaugural - disse a consultora de mercado da Uninorte, Luanna Bezerra.

O caso foi revelado neste blog (veja) no final do mês passado. A imagem abaixo mostra outro material de divulgação da Uninorte onde Tião Viana lidera a lista de professores confirmados para o curso.

DILMA E O CÓDIGO FLORESTAL

"Tenho compromisso com o Brasil. Se julgar que o prejudique, vetarei", disse a presidente no dia 26 de maio

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

SOBRE A ARTE DE ESCREVER

Dica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953) para quem se mete a escrever

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.

Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

TAJÁ


Caladium bicolor (Aiton) Vent.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CRIME AMBIENTAL

MPF denuncia responsáveis por derramamento de óleo no Rio Purus

Por causa do derramamento parcial de 24 mil litros de óleo diesel no leito do Rio Purus, em janeiro de 2009, o presidente da Eletroacre, Celso Matheus, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Acre por crime ambiental.

A denúncia do MPF, enviada à Justiça Federal, inclui a diretora da Eletroacre, Maria Aparecida dos Santos, o gerente da empresa A.M. Barreto, Jozimar da Costa Moreira, além de José Milton Calixto da Silva, que conduzia o barco usado no transporte do combustível.

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Os dirigentes da Eletroacre e os responsáveis pela embarcação podem ser condenados de dois a oito anos de prisão. De acordo com a denúncia, assinada pelo procurador da República Paulo Henrique Ferreira Brito, ficou comprovado que a Eletroacre, através de seus gestores, assumiu o risco pelo transporte de óleo diesel.

A Eletroacre não realizou licenciamento ambiental para transportar o óleo diesel, não dispunha de plano emergencial em caso de acidente e não fiscalizava a atividade de sua contratada, a A.M. Barreto, que realizou o transporte da carga perigosa sem as devidas preocupações técnicas.

Os responsáveis pelo acidente já foram condenados na seara cível, sendo obrigados a apresentar planos de contingência para o transporte de combustível para a região, que depende do óleo diesel para a geração de energia.

domingo, 4 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O FEIO

Chaga do Vale é comerciante e poeta de Tarauacá, cidade com fama de ser a terra das mulheres mais bonitas do Acre


MINHA VIDAS ALHEIAS


"Altino,

veja aí, meu chefe. És o maior responsável por ainda estar com a escrita na ativa. Deste-me a vara e o anzol. Não posso esquecer que, às vezes, comemos juntos o peixe frito e por ti pescado. Deste-me a vara de pescar, assim entenda.

Se tiveres um espaço, divulgue-me. Este é só de contos.

Tenho dois outros (contos e crônicas) em fase de revisão, a serem publicados em 2012, se viva estiver. E Deus há de querer que esteja. Aleluia.

Não haverá festa de lançamento e nem banca de vendas. Escrevo para presentar a quem me quer bem. Sou "dadeira" por vocação. Meu negócio é esse.

Espero, em 2013, também a Deus querer, venha um romance. Sabe-se lá.

Leila Jalul"

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CULINÁRIA DO ACRE EM SÃO PAULO

"Em uma palavra: sensacional"



Uma resenha deliciosa da jornalista Ailin Aleixo sobre comida do Acre no restaurante Brasil a Gosto. Veja o que escreveu sobre o nosso tradicional quibe ou "quêbe" de macaxeira:

- O começo foi o melhor bolinho de mandioca que comi, e acho que comerei, na vida: casquinha absolutamente crocante e fina que revelada um interior sedoso como purê e, dentro dele, carne moída lindamente temperada. Para acompanhar, molho de pimentas acreanas, repleto de nuances de sabor e no qual a picância era só um detalhe.


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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

JÁ ESTÁ NAS MÃOS DE DILMA

Brasil terá de volta o quarto fuso horário, caracterizado pela hora de Greenwich "menos cinco horas", que é a hora antiga do Acre

O Projeto de Lei 1.669, que altera o artigo 2º do Decreto 2.784, de 18 de junho de 1913, para restabelecer o fuso horário do Acre, foi enviado nesta terça-feira (29) para sanção presidencial e entrará em vigor 30 dias após a data de sua publicação.

- A partir de agora, a presidente Dilma terá prazo de 15 dias para sancionar ou vetar. Caso não se manifeste no prazo, a hora antiga do Acre volta a vigorar automaticamente para felicidade da maioria da nação acreana - afirmou o deputado Flaviano Melo (PMDB).

Tramitava na Câmara um recurso de autoria do deputado Lira Maia (DEM-PA), apresentado na semana passada, contra a apreciação conclusiva do Projeto de Lei que restabelece o antigo fuso horário do Acre e de parte dos estados do Amazonas e Pará.

O deputado Flaviano Melo (PMDB), autor do decreto legislativo que possibilitou o referendo popular sobre o fuso horário do Acre, conseguiu convencer que 55 deputados retirassem assinaturas que sustentavam o recurso de Maia.

O quarto fuso brasileiro foi eliminado em 2008, sem consulta popular, por força de uma lei de autoria do então senador Tião Viana (PT), atual governador do Acre, sancionada por Lula, presidente na época.

Atualmente, por causa do horário de verão que vigora nas demais regiões, a diferença do fuso horário do Acre em relação a Brasília é de duas horas. Quando voltar o horário preferido pela população, a diferença será de três horas enquanto o horário de verão estiver em vigor.

O TEMPO NÃO TEM DÓ DA MATÉRIA

Quando o slogan era "O Acre tem jeito" e o eleitorado comprava a camiseta



Em 1990, na primeira campanha de Jorge Viana ao governo do Acre: Palhaço Tenorino, Jorge Viana, Kátia Jaccoud, Iara, Jael e Dan




Dan, Altino, Iara e Jael no abraço ao Palácio Rio Branco