sábado, 16 de fevereiro de 2008

MARINA SILVA AOS 50 ANOS


Sei não ser a firme voz
Que clama em meio ao deserto
Mas me disponho estar perto
Para expandir o seu eco

Sei não possuir a coragem
De amar meus inimigos
Mas me disponho a deles
Não vingar-me
Não impingir-lhes castigo

Sei não possuir a força
De morrer por meus amigos
Mas me disponho guardá-los
No mais recôndito abrigo

Sei nem sempre ser aceito
O fruto de minha ação
Mas me disponho expô-lo
Ao crivo de outra razão

Voz, coragem, força e aceitação
Tem fonte no mesmo Espírito
Origem no mesmo verbo
Lugar aonde me inspiro
E a semelhança preservo
Na aceitação de meu próximo
No Logos que em mim carrego


Poema que Marina Silva escreveu e leu hoje, em Rio Branco, durante a homenagem que recebeu da direção do PT no Acre pela passagem de seus 50 anos de vida.

HISTÓRIA DE HOMENS E ONÇAS

José Carlos dos Reis Meirelles

Taken-ru, pai de Taken. Os caapor (literalmente habitantes da mata) quando têm o primeiro filho homem mudam de nome e passam a se denominar com o nome do filho mais o sufixo ru, que quer dizer pai de.

Nascido e criado nas matas das cabeceiras do rio Turiassú, sem conhecer o homem branco, pelo menos amigavelmente, pois no tempo de avá-piarruté (homem novo), andou flechando uns que ousavam subir o Turiassú acima do igarapé Mundi-canguera-i-rendá (igarapé da caveira do Mundi) batizado erradamente no mapa como igarapé do Rola. Ou outros que andavam desavisados pela linha de telégrafo que atravessava suas terras no rumo do rio Gurupi.

Guerreiro respeitado de poucas palavras no dia a dia. Na conversa ritual dos ava-eté, homens de verdade, era ouvido com atenção, na roda de guerreiros de cócoras, falando o nheén-antã (fala dura, forte) e contando suas façanhas.

Os caapor descobriram um tesouro no alto dos postes da linha de telégrafo que ligava o Maranhão ao Pará. Os parafusos dos isoladores dos fios, de meia polegada de diâmetro e com 25 centímetros de comprimento, eram arrancados do alto dos postes, levados ao fogo, batidos e transformados em uma lâmina de 20 centímetros, pontiaguda, amolada dos dois lados, que era encastoada em uma fina haste de maçaranduba ou pau-brasil.

Furavam um coquinho de tucumã oco e passavam a haste de madeira por dentro dele e depois, pacientemente, faziam pequenos orifícios em sua casca escura. Depois disso esta ponta era encaixada na haste da flecha. Empenadas com rabo de arara e enfeitadas com pequenas penas de papo de tucano estas flechas são obras de arte letais E sonoras! Quando atiradas, os furos do tucumã dão um apito fino e repicado.

- Firiririririri!

Esse apito foi o último som que brancos invasores, índios inimigos, antas, veados, queixadas e, principalmente, onças ouviram, antes de serem trespassados e caírem mortos.

Estas flechas são impulsionadas por um arco de pau d'arco, corda de croata, braços fortes e treinados, desde pequenos, no ofício de flechar. Os dentes caninos das onças mortas iam para o colar que o caçador exibia com orgulho e aumentava ao longo da vida. As cabeças dos inimigos valentes viravam caixa de ressonância de flautas.

Taken-ru possuía um colar com mais de 40 dentes e algumas cabeças de inimigos quando viu assustado um rapaz negro entrando em sua aldeia. Com as mãos para cima, apontando para um moquém de carne de taiahú (queixada). Teria 20 anos, não mais. De arma levava uma faquinha na cintura, enfiada num calção de mescla listrada.

FLORINDO DINIZ

José Carlos dos Reis Meirelles

Nascido na beira do Turiassú, no Turi Velho, filho de Vitor Diniz, guarda fio da linha de telégrafo, no trecho mais perigoso. Da beira do Rio Turiassú até o rio Maracassumé.Território dos temidos Caapor. Naquele tempo, no Turi, moravam duas famílias. A do Vitor Diniz e a do João Grande, ambos negros da baixada maranhense e destemidos guarda fios daquele trecho de linha que vivia dando defeito.

Quando o telégrafo emudecia montavam em suas mulas, armados de rifle 44 com duas ou três caixas de bala debulhadas em uma boroca e um pissôco de carne frita, noutra. Encontrado o defeito, apeavam das mulas e iam atrás dos índios, a pé, pra depois conserta-la. As mulas chegavam sós no Turi Velho.

- O Vitor e o João Grande tão brigando cos cabôco!

O Major se criou vendo e ouvindo essas histórias na pequena comunidade negra do Turi Velho. Um de seus irmãos mais velhos, o Chicute, tinha recebido flechada no braço esquerdo, por reação instintiva de ouvir um firiririri e colocá-lo em frente ao rosto. A flecha varou o antebraço e o braço, que sarou e ficou meio seco e mais fino que o direito, mas lhe salvou a vida. Nunca mais caçou.

Nesse tempo uma parte dos índios caapor havia feito contato com o pessoal do SPI, no rio Gurupi. As aldeias do Turiassú ainda não tinham decidido se valia a pena amansar os cariús.

Florindo Diniz, apelidado Major, ainda rapaz, iria mudar esta história. Numa manhã, ocupado em armar arapucas pra pegar pecuapá o jaó (macucau no Acre), topou com rastos de índios atravessando a linha do telégrafo.

Sem saber bem o porque, mas sabendo no que estava se metendo, resolveu seguir os rastos. Andou até umas três da tarde e como iria dormir mesmo na mata, seguiu em frente até anoitecer. No outro dia, cansado e com fome, mas sem nunca deixar a batida dos índios, saiu num roçado de macaxeira e banana, com caminho limpo no meio. Seguiu em frente e chegou na aldeia de Taken-ru.

Alarido grande de homens pegando em arcos, mulheres gritando! Taken-ru viu aquele menino, desarmado apontando pro moquém e batendo na barriga. Gritou alto, nheén- antã , pra todos ouvirem:

- Não matem o cariú-pihuna (homem não caapor da pele negra). Ele é um menino e está desarmado. Deve estar perdido e com fome!

A atitude de um rapaz curioso e o grito de Taken-ru mudaram para sempre a história de vida dos Caapor da beira do Turiassú!

Major passou o resto do dia na aldeia e jeitoso de nascença, por meio de mímica, trocou sua pequena faca por uma ararajuba (tipo de maracanã totalmente amarela que só existe nas matas do Turiassú e na bacia do Gurupi) com Taken-ru, que de quebra foi deixa-lo a distância segura de sua casa.

Chegou no Turi Velho, quatro dias depois de desaparecido, com uma ararajuba falando tupi no dedo e uma história difícil de acreditar! Os caapor amansaram o Major e famílias do Turi. O tempo passou, João Grande morreu e Major casou-se com sua filha, Maria José. Seu pai ficou velho e um derrame o colocou no fundo da rede.

Major sempre disse que foi feitiço dos índios velhos que diziam que Vitor quando era fitado como alvo, ficava fininho, maé timbó-í (como linha de costura) e por isso nunca conseguiram flecha-lo. Morreu velho no ano de 1974.

Tive o privilégio de ouvir de sua boca velhas histórias de velhos índios, antigos inimigos, agora hóspedes de sua casa de chão batido, coberta de ubim, no Turi Velho.

Os caapor visitados pelo Major em suas aldeias vinham até sua casa, carregados de couro de onça, gato maracajá, ariranha e lontra para trocar por roupas, facões, redes, panos vermelhos, armas e munição. Traziam sempre jabotis e carne moqueda de veado pra Maria José, esposa do Major, que varava as madrugadas costurando calções para os homens e saiotas para as mulheres.

E trocavam por pouca coisa a sua fantástica arte plumária de brincos, pulseiras, colares, pentes e gargantilhas e o único cocar retrátil conhecido, tipo leque que se abre e fecha. Nesse intercâmbio de anos, Major ficou maduro. Taken-ru envelheceu, ficou mais sábio e contava histórias para os meninos.

Ainda matava onças de flecha de ponta de ferro ajudado por um cachorrinho branco, de nome Tuíra, que ensinou, à custa de muita peia com couro de veado, porco, cotia e paca, a acuar só gato e onça. Presente do Major.

JAGUARETÉ-UHÚ

José Carlos dos Reis Meirelles

Nascido de mãe onça pintada e pai onça preta, em oco de tatajuba, nas terras que margeiam o Mundi-canguera-i-rendá, num começo de inverno que prometia chuva muita.


Desde novo tinha a munheca mais torta que seus parentes canguçus da mão torta, ou malha-graúda, apelido dado pelos brancos a essa nação de onça.

Suas duas irmãs morreram comidas por um bando de queixada que passava ao lado do oco que moravam. Sua mãe empoleirou-se num pau e ele escapou no final do oco, onde um barrão de queixada fungou bom tempo em seus quartos, sem poder alcança-lo.

Sem concorrência na amamentação cresceu forte e rápido. Passado o inverno, desmamou. No final do verão já era um gato de respeito, afoito, defeito felino grave que as caças espantadas, uns bons bofetes da mãe e o tempo corrigiram.

O próximo inverno andou ao lado da mãe, mas no começo do verão, sem motivo justificado, com dois ou três tabefes bem colocados, é lembrado que é tempo de cuidar da própria vida.
Na lua grande do tempo que cai flor de pequi, ouviu um som rouco e distante que por instinto responde, com a boca próxima do chão. Tempo de arrumar companheira e criar família.

Mas nada é fácil na mata. E nem é só ele que responde ao chamado de fêmea no cio. Por toda a mata ecoam respostas, mais altas e graves que a sua. O instinto o leva ao encontro da fêmea. Quase ao mesmo tempo quatro machos, bem maiores que ele medem forças.

Não é dessa vez que arrumará mulher. Ganhou sim uns lanhos nos quartos e uma dor danada no cachaço, dum tapa, que se pega apoiado quebrava seu pescoço, desferido por um macho que dava dois dele! Mas o tempo passa, a vida ensina e a gente cresce, se lambia ele, todo doído. O tempo passou, a vida ensinou e ele cresceu.

Arrumou várias famílias, abateu inúmeras antas, comeu muito porco, descascou pau a mais de dois metros de altura pra amolar as unhas e mostrar aos desavisados seu tamanho. E mijou nos limites de seu território de caça.

Tornara-se um jaguareté-uhú.

O ENCONTRO

José Carlos dos Reis Meirelles

A vida dos viventes é que nem cipó titica. Começa lá no galho alto de um pau, pequenininha. Vai encompridando, encompridando, cria folha, chega ao chão, finca raízes, dá semente e morre.

Mas o destino tem mania de tecer paneiros com o cipó das nossas vidas.

- Quem faz um cesto, faz um cento!

- “A basta tê cipó e tempo”, responde o destino.

Cipó não falta e tempo é o que ele mais tem. E se no fábrico do paneiro é usado cipó de várias vidas elas se cruzam, não tem apelo!

Major estava na aldeia de Taken, como sempre, juntando couros de gato e onça, negociando anacãs e ararajubas com as mulheres, caçando e pescando, vivendo vida de índio, o que de fato era.

Nesse dito dia, bem cedinho, Irikiti, da aldeia Iapú vem à procura do Major avisa-lo que naquela aldeia tinha couros de gato e onça pra negociar e se ele não iria lá levar tabaco pro velho Iapú. Claro que iria, caminho bom, hora e meia de distancia, um pulo.

Uá-ru, casado e amigo de Major se oferece pra ir junto. Levaria sua espingarda 36 nova e três cartuchos que havia carregado, pra matar nambu. Na saída, Tuíra, o famoso cachorro de Taken-ru, bandolero que só, acompanhou o Major e Uá-ru.

Com meia horinha de vigem Tuíra, puxando a fila, para e se espoja no meio do caminho, como fazia sempre ao encontrar rasto de onça. Sacode o rabo duas vezes e sai latindo na trilha. Não demora nada topa a onça. O latido de cachorro rastejando é um, correndo atrás da caça é outro. Pouca corrida e Tuíra late acuado.

Obrigação de quem anda com cachorro na mata é conferir o que está sendo acuado, nem que seja um rato. Major e Uá-ru vão ao encontro de Tuíra.

Jaguareté-uhú bem que podia se virar e dar um tabefe naquele bichinho abusado, de pelagem incerta, do tamanho de um guaxinim, correndo atrás de um macho de onça pintada que não crescia mais.

Só podia ser um bicho louco. Os habitantes da mata têm medo dos loucos. E ele se obriga a subir num tauari que caiu e ficou cavaleiro no gancho de um pau d´arco.

Tinha comido um caititu quase todo e barriga cheia pede cochilo e não confusão.

Major e Uá-ru chegam embaixo do Tauari e vêm aquela onça enorme cada um a seu modo. Um como um couro de primeira, esticado no capricho, sem buraco de chumbo no corpo. O outro como dois dentes em seu colar de poucos exemplares.

Do ponto de vista de Jauareté-uhú, ali estavam um guaxinim desbotado, um guariba grande e um macaco quatá maior ainda, ao alcance dos dentes. Se estivesse com um pouquinho de fome...

- Atira na onça Uá-ru!

- Não Majó, muié ta buchudo e menino nasce eó-te (doido)! Toma, atira tu!

Imaginando o courão espichado, Major faz ponto no pé do ouvido da pintada e atira. Tirinho chocho de cartucho pra nambu. Jaguareté-uhú sente uma pancadinha na cara. O chumbo nem o couro grosso fura! Paciência pouca e incomodado pelo abuso cuida em descer do tauari e dar uns tabefes naqueles macacos abusados, e quem sabe amanhã, comer o mais gordo quando a fome voltar.

Major e Uá-ru, conhecedores do espírito das pintadas saem na carreira, deixando o velho e bom Tuíra com ela. Afinal foi ele que inventou essa “empeleita”.

Chegados ao caminho, Uá-ru fica ouvindo pra onde Tuíra corre atrás da onça desacuada e Major corre chamar Taken-ru, especialista no assunto. Meia hora de caminho na carreira num dá quinze minutos, com pensamento de se topar com onça corrida de cachorro num dá dez.

Recado recebido, Taken-ru pega o velho arco, três flechas de ponta de ferro e passo ligeiro, mas sem correr, encontra Uá-ru que diz:

- Ouça, teu cachorro ta acuado! Longe! E aponta o rumo.

O velho Caapor entra na mata e caminha no rumo dos latidos. Major vai junto, mais curioso que companheiro.

Chegam à caída de um pequizeiro. Fora, Tuíra latindo. Dentro, a onça rosnando. Aquele rosnado que as onças rosnam, jogando a courança da testa em cima dos olhos, mostrando os dentes e murchando as orelhas, baixo e grave.

- Txxxiiiiiiirrrrrruuuuummmmm!

Taken-ru coloca uma flecha no arco e caminha em direção ao balseiro com a calma de quem vai tomar uma cuia de chibé.

Jaguareté-uhú, não olhou mais para o cachorro. Saiu do balseiro e caminhou para aquele ser abusado. A uns seis metros de distância da presa, no instante anterior ao pulo fatal, fitou-o nos olhos.

Não estava mais ali um ser abusado. Seu olhar não era de caça. Era de caçador, de ava-eté, homem verdadeiro. Ouviu um sibilar fino, firiririri, antes de sentir uma picada na sangria.

As pernas fraquejaram e o pulo ficou na intenção. A última coisa que fez antes de morrer foi dar um esturro medonho que ecoou nas grotas e calou a mata por boa hora.

- Majó, Jaguareté-uhú morrê à toa. Meu colá num cabe mais dente!

Taken-ru morreu por volta de 1950, segundo Major, que não contava bem os anos. Um ano depois de ter matado Jaguareté-uhú. Talvez de tristeza. Um guerreiro Caapor mata onça até o colar de dentes completar uma volta. Daí em diante é Tamui, velho.

Florindo Diniz, o Major, apresentou-me o mundo Caapor em 1971, quando comecei a trabalhar na FUNAI. Me ensinou a andar no mato e a ouvir os índios.

Morreu em 94 ou 95. Mais ou menos. Do jeito que contava os anos. Por ver a mata do oeste maranhense se acabar e não saber viver no descampado.

Taken-ru está novo e na casa de Maíra, caçando jaguaretés-uhú para fazer seu colar de dentes.

Major deve estar trocando anacãs e ararajubas por espelhos e miçangas com o próprio Maíra.

E o destino, que é tecelão eterno, continua tecendo paneiros com o cipó das nossas vidas.

Taken-ru deve ter falecido por volta de 1950. Um ano depois da morte de Jaguareté-uhú.

Florindo Diniz, o Major, me introduziu no mundo Caapor, nas matas do Turiassú em 1971. Com ele aprendi a andar no mato e a conversar com índio. Dona Maria José, sua esposa, foi minha mãe postiça enquanto estive com eles, de 1971 a 1976. Faleceu antes dele. Deve ter morrido de tristeza em 94 ou 95, vendo as matas no Maranhão se acabarem.

NEGÓCIOS, SIM

Um megaprojeto nos ares


Dessa vez Jorge Viana pisou na bola ao tentar um drible na imprensa. Na quarta-feira, quando estava em Brasília, o presidente do Conselho de Administração da Helibrás não quis falar a este blog sobre a reunião que teria com o presidente Lula no Palácio do Planalto naquele dia.

No dia seguinte, em Rio Branco, telefonou para o jornal A Gazeta, a quem declarou que estivera reunido apenas com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir a necessidade da participação do Acre e Rondônia no consórcio do Complexo Hidrelétrico do Madeira.

- A propósito, este matutino foi ouvir o ex-governador Jorge Viana e ele relatou o que foi tratar no seu encontro esta semana com o presidente Lula e a ministra Dílma Rousseff. Simples, não? - ainda incensa-se na edição de hoje Sílvio Martinelo, um dos donos do jornal que comeu mosca.

A historinha contada no Acre é literalmente insustentável. Viana preferiu reservar a verdade ao jornalista Lauro Jardim, da coluna Radar, da revista Veja. Leia:

"Um dos temas não revelados do encontro entre Lula e Nicolas Sarkozy na terça-feira foi o apoio da França a um megainvestimento de 1 bilhão de euros para criar no Brasil um parque industrial de ponta para fabricar helicópteros de médio e grande portes. Será o segundo pólo aeronáutico brasileiro – o outro é o da Embraer. Sem alarde, houve uma reunião no Planalto na quarta-feira. Ali, Lula deu o sinal verde para o projeto, que lhe foi apresentado em setembro por Jorge Viana, ex-governador do Acre e atual presidente do conselho da Helibras, que centralizará o novo pólo – a empresa, apesar do nome, não é uma estatal. Inicialmente, a Helibras fabricará helicópteros como SuperCougar. Para viabilizar a idéia, terão de ser vendidos no Brasil cinqüenta desses aparelhos até 2020. De saída, a Aeronáutica deverá comprar vinte. A idéia é que em 2010 o primeiro modelo já saia da fábrica".

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

VAMOS ESPERAR O LIVRO

Mário Lima

Em alguns momentos, alguns temas, algumas mensagens ou comentários, possuem muito mais, nas entrelinhas, por trás dos panos, nas coxias, do que a nossa vã filosofia de tristes e pobres mortais (leitores do blog) é capaz de imaginar.

É o caso do que começou sob a forma de uma colagem feita pelo Altino, da notícia sobre o encontro do ex-governador Jorge Viana com o presidente Lula. Eu, a quatro mil quilômetros de distância, li a nota sem nenhuma consideração a mais do que ela continha, ou seja, ative-me ao que estava escrito.

O que acrescentar na notícia e qual consideração a fazer sobre o título (Negócios), sobre o que é público das atividades atuais do ex-governador? Todos sabemos que é presidente do Conselho de Administração da Helibrás, uma subsidiária da Eurocopter Company.

Facilmente, se pode saber que se trata de uma grande fornecedora do governo brasileiro, dado que a empresa domina a produção latino-americana de helicópteros, com 54% de participação, no mercado civil brasileiro, enquanto que no segmento governamental tem uma participação de 85%.

O encontro do presidente com capitães da indústria é fato rotineiro, principalmente em se tratando de grandes fornecedores e que possuam forte influência nas exportações nacionais. E esse é o caso da empresa em questão.

Os gastos governamentais exercem papel elevado na formação das receitas desse tipo de empresa. Uma parcela de 67% da frota militar brasileira de helicópteros é fornecida pela Helibrás, além do fornecimento para outros níveis de governo, como os estaduais.

Os planos de investimento de uma empresa de tal porte são do interesse governamental, sem nenhuma dúvida. E quando falamos em planos empresarial desse porte, falamos de assunto para executivos situados nos mais elevados postos da empresa. Então, tudo bem com a notícia.

Mas vem a nota do professor Aníbal Diniz desfiando reclamações sobre o título da nota e deixando claro tratar-se de uma ofensa ao que fez e ao que faz o ex-governador. Sinceramente, não entendi a reação. Para completar, em meio ao texto do professor, assim como Pilatos no Credo, aparecem nossos caros amigos Toinho Alves e Élson Martins.

E lá vem o comentário do Toinho, onde são rememorados temas do “arco da velha”. Até que alguma luz parece ser posta. Mas, em palco aberto, ou tem muita ou pouca luz, sempre o suficiente para iluminar os setores e os personagens, apenas nos gestos que interessam para quem está na platéia.

Nós... Bem, nós somos platéia mesmo. O Toinho diz ser necessário um livro para esclarecer o assunto. Vamos esperar o livro.

Mário Lima é professor de economia da PUC de São Paulo. Tomei a liberdade de editar parcialmente o texto, cujo original foi enviado como comentário ao post "Na espelho da memória", de autoria de Antonio Alves.

TANTA COISA A PROIBIR

Fátima Almeida

O governo pressiona os fumantes, boêmios em geral, com as recentes proibições sobre consumo de cigarros e bebidas em locais como rodovias, bares. Conheço alguém que acabou de montar um bar numa rodovia e agora se ferrou. Aliás, milhares de pequenos e médios comerciantes que vendem bebidas nas estradas e estão, com certeza, endividados, vão se ferrar.

Compreendo que os gastos com a saúde de emergência são excessivos, em especial nos finais de semana, quando os brasileiros perdem o autocontrole nas estradas. Mas acho que o governo deveria também proibir o uso de cat-chup nas lanchonetes, pois contém muitos ingredientes nocivos à saúde tais como conservantes e acidulantes.

Do mesmo modo, a maionese, a mostarda e todos os produtos alimentícios industrializados, em especial as papinhas para bebês, os iogurtes de morango que podem causar diversos tipos de alergias, inflamações na mucosa do estômago e, às vezes, até câncer.

O governo também deveria proibir a Coca-Cola e demais refrigerantes que são prejudiciais à saúde. Do mesmo modo, todos os produtos fabricados pelas multinacionais da indústria química e farmacêutica, afinal, todo medicamento tem efeitos colaterais. O governo também deveria proibir o uso de carne na Amazônia, pois o seu consumo estimula o surgimento de fazendas e estas, por sua vez, aceleram o desmatamento.

Acho que o governo deveria proibir, ainda, a maior parte da população brasileira de morar no Brasil pelo fato de produzir milhões de toneladas de lixo todos os dias sendo que o governo não dispõe recursos para processar todo esse volume de resíduos.

O sexo entre desempregados também deveria ser proibido já que sempre há o risco de gravidez indesejada quando o governo não tem o menor interesse em desenvolver políticas para inclusão social dos filhos de pobres.

Enfim, existem tantas coisas mais para o governo proibir que deve ser difícil conciliar o sono.

NO ESPELHO DA MEMÓRIA

Antonio Alves

Não, Aníbal [Diniz], você não sabe da minha ansiedade. Melhor que não saiba. Mas fique tranquilo, ela não é maior nem menor do que era 30 anos atrás. E não tem nada a ver com a imagem do Jorge [Viana] ou com qualquer questão política que possa perturbar sua serenidade nas discussões.

Quanto à ansiedade do Elson [Martins], não a conheço. Mas com a história e os cabelos brancos que ele tem, não creio que seja necessário que ninguém lhe peça para ter calma. Lembra quando trabalhávamos na TV Aldeia, no governo do Flaviano Melo, e o Elson era o diretor da emissora?

Fui demitido do jornal O Rio Branco e ameaçado pelo novo dono, o Narciso Mendes, que foi ao governador tentar impedir a repercussão na TV. Flaviano chamou o Elson. Lembra o que ele respondeu? "Não vou censurar o Toinho nem impedir que a equipe noticie o assunto".

Naquele período, fiz várias crônicas criticando o governo, na emissora do governo. Pelo menos uma delas, criticando a posição do Flaviano a respeito do financiamento interncaional da estrada, foi usada pelo Jorge em reuniões importantes na tentativa de defender a floresta e o movimento dos seringueiros.

Ah, se eu fosse lembrar todos os detalhes teria que escrever um livro. Certamente não posso dizer que sou o mesmo, acho que mudei bastante nesses trinta anos.

Cada um dos personagens dessa história também mudou, pelo menos em algumas coisas. Em outras, todos permanecemos os mesmos. Cada um saberá, olhando no espelho da memória, qual é a atual fisionomia de sua ansiedade. Da minha eu sei.

Antonio Alves, jornalista e assessor do governador Binho Marques, enviou o texto como comentário ao post "Uma questão de justiça política", de autoria do jornalista Aníbal Diniz, também assessor do governo do Acre. Meu comentário: quis o destino que Toinho Alves fosse censurado na TV Aldeia, em 2005, por seus companheiros de partido e governo, durante a gestão de Jorge Viana. Convidado para um programa de entrevistas, Alves disse entre outras coisas que o pessoal do "governo da floresta" não gosta de percorrer as florestas do Acre. O programa, que envolveu vários convidados como entrevistadores, acabou sendo vetado e jamais foi ao ar. Aníbal Diniz o enviou para os porões da emissora.

ADHERBAL


O paraense Adherbal Maximiano Caetano Corrêa, que dirigiu a seccional da OAB no Acre por mais de 30 anos, prepara-se para voltar a viver em Belém (PA) após 47 anos no Estado.

Desde a posse do barulhento Florindo Poersch na presidência da entidade, o que mais se ouve é o desabafo de advogados e de políticos da situação de que eram felizes e não sabiam com o ex-presidente.

O que pensa Adherbal Maximiano Caetano Corrêa a respeito de Florindo Poersch?

- Ele é daquela turma de sulistas que veio para o Acre ganhar dinheiro e considera o acreano um povo fedorento e preguiçoso. É um tipo incapaz de se comover com o semelhante - afirma Corrêa.

Reforma do Judiciário
O deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa, disse que o projeto de lei que trata da reestruturação do Judiciário estará disponível na terça-feira no site da Comissão de Constituição e Justiça de Redação.

O projeto, proposto pela presidente do Tribunal de Justiça, Izaura Maia, e que teve como relator o desembargador Pedro Ranzi, foi apreciado e aprovado por unanimidade de votos na sessão extraordinária do Tribunal Pleno Administrativo, realizada em janeiro.

A direção do tribunal tem dito que o projeto cumpre com os objetivos de reforma administrativa e valorização funcional do judiciário acreano, buscando modernizar sua estrutura e garantir que desempenhe melhor a sua missão constitucional.

Quem não está curioso para conhecer o projeto?

BOM DIA, JORGE

Notas da coluna Bom Dia, do diário A Tribuna:

Esquisito
O assunto correu solto na blogosfera acreana. Trata-se da audiência do ex-governador Jorge Viana com o presidente Lula, quarta-feira à tarde, no Palácio do Planalto. A dúvida é o motivo da conversa. O assessor Aníbal Diniz afirma, sem especificar detalhes, que só pode ter sido para tratar assuntos de interesse do Acre, descartando qualquer convite para Jorge assumir cargo federal ou ministério. É aí que fica uma pulga atrás da orelha.

Ocasião
Jorge Viana é amigo de Lula, pode conversar com o presidente a qualquer hora, onde quiser, mas não sobre qualquer assunto em qualquer lugar. Se for verdade que a audiência foi para debater problemas do Acre, ajuda ao estado, a ocasião foi imprópria e o lugar, errado.

Conselho
Acontece que foi uma audiência formal, agendada previamente, entre o presidente da República e o presidente do Conselho de Administração da empresa Helibrás. Aconteceu no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. Portanto, não foi uma conversa de amigos, um bate-papo.

Conselho II
Se o assunto foi o Acre, é de se perguntar o que o presidente da Helibrás tem a ver com o estado. Se foi sobre o Acre, algum interlocutor do governo, um parlamentar do estado, o senador Tião Viana, um secretário de estado ou o governador Binho deveriam estar presentes. Por quê? Porque Jorge Viana, apesar do imenso amor pelo Acre, dos relevantes serviços prestados ao estado, hoje não tem representação oficial para debater os problemas locais com o presidente.

Cortesia
Isso quer dizer que Jorge não pode pedir pelo Acre? Claro que não. Pode e deve e sempre o faz. Mas Jorge sempre prezou a liturgia e as regras. Desde que saiu do governo nunca fez declarações que mostrassem intervenção no governo Binho. Por isso, conversar com o presidente em audiência oficial sobre o assunto seria, no mínimo, uma descortesia. Não é do feitio de Jorge.

Outro ponto
Outro ponto é que ele, como presidente do conselho de uma empresa não pode fazer política ostensivamente. E isso Jorge Viana também preza muito. Esse cuidado ele mantém. Por tudo isso, a falta de informações sobre os temas debatidos causa estranheza.

Outro lugar
Fosse no Palácio Alvorada, na Granja do Torto, no apartamento de Lula em São Bernardo, a conversa poderia girar por qualquer tema. No Palácio do Planalto, em audiência agendada, não. Ultrapassa barreiras difusas, mas que são necessárias na ética pública.

Declaração
Por tudo isso, a coluna acredita que o assessor Aníbal Diniz, amigo de Jorge e de Binho, competente e sério, tenha se equivocado em suas declarações, na ânsia de dar uma resposta rápida. É o que parece ter acontecido.

Marina
Outro ponto interessante da resposta de Aníbal ao blogueiro e jornalista Altino Machado é a questão da solidariedade a Marina. Pode-se não concordar, mas dá para entender a saia justa em que o governo e o PT focaram para soltar uma nota de apoio à ministra.

Marina II
Segundo o assessor, havia muito em jogo e a necessidade de preservar o presidente Lula e a própria Marina. E a preocupação de não criar arestas no partido e no governo. É um argumento.

Marina III
Mas há o fato inegável de que gente fora do governo, especialmente governadores, imprensa, desmatadores, produtores rurais, caíram de pau na ministra. E para esses, não há resposta? Será que não seria possível conciliar a nota com os interesses do governo e a proteção e desagravo à ministra? Difícil entender que não.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

MANÁ NO ACRE


Banda de rock mexicana quer vir para
prestigiar a memória de Chico Mendes



A pedido do pesquisador Foster Brown, no ano passado o blog mediou o contato de Elenira Mendes, filha do líder sindical e ecologista Chico Mendes, com duas pessoas, uma no Brasil e outra na Argentina, ambas ligadas à famosa banda de rock Maná.

Na próxima semana, Elenira receberá as duas pessoas em Xapuri e em seguida viajará com elas para o México, para conversar com o pessoal da banda.

Maná compôs "Cuando los angeles lloran" (assista vídeo abaixo) em homenagem a Chico Mendes. A banda poderá fazer um show no Acre neste ano, quando completa 20 anos do assassinato do líder sindical e ecologista.



O Instituto Chico Mendes, presidido por Elenira Mendes, pretende convidar o músico Paul McCartney, que compôs "How Many People", dedicada ao seringueiro, para também participar das homenagens.

- Fiquei impressionado com a luta de Chico Mendes pela floresta amazônica. E ele foi assassinado, pela máfia local, sabe como é... Essa coisa não pode continuar se ao menos fossem muitos. Mas só alguns poucos estão dispostos a salvar o planeta. É tão absurdo. Como uma coisa dessas acontece? Então eu penso, o mínimo que eu posso fazer é mencionar em algum lugar, por isso dediquei a ele. Até porque qualquer um com um pouco de bom senso hoje em dia é ecologicamente correto. As pessoas nào querem tocar no assunto. Acham chato e tal. Mas você tem que ser. E alguém como ele, como não lamentar a perda de alguém como ele? Trabalhava sozinho, era casado... Era tão mais fácil pra ele tocar a vida e dizer: "Ah vendam isso, vendam a floresta". Voltar para casa e ficar bêbado, não sei. Mas, ao invés disso, ele ficou e lutou. Então, acho que essa foi a maior razão de termos dedicado uma faixa a ele.

Assista McCartney falando e cantando a luta de Chico Mendes em defesa da floresta.


QUESTÃO DE JUSTIÇA POLÍTICA

Aníbal Diniz


Não sei exatamente qual é sua intenção, mas sei que fica extremamente chato você associar a imagem do Jorge Viana com o título "Negócios". Isso é típico de Roberto Vaz [dono do site AC 24 Horas], e não fica bem partindo de você.

O Jorge deu a contribuição dele como ninguém até hoje fez pelo desenvolvimento do Acre, continua tão apaixonado pela política e pelo Acre como sempre esteve e você, que sabe disso tanto quanto eu, fica misturando a imagem dele (que é disparadamente a maior liderança política do Acre) com negócio.

Sugiro que você repense o tratamento dispensado ao Jorge. Ele merece mais.

Não estive presente e nem falei nada a respeito disso com ele, mas não tenho dúvida de que uma audiência de Jorge Viana com o presidente Lula teve na política regional e nacional a sua pauta principal.

O Jorge pensa e faz política por vocação. Ele acompanha as questões nacionais com o olhar de quem governa, porque, para ele, não é preciso frazer parte da equipe do governo Lula para ajudar o presidente Lula a governar.

O assunto desmatamento e queimadas na Amazônia, com as saídas que o presidente Lula e a ministra Marina Silva estão buscando, a exemplo do enquadramento das instituições financeiras oficiais para que só financiem projetos comprovadamente sustentáveis na Amazônia, é algo que certamente conta com a solidariedade irrestrita do companheiro Jorge Viana.

Você não pode ficar julgando as pessoas e nem o PT acreano pela não manifestação pública em defesa da Marina. Você tem idéia do desconforto que isso poderia causar na relação Marina-Lula se partisse do Acre um movimento que não levasse em conta o esforço de ambos pela redução dos desmatamentos?

Vamos com calma, companheiro! Sei de sua ansiedade e da ansiedade do Toinho Alves e do Elson Martins, mas precisamos ter serenidade na condução das discussões.

A imagem do Jorge é muito cara para o Acre e sei que você, que é o blogueiro do Acre mais lido entre os formadores de opinião do Brasil, pode contribuir muito se tratá-la sempre com justiça.

Na dúvida, conversemos a respeito.

Um grande abraço!

Aníbal Diniz foi secretário de Comunicação durante os dois mandatos do governador Jorge Viana. Agora é assessor do governador Binho Marques, além de suplente do senador Tião Viana. Acato a reprimenda porque ele acata as minhas há anos. Mas gostaria de tê-lo visto, junto com os líderes políticos da Frente Popular do Acre, fazer o mesmo quando o governador Ivo Cassol, de Rondônia, disse que a ministra Marina Silva é uma despreparada. É muito estranho não ter havido contestação, quando a gente sabe que basta um pium dar uma picadinha em Jorge Viana para a terra tremer e ser mobilizada em sua defesa. Quanto ao PT, vai soar piegas a homenagem que prestará sábado à Marina Silva, sobretudo porque todos sabemos que é o tipo de manifestação que não seduz o ego da neguinha. Ela foi apedrejada na praça pública do país, a turma da florestania ficou acuada, caladinha, e depois oferece mimos na tribo como se isso fosse capaz de estancar a sangria. Não foi desabonador o título "Negócios" que usei ontem no post, porque constava na agenda do presidente Lula o encontro dele com Jorge Viana, presidente do Conselho de Administração da Helibras, uma empresa multinacional. Portanto, não misturei política com negócios. Além disso, telefonei para Jorge Viana, mas o mesmo preferiu não falar a respeito do encontro. Nem mesmo para a imprensa que cobre o Planalto. Continuemos a conversa, afinal ninguém duvida da contribuição do ex-governador do Acre.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

SUCUPIRA É AQUI


Charge do Dim em A Gazeta mostra o governador do Acre, Binho Marques (PT). O jornal é tão sucupirense que a redação é proibida de citar em suas páginas, entre outros, o nome do deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa do Acre. Ordem de Odorico Paraguaçu por causa de interesses comerciais. A gente sofre, mas se diverte em Sucupira.

NEGÓCIOS


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe hoje, às 17h30, em Brasília, o ex-governador Jorge Viana, presidente do Conselho de Administração da Helibrás.

- Estou indo pro Acre ainda hoje e quando chegar aí a gente conversa - desconversou Viana.

Quem sabe, após a audiência, a imprensa possa questioná-lo sobre o silêncio dele em relação aos ataques contra a ministra Marina Silva por conta da Amazônia.

Vou torcer para que a assessoria dele no Acre não diga mais uma vez que foi apenas receber novo convite para ser ministro de Lula.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

ATÉ O FIM DAS ÁGUAS

Jayme Jaccoud


Altino.

Peço desculpar-me por tomar seu precioso tempo com coisas que só me dizem respeito.

Sou um leitor freqüente do seu blog e, com isso, vou tornando-me conhecedor das coisas do Acre, que sempre me despertaram curiosidade. A não ser o recente fato de descobrir aí, a três fusos horários de distância, a existência de parentes, nada me ligava a essa região, a não ser uma tremenda curiosidade.

Desde a minha infância, e lá se vão tantos anos, sempre fui curioso e com grande vontade de conhecer a região amazônica e norte do Mato Grosso, pelo fato de ver nos mapas do Brasil de então, aquela porção de rios que apareciam com trechos de seus inícios representados por pontilhados por terem seus inícios desconhecidos. Isto não é do seu tempo.

Fui um menino frustado por não poder ter sido escoteiro. Não havia escotismo em Nova Friburgo. Meu pai comprou um sítio afastado da cidade só para eu poder armar acampamentos lá, o que, com irmãos e primos, o fazia em todas as folgas. Fui, em Nova Friburgo, amigo de uma neta do Marechal Rondon, cuja família costumava veranear na cidade, e admirava o seu fantástico trabalho.

Já conheço o Araguaia onde, por duas vezes, fui pescar. Já subi o Rio Amazonas até Manaus. Falta conhecer o Acre. Este ano, se a idade permitir, pretendo conhecer Rio Branco. Vamos aguardar o fim das águas.

Lí, no seu blog, a "Oração por Marina", de Antonio Alves. Felicito-o pela sua divulgação. Embora nunca tenha tido admiração pela política, não sou chegado ao PT.

Vejo a ministra com respeito pela sua simplicidade e pelas suas idéias contra a desertificação do país. Espero que ela consiga superar os seus pares que lutam para que ela fracasse.

Receba um abraço.

Jayme Jaccoud, que tem 86 anos, é descendente de suíços que fundaram Nova Friburgo (RJ). Escreve regularmente no jornal A Voz da Serra sobre a história da cidade.

O CARTÃO DO JUIZ


Leia no "Diário de um juiz" como Carlos Zamith Júnior usou o cartão corporativo em Guajará (AM), na fronteira com o Acre.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

CARTÕES CORPORATIVOS DO GOVERNO

Uma paródia ácida

NALUH NÃO MERECE ISSO

Evandro Ferreira


Eu sempre achei que a ex-deputada Naluh Gouveia representava o "novo" na política acreana. Alguém que jamais "cairia em tentações" e "armadilhas políticas" que a levassem a abandonar as causas públicas e as idéias que defendeu com garra e determinação pouco vistas por estas bandas.

Quem não lembra? O assassinato da Luziene, a prisão do Hildebrando, a luta para pôr na cadeia os membros do esquadrão da morte, os protestos explícitos contra decisões do Tribunal de Justiça, as críticas contundentes ao Tribunal de Contas...

Pois é. Depois de tudo isso, eis que a Naluh resolve "chutar o balde" e assumir o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Quem conhece o seu passado, a sua gênese política, jamais esperava isso dela.

Conheci a Naluh em meados de 1984 quando me integrei ao movimento estudantil da Universidade Federal do Acre, fazendo parte de um grupo liderado publicamente por Marina Silva, mas comandado nos bastidores por Binho Marques, atual governador do Acre.

O quartel general do grupo estava instalado na casa do Binho e era lá que a "turma" se reunia para preparar o material para as várias causas que a gente defendia na época.

E aí, Naluh? Será que você nos enganou durante todos esses anos e é apenas mais uma "deles"? Vou ser honesto com você. Tomara que aqueles que estão lutando contra a sua permanência no TCE tenham sucesso. Você não merece aquele cargo. Fique fora daquele lugar e continue a trilhar um caminho mais produtivo.

O pesquisador Evandro Ferreira escreve no blog Ambiente Acreano. Clique aqui para ler na íntegra a opinião dele sobre a ex-deputada petista Naluh Gouveia.

BLOGS E GRANDE IMPRENSA

Edilson Martins

Amigo Altino

O Elson Martins, sempre generoso, resgatou fragmentos de nosso passado, de nossa juventude, coisas idas e vividas.

Se havia excesso de idealismo, inflação de utopias, nem tudo se perdeu, principalmente a paixão pelo Acre, sua gente, sua história.

Estou saudoso dessa terra, e como gosto de visitá-la, principalmente trabalhar nela.

Tens notícias do Aníbal Diniz, o primeiro-ministro da era Jorge Viana?

Seu blog é imperdível, não só para os acreanos, mas de resto para quem se interessa pela Amazônia. Vale dizer que esse desinteresse tem nome: alienação, ignorância.

E, se mais não fosse, teu blog tem molho, pimenta, e principalmente pitadas de contestação, posto que sem isso não se renova nada. Imagino as dificuldades que tu tens de enfrentar.


Resta um consolo: breve a grande imprensa, os jornalões locais, terá que se reformular. Os blogs obrigam esses veículos a respirar mais independência. Não sei se é caso do Acre, mas nas cidades médias do país, sim.

Edilson Martins é jornalista e escritor acreano.