segunda-feira, 10 de setembro de 2007

VOANDO BAIXO


Do Cartunista Braga.

PASSARIM


Nanquim e aquarela sobre papel 33 x 40 cm, do artista plástico Fernando França. Clique na imagem.

ESCREVA PARA OS SENADORES

Os senadores acreanos Geraldo Mesquita Júnior (PMDB), Sibá Machado (PT) e Tião Viana (PT) tendem a votar pela absolvição de Renan Calheiros (PMDB), o presidente do Senado acusado de quebra de decoro. Escreva para os senadores dizendo o que pensa do julgamento de Renan Calheiros. Diga aos três se acha que ele deve ser cassado ou absolvido. Exerça um direito que é seu - o de dizer o que pensa ao seu representante no Congresso. Se a previsão de Renan se confirmar, ele escapará de ser cassado durante o julgamento na quarta-feira.

Geraldo Mesquita Júnior (PMDB)
geraldo.mesquita@senador.gov.br


Siba Machado (PT)
siba@senador.gov.br


Tião Viana (PT)
tiao.viana@senador.gov.br

Clique aqui para ler mais no Blog do Noblat.

domingo, 9 de setembro de 2007

RECADO PRA FÁTIMA

Célia Pedrina

Prezada Fátima Almeida,

Estou querendo escrever para você desde aquele seu artigo “A carta de crédito do PT”, para concordar com alguns pontos e discordar de outros. Mas, ultimamente, tenho dormido muito mal por conta da invasão no Parque da Maternidade por baderneiros, porém ricos, com seus carros de som ligados no último volume com aquelas músicas tipo bate-estaca. Por isso, durante o dia, o que me resta ainda de raciocínio lógico e coragem para escrever sobre um texto seu, ficam ainda mais comprometidos, pois ando pela casa, sonada, tipo um zumbi.

Hoje fui dar uma olhada no Blog do Altino, para ver a matéria sobre a invasão lá no bairro Bahia Velha. Passei pelo bairro e também quero escrever as minhas impressões. Daí, vi a polêmica sobre a mudança de fuso horário e resolvi mandar este recadinho, para dizer que também sou contra a forma como tudo está sendo feito.

Em país e num estado que estão passando por sérios e difíceis problemas, com tomadas de decisões no mínimo polêmicas por parte da nossa governança, em todos os Três Poderes, realmente é uma brincadeira fazer política defendendo a mudança de fuso horário como algo vital. Puta merda!

Ouvi hoje uma piada, mais ou menos assim. A professora pedia a cada um de seus alunos, na faixa etária de 7 a 8 anos, que falassem sobre a profissão de seu pai. Quando chegou a vez do Zezinho (sempre o Zezinho), ele começou dizendo, com a maior tranqüilidade, que o pai era um homem de programa, que dançava em casas noturnas, onde ganhava uma boa grana.

Rapidamente a professora pediu aos demais alunos que se retirassem da sala, e, sozinha com o Zezinho lhe disse: “Meu filho, desculpe pela vergonha que fiz você passar, ter um pai, garoto de programa, deve ser muito difícil pra você falar sobre isso”. O garoto olhou bem para a mestra e retrucou: “Professora, eu menti, na verdade meu pai é senador, e disso eu tenho vergonha”.

Sem querer entrar no mérito da discussão sobre a importância da existência de políticos para a garantia do regime democrático, o que está em questão e vem sendo veiculado por toda a imprensa brasileira, é a postura que determinados políticos estão assumindo, ou já eram assim, o que compromete muito a imagem de um Congresso sério, digno e habitado por representantes que continuem merecedores de nosso voto.

Nesse sentido, a postura autoritária para quem, como você Fátima, que tão somente levantou a questão da necessidade de um debate, é no mínimo comprometedor, por parte de um político [o deputado estadual Moisés Diniz, líder do governo] que, mesmo sendo professor, também quer o direito de defender suas idéias. Daí, a apóia-las, sem qualquer consulta popular é outra história.

Célia Pedrina é fundadora do PT no Acre. O recado foi pinçado da caixa de comentários do post "Fuso horário em debate".

SOLAMENTE UNA VEZ

Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti

sábado, 8 de setembro de 2007

CHIC, PERDE

Leila Jalul

Para um 7 de Setembro quente, céu acinzentado de tanta fumaça, nem pensei em desfiles, significados de liberdade e independência, desfiles de Brasília e nas outras cidades brasileiras. A primeira notícia do dia foi a da morte de minha amiga Marlize Braga.

Fomos adolescentes juntas. Ela um pouco mais velha que eu. Sabíamos das nossas grandes paixões - Marlize tinha umas paixões daquelas que sangram. Era uma mulher muito bonita, cintura de pilão, como falávamos à época. Eu também já fui até engraçadinha. Mas envelhecemos, engordamos, e perdemos muito do nosso antigo charme. Eu perdi todo.

Muitos lembrarão da Marlize colunista social. E muito dirão. Então nem toco nesse assunto. Afinal das contas nunca soube quem é a “loura sinistra”, nem ela nunca me elegeu a “mais elegante”. Pelo contrário, me chamava de “traste” e vivia mandando eu me arrumar.

Falo da Marlize filha da Adma, da Pensão Sorriso lá em Sena Madureira, onde amigos como o Dressler e o José Centeles, exportadores de couro de animais silvestres (era legal), onde Expedito, Gerardo Farias, o Joel Araújo, o gerente do Basa e eu, evidentemente, nos reuníamos em torno da mesa de comida boa. As conversas rolavam até altas horas.

Marli e Mauro, irmãos mais velhos, já tinham seguido seus destinos. Restavam na casa grande de madeira, além da minha amiga, um monte de meninas de cabelos lisos, ainda pequenas, todas filhas da velha Adma. Marilene e mais umas gêmeas que agora não recordo mais. Acho que era tudo com nomes começando com "M".

Quero lembrar sempre da Marlize irônica, quando era necessário, brincalhona, quase sempre, e, acima de tudo, profissional respeitada e amiga dos que a amaram. Tive a felicidade de, embora não freqüentando mais sua casa, nem de nos vermos toda semana, conhecer uma pessoa espirituosa e boa, que não veio ao mundo à passeio.

Chic, perde!

Deus há de iluminar seu caminho.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

DEUSA BÁRBARA


No bairro Bahia Velha, na periferia de Rio Branco, a Polícia Militar, em cumprimento a um mandato de reintegração de posse, destruiu ontem dezenas de barracos.

Os invasores de uma área de 63 hectares, adquirida recentemente pela imobiliária Ipê, amanheceram dispostos a impedir a volta da polícia. Fecharam o acesso com arame e paus e esperam contar com o apoio do governo estadual e da prefeitura.

- Queremos respeito. PT cadê você? - indaga um cartaz. Nos anos 70 e 80, a esquerda acreana organizou a maioria das invasões dos bairros que se formaram na periferia da capital. No Acre, o PT deixou de se envolver com as invasões de terras urbanas tão logo começou a conquistar poder no anos 90.

Morena e franzina, Deusa Bárbara usa lenço vermelho na cabeça e camiseta, também vermelha, com um "não" contra o efeito estufa. Ela é a líder da invasão. Assista ao vídeo da entrevista.



MAIS SOBRE JORGE NA HELIBRAS

Da coluna Radar, de Lauro Jardim, na revista Veja:

Economia

O petista Jorge Viana, ex-governador do Acre e tido como um possível sucessor de Ricardo Berzoini na presidência do PT, decidiu fazer sua primeira incursão na iniciativa privada. Foi convidado para presidir o conselho de administração da Helibras, a maior fabricante de helicópteros da América Latina. Topou. A Helibras é controlada pela multinacional Eurocopter e tem participação de 25% do governo de Minas Gerais.

Costura com Lula e Aécio
Antes de dizer o "sim", Jorge Viana conversou com Lula e com Aécio Neves. Meses atrás, Viana recusou um convite de Lula para integrar o ministério. E tem dito que só volta ao dia-a-dia da política em 2009.

RIO ACRE


A placa foi afixada num balcão de areia no meio do Rio Acre pelo geógrafo Claudemir Mesquita. Há anos, ele estuda a bacia hidrográfica e alerta o governo e a sociedade sobre as agressões que tornar o rio intermitente. Assista abaixo a entrevista com o geógrafo.




JORGE NA HELIBRÁS


Tereza Cruvinel, colunista do jornal O Globo, é amiga de Jorge Viana. Última nota da coluna dela hoje:

"O ex-governador Jorge Viana (PT-AC) é o novo presidente da Helibrás, a fabricante de helicópteros que tem Minas como sócia. Houve nisso o dedo do governador Aécio Neves".

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

FUSO HORÁRIO EM DEBATE

Leila Jalul

O professor Evandro Ferreira sabe, como estudioso que é, que o nosso relógio biológico se acostuma com tudo. Os jogadores de futebol e outros desportistas sentem, na própria pele, o que é disfunção orgânica causada por mudanças bruscas de fuso horário e de altitude.

O Acre ficando com uma hora a menos e não duas em relação à Brasilia, numa semana, no máximo em duas, todos estaríamos acostumados a almoçar às 13h30, ao invés das 12h30 atuais. Estaríamos risonhos em acordar às 4h30, ao invés das 5h30, para estarmos no trabalho às 7 horas.

Uma hora a mais, uma hora a menos, não nos faria grande diferença depois de acostumarmos o organismo. E comeríamos direitinho, pois, segundo os antigos, o relógio da barriga é a fome.

Agora, mudar as coordenadas e as paralelas geográficas apenas em função do mercado financeiro e da programação das TVs abertas, isso, no meu jeito caboclo de pensar, é um absurdo.

Sem uma consulta popular, é mais absurdo ainda. Sem um estudo mais aprofundado sobre as desvantagen econômicas para o Zé Povim, aí, meu amigo, é tragédia.

Não é brincadeira, mas, às vezes no silêncio do meu quarto, fico pensando que uma nuvem de moralidade vinda lá não sei de qual doutrina religiosa, deixou cegos os nossos políticos.

Olhe só: as TVs a cabo, as bertas e as paranóicas parabólicas querem lá saber quem descobriu o Brasil! Querem lá pensar que a prostituição infantil e juvenil têm a ver com suas programações. Pagou, trepou, e fim.

Você está alertando e pedindo atenção para coisas mais sérias, como para a morte rápida do Rio Acre que abastece a população. Isso é muito, muito, muito mais importante e difícil que produzir mudanças de horários nas grades das grandes emissoras abertas.

Espero que seu pedido ao senador Tião Viana seja considerado.

Leila Jalul é cronista acreana

O QUE É ISSO, PROFESSOR EVANDRO?

Moisés Diniz

Acabei de ler o artigo do professor Evandro Ferreira que trata da proposta de mudar o fuso horário do Acre. Confesso que fiquei assustado. Acostumado aos bons artigos do professor, me deparo com uma montanha de inverdades e, acima de tudo, uma visão abaixo do senso comum. Incomum para um professor da academia.

Vamos aos seus argumentos. Ele diz que o nosso povo acorda cedo. Uma verdade. Verdade que depõe a favor da mudança de fuso. Pois teremos uma hora a menos em relação a Brasília. Na verdade, professor Evandro, nós não vamos fazer o povo acordar mais cedo. Ele já acorda cedo, como o senhor mesmo diz.

O que vai ocorrer é que, com a mudança de fuso, nós vamos adequar as atividades humanas ao nosso horário natural acreano. Iremos mais cedo ao trabalho, à escola, etc. Voltaremos mais cedo para casa. Uma hora a menos do horário mais quente, quando o sol está no zênite.

Como vamos “puxar” para baixo as atividades humanas, o dia vai ficar mais longo, pois estaremos aproveitando uma hora a mais no período da manhã. E será exatamente aquela hora mais prazerosa, sem sol e com uma gostosa brisa matinal.

Assim, as tardes ficarão mais longas, antes de anoitecer. O que ganharemos com isso? Mais tempo para caminhadas, cuidar do corpo, curtir uma praça, ler um livro, cuidar do espírito.

Economizaremos ainda uma hora de energia elétrica. Pois é ao anoitecer, professor, e não ao amanhecer, que surgem os picos de consumo...

Quanto à programação de TV, professor, leia as decisões judiciais e os estudos acadêmicos sobre a influência na formação das crianças. Não compare DVDs piratas, que custam dinheiro e exigem um aparelho para tocá-los (que os pobres não têm) com a TV gratuita na periferia.

O senhor sabe que as emissoras sempre ganham na justiça porque a geração se dá nas sedes (sul e sudeste) e elas utilizam a legislação para isso. Aqui no Acre, “Brinquedo Assassino” é programa infantil, porque passa às 9 da noite no horário de verão. Lá onde ele é gerado, permitido por lei, já é meia noite!

E, mesmo que ganhássemos na justiça, nós voltaríamos ao tempo dos “enlatados”, gravações de programas impróprios para os menores pobres (TV aberta), enquanto os ricos assistiriam 2 ou 3 horas antes, através da TV fechada, paga. Isso é justo?

Quanto ao projeto do senador Tião Viana, ele surgiu a partir de um debate que levantei na Assembléia Legislativa. Estou organizando um debate público e o senhor vai ser convidado. Não se preocupe!

Agora, professor, me desculpe! Mais eu nunca vi tanto argumento furado de uma vez só. Quanto ao seu preconceito com os políticos, não vou debater. Isso não significa dizer que vamos perder o respeito um pelo outro. Eu, pessoalmente, acesso o seu blog e admiro a sua luta em defesa do meio ambiente.

Se o senhor tiver tempo, acesse o Blog do Líder. Lá está disponibilizado o meu livro sobre fuso horário, que será impresso nos próximos dias.

Quanto ao seminário, lá vamos discutir o que o senhor chama de interesses das elites! Horário bancário, transações comerciais de produtos que o pobre consome, viagens para fora do Acre, incluindo doentes pobres do TFD, etc. Aguardo o senhor lá!

Moisés Diniz é deputado estadual do PC do B, líder da bancada do governo do Acre. Escreve no Blog do Líder.

NOVO FUSO HORÁRIO DO ACRE

Evandro Ferreira


Escrevo neste exato momento, às 4h47 da manhã de um sábado, que promete ser quente e úmido. Lá fora ainda é noite. Com a mudança de horário que estão querendo promover, seriam 5h47 e tudo indica que, mudado o horário, ficaria escuro pelo menos até as 6h30 da manhã. Alguém já viu isso no Acre?

Isso significa dizer que a partir do momento em que for consumada a mudança, a conta de luz de todos os moradores vai ficar mais cara pois nossa população costuma acordar cedo (e dormir cedo também). Claro que para as pessoas que ganham um salário razoável o impacto vai ser mínimo. Quem ganha salário mínimo vai sentir no bolso, e não na vista, a mudança.

A quem interessa esta mudança de horário? A essas pessoas que irão tirar dinheiro do bolso para pagar mais conta de energia? Foi feita uma consulta pública para saber se a maioria da população do Estado aceita a mudança? Claro que não! Se fizessem, a coisa poderia ser diferente. Talvez a idéia de mudança fosse descartada de imediato. Por enquanto apenas a expectativa dos empresários, banqueiros e outras pessoas que se sentem prejudicadas com o fechamento do movimento bancário mais cedo é que está sendo atendida. Apenas isso.

E tem os donos de empresas de comunicação locais que se recusam a pré-gravar a programação para se adequar ao horário atual. É que se tivessem que fazer isso teriam que fazer investimentos. No lugar de aproveitar a janela de 2 horas que têm a disposição à noite para colocar programação local, e faturar mais, eles preferem ser escravos das geradoras do sudeste. Por isso nunca vão deixar de ser o que são: meras repetidoras, funcionando em cubículos com meia dúzia de pessoas. Lucram mais sendo assim.

O Senador Tião Viana abraçou a idéia porque almeja o cargo máximo no Estado. Atendendo à classe empresarial ele poderá cobrar deles parte da conta de sua campanha eleitoral do ano que vem sem maiores constrangimentos. Claro que, sendo o provável eleito, outros políticos locais já correram para dizer que também "estão" com ele. A lealdade hoje pode render cargos amanhã. Junto com os políticos vão a reboque a mídia local, definitivamente amordaçada economicamente nesta questão, ou seja, sem grandes possibilidades de fomentar o debate franco e aberto. Uma pena pois, em um caso como esse, deveriam exercer o papel de imprensa.

E tem a turma que diz que se adiantarem nosso horário em uma hora, nossos filhos vão ficar livres de ver pornografia na TV. Até parece! Entrem em bancas de revistas pela cidade, visitem os camelôs que vendem DVDs piratas. Visitem os videoclubes para ver pais e filhos entrarem sem constrangimento naquela parte reservada aos filmes pornôs. Os tempos são outros.

Na verdade a pornografia na TV está presente em quase todos os horários. Assistam TV aos domingos a tarde! Vejam o que passa nas novelas no horário nobre: menção a drogas, sexo, sequestro e tudo que é coisa ruim. E depois estas novelas são repetidas no horário do meio dia. Como se valesse a pena ver de novo. Conversa fiada essa história de dizer que adiantando o relógio as coisas vão melhorar.

É incrível. Fico inconformado. Mudanças como essa sendo propostas sem a realização de estudos para saber se na prática haverá benefícios econômicos para a população. E para piorar, temos que engolir as reportagens publicadas em jornais ou veiculadas na TV local mostrando apenas um lado da moeda.

Já faz um tempo que o Senador Tião Viana investe neste assunto e divulga na imprensa local suas ações. Nesta semana, antes dele apresentar a idéia ao presidente da Câmara Federal, deu para ver que ele promoveu uma blitz nas rádios, jornais e TVs locais.

Sempre votei nele e como eleitor dou uma sugestão:

- Não invista tanto tempo nisso Senador! Ela é irrelevante diante de outras necessidades mais urgentes da população local. Um exemplo? O rio Acre.

Porque não investir na salvação do rio Acre? Os avisos sobre a morte deste rio já vêm sendo dados faz alguns anos e nada é feito, só propaganda na TV e nos jornais. Ele dá ibope e interessa aos mais de 250 mil habitantes de Rio Branco! Se o senhor não fizer nada, em breve as obras das ETAs vão virar monumentos à incompetência e falta de visão de nossos governantes. E o senhor quer ser um deles não é mesmo?

Esta aparente imobilidade dos políticos na questão do rio Acre é inexplicável. Fico com a impressão de que estão esperando que a situação chegue a um ponto quase sem solução. Quando as pessoas passarem a questionar: vão tirar água de onde para abastecer a cidade? O que os políticos estão esperando? Talvez quando chegarmos neste ponto eles irão se colocar como salvadores da pátria. Mas lembrem-se: pode ser que seja tarde demais.

Quem dera houvesse a possibilidade das pessoas que são contra a mudança de horário no Acre externar, na imprensa local, a sua insatisfação. Não existe debate igual nesta questão e vai ganhar a proposta dos empresários, subscrita pelos políticos. Ainda não é dessa vez que os eleitores do Acre vão sair do cabresto.

Evandro Ferreira é pesquisador do Inpa (AC) e do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre. Escreve no blog Ambiente Acreano.

DUO GISBRANCO

Bianca Gismonti e Cláudia Castelo Branco interpretam "Brejeiro", de Ernesto Nazareth. A gravação é de abril de 2007, durante o Festival de Jazz do CCPA, em Assunção, Paraguai. Bom demais.



"Aquelas Coisas Todas", canção de Toninho Horta, interpretada pelo Duo GisBranco. Demais de bom.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O DIA DA AMAZÔNIA

Hoje é o Dia da Amazônia. Não há o que comemorar. Rio Branco, a capital do Acre, está imersa em fumaça, conforme as fotos abaixo, tiradas às 9h15, na Rua da Torre, alto da Estrada da Sobral. E vem aí o 7 de Setembro, mais conhecido como "Dia de Tocar Fogo na Pátria". Clique nas imagens para visualizá-las ampliadas.



terça-feira, 4 de setembro de 2007

A LEI DE GÉRSON NA PREFEITURA

Milhares de pessoas concorreram no domingo ao concurso público para provimento de vagas em cargos de níveis superior, médio e fundamental do quadro de pessoal da prefeitura de Rio Branco. Passeando agora pelo site da prefeitura, comecei a ler as condições estabelecidas pelo edital.

Para o cargo de procurador jurídico os requisitos são: diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior em direito, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, e registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Descrição sumária das atividades do procurador: representar o município judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhes as atividades de consultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo, o controle de legalidade e a defesa dos interesses legítimos do município, o controle e a cobrança da dívida ativa, bem como executar outras atividades que, por sua natureza, estejam inseridas no âmbito das atribuições do cargo e da área de atuação.

Vencimento básico do procurador: R$ 4.928,00 + 91% a título de representação.

Jornada de trabalho: 30 horas semanais.

Veja os requisitos para o médico: diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior em Medicina, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, e registro no conselho regional da classe.

Descrição sumária das atividades do médico: realizar atendimento de consultas médicas, atendimento ambulatorial, consulta com observação, consulta pré-natal, pequenas cirurgias, encaminhamento de casos, orientação preventiva e profilática, visitas domiciliares, palestras comunitárias e a realização de outros serviços correlatos que devem ser prestados pelo PSF.

Vencimento básico do médico: R$ 1.344,00 + R$ 3.000,00 de Incentivo PSF.

Jornada de trabalho: 40 horas semanais

Após a leitura do edital, eis algumas perguntas sobre desigualdade salarial que não podem ficar sem respostas:

O pessoal da procuradoria ganha mais porque redige o edital?

Ganha mais porque defende o município para que não perca tantas ações judiciais e sobre recursos para investir na saúde?

Há mais doentes nos postos de saúde à espera de atendimento que demandas judiciais na prefeitura?

Por que o tempo de trabalho do procurador jurídico vale mais que o tempo de trabalho do médico, ou do arquiteto, ou de qualquer outro com nível superior?

Médico, por exemplo, não estuda mais (seis anos + dois anos de residência) que advogado?

Por que o tempo de trabalho de todos tem que ser maior que o tempo de trabalho de procurador?

Por que ninguém se contrapõe à institucionalização da "Lei de Gérson"?

A procuradora geral da prefeitura vai calar diante desse questionamento público?

INDÍGENAS ISOLADOS

Survival faz campanha para salvá-los da extinção


A Survival lançou nova campanha para salvar os povos indígenas não contatados da extinção, denunciando as ameaças mais importantes que eles enfrentam. Um elemento central da campanha é um filme com material inédito sobre alguns dos povos mais isolados e em perigo do planeta. A conhecida atriz inglesa Julie Christie, que apóia ativamente para colaborar com o impacto e difusão da campanha, narra as imagens do filme.

"Cerca de 100 povos indígenas em três continentes continuam recusando o contato com o mundo exterior. Se encontram entre os povos mais vulneráveis da terra e podem ser aniquilados nos próximos vinte anos, a não ser que seus direitos territoriais sejam reconhecidos e protegidos. Por acaso, o mundo não é suficientemente grande para todos, incluindo aqueles cujo modo de vida é o mais diferente ao nosso?", declara a atriz.


“Os povos indígenas não contatados, estejam na América do Sul, Índia ou Papúa Ocidental, permanecem isolados porque assim o escolhem, já que seus encontros com o mundo exterior somente lhes trouxeram violência, doença e morte. Atualmente, há povos indígenas no Brasil com somente dois ou três sobreviventes. O resto de seus membros foi assassinado por fazendeiros ou morreu pelas doenças contraídas após o contato com não indígenas. Estes genocídios estão ocorrendo em pleno século XXI. Isto tem que parar", denuncia a Survival.

O site da campanha e o filme "Uncontacted Tribes", ambos em inglês, estão aqui. No alto, foto de um índio da etnia mastanahua, contatado recentemente no rio Curanja, no Peru. Foto de David Hill/Survival.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

UM ANO SEM VANESSA SEQUEIRA

Eduardo Amaral Borges (Cazuza)



Olá, Altino.

Hoje completa um ano que deixamos (família e amigos) de usufruir do convívio da pesquisadora portuguesa Vanessa Annabel Schaffer Sequeira. Nesta mesma data, como você acompanhou [clique aqui para listar todos os posts relacionados], Vanessa foi assassinada, quando desenvolvia sua pesquisa de doutorado, em Sena Madureira (AC), no assentamento rural Joaquim de Matos.

O crime comoveu, e ainda comove, muita gente ao redor do mundo. Vanessa conquistou carinho e amizade de muitos nos vários países em que passou, seja na América Latina ou na Europa.

Uma grande corrente de bem-querer a Vanessa se fortalece após sua morte. São homenagens e estreitamento das relações entre seus amigos dos dois hemisférios. O apoio e conforto mútuo em muito tem ajudado a todos na superação da dor de sua perda.

Seus amigos e familiares procuram lidar com a situação em dois campos - o espiritual e o terreno. No plano espiritual, para aqueles que crêem em sua existência, Vanessa continua viva e compartilhando conosco sua energia e vibração.

No plano terreno, procuram, e aguardam, o desfecho do caso para que crimes como este não mais ocorram. É aí que quero passar a você algumas informações a respeito do processo judicial.

Tenho acompanhado o andamento dos tramites do processo criminal para que o julgamento ocorra. A comarca de Sena Madureira, dentro de suas dificuldades logísticas e de recursos humanos, a meu ver, tem se empenhado para que este processo transcorra o mais ágil possível, e, ao mesmo tempo, estruturado, com fundamentos sólidos.

O acusado, conhecido como “De Manaus”, está preso em Rio Branco, mas há pessoas na comunidade muito revoltadas com o crime. Creio que se a polícia não tivesse sido ágil, haveria mais um crime naquele dia. Agora as pessoas aguardam também ansiosas pelo julgamento.

Tive informações recentes do fórum de Sena Madureira que o trâmite para chegar ao julgamento está prestes a ser concluído. São muitas etapas para que não haja falhas no processo e no julgamento, por isso a demora.

O processo está na fase do libelo - quando o acusado é informado quais serão as acusações que ele sofrerá no dia do julgamento. Em seguida a juíza marca o julgamento, caso não haja nenhum fato inesperado apresentado pela defensoria pública. É bem provável que o assassino seja julgado em outubro.

Neste fim de semana estivemos em Sena Madureira, eu e Foster Brown, na companhia do frei Heitor Turrini, no local em que ocorreu a trágica morte de Vanessa. A visita foi um turbilhão de emoções e simbologias que precisaria de horas para compartilhar. Visitamos algumas das últimas pessoas que estiveram com ela e pudemos sentir o quanto se afeiçoaram a ela.

Para uns de lá o clima de revolta é grande quando se trata de lembrar os detalhes de sua morte. Mas basta mudar o assunto que eles contam com muita alegria e saudades histórias de sua breve passagem pelo assentamento. Ao que pudemos constatar eles adoravam contar piadas de português para ela, e por sua vez ela contava piadas de brasileiro.

E é isto que devemos sempre ter em nossos pensamentos: sua alegria e vontade de transformar o mundo. Acredito plenamente que ao emanar boas energias para ela, seus amigos/as e famíiliares, estaremos ajudando-a a seguir com alegria e paz sua vida no plano espiritual.

A visita que fizemos foi fotografada e filmada pelo Foster e compartilhamos com agora uma das filmagens, onde o frei Turrini faz uma pequena missa em homenagem a ela, na capela do assentamento.

Obrigado pelo interesse e pelo apoio que tem dado ao caso.

Abraços.

VANESSA ANNABEL SHAFFER SEQUEIRA

Lee Dawson


À minha querida amiga Vanessa

Pois é bastante curta, essa nossa vida. Nunca sabemos o que nos vai trazer e, de repente, já nos ultrapassou.

Muitos de nós passamo-la procurando a resposta para as perguntas que não sabemos perguntar.

Muitos de nós não temos coragem de perguntar, e ficamos ainda mais insatisfeitos com a resposta, quando ela aparece.

Mas quem tem coragem, sempre se procura.
Quem tem sabedoria, sempre se pergunta.

Somos apenas ondas marulhando nessa praia.

De vez em quando vem uma onda brava, que desfaz os nossos castelos de areia, e dá um novo nascimento às nossas construções.

E daí, aquela onda volta ao mar, e junta-se com o oceano infinito, deixando apenas o seu rastro distinto no rosto da terra.


Não sei o que iria te dizer se eu soubesse que a vida te ia levar de nós tão cedo. Não sei se eu poderia lidar com essa realidade, há tantas perguntas que não tenho coragem de perguntar.

Mas isso eu sei:
Que em cada folha que trema, vou ver o seu sorriso.

Em cada floresta tranqüila, vou lembrar a sua energia, aquela que você não sabia que tinha.

Em cada canção de pássaros, na beira de qualquer rio, em qualquer madrugada, vou ouvir a sua voz.

E nas águas quietas, onde a corrente mistura os nossos sonhos e as nossas almas, eu vou esperar a nossa próxima reunião.

Lee Dawson conheceu Vanessa em 2004 em Bangor, na Inglaterra. E dividiu uma casa com ela em Rio Branco, quando fazia pesquisa de mestrado.

domingo, 2 de setembro de 2007

JOSÉ CARLOS DOS REIS MEIRELLES


O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles, que chefia há 20 anos a Frente de Proteção Etno-Ambiental do Alto Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru, relata a situação dos índios isolados, agora supostamente perseguidos por índios a mando dos madeireiros peruanos que invadem o território brasileiro para retirar mogno numa das regiões mais inóspitas do planeta. Assista ao vídeo da entrevista com o sertanista, que janta hoje na casa do ex-governador Jorge Viana, na companhia de Danielle Miterrand, a ex-primeira-dama da França. Ela sobrevoará a região nesta segunda-feira.