quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

INAUGURAÇÃO DA BOATE FACEBOOK


Em Epitaciolândia (AC), com o jovem Humbert Camacho, dono da boate Facebook. O pai dele é boliviano, a mãe brasileira. A inauguração da boate mais famosa do Acre foi destaque no diário inglês The Guardian.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"NÃO QUERO NEM SABER DE INTERNET"


Encontrei o empreiteiro Narciso Mendes, dono do jornal e da TV Rio Branco, no café da livraria Nobel.

Continua inquieto e com a verve de sempre, mas bastante preocupado com o destino da coligação Frente Popular do Acre, que combateu tanto e da qual se tornou aliado e estrategista nas horas vagas.

Três inconfidências da conversa durante o cafezinho:

- Nós próximos dias, os deputados Sibá Machado e Perpétua Almeida estarão juntos anunciando o nome do Marcus Alexandre como pré-candidato a prefeito de Rio Branco pelo PT.

- O tucano Tião Bocalom é favorito para ganhar a prefeitura de Rio Branco, mas tem um defeito grave. O Jorge Viana era arrogante tendo poder. O Bocalom é arrogante sem poder algum.

- Nunca acessei internet, não envio nem recebo e-mail, e não sei nem adicionar número neste Iphone. Sou diferente da Célia, minha mulher, que fica navegando. Não quero nem saber de internet.

GOVERNO VOLTA A APOSTAR EM ZPE, NO ACRE

João Villaverde, do Valor Econômico

O governo decidiu apostar, de fato, nas Zonas de Processamento de Exportações (ZPE) para estimular as vendas de manufaturados: em cinco dias, a ZPE do Acre deverá estar pronta para iniciar os trabalhos. A infraestrutura já está concluída, numa área de 100 hectares na pequena cidade de Senador Guiomard (AC), a 22 km de Rio Branco, capital do Estado.

Na segunda-feira, ela receberá a certificação final da Receita Federal para o último passo exigido pelos fiscais: a instalação de monitoramento em vídeo. Ontem, uma das maiores companhias privadas do Peru, o Grupo Glória, de laticínios, fertilizantes e cimento, fechou seu projeto produtivo básico (PPB) para operar na ZPE do Acre.

A evolução das obras e negociações em torno da ZPE no Acre surpreendeu os técnicos do Ministério do Desenvolvimento. Fontes no Palácio do Planalto afirmaram ao Valor que a presidente está entusiasmada com a ZPE e espera ver resultados já neste ano. Para isso, a instalação das fábricas deve começar em fevereiro.

As empresas que se instalarem na ZPE deverão exportar no mínimo 80% da produção. Em troca, as fábricas não vão recolher o IPI, a Cofins e o PIS/Pasep sobre os insumos adquiridos do mercado interno, e também as partes e peças importadas estão isentas do Imposto de Importação (II) e do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante.

"A ZPE vai funcionar como polo de atração de investimentos no setor manufatureiro, justamente num momento em que a indústria sofre com a rigorosa competição com os importados no Brasil e também na conquista de mercados", diz Gustavo Saboia Fontenele, secretário-executivo do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação, formado pelos ministérios do Desenvolvimento, Fazenda, Integração Nacional, Planejamento e Casa Civil.

A ZPE já conta com licenciamento ambiental e liberação alfandegária. No local, órgãos públicos, como Correios, Anvisa, Caixa Econômica Federal e Ministério da Agricultura, estão em operação. "Já está pronto", disse Fontenele, "só falta as empresas começarem a montar suas fábricas".

O governo acreano negocia com 13 companhias a instalação de fábricas na ZPE, nas áreas de madeira, alimentos processados, carne, têxtil e frutas. Uma companhia italiana de joias já apresentou um projeto para produção de "biojoias", aproveitando insumos naturais do Estado, inserido na floresta amazônica. O governo planeja plantar 3.000 mil hectares de seringueiras, que devem servir de insumo para as companhias que se instalarem na ZPE.

Além disso, a Natex, empresa pública de preservativos masculinos feitos com borracha natural, localizada em Xapuri (AC), pode abrir uma segunda unidade, para produção de luvas para cirurgias hospitalares. A fábrica já opera com capacidade máxima, diz a diretora-executiva da Natex, Dirlei Bersch, em três turnos, de domingo a domingo.

Caso concreto é o do Grupo Glória, do Peru. Empresários da companhia fizeram a última visita técnica às instalações em Senador Guiomard para fechar os termos do processo produtivo básico a ser entregue aos técnicos do governo do Estado. A companhia, que também tem unidades na Argentina, Colômbia, Bolívia e Equador, vai desenvolver linhas produtivas de leite e cimento.

Um fator que acelerou as negociações com o Grupo Glória, e que serve de grande atrativo às demais empresas em negociação com o governo do Estado, é a rodovia Transoceânica, inaugurada em outubro do ano passado, que servirá para escoar a produção da ZPE para três portos no Peru, a 1,6 mil km de distância. A viagem por rodovia é 14 dias mais curta que o trajeto marítimo, por meio do Canal do Panamá.

"A ZPE segue exatamente o que deseja a presidente Dilma Rousseff", disse o governador do Acre, Tião Viana (PT). "Vamos ajudar as exportações da indústria e incentivar investimentos em inovação, que é o foco do programa Brasil Maior."

Os técnicos da ZPE do Acre negociam também com a multinacional americana Johnson & Johnson, que já demonstrou interesse em a fabrica instalada na Venezuela, devido ao desgaste político com o governo do presidente Hugo Chávez. Mas os executivos da empresa querem do governo do Estado uma "flexibilização" das regras das ZPEs.

A Johnson & Johnson quer, segundo o governo do Estado do Acre, que até 40% da produção seja escoada para o mercado interno, e não apenas 20%, como prevê a Lei 11.508 (07/2007), que criou o marco regulatório das ZPEs. No ano passado, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, chegou a declarar em audiências públicas ser favorável à elevação do teto de 20% para 40%.

As negociações ainda não terminaram, porque, em contrapartida, o Acre quer convencer os executivos a montar duas fábricas: uma na ZPE, seguindo as regras da zona, e outra fora, que receberia incentivos tributários para a parcela vendida internamente. Procurada pelo Valor, a empresa negou, por meio de sua assessoria, que esteja negociando.

Brasil tem 23 zonas autorizadas a funcionar

O Brasil conta com 23 zonas de processamento de exportação (ZPEs) autorizadas a funcionar, sendo 11 criadas desde julho de 2007, quando o marco regulatório em vigor atualmente foi desenvolvido. Nenhuma delas, no entanto, venceu a ZPE de Senador Guiomard, no Acre, em velocidade - a autorização para funcionar foi concedida em julho de 2010, e a infraestrutura e o arcabouço legal foram construídos e obtidos em 16 meses. Em cinco dias, a ZPE entrará em operação, largando na frente de outras com investimentos maiores da iniciativa privada, como a ZPE de São Gonçalo do Amarante (CE), com siderúrgicas, ou de Barcarena (PA), com fábricas de alumina.

O caso da ZPE no Pará é sintomático sobre o ritmo das ZPEs no país. As instalações em Barcarena constituem uma das 12 ZPEs criadas até 1994, quando o marco regulatório era outro. "A experiência internacional comprova o êxito desse modelo [das ZPEs] e, por isso, o governo brasileiro está trabalhando para tornar as ZPEs uma realidade", diz o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em texto de agosto de 2011 para livro do Conselho Nacional das ZPE. De acordo com Gustavo Saboia Fontenele, secretário-executivo do conselho, o governo Dilma Rousseff montou uma estratégia, já no início de 2011, para acelerar a implantação de fato das ZPEs.

Segundo ele, das 11 ZPEs autorizadas de 2007 para cá, a única com infraestrutura constituída é a do Acre. Já entre as 12 autorizadas até 1994, quatro têm instalações prontas: Imbituba (SC), Teófilo Otoni (MG), Rio Grande (RS) e Araguaína (TO).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

HAITIANOS HOJE, NÓS AMANHÃ?

Há muito mais brasileiros em países vizinhos do que haitianos aqui
 
POR FOSTER BROWN

A imigração de haitianos ao Brasil, especialmente à cidade de Brasiléia (AC), precisa de contexto, pois a entrada deles no País é uma questão nacional e a situação deles uma questão universal de direitos humanos.

As dimensões populacionais e econômicas do Brasil e do Haiti são extremamente diferentes. O Brasil tem uma população equivalente a quase vinte vezes a do Haiti e um PIB trezentos vezes maior.

O PIB per capta brasileiro é quatorze vezes maior do que o PIB per capta haitiano. Este ultimo dado explica um dos motivos para a migração: pobreza profunda no Haiti quando comparado ao Brasil.

Mas ainda assim o Haiti é um pais pequeno: a soma de todos os haitianos em Haiti e em outros países é menos do que a população do Rio de Janeiro metropolitano.

Os fluxos atuais de imigrantes são também de escalas bem diferentes. O Ministério das Relações Exteriores lista cerca de três milhões de brasileiros vivendo no exterior, isto é, são imigrantes em outros países. Brasileiros na Bolívia são cerca de 50 mil, com 200 mil no Paraguai. Em comparação, se fala de quatro mil haitianos no Brasil.

Em outras palavras, existem mais de dez vezes mais brasileiros na Bolívia e cinqüenta vezes mais brasileiros no Paraguai do que haitianos aqui. Dentro de fluxos chegando ao Brasil, a diáspora haitiana é ainda pequena.

Em comparação, nos primeiros seis meses de 2011, mais de 300 mil portugueses regularizaram os seus passaportes para trabalhar no Brasil, mais de setenta vezes o número de haitianos que chegaram em 2011.

Apesar da entrada de haitianos sendo uma gota de água na escala nacional, ela tem um impacto significativo no estado do Acre, especialmente nos municípios gêmeos de Brasiléia e Epitaciolândia.

Mil haitianos em cidades onde se mede a população numa escala de dez mil é uma concentração muito alta, afetando a capacidade dessas cidades na área de hospedagem, comida e apoio de saúde.

Sem ajuda do governo estadual, teria entrado em colapso a capacidade de Brasiléia e Epitaciolândia de apoiar o influxo de haitianos. Mesmo assim, o pagamento de centenas de marmitex por dia esgotou o orçamento da Secretaria Estadual de Justiça e dos Direitos Humanos.

Algo semelhante aconteceu em abril na fronteira, na cidade peruana de Iñapari, quando o Brasil fechou a fronteira temporiamente aos haitianos.

O acúmulo de cinqüenta haitianos arrebentou a capacidade da cidadezinha de mil habitantes. Doações individuais e o apoio da igreja católica conseguiram contornar a situação, oferecendo somente uma refeição por dia para os haitianos, mas por pouco tempo.

Imigrantes haitianos, em geral, sabem pouco do Brasil. Em entrevistas, muitos citaram a seleção brasileira e a construção para a Copa Mundial em 2014 como atraentes, além de ter ouvido falar do crescimento econômico do país.

Alguns citaram o tratamento humano de imigrantes que o Brasil faz como fator. Porém, poucos imigrantes haitianos conhecem outros países, além da República Dominicana, que faz parte da mesma ilha.

A única referencia para muitos é os Estados Unidos, onde residem 500 mil haitianos, e 1,3 milhão de brasileiros. Eles têm uma noção de quanto um trabalhador ganha nos EUA e muitos pensam que seria igual ou melhor no Brasil. Leva tempo para compreenderem a realidade brasileira.

A violação de direitos humanos parece como uma doença contagiosa que agrava com o tempo. Quando se abusa um grupo, a tendência é o abuso se multiplicar e espalhar para todos. No caso dos haitianos, eles faziam a trajetória da estrada Interoceânica entre Puerto Maldonado e Iñapari.

Para baixar o custo de transporte até Brasiléia, os haitianos passavam, via Bolívia, com a ajuda de coiotes. Nos últimos meses, iniciou-se uma série de roubos sistemáticos de haitianos no percurso em territórios do Peru e Bolívia. Em semanas mais recentes, houve relatos de tentativas de estupros de mulheres haitianas neste percurso e até a observação de defuntos na floresta.

O agravamento das violações colocou urgência em buscar soluções e evitar que os delitos fiquem impunes. Um grupo de pessoas do Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia), conhecida como Iniciativa MAP de Direitos Humanos, reuniu em dezembro, em Iñapari, para abordar as violações.

O grupo fez as seguintes recomendações:

1. Que os órgãos oficiais do Governo do Acre e do Governo Federal do Brasil registrem as testemunhas de violações de direitos humanos aos haitianos em seu trajeto desde o Haiti até o Acre (Brasil) e compartilhem estas informações com as organizações de defesa de direitos humanos de Pando-Bolívia e de Madre de Dios-Peru, exigindo desses países o compromisso de realizar uma investigação direcionada aos atores dos delitos e à prevenção de futuros.

2. Existem grupos de haitianos que não querem permanecer o Brasil, o que nos permite sugerir que o Governo brasileiro selecione as pessoas que não desejam permanecer no Brasil para que os mesmos tenham prioridade na concessão de um visto de ingresso e assim possam seguir seu trajeto até seu destino final (geralmente Guianas).

3. Alertar os governos do Peru, da Bolívia e do Brasil sobre esta situação para que não se criem novas crises humanitárias devido ao fechamento das fronteiras.

4. Que os três países exijam da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que a ajuda humanitária que vem sendo enviada para a reconstrução do Haiti seja empregada de maneira transparente e destinada para o seu fim, que é a reconstrução do país e melhoria das condições de vida de sua população, buscando evitar futuras crises humanitárias.

5. Que as autoridades dos três países identifiquem demandas de mão de obra em empresas e concedam vistos temporários de trabalho para os haitianos que desejam permanecer e trabalhar no país, e que as empresas garantam estas fontes de trabalho.

Vários dos participantes estão reunidos novamente nesta terça-feira (17) no salão paroquial da Igreja Católica, em Brasiléia, para juntar as informações coletadas e acompanhar o que os autoridades de Bolivia e de Peru vão fazer em relação à primeira recomendação.

Hoje a situação de deslocamento é dos haitianos. Amanhã, quem sabe? O potencial de desastres ambientais que podem causar migrações está aumentando na região.

Os incêndios florestais de 2005, algo inédito para Acre e repetidos em 2010, deram uma pequena amostra do que pode acontecer nos próximos anos com secas prolongadas.

Espero que possamos aprender com a experiência dos haitianos para minimizar o sofrimento em migrações futuras. Afinal, pode ser a gente procurando abrigo.

Foster Brown é geoquímico, pesquisador do Woods Hole, professor da Universidade Federal do Acre, cientista do Experimento de Grande Escala Biosfera Atmosfera na Amazonia (LBA) e membro da Iniciativa MAP de Direitos Humanos.

BUNKER ROY

Em Rajasthan, na Índia, uma escola ensina mulheres e homens do meio rural -muitos deles analfabetos- a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

ACREANOS BUSCAM CAMINHO MAIS CURTO

Pascoal Muniz

O tipo de seleção que a Universidade Federal do Acre (Ufac) utilizou para escolher os novos alunos de graduação (calouros) para 2012 tem sido alvo de debates acalorados. Existem dois grandes problemas que poucos comentam: o primeiro é a oferta de vagas ser menor que a procura, de modo que precisa ser adotado um processo de seleção; o segundo é que o processo adotado quase sempre privilegia os candidatos de famílias de melhor nível cultural e maior renda.

Essa realidade repete-se em todos os Estados e é reflexo das iniqüidades da sociedade capitalista. Nos últimos cinco anos, a Ufac ampliou as vagas anual de 1070 para 2050 devido à política de reestruturação e expansão das instituições federais de ensino superior, possibilitando maior acesso e diminuindo a iniqüidade, mas sem resolvê-la.

Dado à escassez de vagas, é necessário estabelecer critérios para o preenchimento de vagas disponíveis. Para isso, as universidades federais adotaram como critério o mérito acadêmico dos candidatos, avaliados pelo vestibular ou pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é um exame composto por quatro provas divididas em quatro áreas, mais a redação, que tem como objetivo avaliar os alunos e escolas de ensino médio.

Recentemente, o Enem tem sido utilizado para seleção no preenchimento das vagas no ensino superior das universidades federais e para acesso às bolsas do MEC para as vagas nas instituições particulares de ensino superior, o Prouni.

Quais as principais diferenças entre o Enem e o vestibular?

As provas do Enem são compostas de questões contextualizadas na vida real e com abrangência mais ampla do currículo nacional do ensino médio. O vestibular focava as disciplinas no lugar das áreas e exigia muito a habilidade de decorar as fórmulas, fatos e datas.

Considerando que o principal objetivo da maioria dos alunos do ensino médio é o acesso ao nível superior, a agenda de estudo destes alunos eram os temas e questões do vestibular. Deste modo, os conteúdos das provas do vestibular orientavam o ensino médio do Brasil e do Acre. O MEC apresentou o Enem como alternativa para corrigir a distorção.

O Enem é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que tem a competência instalada reconhecida para avaliação em larga escala, diferente da maioria das universidades federais, que tem dificuldades para atender as atividades de ensino, pesquisa e extensão, devido à carência de docentes e técnicos, o que dificulta os gestores das IFES designar pessoas com dedicação exclusiva para esta função, sem prejuízos a outras atividades.

Ultimamente o Inep tem celebrado parcerias com as universidades federais para superá-las. Exemplo: Os docentes, indicados pelas universidades, estão trabalhando, a convite do Inep, para consolidar um banco de questões para as provas do Enem, que estão próximas de 100 mil. Essas questões são classificadas por nível de complexidade, todas avaliadas e testadas por equipes do Inep, com assessoria dos docentes das universidades. Diferente da Ufac onde as provas eram elaboradas por disciplinas, geralmente por um professor doutor.

EM 2012, os candidatos após serem avaliados e, com suas notas e respectiva pontuação, conquistada pela participação do exame do Enem, participaram de dois processos seletivos nacionais: o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), gerenciado pelo MEC, no qual as universidades federais oferecem vagas aos alunos que fizeram o Enem e o sistema seletivo da Ufac, que adotou outro procedimento.

O processo de seleção realizado pela Ufac para escolher os novos alunos de graduação para 2012 foi aprovado pelo Conselho Universitário, colegiado máximo da instituição, composto de 87 representantes dos Centros, todos os coordenadores dos cursos, representantes dos alunos e técnicos, reitoria e sociedade. No momento da decisão fundamentei posição conforme argumentações expressas neste artigo.

Um dos procedimentos adotados pelo processo seletivo da Ufac e que tem sido questionado é a ponderação das notas por área. Por exemplo: para os candidatos aos cursos de engenharia ou matemática as questões da prova de matemática têm peso três e questões da área de ciências humanas peso um. O inverso ocorreria se o candidato estivesse inscrito para o curso de ciências sociais. Este procedimento é sustentado por um conceito tecnicista com pouca aceitação nos meios educacionais modernos.

Argumenta-se que é importante que os alunos ingressos tenham boa formação em todas as áreas. O candidato ao curso de engenharia deve ter também boa formação na área de humanas. Sem o uso da ponderação os candidatos serão estimulados a estudar com o mesmo interesse todas as disciplinas. Para além do técnico queremos o cidadão culto e erudito.

É provável que com a utilização das notas do Enem ou notas do vestibular não seria tão diferente o acesso dos alunos de outros Estados à Ufac. A diferença é que no vestibular o candidato de outro Estado faria uma viagem para fazer a prova. No meu entendimento, o grande problema foi a não adesão da Ufac ao sistema de seleção Sisu. Neste sistema, o aluno pode concorrer em duas opções. Além destas duas opções, puderam concorrer também às vagas da Ufac.

Um candidato ao curso de medicina, residente em Fortaleza, com bom nível de preparação, teve a opção pelo Sisu na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, e outra opção provável para a mesma universidade, em Sobral, ou outro local mais próximo da residência da família. Se a Ufac tivesse integrada ao Sisu, dificilmente este aluno escolheria concorrer às vagas da Ufac, em função da distância. Como o Consu decidiu criar um sistema próprio, o referido aluno pôde concorrer `s duas vagas do Sisu, além da vaga da Ufac.

É provável também que uma proporção dos aprovados nesta primeira lista da Ufac sejam também aprovados nas vagas disponíveis pelo Sisu e nas universidades públicas estaduais e façam opção para estudar mais próximo da família, abrindo novas chamadas na Ufac.

Para que os candidatos residentes no Acre possam obter mais sucesso nos cursos mais concorridos, em particular no curso de medicina, é necessário mais estudo e perseverança.

Os alunos da medicina da Ufac, em sua maioria, fizeram Enem/vestibulares entre três a cinco anos para finalmente conseguir uma vaga na Ufac. Esses alunos têm, em média, 24 anos de idade. Participaram durante anos de cursos preparatorios com carga horária de 40 semanais. A sociedade acreana não oferece tais oportunidades e geralmente busca o caminho mais curto, que é enviar os filhos para estudar no exterior.

Nas ultimas décadas, os acreanos conseguiram sucesso nas seleções das universidades localizadas no eixo Rio-São Paulo. Temos vários médicos nascidos no Acre que estudaram medicina na UFRJ, Usp, Santa Casa (SP), UFPA, UFAM, UFC, UFMT, Jundiaí, Rio Preto, UFRGS. Lembro do exemplo do Dr. Adib Jatene, de Xapuri. Esses médicos acreanos para obterem sucesso certamente “ralaram” muito e “malharam” pouco.

Reconhece-se o avanço do ensino básico do Acre, indicadao pelas avaliações externas dos indicadores educacionais realizadas pelo Inep. Cabe à Ufac a responsabilidade de formar mais e melhores professores.

No campo cultural e educacional “ainda há muito o que se fazer pelo Acre" e pelo país. Nossa esperança de colher mais e melhores frutos são os recentes investimentos da União na Educação básica, tecnológica e superior. A Ufac já colhe alguns frutos desta política quando apresenta vários cursos muito bem avaliados pelo MEC. Temos capacidade instalada de avançar muito mais, de se modernizar e descentralizar a gestão, consolidar a identidade amazônica, estabelecer o planejamento participativo, melhorar a auto-estima da equipe e ampliar a inclusão dos segmentos sociais estabelecendo políticas afirmativas.

Que as diretrizes para a seleção 2013 sejam discutidas e aprovadas o mais rápido possível para orientar as escolas do ensino médio.

Pascoal Torres Muniz é professor e vice-reitor da Universidade Federal do Acre

domingo, 15 de janeiro de 2012

TOMOU DORIL

Ou tem faltado energia para recarregar as baterias?



Alguém sabe onde foram parar aqueles seis segways que a Polícia Militar exibiu em Rio Branco há dois anos? Cada geringonça custou ao contribuinte acreano R$ 27,3 mil.

Em novembro de 2009, a então secretária de Segurança Pública, Márcia Regina, atual chefe do Gabinete Civil do governador Tião Viana (PT), contratou por R$ 163,8 mil, sem licitação, a empresa SGW Importação e Comércio de Dispositivos de Locomoção Individual Ltda para fornecimento dos equipamentos de locomoção de policiais.

O governo fez muita propaganda (leia), gastou com treinamento e anunciou que os segways seriam usados no reaparelhamento e modernização do Programa Polícia da Família.
 
- O Segway é um equipamento ideal para patrulhamento em curtas e médias distâncias. Ele é bastante utilizado pela polícia dos EUA e alguns países da Europa. Além disso, algumas cidades brasileiras também já estão utilizando o veículo. Uma das principais vantagens no uso do Segway é a sua performance ambiental, já que ele utiliza baterias recarregadas com energia elétrica - disse o governo estadual.

Você já viu algum segway no centro ou em bairros de Rio Branco?

sábado, 14 de janeiro de 2012

"GUIA DE ORIENTAÇÕES"

Governo perde tempo com nota sobre escandaloso manual que manda servidores reproduzirem o que Tião Viana escreve na web

"A Secretaria de Estado de Comunicação do Acre (Secom) vem a público esclarecer os fatos em torno do Guia de Orientações do Uso Institucional das Redes Sociais:

- o manual elaborado pela secretaria é um produto em construção, feito em conjunto com os assessores de imprensa dos órgãos e instituições do Governo do Estado;

- a Secom reconhece que na primeira versão do manual, o item 21, Dê RT em @tiao_viana (quando o mesmo divulgar informações relacionadas às ações de governo) não deixava claro que a orientação se restringe apenas às informações acerca das ações de governo. A mesma foi repassada em reuniões de trabalho com os assessores;

- a produção do manual não partiu de nenhuma orientação do governador Tião Viana, haja vista que o produto está em construção e foi repassado para os assessores com a liberdade de os mesmos darem sugestões para o conteúdo do documento;

- o manual em momento algum se refere às contas pessoais dos assessores de imprensa nas redes sociais. Visa apenas criar regras para as contas em nome das secretarias, instituições ou programas de governo no twitter, facebook ou outra ferramenta;

- defendemos o manual por reconhecer a importância das redes sociais no trabalho da assessoria de imprensa e como ferramenta de interação do Governo com a sociedade;

-o manual é uma ferramenta moderna para orientar o uso das redes sociais no âmbito do Governo, posto que estabelece princípios claros para que os assessores possam divulgar as ações de suas respectivas áreas de atuação.

Feitos os esclarecimentos, não podemos deixar de repudiar práticas de jornalistas sem ética, sem caráter e sem escrúpulo, que fazem o uso de mecanismos dissociados da verdade para atingir a integridade daqueles que trabalham pela boa comunicação no Estado do Acre.

São as mesmas pessoas que tentam compensar as suas frustrações e amarguras por meio de um jornalismo espúrio, melancólico e que tenta vender para além das nossas fronteiras a imagem de um Acre diferente do vivido pela sociedade acreana.

A Secretaria de Estado de Comunicação continuará trabalhando de forma transparente e democrática para fazer uma comunicação pública forte e moderna, sempre respeitando aqueles que fazem o jornalismo à luz da verdade."

Meu comentário:

Emenda pior que o soneto. Afinal, é manual ou guia? Se é "Guia de Orientações do Uso Institucional das Redes Sociais", é redundante. Guia é guia. O que guia, orienta. "Guia de Orientações" peca pelo excesso. Assim como a nota peca pelo excesso de inverdades.

Mas é verdade que meu trabalho como jornalista contém mesmo frustrações e amarguras e repercurte além de nossas fronteiras a imagem de um Acre diferente daquele imposto pelo discurso oficial. 

Estou satisfeito por ter contribuído para tornar público aquilo que o governo do Acre se esforçava tanto para manter como sigiloso. Foi minha contribuição ao "produto em construção".

O assunto foi destaque nos jornais Globo e Folha, além de dezenas de blogs e portais. Todos praticam o mesmo jornalismo "sem caráter e sem escrúpulo" atribuído a mim que apenas passei adiante o apelo bisonho?

Mais uma contribuição do blog: sugiro que o título seja "Manual prático de puxa-saquismo e uso da máquina pública para propaganda".

Escrevem piadas e perdem o humor. É melhor que haja mais gente rindo do governo do Acre do que morrendo de medo dele.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

REDES SOCIAIS NO ACRE

Manual para cúpula do governo recomenda retuitar Tião Viana


O governo do Acre instituiu um manual entre os ocupantes de cargos de confiança em que estabelece regras sobre o uso de redes sociais na máquina pública estadual.

O Blog da Amazônia obteve uma cópia do documento intitulado “Orientação para uso institucional das redes sociais pelas Assessorias de Governo”, que é distribuído de maneira muito seletiva.

O documento, de quatro páginas e 42 itens, é assinado pela Secretaria de Estado de Comunicação. Após estabelecer que “unidade no discurso é fundamental”, o item 21 recomenda aos usuários de redes sociais: “Dê RT no @tiao_viana”, que é a conta no Twitter do governador do Acre, Tião Viana (PT).

O manual pede “bom senso ao seguir alguém no Twitter” e assinala que “ao seguir pessoas você evidencia suas relações”. Ele considera “necessário refletir unidades de respostas, comentários, notícias, posts etc”, para evitar a “fragmentação da comunicação”.

O manual também recomenda que o conteúdo disponibilizado nas redes sociais não poderá ter caráter político-partidário e de promoção pessoal, embora o governador e o secretário de comunicação, Leonildo Rosas, não respeitem essa premissa.

Durante a semana, por exemplo, Rosas usou o Twitter para anunciar que fez vasectomia, após Viana ter feito apelo nesse sentido aos homens acreanos durante lançamento de um programa de planejamento familiar.

Veja o documento na íntegra no Blog da Amazônia.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PLANEJAMENTO FAMILIAR NO ACRE

Governador faz vasectomia e é seguido por secretários



O governador do Acre, Tião Viana (PT), lançou na semana passada um programa de planejamento familiar para informar a população do Estado sobre métodos contraceptivos, deu o exemplo e já começou a ser seguido por secretários e assessores.

Durante o discurso em Cruzeiro do Sul (AC), a 560 quilômetros de Rio Branco, a capital, Viana, que é médico e pai de três filhos, revelou que fez vasectomia e apelou para que os homens se submetam ao mesmo procedimento.

Quatro dias após o lançamento, o secretário de Comunicação, Leonildo Rosas, antes de deixar o consultório de um urologista em Rio Branco, usou o Twitter para anunciar que é pai de cinco filhos e que acabara de fazer vasectomia.

- Sucesso total - comemorou Rosas.



De acordo com o governo estadual, o programa de planejamento familiar pode evitar, por exemplo, a gravidez precoce e casos de mulheres jovens que, aos 25 anos, são mães de até 12 filhos.

Pelo menos dois outros assessores seguiram o exemplo do governador e fizeram vasectomia nos últimos dias.

- Para agradar ao chefe, arranco até os bagos - disse um deles ao blog.

O governador prometeu promover e facilitar acesso aos diferentes métodos contraceptivos existentes em todos os 22 municípios do Estado. Viana disse que colocará um ônibus equipado para fazer o atendimento de saúde masculina e feminina em todo o interior do estado.

- Temos que cuidar da saúde e trabalhar a prevenção para dar às mulheres o direito de não adoecerem ou morrerem por problemas de saúde. Estamos levando a democracia para dentro das famílias, permitindo que elas decidam quantos filhos querem ter.

A opção de secretários e assessores pela vasectomia virou motivo de piadas no Estado. Nesta quinta-feira (12), o chargista Dim, do diário A Gazeta, mostra os marqueteiros Davi Sento Sé e Gilberto Braga, debatendo o nome a ser dado à campanha de planejamento familiar de Tião Viana.

Na charge, Braga sugere que seja batizada de “Cuidando dos seus Ovos”, numa paródia ao programa “Cuidando dos seus Olhos”, lançado por Viana no ano passado para cirurgia de catarata.

Ilustração: charge do Dim, jornal A Gazeta.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"CUIDANDO DOS SEUS OVOS"



No Acre, não basta puxar saco. É necessário cortar o próprio saco.

Depois que o governador Tião Viana (PT) anunciou que fez vasectomia, pelo menos três secretários e assessores decidiram fazer o mesmo.

Na terça-feira (10), o secretário de Comunicação, Leonildo Rosas, chegou a anunciar solenemente no Twitter:

- Acabei de fazer vasectomia. Sucesso total. Produção de cinco filhos. Medico Alonso Carvalho é grande profissional.

Um assessor que também fez vasectomia comentou com o blog:

- Para agradar ao chefe, arranco até os bagos.

Tião Viana, que idealizou o "Cuidando dos seus olhos", programa de sucesso para operar catarata, já pode oficializar o "Cuidando dos seus ovos".

O governador aprecia manifestações de lealdade como essas de seus súditos.

Ilustração: charge do Dim, jornal A Gazeta.

ACRE MARAVILHA


Temos agora a comenda Volta da Empreza, do município de Rio Branco, que foi concedida pela primeira vez, entre outros, ao músico João Donato.

O público que compareceu à solenidade, na noite de terça-feira (10), no Cine Teatro Recreio, era formado basicamente por autoridades e ocupantes de cargos comissionados. Apenas uma emissora de TV da imprensa local acompanhou o evento.

Na profusão de homenagens e títulos distribuídos nos últimos 13 anos, é possível que as autoridades acreanas em breve renovem a Ordem da Estrela do Acre, a maior comenda do Estado, que já foi concedida à extravagante atriz, apresentadora e modelo Elke Maravilha.

O acreano João Donato merece bem mais do que um honraria dessa, que costuma ser concedida quase todos os dias a qualquer um.

Na verdade o que o músico gostaria não é nada disso, mas como bom menino que é, sempre cede aos apelos dos políticos que dirigem o Acre.

O governo estadual, por exemplo, não cumpriu a promessa (leia) de apoiar Donato no projeto de compor uma rapsódia em homenagem à terra onde nasceu.

YESTERDAY

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ACRE "EXPORTA" HAITIANOS


Um grupo de 35 haitianos desembarcou na manhã desta terça-feira (10) em Porto Velho (RO) com a esperança de que será admitido como mão-de-obra nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, fazendas, frigoríficos e indústrias da região. O grupo faz parte dos 1,2 mil imigrantes que se concentraram nos últimos quatro meses no município de Brasiléia, na fronteira do Acre com a Bolívia.

A transferência deles envolve o esforço do governo do Acre, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça, que custeiam as passagens de ônibus. Eles partiram de Brasiléia na segunda-feira e passaram o dia em Rio Branco, capital do Acre, onde obtiveram CPF e Carteira do Trabalho e Previdência Social.

Ao desembarcar em Porto Velho, o grupo foi recebido apenas por amigos e familiares que já se encontram na cidade. O governo do Acre pretende enviar diariamente 35 haitianos para reduzir a presença de pouco mais de mil imigrantes que ainda se encontram no Estado.

- As pessoas desse grupo se cadastraram tendo como destino Porto Velho porque já possuem parentes e amigos lá. Acho que o fluxo de imigrantes na fronteira Brasil-Bolívia diminuirá. Temos ainda 1050 haitianos. Nos últimos sete dias, chegaram apenas 21 novos imigrantes - disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.

Além de Porto Velho, o destino dos haitianos inclui Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e o próprio Acre, onde um frigorífico contratou na segunda 60 imigrantes.

Representantes de empresas da construção civil de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina contataram autoridades do governo acreano e estão sendo recebidas para iniciar a seleção de trabalhadores.

Quase 800 haitianos ingressaram ilegalmente em território brasileiro, via Tabatinga (AM) e Brasiléia, entre a última semana do ano passado e a primeira de 2012.

Até chegar ao Acre, os imigrantes relatam que são vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia. A onda migratória por melhores condições de vida teve início em 2010, após o terremoto que devastou o Haiti.

Mas nem todos estavam no Haiti quando o país sofreu o terremoto. Alguns se aproveitam da situação e se deslocam para o Brasil a partir de outros países, principalmente a República Dominicana.

O trabalhador Exumé Malhurin, por exemplo, decidiu deixar a República Dominicana no começo de outubro e viajou 10 dias até o Acre. Ele é casado e pai de quatro filhos.

- Sou evangélico e sei que o que Deus une ninguém separa, embora muita gente fique pensando que vou constituir uma nova família. Meu plano verdadeiro é trabalhar no Brasil, em qualquer lugar. Preciso enviar dinheiro para sustentar minha mulher e meus filhos. Espero que as autoridades brasileiras permitam trazer minha família pelas vias legais o quanto antes. Difícil vai ser viver em Porto Velho, onde o aluguel para morar custa no mínimo R$ 300. Espero que Deus me ajude e tudo dará certo - disse Malhurin.

domingo, 8 de janeiro de 2012

BOATE FACEBOOK

Aberta em Epitaciolândia (AC), na fronteira com a Bolívia. As fotos têm causado frisson nas redes sociais. Dizem que o Acre não existe, mas a Facebook já é mais famosa do Estado. Lugar ideal para curtir e cutucar. Opcão para escapar da virtualidade e se divertir no realismo mágico.



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PIPIRA

Ela começou a chocar dois ovos no ninho que construiu no pé do pingo-de-ouro que existe ao lado do ponto onde mantenho minha rede na varanda. Quem goza de tanto privilégio?



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

THAISA LUMIE YAMAUIE

Haitianos relatam que encontraram corpos em decomposição durante fuga para o Brasil, diz antropóloga


A antropóloga Thaisa Lumie Yamauie, 25 anos, voluntária do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Acre, aliou-se ao haitiano Esdras Hector, no final de dezembro, para realizar entrevistas com grupos de imigrantes haitianos que sofreram abusos e violências no percurso rumo ao Brasil.

Os imigrantes, que buscam refúgio em massa no Acre, estão sendo vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia. A onda migratória por melhores condições de vida teve início em 2010, após o terremoto que devastou o Haiti.

Paulista de Campinas, Thaisa Yamauie se mudou para o Acre há quatro meses, após o marido ter sido contratado como professor universitário. Formada na Universidade Federal de São Carlos, com especialidade em migrações, ela conseguiu reunir relatos detalhados do trajeto e dos acontecimentos que envolvem a diáspora haitiana em solo acreano.

Durante os dias que passou no município de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, a antropóloga ficou impressionada com a interação entre a população e os haitianos.

- Quase não há comunicação porque uns falam português e outros crioulo, mas se entendem. Isso é um sinal de solidariedade. As pessoas da cidade dão trabalho, abrigam, alimentam. Também chama a atenção a decisão do governo do Acre de prestar ajuda humanitária. Talvez isso não tivesse acontecido em outro estado brasileiro na mesma situação - analisa Thaisa Yamauie em entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia.

A antropóloga disse que o Brasil poderia mudar o paradigma de políticas de migração que vem sendo adotada em países que recebem ondas migratórias. No mundo inteiro, quando considerados “ilegais”, os imigrantes são tratados com muita violência, quando não portam documentos.

De acordo com Thaisa Yamauie, essa condição, imposta pelo fato de não ser documentos, leva aos empregos mais degradantes e a outras situações onde os direitos humanos são violados, o que inclui abusos como escravidão, violência, incluindo, sexual.

- A lei dos países não protege essas pessoas e isso precisa ser mudado. Ondas migratórias como essa que o Brasil lida atualmente, especialmente na fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru, não podem ser contidas apenas com o fechamento de fronteiras. Uma decisão nesse sentido agravaria a crise humanitária que está surgindo. Se a fronteira fosse fechada, os haitianos continuariam se deslocando e conseguindo ingressar no território brasileiro, e passariam a ser encarados pela sociedade como imigrantes “ilegais”. Isso seria pretexto para que ficassem ainda mais vulneráveis aos abusos dos quais já estão sendo vítimas.

Por não ter solicitado permissão para identificar os imigrantes haitianos publicamente, Thaisa Yamauie pediu para que constasse apenas as iniciais de dois nomes.

Veja a entrevista no Blog da Amazônia.

Foto: Lou Gold/Divulgação

CORRUPÇÃO NAS CABECEIRAS DOS RIOS


O destaque da imprensa local nesta quinta-feira (5) é a notícia segundo a qual o governador do Acre, Tião Viana (PT), determinou uma operação da Polícia Civil para combater corrupção envolvendo R$ 1,2 milhão do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre (Proacre).

Foram cumpridos três mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão, simultaneamente, em Rio Branco, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Marechal Thaumaurgo.

Estão presos Ivânia Ferreira da Silva, secretária de educação de Porto Walter, e seu assessor, Rivelino Silva Gudes, além de Márcio Klinger, um playboy que coordenava o Proacre desde 2009, nomeado pelo então governador Binho Marques (PT).

Klinger é casado com Roberta Rocha, a poderosa assessora que atuava na Secretaria de Educação e controlava a execução de obras do governo estadual.

Em outubro, neste blog, o cientista social Israel Souza, membro do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental e mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Acre, assinou o artigo "No Acre, o amor nos tempos da cólera".

Israel Souza fez uma análise sobre a “marca da democracia e da amplitude” nos governos da Frente Popular do Acre, a coligação que caminha para 16 anos de poder no Estado.

Quando o artigo foi publicado, o secretário de Educação, Daniel Zen, reagiu com um comentário pretensamente esclarecedor sobre os questionamentos do cientista social.

Uma leitora atenta do blog copiou e enviou o comentário. E indagou se teria sido por causa desse posicionamento que Zen foi preterido como pré-candidato a prefeito de Rio Branco.

Eis o comentário do secretário Daniel Zen:

"Seria por demais importante destacar o objeto para o qual estão sendo destinados os recursos do Proacre, assim como o seu grande objetivo: ampliar e qualificar a oferta de serviços públicos básicos para a população de comunidades rurais isoladas ou de difícil acesso.

Saúde Itinerante, educação infantil domiciliar (Asas da Florestania Infantil) e recursos para elaboração e execução de planos de desenvolvimento comunitário na área da produção agroextrativista familiar são apenas alguns exemplos.

Respeito muito o Israel, para mim um grande acadêmico. Mas a reprodução do discurso segundo o qual os bancos e agências internacionais de fomento são “responsáveis por assegurar os interesses do capital e dos países centrais na periferia” soa por demais anacrônico.

Em tempos de primavera árabe, greve de estudantes no Chile, quebradeira geral de países europeus e melancolia generalizada na economia norte-americana, o que exatamente é "centro" e "periferia"???

Os recursos do Proacre têm sido bem empregados e tem surtido efeitos impressionantes na emancipação comunitária. Quem anda pelas cabeceiras dos rios comprova. Onde se observa má-aplicação, o Estado tem agido com energia. Recomendo um estudo mais aprofundado do contrato e sua execução. Abraços!"

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

NO PERU E NA BOLÍVIA

Em busca de refúgio no Acre, Haitianos são vítimas de roubos, espancamentos, estupros e mortes



Os imigrantes haitianos que buscam refúgio em massa no Acre estão sendo vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia.

Relatório enviado ao ouvidor Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), denuncia que as mulheres haitianas são separadas dos homens e bolinadas.

De acordo com o relatório, assinado por Lúcia Maria Ribeiro de Lima, Coordenadora Geral do Comitê Gestor de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ligado ao governo do Acre e à prefeitura de Rio Branco, a capital do Estado, algumas mulheres foram vítimas de tentativa de estupro e outras foram estupradas por taxistas peruanos e bolivianos.

O documento assinala que nas últimas duas semanas se intensificaram os relatos de haitianos assassinados no trajeto até o Brasil.

Os haitianos que não possuem dinheiro ou bem de valor são amarrados, surrados e colocados nas margens das estradas de barro e com pouca movimentação.

Leia mais no Blog da Amazônia.

BRASILÉIA EM "SITUAÇÃO DE COLAPSO"

O governo do Acre considera que o município de Brasiléia (AC), de 21 mil habitantes, na fronteira com a Bolívia, já enfrenta uma “situação caótica e de colapso” em decorrência da presença de 1,2 mil imigrantes do Haiti na cidade.

A onda migratória de haitianos ao Brasil começou em 2010, após o terremoto que devastou o país. No Acre, o governador Tião Viana (PT) optou por prestar atendimento humanitário. Os imigrantes recebem “vistos humanitários”, com os quais podem trabalhar e ter acesso a serviços de saúde e educação.

- Até aqui a população tem sido solidária para com os haitianos, mas na verdade a situação agora é caótica e de colapso. A cidade inteira está com medo de doenças. O serviço de saúde, que deveria atender aos moradores, está concentrado agora no atendimento de haitianos - disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.
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