Cabeçalho do blog com novo layout a partir deste 7 de março, mas com a mesma velha foto, para marcar minha idade nova - as 45 águas de março do primeiro tempo.
Modéstia à parte, gostei, e me convenci de que o tom terroso ou sépia inspira seriedade, tradição, solidez. A tipologia da máquina de escrever, do chumbo, é o complemento.
Gosto da foto por um motivo inconfessável, mas ela é o retrato fiel de quem olha nos olhos e não se intimida. Como a antipatia também é minha defesa e amanhã é o Dia Internacional da Mulher, sigamos em frente.
Os meus 33 foram inesquecíveis. Os 44 serão bem mais. Por mais breve que possa ser o segundo tempo, ainda terei muito o que ver para aprender e contar.
O advogado, poeta, escritor e ex-deputado federal Océlio Medeiros faleceu na terça-feira, aos 95 anos, em Brasília. O senador Tião Viana foi a única autoridade do Acre a prestar homenagem póstuma ao acreano de Xapuri, neto de um dos coronéis da Revolução Acreana de 1903.
- Ele foi contemporâneo de Jarbas Passarinho, Armando Nogueira e Jorge Kalume na Xapuri dos anos 20. O pai, Felipe Medeiros, exerceu a função de juiz de direito no tempo em que ser juiz chamava atenção, mais pela dignidade e sabedoria jurídica que pelo salário que recebia ou por exercer o poder de mandar cidadãos pobres para a cadeia - escreveu neste blog o jornalista Elson Martis, velho amigo do escritor. A última vez que estive com Océlio Medeiros foi no dia 23 de março de 2006, quando visitou uma amiga dele, dona Peregrina Serra, viúva do mestre Irineu Serra, fundador da doutrina do Daime.
Durante a ditadura militar a Polícia Federal ameaçou proibir o uso ritual da ayahuasca. Océlio Medeiros se ofereceu e advogou pelos seguidores da doutrina sem a cobrança de honorários.
Com certeza nenhum outro acreano viveu tão intensamente quanto Océlio Medeiros.
Campinas, a maior cidade do interior de São Paulo, com 1 milhão de habitantes, compartilha seu nome com a Campinas do Piauí (PI) e com a Campinas do Sul (RS). Agora, se depender do ânimo de uma comissão de moradores, poderá ganhar uma terceira cidade homônima: Campinas do Norte ou Campinas do Acre. Ou Campinas do Bagaço, em alusão ao nome do antigo seringal onde está sendo levantada, a 60 quilômetros de Rio Branco ou 80 quilômetros da cidade sede, Plácido de Castro, na fronteira com a Bolívia.
Por enquanto, é apenas Campinas, sem referências, a não ser muitas queixas contra Plácido de Castro, a cidade sede. Na manhã desta quinta-feira, em busca de apoio de deputados, a Comissão Pró Campinas Município tomou conta das escadarias da Secretaria de Fazenda, onde funciona provisoriamente a Assembléia Legislativa do Acre (Aleac).
Os moradores vieram na “Caravana da Emancipação de Campinas” e eram facilmente identificados pelos chapéus de couro, de algodão, de feltro ou bonés promocionais. Um deles, de chapéu preto (clique na foto), conhecido como Charqueiro, liderava a caravana. Trata-se do ex-fabricante de charque Gildomar Oliveira Gomes, suplente de vereador no município de Plácido de Castro pelo PMDB.
- Para Campinas virar município basta caducar a PEC 15 e aprovar a PEC 13 - explicou Charqueiro, simplório, como se as PECs fossem palavras cotidianas no vocalubário do campineiro do norte.
As ruas da Vila de Campinas têm nomes de índios. O pastor Airton Soares de Oliveira, da Igreja Família de Deus, mora na rua Caiapós, 339.
- Não é que lá tenha indígenas, mas um morador viu numa revista e gostou - explicou.
A vila tem cerca de oito mil moradores, um comércio ralo, 15 igrejas e cerca de 20 botecos, considerados o grande mal pelos pastores. Recentemente, um homem foi assassinado, mas o crime até hoje não foi elucidado. Por lá se tem como certo que a causa foi uma rodada de cachaça.
◙ João Maurício Rosa é colaborador do blog e costuma frequentar os bares de Campinas do Bagaço. Clique aqui para ler o texto completo.
O Jornal Brasileiro de Pneumologia traz uma pesquisa que comprova cientificamente a gravidade da poluição atmosférica causada pelas queimadas em Rio Branco. Em setembro de 2005 a qualidade do ar em Rio Branco ultrapassou os limites aceitáveis durante 23 dias.
A pesquisa relaciona a poluição atmosférica devida à queima de biomassa florestal aos atendimentos de emergência por doença respiratória em Rio Branco.
De acordo com o resumo do estudo, a poluição atmosférica é um importante problema de saúde pública, principalmente na Amazônia e grandes cidades brasileiras. Em setembro de 2005, observou-se elevada concentração de fumaça em Rio Branco, Acre, devido às queimadas.
Para avaliar a relação entre a concentração diária de particulate matter < 2,5 µm (PM2,5) e o número de atendimentos diários de emergência por doença respiratória (DR), desenvolveu-se estudo ecológico. A concentração de PM2,5 ultrapassou o limite de qualidade do ar durante 23 dias. Observou-se maior incidência de DR em crianças < 10 anos e correlação positiva entre a concentração de PM2,5 e atendimentos por asma.
Segundo dados avaliados pela Universidade Federal do Acre, têm sido observados eventos extremos e prolongados de poluição do ar relacionados com a seca acontecida na Amazônia em 2005, possivelmente a maior em mais de 60 anos, incluindo os impactos por queimadas florestais; escassez de água em igarapés, rios e açudes; e baixa umidade relativa do solo e do ar.
O estudo tem a autoria de Márcio Dênis Medeiros Mascarenhas, Lúcia Costa Vieira, Tatiana Miranda Lanzieri e Ana Paula Pinho Rodrigues Leal(Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde), Alejandro Fonseca Duarte (Universidade Federal do Acre) e Douglas Lloyd Hatch (Centers for Disease Control and Prevention–CDC, USA).
Clique aqui para ler a pesquisa na íntegra. Postei a foto acima neste blog no dia 20 de setembro de 2005, com a legenda a seguir: "Sobre o rio Acre, a ponte Francisco Wanderley Dantas, batizada com o nome do ex-governador que atraiu para o Estado fazendeiros no começo dos anos 70 com o slogan "O Acre é um sertão sem seca e um sul sem geada". Às 9h30 da manhã".
Os protestos que os membros da Defensoria Pública do Acre estão fazendo não são novidade nenhuma.
Faz alguns anos que eles, sempre usando a bandeira que advogam para os mais humildes, tentam convencer o Governo do Estado a modificar a Constituição para permitir que a categoria possa desfrutar de vencimentos similares aos percebidos por promotores e juízes.
Nunca conseguiram convencer ninguém disso por uma razão simples. A responsabilidade e as atribuições deles não se equivalem, nem de longe, às dos juizes e promotores.
Defensor público é um advogado que, ao contrário do advogado particular, é pago com recursos públicos. Não tem outra definição mais simples. Diante disso, como justificar que o Advogado Público tem que ganhar tanto quanto juízes e promotores?
◙ Leia a íntegra no blog Ambiente Acreano. E segue comentário de uma leitora cujo nome decidi omitir:
"Caro Altino,
esse último texto que você postou sobre a Defensoria Pública é um disparate.
O professor Evandro Ferreira demonstra total desconhecimento da matéria. A PEC citada por ele nada mais faz do que ajustar a Constituição Estadual à Constituição Federal. Se está certo ou não em dar autonomia às Defensorias Públicas já não está mais em discussão. A matéria é constitucionalmente tratada: art. 134, §2º.
Além disso, advogados, juízes e promotores não possuem hierarqui entre si. Essa é uma visão equivocada do processo e sistema judiciário.
Eu queria ver se ele fosse um usuário dos serviços da Defensoria se gostaria de ser defendido por alguém que está totalmente atolado de serviço, não tem um computador que preste, não tem uma impressora para fazer as petições e ainda está mais preocupado em fazer um concurso melhor.
Ora, o que ele quis dizer com "simples advogados"? Se um advogado utilizasse a expressão "simples professor", aposto que ele cairia matando.
Não vou fazer nenhum comentário no blog, você já sabe que tenho uma política (pelo menos nessa época da minha vida) de não me envolver em polêmicas. Mas fiquei tão indignada que pelo menos pra você eu quis dizer.
Nota de abertura da coluna Poronga, do Página 20, assinada pelo jornalista Leonildo Rosas:
"O governador Binho Marques, guardião da legalidade, tem que mandar examinar a licitação 0023/2008 CPL2. Trata-se da contratação de serviços gráficos. O acerto feito no processo licitatório tem superfaturamento de até 300%".
◙ Meu comentário: Como diria Hildebrando Pascoal, vamos por partes. O governador pode realmente determinar a abertura de investigação da denúncia feita por um jornal afinado com os esforços de sua gestão. Mas ressalve-se que Elson Dantas, diretor do Página 20, também é dono de uma gráfica e sua empresa costuma ser contratada para esse tipo de serviço.
As propostas da licitação (pregão, menor preço por lote) foram abertas na segunda-feira. Ely Assem de Carvalho, dono do jornal A Tribuna, por exemplo, ganhou dois lotes e por isso seu diário não registra nenhuma queixa.
A licitação atende pedido de contratação de serviços de confecção e reprodução de material gráfico para as necessidades pedagógicas de diversas gerências da Secretaria de Educação.
O pregoeiro da Comissão Permanente de Licitação (CPL 02), Jailson Barbosa de Souza, em resposta ao pedido de esclarecimento de uma empresa licitante, a Santos e Caprini Materiais Gráficos e Editora LTDA., informou que o valor para a contratação dos serviços é de R$ 2,4 milhões.
É muito dinheiro no Acre, claro. O caso ganha contorno de grave quando o jornal afirma que houve acerto no processo licitatório que resulta em superfaturamento de até 300%.
O lamentável é que o Página 20 tenha preferido tratar o suposto escândalo em duas notinhas lacônicas(ontem e hoje), quando poderia ter feito uma reportagem realmente esclarecedora sobre a questão. Afinal, o jornal diz conhecer o "acerto" e os percentuais do superfaturamento.
◙Este post estã reproduzido no Blog dos Blogs, do jornalistas Tales Faria.
O jornalista Luis Nassif publicou "A imprensa e o estilo Dantas", o 15° capítulo do dossiê Veja, que vem sendo revelado aos poucos, há mais de um mês. O dossiê tem sido ignorado por jornais e revistas concorrentes de Veja.
- É a mais importante série sobre os bastidores de um grande veículo de nossa mídia: a mais vendida (e bota vendida nisso) revista brasileira - afirma o publicitário e escritor Antonio Mello.
Leia o dossiê no Googlepages de Nassif. Clique aqui.
O leitor Walmir Lopes não poupou o chargista Dim e o deputado Edvaldo Magalhães:
- Quanto ao blog, tem qualidade e tá "bonitim". Em relação ao deputado, tem qualidade, mas com todo respeito, "bonitim"? Caro chargista, se você ainda não usa óculos, passe a usá-los. Se já usa, recicle-os.
Menina que mora na ladeira E desce a ladeira sem parar Debaixo do pé da laranjeira Se senta pra poder descansar
Silêncio profundo a menina dormiu Alguém que esperava tão logo partiu, partiu Partiu para sempre para o infinito Um grito ouviu
Chorando levanta a menina Correndo ligeiro sem parar Debaixo do pé da laranjeira Há sempre alguém a esperar
Violeiro tocando, estrela a brilhar Violeiro em prece, em prece ao luar, luar Tal noite vazia espere a menina Tão linda não, não vá
Chorando levanta a menina Correndo ligeiro sem parar {Assa, passa passa} Debaixo do pé da laranjeira Há sempre alguém a esperar ◙ Veja o site dedicado ao cantor e compositor João Só.
Está na edição de hoje do Diário da Justiça uma decisão (leia) da juíza da 4ª Vara Cível, Maria Cezarinete de Souza A. Angelim, que envolve o empresário Roberto Alves Moura e a ex-mulher dele, Maria das Neves Reis Moura.
Trata-se de caso nebuloso porque consta dos autos acusações de falsificação de assinatura em documentos de uma partilha de bens de alguns milhões de dólares, cujo valor ainda será definido em perícia judicial. O mérito ainda falta ser julgado.
Roberto Moura é um dos homens mais ricos e influentes do Acre. É o maior fornecedor de remédios do Estado, dono da maior empresa atacadista, de uma concessionária de veículos, de uma emissora de TV e atua no ramo de supermercados. A juíza pede como providências a manifestação das fazendas públicas Federal, Estadual e Municipal, além dos ministérios públicos Estadual e Federal.
"Teor do ato: DECISÃO DE FLS. 113/117: Vistos etc. MARIA DAS NEVES REIS MOURA, qualificada nos autos em epígrafe, ajuizou AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE C/C APURAÇÃO DE HAVERES E PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA em detrimento de RAIMUNDA ALVES DE SOUZA, ROBERTO ALVES MOURA e RECOL DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO LTDA.., igualmente qualificados, aduzindo, em síntese, que é sócia da 3ª Ré, gerida, administrada e representada pelo 2º Réu, desde seu nascimento. Asseverou que foi surpreendida, nos autos da ação de dissolução de sociedade de fato, em trâmite na 2ª Vara de Família desta Comarca, com a falsificação da assinatura da sócia majoritária em diversas alterações contratuais da 3ª Ré, em detrimento de seus interesses na continuidade da atividade comercial da empresa. Ressaltou que as referidas falsificações restaram comprovadas através do laudo de exame documentoscópico (grafotécnico), elaborado por 3 (três) peritos da Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Acre, e ante a cabal comprovação, o Tribunal de Justiça, em sede de agravo de instrumento, determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal da 3ª Ré e mais duas empresas do grupo. Aduziu que o 2º Réu incorreu em falta grave, ante a prática de ato doloso e fraudulento, o qual pode acarretar prejuízos a ela e à 1ª Ré, fundamentando-se no art. 106, do Decreto Estadual n.º 008/98 e art. 1.030 do CC. Postulou, em sede de antecipação parcial dos efeitos da tutela, a ?imediata retirada do Sr. ROBERTO ALVES MOURA do quadro societário ou que seja determinado afastamento do Sr. ROBERTO ALVES MOURA da gerência da empresa RECOL DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO LTDA., com impedimento expresso de assinar cheques ou quaisquer outros documentos da empresa Recol, bem como de praticar quaisquer atos em nome da empresa Recol.?, além de sua investidura como sócia gerente. No mérito, requereu a confirmação da liminar e a procedência da ação, para se declarar a dissolução parcial da sociedade, com a retirada da 1ª e 2º Réus e a nomeação de liquidante. Juntou os documentos de fls. 17/110".
Clique aqui para ler a íntegra da decisão da juíza da 4ª Vara Cível, Maria Cezarinete de Souza A. Angelim.
Teoria de que Moisés tomou chá do Daime cria polêmica em Israel
O especialista em psicologia cognitiva Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que Moisés, considerado o principal profeta da religião judaica, pode ter ingerido a substância ayahuasca, conhecida no Brasil como chá do Daime.
A afirmação foi publicada nesta semana em um artigo na revista de filosofia Time and Mind e causou polêmica em Israel.
A idéia de que Moisés poderia estar sob a influência de "drogas" provocou a indignação de líderes religiosos em Israel e, segundo os críticos, a teoria de Shanon "é uma ofensa ao maior profeta do povo judeu".
O rabino Yuval Sherlo disse à Radio Pública de Israel que "a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria". De acordo com o rabino, a publicação da teoria de Shanon "põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia".
Uma das obras de Benny Shanon, o livro Antipodes of the Mind, que analisa a relação entre a planta ayhuasca e a criação das religiões, foi publicado em 2003 pela Oxford University Press, uma das editoras acadêmicas mais renomadas do mundo.
Em entrevista à BBC Brasil, Shanon contou que começou a pesquisar a relação entre os efeitos da planta e a criação das grandes religiões, quando ele próprio experimentou o chá do Daime no Brasil.
De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai.
Foi no deserto do Sinai que, segundo a tradição, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, consideradas a base da civilização judaico-cristã.
Brasil "Tudo começou quando estive no Brasil em 1991, a convite da Unicamp, para dar uma palestra sobre linguagem e pensamento", afirma Shanon.
"Depois da palestra, viajei pelo Brasil por dois meses e experimentei pela primeira vez o chá do Daime em Rio Branco, no Acre."
"Também participei de rituais religiosos e espirituais do Santo Daime, apesar do fato de que não sou adepto de nenhuma religião", acrescenta o pesquisador.
"Tinha 42 anos naquela época, e a experiência mudou a minha visão do mundo", afirma. Comecei, então, a pesquisar os efeitos dessa planta sob o aspecto da minha área, a psicologia cognitiva."
"Muitas pesquisas já foram feitas sobre os efeitos da planta, mas principalmente na área da antropologia, e não da psicologia", diz Shanon.
"Os antropólogos geralmente escrevem apenas por meio da observação, mas sem experimentar, eles próprios, a substância", avalia o professor titular da Universidade Hebraica. "Acho que é como escrever um livro sobre música sem ouvir música."
Desde 1991, Shanon diz ter visitado o Brasil dezenas de vezes e afirma que já ingeriu o chá do Daime mais de 100 vezes. Experiência "A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos", descreve o pesquisador israelense. "A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana."
"Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayhuasca", conta Shanon. "Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes 'viram Deus' ou 'viram vozes'."
O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele "veja sons".
"Na Bíblia, há frases como 'o povo viu as vozes', que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayhuasca", afirma Shanon. "Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões."
Críticas O pesquisador, que já recebeu críticas negativas de religiosos em Israel, diz que sua tese não constitui um desrespeito à religião, mas sim "uma tentativa de entender momentos tão importantes para toda a humanidade".
"Não acredito na visão ontológica, segundo a qual a história de Moisés e os Dez Mandamentos teria sido um evento cósmico extraordinário", afirma. "Mas também não acho que um momento tão importante possa ser considerado como uma simples lenda."
"A minha tese, segundo a qual as substâncias ingeridas por Moisés teriam gerado uma abertura cognitiva que possibilitou um contato com o sagrado, pode ser uma explicação razoável e também respeitosa de como a religião judaica nasceu", diz Shanon.
"Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso", acrescenta. "Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte."
◙ Reportagem de Guila Flint, de Tel Aviv para a BBC Brasil. Leia mais no G1.
Está no blog do jovem Cleomilton Filho, estudante de direito e ciências sociais, a crônica mais realista que já li a respeito da sociedade da isolada Cruzeiro do Sul (AC), na região mais ocidental do país, onde ele e eu nascemos.
"Cruzeiro do Sul apodreceu de dentro pra fora, assim como a cidade de ficção".
"O povo de lá tem orgulho da cidade, embora jamais tenha acontecido qualquer coisa de importante ou significativo".
"Lá tem poucos carros e muitas ladeiras. Há também um Jornal local que só noticia besteiras e futilidades; lá nada acontece".
"O comércio é regido pela informalidade, cartão de crédito é coisa relativamente nova nos comércios (que têm aspecto de velhos e sujos)".
"Lá não há dinamismo. Todas as pessoas se conhecem, e acham que pela amizade resolvem tudo, esquecendo-se das regras básicas de formalismo que devem reger negócios públicos ou prestações de serviços".
"Dizem amar o Acre e fazem juras de amor a esse lugar, vão a Cruzeiro e passam as férias andando no carro do papai, de óculos escuro e olhar imponente, como se pensassem: "Voltei pra mostrar pra vocês que eu tô fazendo alguma coisa importante da minha vida". Comem as menininhas deslumbradas com o universitário de qualquer-curso-por-aí que está na cidade "abalando geral"".
"E tem também os intocáveis: playboys filhos dos grandes comerciantes que citei no começo. Esses são os piores. Capotam seus carros de luxo, matam seus familiares, fazem rachas à noite, brigam pelas prostitutas mais bonitinhas. São os donos da rua, do bairro e da cidade. São uns vermes, um tipo de tumor que deveria ser arrancado por lâminas afiadas, são moscas bicheiras que invadem a cidade".
"Lá existem os taxistas traficantes, figurões bem de vida, admirados por uma infinidade de jovenzinhos afoitos por fazerem algo diferente. Eles são amigos da polícia e da sociedade imbecil e o tráfico é tão evidente que se tornou natural. Os tais comerciantes são milionários e agiotas, um pouco estranho para uma cidade de pouco mais de 80 mil habitantes, onde o poder aquisitivo é baixo e a economia não movimenta tanto. É o dinheiro sujo da sonegação, da agiotagem, do tráfico de drogas, do tráfico de influência, da usura, e dos inimagináveis atos à margem da lei em uma cidade sem lei".
Cruzeiro do Sul me assusta e me envergonha. Lá existe somente uma escola de ensino particular, a das irmãs dominicanas, onde tive o desprazer de estudar com professores desqualificados, antiquados e, perdoem-me, burros. Foi lá que me mandaram queimar meus livros de Filosofia e foi lá que me “deseducaram”".
Ao que parece, o jornalista Altino Machado e o seu colega Sílvio Martinelo meteram-se num entrevero para homem nenhum botar defeito. Pelas iniciais é de se supor que seja uma briga tamanho família. Se pouco ou quase nada ainda se sabe, inclusive eu, sobre o que até então aconteceu nos bastidores, pela estréia pública, Altino Machado começou batendo no fígado do seu contendor, como quem pretendendo jogá-lo no canto do ringue já no primeiro assalto. Afinal de contas, falar de uma determina carta [leia] escrita pelo jornalista Sílvio Martinelo significa insultá-lo em altíssimo grau, ou melhor, chamá-lo para uma contenda cujas conseqüências são imprevisíveis.
Nada tenho a ver com a briga dos dois. Assim sendo, nem vou fomentá-la, tampouco esperem que irei apartá-la. Decerto serei um atento espectador dos seus desdobramentos, até porque, quando dois dragões resolvem se enfrentar, e guardadas as devidas proporções estamos diante de dois deles, ao fim e ao cabo, até o cenário armado para suas refregas nunca mais será o mesmo. Por vezes, não fica pedra sobre pedra.
Só não entendi porque o jornalista Altino Machado acabou me envolvendo, justo no momento em que meu espírito briguento está gozando suas merecidas de férias. Bem entendido: meu espírito briguento e não minha coragem, até porque, em se fazendo necessário, ou seja, em sendo provocado, não darei calado como resposta.
Quando o jornalista Altino Machado, desconcertantemente, me rotulou como um “petista de carteirinha”, sua fama de bom rotulador, já que assim se auto-rotolou, ficou seriamente comprometida, enfim, esta possibilidade não existe e por duas boas e justificadas razões: nem o PT me quer, nem tenho a menor vocação para ser petista. Pus nesta ordem para não ser, aí sim, rotulado de presunçoso.
Não virei – e nem vou virar – petista com ou sem carteirinha, entretanto, não sou mais o antipetista que fui antes, enfim, como conscientemente estou afastado da militância político-partidária, não faria nenhum sentido ser contra a este ou aquele partido sem ser a favor de nenhum deles. Até o convido a entrar numa boa briga e cívica briga: combater apartidariamente o banditismo eleitoral.
◙Clique aqui para ler a íntegra do artigo do empresário Narciso Mendes, dono do jornal e da TV Rio Branco. O engenheiro continua o melhor redator de suas empresas de comunicação. Mas é sintomático que deixe sem resposta os demais questionamentos feitos ontem, aqui. Podem anotar: enquanto a família dele permanecer tendo acesso crescente às verbas públicas, veremos a versão paz e amor de Narciso Mendes. Contrariado, ressuscita o espírito briguento, vira dragão e cospe fogo. Foi o que fez com todos os governos. Leia mais no blog do deputado Luiz Calixto.
O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Edvaldo Magallhães (PC do B), mudou o visual do blog dele e manifesta preocupação com o crescimento descontrolado da Frente Popular do Acre (FPA), a coligação que viabilizou o terceiro mandato consecutivo do PT no governo estadual.
Segundo Magalhães, na FPA "um verdadeiro mosaico de tendências, interesses paroquiais e desejos de infância procuram dar o tom dos "projetos" em disputa".
- Estamos grandes demais para não ter problemas. Crescemos ao ponto de precisar depurar. Como fazer, de que maneira conduzir e com quem partilhar rumos, são decisões urgentes e necessárias. Exigirão coragem e pulso.
O empresário Gilmar Sidnei Detoni, que trabalhou no Acre, foi uma das três vítimas do acidente com o monomotor Cirrus que caiu domingo, no Rio de Janeiro, após ter sido abastecido com querosene, em vez de gasolina.
Ele nasceu em Concórdia (SC) e era sócio de uma rede de revenda de carros em Florianópolis (SC).
No domingo, por volta das 11h40, o monomotor decolou com destino a Florianópolis. O vôo durou apenas 30 segundos. O avião caiu no pátio de um prédio e explodiu.
Gil concluiu em janeiro o curso de piloto. Além dele, morreram no acidente o empresário Sílvio Vanzela e o piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla.
Bem que o pré-candidato a prefeito de Rio Branco, Sérgio Petecão (PMN), poderia distribuir algum panfleto com o título "Narciso Mendes ingressa na Frente Popular do Acre para atacar Petecão".
O empresário Narciso Mendes, dono de empreiteira, emissora de TV e jornal, voltou a acusar em seus veículos de comunicação o deputado federal Sérgio Petecão de compra de voto na eleição passada, embora o parlamentar já tenha sido inocentado pela unanimidade dos juízes eleitorais do Acre.
Até o final da gestão do ex-governador Jorge Viana, o empresário se destacava como ideólogo do Movimento Democrático do Acre (MDA) e como principal opositor aos partidos que formam a Frente Popular do Acre, especialmente o PT. É da autoria dele aquela famosa manchete do jornal O Rio Branco: "PT sequestra empresário Abílio Diniz".
Os petistas sempre fizeram por pespegar no empresário a balda de "corrupto e corruptor". Segundo eles, Mendes teria usado a expressão após ser eleito deputado estadual em 1982, para justificar que não devia nada a ninguem, pois teria comprado e pagado os votos. Ele sempre negou que tenha dito que é "corrupto e corruptor".
Pois bem, Narciso Mendes esteve no epicentro do escândalo da compra de votos para o segundo mandato de FHC. Participou diretamente das negociações que envolveram a compra de votos de parlamentares do Acre. Teria gravado parte das conversas e, posteriormente, a Folha de S. Paulo publicou o conteúdo das gravações atribuindo a autoria ao Senhor X.
Antes, porém, o ex-deputado federal Narciso Mendes ganhou a concessão do canal do SBT como parte da negociata que envolveu os parlamentares acreanos que votaram a favor dos cinco anos do mandato do então presidente José Sarney.
Narciso Mendes agora é aliado e defensor intransigente do PT . Abriu o jornal e a TV aos petistas. E as empresas de sua família voltaram a ser contratatadas para executar obras do governo estadual e da prefeitura de Rio Branco.
Embora tenha aperfeiçoado os esquemas de compra de votos no Acre, com a distribuição de sacolões pela Fundação Narciso Mendes, o empresário voltou a atacar Sérgio Petecão para mostrar serviço aos petistas. A "reportagem" do jornal O Rio Branco, que mais parece um editorial sonolento, não está assinada, mas o texto segue o estilo inconfundível da pena do empresário.
Votarei pela reeleição de Raimundo Angelim (PT) para prefeito de Rio Branco, o que não me impede de alertar que recomeçou a baixaria na política que o PT do Acre tanto criticava. A baixaria mudou de lado.
“Uma sociedade de carneiros acaba por gerar um governo de lobos” (Victor Hugo)
IImo Sr. Governador do Estado do Acre, Jorgenei Viana das Neves, Nesta
Esperei um, dois, três, quatro dias. Primeiro, para evitar que essas linhas tivessem o mínimo possível de emoção. Depois, para aferir a reação das pessoas, da sociedade. Pelos inúmeros telefonemas que recebi e informações que colhi, as reações foram de reprovação, de revolta e de nojo com a sujeira que o senhor fez contra mim, minha família e o jornal A GAZETA.
Na verdade, há algum tempo, vinha pensando em escrever para dizer-lhe algumas verdades. A ocasião propícia chegou. É esta. Como jornalista e cidadão tenho esse dever e esse direito. Afinal, alguém, entre tantos ‘carneiros’, precisa ter a coragem de reagir e não deixar que prosperem ‘governos de lobos’.
Vamos por partes:
Disse o senhor, em algumas ocasiões, para tentar justificar aquela agressão covarde, que não permitiria que injuriassem seu pai. Bravo! O senhor é um bom filho. Acontece – e os leitores são testemunhas – que nem eu, nem minha família, nem A GAZETA injuriamos seu pai. A GAZETA apenas publicou foto dele, para ilustrar uma matéria com declarações do deputado João Correia, o qual afirma que ele, como secretário do Governo Flaviano Melo e outros secretários poderiam ser chamados para depor naCPI da Flávio Nogueira. Onde estão a injúria, a difamação, a ofensa?
Já se disse e vale repetir: na sua concepção egocêntrica, sempre acha que só o senhor tem pai, tem mãe, tem filhos, tem honra. Seus adversários políticos, que o senhor costuma chamá-los de ladrões, de corruptos, de quadrilha, não têm pai, não têm mãe, não têm honra.
Tomou, então, aquele episódio como pretexto para me atacar de forma vil e covarde. Tão zeloso com os recursos públicos que se diz, não teve o escrúpulo de pagar avião, para sobrevoar minha casa, tirar fotos, plantar espiões em volta da casa, atemorizando minhas filhas, numa flagrante invasão de privacidade. Não satisfeito, depois usou carros e funcionários públicos para distribuir seu jornal de graça.
Lembra, governador, de quem eram essas práticas de invadir a privacidade das pessoas, de vigiá-las, fotografá-las, de colocar escuta telefônica, de amedrontá-las? Isso mesmo. Eram métodos muito usados pelos famigerados órgãos de repressão militar, copiados do fascismo, do nazismo, do stalinismo.
Este jornalista que vos escreve, que foi em anos passados alvo de perseguição da chamada “direitona” – vim saber depois que escapei por pouco – sente-se atualmente deveras lisonjeado em ser perseguido agora pela “esquerdona”.
Fui informado inclusive que a próxima vítima de sua sanha seria minha mulher, Ivete. Eureka!. Eu, que andava atrás de um bom assunto para escrever um livro, acho que encontrei.
Mas o senhor não me mete medo. Nem vai conseguir calar A GAZETA. O jornalista Paulo Francis costumava dizer que “o sucesso real das esquerdas é a capacidade da difamação”. Como o senhor não é, nunca foi da esquerda, até nisso se deu mal. Nos dias que sucederam a publicação, não tenho conseguido trabalhar em paz. Pessoas de todos os segmentos sociais, telefonam para prestar solidariedade e, indignadas, reprovar seu ato de vilania.
(continua...)
◙ A carta aberta assinada pelo jornalista Sílvio Martinello, diretor de A Gazeta, foi publicada na primeira página da edição de 24 de abril de 2001. Clique aqui para ler a íntegra da missiva.
Mestres da esperteza
A Gazeta, que era o principal veículo de oposição ao PT, naquele 2001 fez campanha virulenta contra Jorge Viana, que decidiu arregimentar sua tropa para uma reação. Prestando serviços ao governo, recebi telefonemas do Oli Duarte e do Aníbal Diniz, secretário de Comunicação, para comparecer com urgência à redação do Página 20.
Estavam lá os diretores Antônio Stélio e Elson Dantas, Oli Duarte e o repórter Leonildo Rosas. Disseram-me que tenho um texto venenoso, que sou bom titulador e por isso deveria finalizar o texto da reportagem, de responsabilidade do jornal, que seria publicado expondo a vida de nababo do jornalista Sílvio Martinello.
Fiz títulos e quase nenhuma correção ao texto. Apenas acrescentei que Martinello costumava triturar biscoitos finos para alimentar sua criação de pássaros e aves. Causei espanto ao dizer que o texto já estava muito envenenado, mas não teria impacto algum sem uma boa foto.
Responderam quase em coro que havia muitas fotos do diretor da Gazeta. Foi quando expliquei que era necessário uma foto aérea para mostrar a mansão. Por causa disso, a publicação do material foi adiada. O arquiteto Wolvenar Camargo Filho levou a planta de uma das mansões projetada por ele para a ante-sala do governador e lá foi decidido como seriam as fotos.
No dia seguinte, o fotógrafo Marcos Vicentti, atual presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre, sobrevoou duas mansões e um terceiro imóvel de Martinello na companhia de outro Sílvio, piloto de um bimotor de uma empresa aérea que servia ao governo. O fotógrafo só soube o que teria a fazer quando sobrevoava a cidade. Era a primeira vez que tirava fotos aéreas. Durante uma manobra arriscada para captar imagens de bom ângulo, Vicentti quase despencou da porta do avião sobre a mansão no condomínio Ipê.
Martinello reagiu quatro dias depois com a carta, mas o então editor Jayme Moreira chegou a publicar outra carta em seguida, com a chancela de Martinello, claro, na qual acusava o então governador Jorge Viana como mandante do estupro de uma de suas filhas.
Desde então muita água rolou sob a ponte. Ao saber ontem neste blog que a carta seria reproduzida, Martinello escreveu hoje, na sua coluna Gazetinhas, um nota lacônica, que seus leitores não têm como entender do que trata: "Quem praticou algum tipo de pixotada está perdoado". Ele e Jorge Viana agora convivem (veja aqui) como se fossem "irmãos", conforme a definição da colunista social Ivete Martinello, mulher dele, que gerencia a Gazeta.
Nem tente saber quem é carneiro ou lobo. Viana e Martinello são mestres da esperteza.
Leia mais sobre imprensa e poder no Acre no post "No espelho da memória", de Toinho Alves.
Declaração infeliz do vereador Astério Moreira (PSB). Ao tentar explicar o que teria motivado sua saída do Movimento Democrático do Acre (MDA), de oposição ao PT, disse que estava "cansado de defender ladrão".
Vejamos quais eram os expoentes do MDA. O idealizador do movimento, o empresário Narciso Mendes, agora é petista desde criancinha. O ex-governador Orleir Cameli, idem. César Messias, primo de Orleir, é o vice-governador do Acre.
Quem mais?
Tem o ex-governador Flaviano Melo, que preferiu aderir de modo mais discreto. Sócio majoritário da Gazeta, liberou o parceiro Sílvio Martinello para apoiar o PT em troca de um contrato publicitário com o governo da floresta.
Se Narciso, Orleir, César e Flaviano não são os ladrões, o vereador tem o dever de nominá-los. E deveria confessar à Justiça, e não apenas a Jesus, o crime de ter participado de uma quadrilha.