quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

EDVALDO CRITICA PT E FRENTE POPULAR

O deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa, bateu forte e colocado ao concluir artigo a respeito de seus aliados no PT e na Frente Popular do Acre:

"Nós da Frente Popular só nos constituímos em força majoritária da política acreana pela capacidade de aglutinar amplas forças em torno de um projeto de desenvolvimento para o Acre. O hegemonismo unilateral sempre leva à derrotas. Vide o que ocorreu com os partidos comunistas do Leste Europeu, para citar exemplos de casa. Para os que querem levar o projeto de Frente Popular mais adiante se faz necessário pensar e agir de forma plural.

Posiciono-me por que encaro como grave o que se está tentando.

Todos têm o direito de buscar e ocupar seus espaços na política. Só que na vida tudo tem hora, tem o respectivo lugar.

Subtrair direitos não contribui em nada para com o projeto político que estamos construindo no Acre.

Não é elegante querer ganhar o jogo na base do gol de mão e na cara do juiz".

Clique aqui para ler a íntegra do artigo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

VAI DIABO, VAI LOGO

Leila Jalul

"Já vão tarde
fora de hora
calças rasgadas
e bundas de fora"

Esta e outras trovinhas foram muito utilizadas na minha infância. Era recitada aos berros quando a meninada, após horas de brincadeiras, resolvia ir para casa, com medo de apanhar, justo na hora que alguém estava prestes a ganhar uma partida de vôlei de charco, ou de baleado, no campinho da igreja.

Bando de medrosos! Mais vale uma lambada nas costas do que interromper o melhor da festa. Minha preferida não era aquela. Sempre fui mais língua suja. Era esta:

"Vai diabo,
vai logo
vai cagar no mato
e limpar o toba
com o salto do teu sapato"

Tudo para contar um quadro "imperdível", um tal "De volta para a minha terra", no programa Domingo Legal, do Gugu Liberato.

De fachada, parece um bonito gesto do menino louro, cria do distinto Senor Abravanel. Afinal, quem não deveria admirar e enaltecer o carinho com que o nosso delicado herói trata os menos afortunados?

São os arigós da Bahia, das Alagoas, do Delta do Parnaíba e de todo o resto da região do agreste e dos alagados, que, por falta de oportunidade e/ou capacidade para o trabalho, ou por outras razões, não decolaram na capital paulista.

São o pai, a mãe e uma reca de crianças, normalmente morando em periferias e lixões, magoados com a sorte madrasta, geladeiras e prateleiras zeradas, desempregados e sem um tostão furado para empreender a viagem de volta. E voltam, felizes. Voltam para o outro lado do nada.

Lá no outro lado do nada, uma mãe sofrida lembra, entre uma lágrima e outra, os filhos que foram e não podem voltar. E se voltarem voltarão com menos do que quando partiram.

O quadro já é bem antigo. Tem longos minutos de duração. Acontece com um matiz de estardalhaço, bem próprio dos amantes da filantropia com direito a reconhecimento público.

Algumas viagens de volta são de avião. Outras, de ônibus ou cata-corno, como alguns nordestinos classificam o transporte coletivo rodoviário. O jornalista vai junto, mostrando as belezas das áreas dos cantões secos, capins queimados, casas de taipa. Logo atrás, um caminhão da Granero vem com móveis novos, de legítimo aglomerado, e alguns eletrodomésticos básicos.

Noutro carro, um ano de cesta básica, alguns produtos da Cazo ou de outro anunciante, para que a mulher possa ser revendedora e, enfim, para a garotada, a linha dos brinquedos do nosso bom samaritano. Caramba! Já ia esquecendo: tem também um envelopinho com uns trocados dentro, para, dependendo do mercado local, o chefe da família possa iniciar um novo negócio na cidade, vila, roça etc.

O processo de deportação (ou seria desova?) é completo.

Um bom antropólogo e um não menos bom sociólogo saberiam bem explicar esse retorno ao ponto de partida que, nos últimos anos, por baixo, por baixo, já retirou das ruas paulistanas pelo menos uns 600, 800 cabras da peste inservíveis ou improdutivos. Não sei como o bom ariano trata ou pensa dessa gente simples. Uma coisa eu sei: educado como ele só, jamais recitaria as minhas trovinhas.

Mas a musiquinha que toca ao final do quadro é cretina e serve de alerta aos que ousem migrar para a paulicéia desvairada, assim como quem diz: vem quem quer. Falta de aviso, não é.

"De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão eu quero voltar".

O busilis da questão não está no ter ou não ter gestos de solidariedade. Nem no se fico ou se vou. Gostaria de saber das intenções.

As estatísticas mostram que não é nordestina a maioria da população carcerária. E mais: São Paulo tem a maior colônia japonesa fora do japão, a máfia chinesa anda por lá, bolivianos escravizados à luz do dia, chilenos, coreanos, israelenses, turcos, peruanos, italianos, portugueses, poloneses, libaneses, alemães, ucranianos, virginianos, skinheads e punks, catarinenses, porto-alegrenses e paranaenses, aos rodos. Muitos estrangeiros ilegais e nenhum deles tem um programa especial que se intitule "De volta para a minha terra".

Se não for perguntar demais, quem paga essa conta? Quem estimula essa desagregação?

"TÁ BRABO"


O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles, chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, revelou ao blog que uma turma de 40 índios isolados passou pela aldeia Carijó, da etnia ashaninka, localizada próxima à sua base de trabalho. Os índios erraram um tiro contra uma criança ashaninka, roubaram quase tudo das casas e fugiram.

Meirelles, vencedor da última edição do Prêmio Chico Mendes, do Ministério do Meio Ambiente, disse que os ashaninka rastejaram, mas não encontraram, felizmente, a turma de isolados que se deslocou rumo ao rio Tarauacá.

- Estamos diante de um êxodo de isolados do Peru para o Brasil. Provavelmente um grupo que teve acesso a armas de fogo via saque. Ou então, a mando de madeireiros, estão perambulando na região dando uma de brabo. Felizmente o rio alagou como nunca nestes 20 anos que moro lá nos altos e aí fica difícil atravessar os igarapés.

E as providências que o sertanista tem sugerido aos governos estadual e federal?

- Bem, o Exército roeu a corda de uma operação que iria fazer na área. O problema é que existe um monte de firma brasileira construindo estradas no Peru, cuidado da nossa ligação com o Pacífico, e me parece que ninguem quer quizumba com o companheiro Alan Garcia. Tem um PAC entre os dois países. Já deu pra entender onde as pacas roem esse coco. Quando morrer um bocado de gente, talvez alguma providência. Eu disse talvez. Enquanto isso, a gente vai botando um pouquinho de areia na engrenagem que come a Amazônia. O vento é grande, o moinho maior. Sancho Pança está com pressão e colesterol alto. Rocinante nem mais relincha e Dom Quixote de La Mancha nem pinta e nem mancha. Tá brabo - concluiu Meirelles.

No alto, foto da enchente no rio D'ouro, que atingiu a casa da indigenista Paula Meirelles.

AMBIENTALISMO SEGUNDO O EVANGELHO


Deu no site O Eco:

"Não é de hoje que Marina Silva pende com força para o lado religioso da política. Além de não desgrudar de sua bíblia Católica, a ministra, ligada à Assembléia de Deus, participa agora de eventos voltados à difusão do Criacionismo. Pela doutrina, plantas e animais foram criados por Deus e não moldados pela evolução, como mostrou Charles Darwin. Vale lembrar que o casal Garotinho provocou polêmica quando tentou inserir o Criacionismo na rede escolar carioca, em 2004.

A crença da ministra no Criacionismo pode ser comprovada em entrevista gravada em vídeo depois de sua participação do Simpósio Criacionismo e Mídia realizado neste último fim de semana no interior de São Paulo. Perguntada se acredita no Criacionismo, Marina disse: “É impossível crer em Deus sem acreditar que ele tenha criado todas as coisas (...) Existe um projeto inteligente da inteligência divina que governa tudo isso.” A entrevista foi dada ao Canal O Q Há, voltado a jovens adventistas, que na visão da ministra é a linha do cristianismo mais antenada com a defesa do meio ambiente.

Na entrevista, a ministra Marina Silva criticou também o fato das escolas só ensinarem o evolucionismo de Darwin. Segundo ela, isso não dá a visão plural das teorias científicas sobre o surgimento da vida na Terra. Deixou claro inclusive que suas filhas estudam em colégios que ensinam tanto a Teoria da Evolução quanto o Criacionismo. Seu argumento é bem próximo ao que tem sido usado pelos defensores desta última linha nos EUA. Lá a introdução da “controvérsia no ensino” já se tornou até mesmo uma campanha de professores e pais religiosos".

Clique aqui para assistir ao vídeo da entrevista.

A IMPRENSA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Análise inédita de textos publicados em 50 jornais de 2005 a 2007 mostra que a atenção da mídia no tema se intensificou, mas falta explorar as causas e possíveis soluções para o fenômeno

A mídia ainda tem muitos desafios para aprimorar seu trabalho na cobertura de mudanças climáticas. É o que conclui a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira, que a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) lança nesta terça-feira com o apoio da Embaixada Britânica.


O trabalho analisou 997 textos - entre reportagens, editoriais, artigos, colunas e entrevistas, publicados em 50 jornais - de julho de 2005 a junho 2007. O material representa uma amostra dos textos veiculados sobre o tema no período. A partir dos dados coletados foi elaborado um mapa bastante detalhado do tratamento editorial dispensado pelos jornais às alterações climáticas.

O ritmo da cobertura se manteve crescente no período analisado, especialmente no ano passado. No primeiro ano da análise identificou-se um texto publicado a cada cinco dias. Essa média cresce para uma matéria a cada dois dias no primeiro semestre de 2007.

- Essa pesquisa, pioneira, comprova que o tema vem ganhando cada vez mais visibilidade na imprensa brasileira, certamente influenciada por grandes acontecimentos internacionais, como o lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, e a divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC). Esses eventos permitiram que os jornalistas se familiarizassem com os fatos e a agenda relacionada ao fenômeno - explica Cristiane Fontes, gerente do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britânica.


Segundo a pesquisa, a temática esteve mais presente nos veículos de abrangência nacional (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense) e econômicos (Valor e Gazeta Mercantil). Enquanto os 44 jornais de circulação regional contribuíram, na média individual, com 1,46% dos textos veiculados no período, os quatro veículos nacionais somados aos dois de cunho econômico contribuíram - também na média individual - com 5,95% das matérias publicadas. Uma diferença superior a quatro vezes.

Falta de contextualização
Apesar do incremento na cobertura, o estudo mostra que a maior parte do material ainda carece de contextualização e apresenta, portanto, muitas oportunidades de aprimoramento. Do universo analisado, por exemplo, apenas um terço aborda as causas das mudanças climáticas e aponta soluções

- Você coloca as conseqüências, mas não sublinha os antecedentes e estratégias de enfrentamento da questão. Não adianta dizer que pode haver furacões, aumento do nível do mar, sem falar o que causa os fenômenos e o que pode ser feito, seja para mitigar ou se adaptar ao problema - esclarece Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI e responsável pelo estudo. Segundo o especialista, mesmo o percentual de textos que mencionam o que é uma mudança climática é muito pequeno. Apenas 1,1% dos textos esclarece esse conceito ao leitor.


Com base nos resultados da análise, Guilherme Canela ressalta que a mídia exerceu pouco sua função de monitorar as políticas públicas. "Se os especialistas apontam que o Brasil ainda não possui ações na área, isso não é desculpa. A imprensa não pode falar sobre o que não existe, mas pode fazer uma cobertura de cobrança", diz. De acordo com o estudo, dos 997 textos analisados, apenas 3% levantam a responsabilidade do governo, 0,9% do setor privado e 0,25% da sociedade civil.

Desenvolvimento fora do debate
A pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira revela que menos de 15% do material relaciona o tema à agenda do desenvolvimento, apesar da importância dessa conexão para o debate sobre a busca de soluções. Segundo a análise, a perspectiva ambiental é a principal forma pela qual a mídia reporta a questão (35,8% dos textos), seguida pelo enfoque econômico (19,7%).

- A partir de agora é importante diversificar a cobertura para além da perspectiva ambiental e científica, assim como dar a ela contornos nacionais, apresentando à sociedade brasileira não apenas de que forma as mudanças climáticas podem afetar o desenvolvimento socioeconômico, mas também diferentes estratégias para combater o problema - afirma Cristiane Fontes, da Embaixada Britânica.


Entre os pontos positivos mostrados pelo trabalho, de maneira geral os jornais diversificaram as fontes ouvidas, consultando diferentes categorias de atores. Poder público, especialistas, técnicos e universidades, empresas não estatais e governos estrangeiros foram os mais ouvidos. O estudo também salienta um volume expressivo de material opinativo na amostra analisada: 26,7% são compostos por editorais, artigos, colunas e entrevistas.

Oportunidades
Em suas conclusões, os organizadores da pesquisa consideram que os elementos ainda pouco abordados pela mídia podem ser encarados como oportunidades para manter o tema em foco daqui para frente. Inclusive com a perspectiva de que, em 2008, surgirão novas pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas para o Brasil, o governo começa a trabalhar na elaboração de um Plano Nacional de Mudanças Climáticas e será dada continuidade ao Mapa de Bali, resultado da última Conferência das Partes da Convenção do Clima que vai nortear as discussões para um acordo pós-2012.


Ao oferecer ao jornalista interessado um panorama sobre o atual diagnóstico da cobertura - além de trazer dados de vários estudos internacionais - a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira permite ao profissional de imprensa detectar quais são os pontos nos quais ele pode avançar. Ao mesmo tempo, os dados são relevantes para que as fontes de informação aperfeiçoem o seu diálogo com os meios de comunicação nesse debate.

Clique aqui para baixar a íntegra do estudo.

MATERIAL ESCOLAR NA AMAZÔNIA


Clique na imagem

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

DIANA


Pintura em óleo sobre tela do artista plástico Fernando França. Clique na imagem.

DE VOLTA PRA FOLIA ACREANA

Após 12 dias de aventura em dois rios majestosos da Amazônia, retornei hoje para Rio Branco e me dou conta que Carnaval é algo muito importante para o governo e o povo do Acre. Haverá uma solenidade durante a qual o governador Binho Marques apresentará, amanhã, às 11 horas, no auditório da Secretaria de Educação, a programação da "Folia na Arena - Carnaval como Antigamente".

O carnaval de Rio Branco neste ano será realizado no estacionamento do estádio Arena da Floresta. Começa no dia 1º de fevereiro com a escolha do Rei Momo, Rainha e Rainha Gay do Carnaval. Será encerrada todos os dias à meia-noite para não interferir no horário de funcionamento do carnaval dos clubes. A Folia na Arena terá dois horários, sendo o primeiro das 17 horas às 20h30, animado por marchinhas e músicas tradicionais. O segundo horário, das 21 horas à meia-noite, com os sucessos mais agitados do carnaval.

Difícil mesmo é a gente engolir a alegação do governo estadual de que a festa será transferida do Calçadão da Gameleira para o estacionamento do estádio por falta de espaço e por razões de segurança. O governo demorou quase cinco anos para fazer a descoberta, não? Está muito mal explicada essa versão, sobretudo se se confirmar que existe empresário com a expectativa de faturar alto com a venda de camarotes.

Bem carnavalesca é a decisão de reproduzir a fachada de casas antigas do centro histórico de Rio Branco, lá no estacionamento do estádio. Se já existe a rua verdadeira e as casas, por que reproduzir tudo em outro lugar? É desperdício de verba pública em benefício de quem vai faturar com o comércio, como a venda de camarotes, por exemplo.

Esse negócio dos camarotes é uma mina. Em Salvador, as coisas começaram assim. Hoje, pode custar quase R$ 10 mil passar o carnaval nas ruas de lá. Na Gameleira, era tudo bem mais democrático. Agora haverá uma nítida segmentação social: os ricos no camarote pra não se misturarem com o povão.

De antigamente, nem a falta de esperteza.

domingo, 13 de janeiro de 2008

DIÁRIO DO AMAZONAS


Nossa expedição mereceu a primeira página da edição de hoje do Diário do Amazonas. Pode não parecer triunfal, mas o jornal preferiu destacar que um problema no eixo da embarcação atrapalhou os planos dos 24 passageiros que demoraram nove dias para percorrer o rio Juruá de Cruzeiro do Sul (AC) a Manaus (AM).

- A embarcação, que chegou rebocada pelo Umuarama E25, ancorou ontem, por volta das 17h40 no Estaleiro Rio Amazonas (Eram) no bairro Santo Antonio, zona Oeste da cidade, depois de percorrer 4.435 quilômetros pelo rio Juruá - assinala o Diário do Amazonas.

Ou 222 horas e 20 minutos.


Pupunha


A "Árvore de Natal" de Coari (AM) é um monumento bem brega na praça mais movimentada da cidade e tem uma placa com a seguinte explicação: "Equipamento que tem por finalidade permitir a produção de óleo e gás de forma segura e controlada em poços de petróleo".


Cargueiro com gás viaja de Coari para Porto Velho (RO).


Amanhecência no Solimões, às 5h32, tendo a estrela-d'alva (Vênus) como guia.


Rio Solimões, às 6 horas


Amanhecer no Solimões, às 6h11.


Nem só de balsa vive o povo de Manacapuru (AM)


Temeroso de viajar pela segunda vez de balsa, o comunista Edvaldo Magalhães foi pedir a benção ao Redentor de Manacapuru.


Encontro das águas dos rios Negro e Solimões

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

COARI

Estou de passagem por Coari (AM), mas sem a mínima paciência para encarar a lentidão da lan-house Yasmin. Deve existir outra pior em outra margem de rio.

É possível que amanheçamos domingo em Manaus, pois inventaram de incluir Manacapuru no roteiro. Quem sabe alguém se antecipe e queira ficar por lá.

Recomendo que visitem o site do fotógrafo Odair Leal para ver belas imagens da viagem, no portifólio dele sobre a Amazônia. Clique aqui.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

CARAUARI


Após mais 58 horas ininterruptas de viagem aportamos em Carauari (AM), que possui menos de 30 mil habitantes. Ainda estamos distantes 786 quilômetros em linha reta de Manaus (AM), mas com a velocidade média que temos alcançado ninguém acredita que possamos chegar antes de segunda-feira na capital do Amazonas.

Quando o barco atraca, nos dispersamos logo após tantos dias sem pisar em terra firme. Consegui acessar a internet a partir do escritório do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) na cidade.

O deputado Juarez Leitão (PT) parecia estar um pouco emocionado ao encontrar comigo posteriormente no escritório. Ele presidiu o CNS de 1998 a 2002.

A sede da organização em Carauari foi adquirida durante a gestão dele, a partir de um projeto financiado pelo governo da Áustria.

O ex-seringueiro entrou no escritório de bermuda enquanto explicava ao filho Yago, de 9 anos, que quando esteve em Carauari pela primeira vez o mesmo não era nem nascido.

- Nesta região havia um trabalho forte da igreja católica, através do Movimento da Educação de Base, e nós viemos com o CNS para reforçar a luta dos comunitários. Tenho enorme satisfação de ter contribuído para que o governo FHC criasse a Reserva Extrativista do Médio Juruá, com mais de 500 mil hectares - disse Leitão.

No barco, o único instrumento de comunicação é uma fonia cujo alcance não ultrapassa 5 quilômetros, que serve apenas para falar com a tripulação de outros barcos que navegam na região. Temos telefone direto com algum satélite, mas muito raramente funciona.

Cooptação política
Embora estejamos sem assistir TV e acessar a internet, desde ontem o que mais se comenta no barco é a respeito do ex-governador Jorge Viana. Ainda convalescendo de uma cirurgia, as orelhas dele devem ter esquentado nas últimas 24 horas.

Circula a informação de que Jorge Viana foi contratado para o Conselho de Administração da
Aracruz Celulose. Acabo de conferir no blog De esquerda em esquerda, do sociólogo Rudá Ricci, a seguinte nota:

"Waldemar Rossi, ex-Oposição Metalúrgica de São Paulo e ex-Adminstrador Regional em São Paulo (gestão Erundina) divulga a seguinte notícia:

"A empresa Aracruz maior produtora de celulose do país, dona da maior área de monocultiva de eucalipto no país, e exportadora de 97% de toda sua produçao, acaba de contratar dois novos assessores para seu conselho de administração.

Claudio Padua, da ONG internacional WWF e o ex-governador do Acre, o petista Jorge Viana. Os novos assessores foram contratados, segundo a empresa, para os assuntos relacionados com a sustentabilidade dos negócios e incluindo investimentos estratégicos".

sábado, 5 de janeiro de 2008

EIRUNEPÉ


Demoramos exatas 50 horas ininterruptas de navegação de Cruzeiro do Sul (Ac) até Eirunepé (AM). O ambiente é belo e hostil. Existem poucos ribeirinhos até aqui, onde se concetra uma população de 32 mil habitantes. Nas duas margens do Juruá, o que a vista alcança é apenas floresta de várzea, botos, garças e casinhas cercadas de água e solidão.

Após três dias de viagem, os 23 passageiros do Igaratim-Açu seguem eufóricos. No convés, dois violonistas param de tocar apenas quando chove ou faz sol em excesso. Na sala-de-estar, os demais passageiros lêem, jogam dama ou dominó, enquanto parece se descortinar pela janela sempre a mesma paisagem.

A parafernália de pesca de Naluh Gouveia e Jair Santos, incluindo as 10 caixas de isopor com minhocas, chegou a tempo, mas peixe que é bom nada. O casal, o deputado Juarez Leitão e eu pegamos ontem uma voadeira e descemos o Juruá, na frente da lancha. Foi um fracasso a pescaria, pois apenas Naluh fisgou dois mandis e um candiru.

O Juruá está cheio e por isso impróprio para pescaria. Dizem que os peixes estão famintos e procuram as várzeas e as centenas de lagos imensos que começam a subir com a água que transborda do rio. Ontem e hoje tivemos que comprar peixe de pescadores mais habilidosos para variar o nosso cardápio à base de carnes e massas.

A sinuosidade das curvas do Juruá é impressionante e exige enorme perícia da tripulação para conduzir o barco que está sendo empurrado por um rebocador. O turno mais difícil é cumprido pela tripulação da noite, que se vale de dois faróis potentes para marcar o ponto de cada curva para que possamos seguir viagem sem trombar com a terra.
















Leia mais nos blogs do Edvaldo Magalhães e do Roberto Braña.

MEMÓRIA NECESSÁRIA

Walmir Lopes

Sempre tive alguma dificuldade para assimilar com clareza o que leva o ser humano a atentar contra a vida de seus semelhantes, por mais justificáveis que possam apresentar-se os fins (à exceção, claro, da legítima defesa da vida), tais como: legítima defesa da honra, estar sob efeito de forte emoção etc., além de outros mais torpes ainda, como vingança pura e simples por motivos banais (ou não), com a eliminação física dos desafetos, e por aí afora.

Os crimes de morte, por si só inaceitáveis, revestem-se de uma inaceitabilidade ainda maior quando concorrem para seu desfecho a tortura e a mutilação das vítimas, atrocidades que desembocam em verdadeira comoção social se houver, entre essas vítimas, um menor de idade.

Mas logo vem o Tempo e, com sua borracha discreta e silenciosa, vai apagando lentamente da memória qualquer traço que relembre os fatos passados, por mais trágicos, chegando-se enfim à indiferença total, cúmplice da impunidade e do incentivo à reincidência criminosa.

Tenho acompanhado por este seu blog, e agora também através do blog do deputado Edvaldo, postagens sobre uma série de crimes praticados num passado recente da história acreana, e que em função do medo ou da mera indiferença, sequer atraem os comentários dos leitores.
A princípio eu não entendia a razão dessas postagens. Seriam puro sensacionalismo, focando dividendos jornalísticos ou políticos? Ou seriam resultado de uma perseguição infundada?

Descobri, lendo a obra de um judeu romeno, vítima dos nazistas e Nobel da Paz, que não é uma coisa nem outra. É apenas uma forma de manter viva a memória e provocar incessantemente a Justiça, pois como disse Elie Wiesel, o mais famoso sobrevivente de Auschwitz, “a indiferença sempre ajuda os agressores, mas nunca ajuda as vítimas. E o que é a memória senão uma nobre e necessária resposta contra a indiferença?”.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

MARACUJÁ DE MACACO

Não dá para descrever o sabor. Apenas a doce lembrança de meu pai ao chegar em casa com essa fruta da mata, que a gente encontra nessa época do ano no mercado de Cruzeiro do Sul. Clique sobre as imagens.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

FATOR AMAZÔNICO


O fator amazônico começa a interferir no curso de nossa expedição. O eixo do barco quebrou em Ipixuna (AM), município a 12 horas de viagem de Cruzeiro do Sul.

Como o conserto é impossível lá, o barco terá que ser conduzido por um rebocador. A viagem, que seria feita numa velocidade de até 30 quilômetros por hora, será agora no máximo a 15 KM/hora. É certo que a viagem vai durar mais de 10 dias até Manaus.

O barco Igaratim-Açu e não Surára, conforme havia sido informado antes, saiu de Manaus às 15 horas de sábado 22 e chegou em Ipixuna após uma semana.


O Juruá corre para a plenitude de sua cheia, mas o rio é famoso mesmo é pela infestação de pragas como piuns, carpanãs, meruins e outros insetos menores e não menos danosos ao couro de quem o percorre.

Dizem que não adianta levar repelente e que a melhor roupa para se proteger dos insetos é aquela usada pelos apicultores. No Juruá ninguém perde tempo tentando matar pium ou carapanã. O trabalho mais eficaz é apenas passar a mão para remover as centenas deles que vão se apossando do corpo da gente.

- Pium e carapanã ataca a gente até quando o barco está navegando - diz a cozinheira.

É a primeira vez que o comandante do barco, Ocemir Guerreiro, viaja no Juruá. Além da quantidade de insetos, ele disse ter ficado "abismado" com a quantidade de troncos de árvores que descem e com a sinuosidade das curvas.

- O GPS fica tonto, enquanto a gente pensa que está indo em frente, mas na realidade fica avistando o rio após suas curvas. Parece que a gente não sai do lugar.

Existem 21 pessoas na expedição organizada pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do Acre. O ex-sindicalista Jair Santos, por exemplo, fará a viagem sem minhoca.

A companhia aérea se recusou a embarcar 10 quilos de minhocas que Santos trazia com a mulher dele, a ex-deputada Naluh Gouveia, atualmente conselheira do Tribunal de Contas do Acre. Aficcionada por pescaria, ela está capionga porque o marido não providenciou atestado fitossanitário das minhocas.


No que está sendo considerado o primeiro milagre da expedição, o deputado oposicionista Luiz Calixto (PDT) e o jornalista Leonildo Rosas, colunista político do Página 20, voltaram a se falar após um abraço por iniciativa do parlamentar.


A partida com destino a Manaus foi adiada para às 8 horas da manhã. Não sei quando terei acesso à internet novamente. Dependeremos do fator amazônico.

Inté.

IGARAPÉ PRETO


Já estamos em Cruzeiro do Sul e não deu para conter minha "inveja" dos banhistas quando passei pelo Igarapé Preto. Paramos para almoçar costela assada de tambaqui num dos restaurantes do balneário.

ADEUS, RIO ACRE


Realizarei um velho sonho, cultivado desde a infância: daqui a pouco viajarei para Cruzeiro do Sul (AC), a cidade onde nasci, no extremo-oeste do país, e ainda hoje serei navegante nas águas barrentas do Rio Juruá com destino a Manaus (AM).

O fascínio pela região do baixo Juruá herdei de meu pai, que era natural de Eirunepé (AM) e costumava contar muitas histórias dos anos da juventude dele como mão-de-obra barata em barcos nos rios Juruá, Negro e Solimões.

E o que é Juruá? Dizem que o vocábulo vem de iuruá, que significa, em guarani, “rio de boca larga”. Também significaria homem branco, barbado. Gosto mais da designação caracol, se referindo ao traçado do Rio Juruá.

Ele é o rio mais sinuoso da Amazônia. É afluente da margem direita do Solimões, com cerca de 3,3 mil quilômetros de extensão. Começa agora o período de águas altas e estarei na aventura de percorrê-lo entre duas cidades separadas por 1,4 Km de distância, em linha reta.

Sou um dos convidados das expedição organizada pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do Acre, presidida pelo deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), outro cruzeirense que há anos também sonhava em percorrer o caminho da ocupação de uma das regiões mais belas e de mais vida do planeta.

A viagem deve durar mais ou menos uns 10 dias e até lá espero ter boas histórias e imagens para compartir com os leitores. Dependerei apenas de encontrar ponto de internet nas cidades ribeirinhas que visitaremos durante a viagem.

Estaremos a bordo do Surára, que mede 24,80m, é movido por um motor de 480HP, tem cinco suites com banheiro, seis camarotes sem banheiro, dois banheiros (masculino e feminino) e pode acomodar
22 pessoas.

O comandante Edvaldo Magalhães também vai relatar no blog dele a aventura. Ele está empenhado em abrir um debate no Acre sobre hidrovias. Segundo Magalhães, em que pese o benefício do asfaltamento da BR-364, o Rio Juruá precisa de cuidados porque não perderá importância como rota de transporte de mercadorias e continuará sendo uma via fundamental de abastecimento.

- O Acre necessita apostar fortemente numa política hidrográfica que leve em conta a preservação das nascentes de seus rios, recuperação das matas ciliares, a desobstrução de canais em rios e igarapés, que são na maioria das vezes as únicas vias de acesso da população ribeirinha às cidades - afirma.

Leia mais no Blog do Edvaldo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

CONCERTO DE ARANJUEZ

Do compositor espanhol Joaquín Rodrigo (1902-1999), o segundo movimento do Concerto de Aranjuez, tendo Daniel Barenboim como regente da Orquestra Filarmônica de Berlim e John Williams no violão.

- Eu só queria que fosse bom. Que desse prazer - disse Rodrigo, duramente incompreendido ao postar um violão na frente de uma orquestra.

CONTRASTE URBANO

Meu amigo Davi Sopchaki, 19, estudante de engenharia florestal, fez a superposição de duas imagens: da foto de Rio Branco, tirada pela Força Aérea Americana no começo dos anos 50, com a imagem mais recente da cidade, disponível no Google Earth. Rio Branco tinha menos de 10 ruas a partir do Rio Acre. Clique sobre a imagem.



Sopchaki também fez uma animação:

FELIZ 2008



No alto, a ponte Juscelino Kubtscheki, sobre o Rio Acre, mais conhecida como Ponte Velha; abaixo, vista parcial do público na Praça da Bandeira, em frente ao Mercado Velho.

Comentário do Toinho Alves sobre o réveillon:

- Oi, Tino, a festa foi bonita, pá. Mas a Selma me disse que a banda estava um horror, tocou pouco tempo, com músicas de mil novecentos e antigamente, até umas duas ou três da Alcione com aquelas histórias de amor bregoso e choroso. Tomara que no próximo ano a banda esteja mais assim, tipo Jorge Benjor, com músicas alegres para entrar o ano e levantar o ânimo daquele mundo de gente que ficou na rua, madrugada adentro, querendo festa. Eu mesmo não vou ver, porque estarei no Rio, após correr a São Silvestre em São Paulo ou, quem sabe, em Paris. Sonhar não custa nada e abre novas perspectivas para o ano novo. Que, aliás, seja feliz para todos. Abraços, Toinho.

Mano Toim, a Selma fez uma crítica pertinente: a banda era de lascar nosso ouvido musical. Abriu com "As curvas da Estrada de Santos", acredite. E quase não parou de tocar Roberto Carlos. Como não sabemos o nome da banda, seria bom sabermos o nome de quem fez a escolha infeliz. Para mais mais fotos, clique aqui.