terça-feira, 9 de outubro de 2007

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO ACRE


Está no ar, desde ontem, o site da Agência de Notícias do Acre, do governo estadual. Seguem trechos (lead e sublead) da reportagem sobre a recepção do governador Binho Marques ao ministro da Educação, Fernando Hadad:

"Proveniente de Brasília, Hadad foi recebido pelo governador Binho Marques e os secretários de Esporte, Cassiano Marques, e de Educação, Maria Correia. Hadad cumprimentou os jovens atletas da Escola São José, de Cruzeiro do Sul, que ganharam medalha de ouro no voleibol na edição nacional dos Jogos Escolares 2007, na faixa etária de 12 a 14 anos.


"Parabéns. Você são exemplo (sic) de força de vontade”, disse o ministro ao time que venceu a Escola Nilton Lins, de Manaus (AM) por 3 a 2 na decisão do vôlei masculino. “Queremos que o esporte seja um orgulho nosso”, disse o governador ao entregar o certificado do mérito esportivo. “É uma escola que nos traz alegria”, completou Maria Correia, secretária de Educação".

Batatinha quando nasce... É sempre um dasafio para o repórter fisgar a atenção do leitor e animá-lo a ler o restante de uma notícia, especialmente material oficial. Leia mais aqui.

DOIS LADOS DO BALCÃO

Assessorias e jornalistas, ainda uma relação controversa

Luciano Martins Costa

As relações entre a imprensa e as assessorias de imprensa sempre foram muito controversas. Jornalistas de redações muitas vezes se queixam do assédio de assessores mais afoitos, enquanto assessores consideram alguns jornalistas arrogantes e pouco receptivos a um relacionamento profissional. A tendência à integração entre os departamentos de comunicação e marketing em grandes empresas, colocando jornalistas e profissionais de relações públicas sob o comando de "marqueteiros", é um fator complicador desse quadro, na rotina do relacionamento entre agências de comunicação corporativa e a imprensa.

Mas nada se compara ao trabalho da gestão de crise, quando as assessorias de comunicação se juntam a consultorias jurídicas e empresas especializadas em investigação, como a Kroll Associates, no trabalho de preservar a reputação de seus clientes. Quem, como este observador, já atuou em crises de grandes empresas, sabe que a principal função dos profissionais contratados é esclarecer e isentar a empresa envolvida, evitando longas seqüências de notícias negativas, ou tentar "blindá-la", mantendo-a longe do noticiário sobre escândalos, por exemplo.

É o que faz há três meses o núcleo de gestão de crise da Gol, cujo fundador foi citado no escândalo que levou à renúncia o ex-senador e ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. O mesmo trabalho foi realizado pela Schincariol, no episódio de junho de 2005, em que seus diretores foram presos, e também agora, durante o processo contra o senador Renan Calheiros, no qual a empresa é apontada como beneficiária de gestões do presidente do Senado para reduzir suas dívidas junto ao INSS.

Em tempo recorde

O trabalho de gestão de crises exige profissionais com muita experiência e, principalmente, um rigoroso código de ética. Apesar do episódio ocorrido em 2004, quando foi acusada de promover escutas ilegais na disputa entre o Grupo Opportunity e a Telecom Itália, a Kroll é conhecida por estabelecer limites legais antes de firmar seus contratos. Crises mal administradas, ou conduzidas pelo critério da "esperteza", muitas vezes retornam algum tempo depois, com efeitos devastadores sobre a reputação da empresa ou instituição envolvida.

A rotina mostra que, na verdade, o que ocorre mais freqüentemente é a manipulação pura e simples do noticiário, operações de dissimulação baseadas em trocas de favores e a mistura de interesses que acaba influenciando as redações em benefício do cliente em crise. A julgar pelo que afirma um grupo de profissionais da TV Aldeia, de Rio Branco, no Acre, é essa prática que ensina a jornalista Solange Ramos, diretora da Rio Press Assessoria Empresarial.

Na quinta-feira (4/10), ao proferir um curso de assessoria de imprensa que costuma oferecer Brasil afora a preços entre 15 reais e 80 reais a cabeça, Suzana explicou aos jornalistas e estudantes presentes como funcionam os bastidores de um trabalho como esse.

Solange Ramos usou como exemplo de gestão de crise o caso do ator Marcello Anthony, da TV Globo, que em 17 de abril de 2004 foi preso em flagrante em Porto Alegre quando comprava maconha de um traficante que estava sendo observado pela polícia. Conforme explicou a assessora de imprensa, o episódio exigiu a reunião do comitê de crise da Globo, porque o ator estava escalado para ser o mocinho na novela Senhora do Destino, a estrear no mês seguinte. Um mocinho acusado de tráfico pelo Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul seria um desastre para o enorme investimento que a emissora havia feito.

Segundo o depoimento de pelo menos seis jornalistas presentes à palestra, que postaram voluntariamente textos no blog do jornalista Altino Machado, Solange Ramos quebrou o contrato de sigilo que normalmente se faz nos comitês de crise e revelou, em detalhes, a operação montada para resguardar e recuperar a reputação do ator e preservar a imagem da Rede Globo.

A estratégia escolhida foi a de praxe: redimensionar a acusação – o que foi feito pela assessoria jurídica da emissora, ao desqualificar a acusação de traficante para a de usuário eventual, apesar de o ator ter entregue um cheque de 400 reais ao traficante – e inundar a imprensa com notícias positivas sobre ele. A alternativa apontada pelos gestores de crise foi induzi-lo a adotar uma criança. Segundo o relato dos presentes, Solange explicou que a "sacada genial foi do próprio Marcello Anthony, que resolveu adotar um menino já grande e negro. Até que bonitinho, o negrinho", teria dito a assessora.

A assessora não poupou detalhes. Contou, segundo os jornalistas da TV Aldeia, que o então titular da Vara da Criança e da Juventude do Rio, o agora desembargador Siro Darlan, foi chamado para resolver o problema da urgência: como conseguir uma criança negra para adoção em tempo recorde? Segundo Solange Ramos, Darlan teria pedido, em troca de autorizar a adoção, uma aparição no programa Domingão do Faustão para divulgar seu mais recente livro.

O jornalista Luciano Martins Costa é articulista do Observatório da Imprensa. Clique aqui para ler o artigo completo.

JORNALISMO COMO FARSA

Renato Rovai

Ontem, segunda-feira, visitei logo cedo os sites que costumo utilizar como referência. Um deles é o Vermelho, portal do PCdoB. Trata-se de uma boa fonte informativa exatamente por ter uma pauta que vai além das questões partidárias.

Um dos destaques do site era uma matéria que tinha como referência o blog do jornalista acreano Altino Machado. Não conheço Altino pessoalmente, mas tenho boas referências do seu trabalho. Bem, o leitor que leu os textos anteriores já deve saber que matéria me chamou a atenção.

Exatamente a que tratava de uma suposta trama envolvendo o então juiz (e hoje desembargador) Siro Darlan, a Rede Globo e o ator Marcelo Anthony. Numa palestra, no Acre, uma suposta especialista em “gestão de crise midiática” havia contado essa história como um “case de sucesso”. Fiquei aterrorizado com o que li. A carta onde a história é contada pela tal Solange Ramos aparecia era assinada por outros seis jornalistas.

Fiz uma nota (o leitor pode lê-la abaixo) onde disse que o caso precisaria ser apurado, mas que o último a ser incomodado até que provas surgissem deveria ser o ator e sua família.

Quando escrevi meu post, a notícia já estava na rede. Até por isso postei citando as fontes, com o cuidado de colocar tudo na condicional, e comecei o trabalho de apuração. Afinal, se o que Solange Ramos disse fosse verdade, tratava-se de um crime gravíssimo.

Hoje, depois de ligar para todos, incluindo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde falei com um assessor do desembargador Siro Darlan que anotou meu nome, telefone e a história do caso, me convenci de que Solange Ramos é mais uma dessas pseudo-jornalistas que ficam vendendo cursos de auto-ajuda para falar de como se pode “operar” a mídia na base da picaretagem. Não vou dizer que nossa mídia comercial não dê motivo para isso, mas em geral esses oportunistas vendem o que não podem entregar.

Clique aqui para ler o post completo no blog do jornalista Renato Rovai, editor da revista Fórum.

ACREDITE SE QUISER


O poder induz a quem o exerce à perda muitas vezes do bom senso. No Acre, por exemplo, a Biblioteca da Floresta Marina Silva ainda não serviu à população, mas será inaugurada pela segunda vez em menos de um ano.

Na primeira vez, em dezembro, foi inaugurada com pompa pelo então governador Jorge Viana e pela homenageada Marina Silva, com a obra inacabada e computadores emprestados de uma faculdade particular.

A biblioteca permaneceu fechada ao público até agora, para conclusão da obra. Hoje, porém, o jornal A Gazeta anuncia que será reinaugurada pelo governador Binho Marques e pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.

Segundo o governo estadual, a biblioteca é um dos maiores complexos para estudos e pesquisas sobre a sustentabilidade, com mais de 1,8 mil metros quadrados e capacidade para mais de 40 mil livros e materiais didáticos.

O prédio de três andares utiliza acabamento em madeira. Está localizado no Parque da Maternidade.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

CAROS AMIGOS E AMIGAS


Vida longa à revista Caros Amigos: Michaella Pivetti (editora de arte), Mylton Severiano (editor executivo) e Sérgio de Souza (editor)


A mão de Tiago Artaxo, filho da atenciosa jornalista Vera Artaxo


E longa prosa sobre a vida com a cientista política Margrit Dutra Schimidt

PICARETAGEM NA COMUNICAÇÃO

Destaque para o comentário deixado aqui pelo jornalista Antonio Alves, do blog O Espírito da Coisa:

"O blog do Altino não reproduziu nenhuma fofoca. Divulgou uma narrativa, assinada, revelando os termos antiéticos do curso oferecido por D. Solange.

Em nenhum momento o pessoal da TV Aldeia condenou o ator da Globo. Até levantaram a possibilidade de que ele e o juiz estivessem sendo usados de forma indevida pela infeliz palestrante.


A simples análise das datas da adoção não garante prova de culpa nem inocência. A carta do Itaan Arruda Dias é muito bonita, mas parece ter sido ditada por uma emoção derivada de um pré-julgamento.

De qualquer forma, para um debate sincero e fraterno, mais vale "errar" assinando seu próprio nome do que "acertar" no anonimato.


Minha guerra contra a picaretagem na comunicação não começou hoje. Por mim mesmo, já teria terminado.

Mas tem uma nova geração querendo trabalhar e, por ela, ainda faço ao menos visagem. Meninos e meninas, não larguem o pé da D. Solange e de quem ficar ao lado dela".

Caro Toinho: teve um fato que merece ser registrado em relação ao post assinado por Surama Chaul, Tainá Pires, Mariana Dantas, Ilana Zannini, Andryo Amaral e Karoline Gurgel. Após a publicação, Tainá Pires telefonou para pedir que fosse suprimida a referência de que os seis signatários pertencem à equipe da TV Aldeia. Disse que não ficava bem citar o nome da emissora. Perguntei se ela se envergonhava de trabalhar na TV Aldeia. Ela respondeu que não se tratava disso. E então argumentei que relaxasse, pois o leitor perceberia que se manifestavam em seus próprios nomes e não em nome da emissora. Ela insistiu para que mudasse e encerrei a conversa dizendo que não faria a mudança por julgar que a referência era necessária para o leitor. E assim ficou, com reforço de uma nota minha no final do texto. Fico pensando o que Tainá Pires sentiu ao ler o Aníbal Diniz se declarar "orgulhoso da postura corajosa" que tiveram por não compactuarem com o preconceito e a falta de ética de Solange Ramos. E, ainda, o que sentiu ao ler a carta do Itaan Arruda Dias. Por que Tainá Pires insistiu tanto para ocultar o fato de que os seis signatários são da equipe da TV Aldeia?

EVITE COMPRAR NAS AMERICANAS

A pedido do Dan Jaccoud Machado, meu filho, no dia 25 de setembro acessei o site das lojas Americanas e paguei R$ 149,00 por um tênis Adidas modelo SL 72, além de R$ 44,00 como despesa com Sedex, para que o produto fosse despachado para Rio Branco. A compra custou R$ 193,00. Acreditem: hoje faz 13 dias de espera. E quando acesso o site para saber a respeito da situação do pedido o que aparece é a surrada mensagem: "Sua entrega está com a transportadora, em breve você receberá sua(s) mercadoria(s)". Hoje, mantive o seguinte diálogo com uma pessoa do atendimento online:

Mariana Barros
Olá Altino Machado. Em que posso ajudar?

Eu
Comprei no dia 25 de setembro um tênis e pedi para que fosse entregue no Acre.

Mariana Barros
Altino qual o número do pedido?

Após informar o número do pedido, a atendente prosseguiu:

Mariana Barros
Altino, seu pedido tem previsão de entrega para hoje, até as 20h00. Pedimos gentilmente que aguarde este prazo.

Eu
Mas não faz sentido. Paguei 44 reais para que o produto fosse entregue via Sedex, que não demora tanto. Além disso, todas as vezes que tenho consultado, vocês dizem que vão entregar no dia. Foi assim a semana passada inteira.

Mariana Barros
Altino peço gentilmente que aguarde o prazo de entrega informado acima.

Eu
Moça, o produto foi enviado por Sedex ou caminhão? Vocês cobraram 44 reais pelo Sedex e não temos greve de carteiros. No Acre, os Correios não funcionam até 20 horas. Não sentido pedir outra vez para esperar até as 20 horas. Quero fone ou e-mail para falar com o seu supervisor.

Mariana Barros
Altino sua entrega foi enviada via sedex. Peço que entre em contato conosco através do telefone 11 4003-4848.

Eu
Você pode me dizer o número identificador do objeto no Sedex?

Mariana Barros
Altino, consta em meu sistema que seu pedido já está em rota de entrega. Peço gentilmente que aguarde a entrega.

Eu
Paguei o produto no dia 25 de setembro. Quero saber por que não entregaram atá agora e por que me cobraram 44 reais por Sedex, sendo que parece que o tênis foi despachado em caminhão de transportadora. Ponha-se no meu lugar, Mariana.

Mariana Barros
Altino, entendo, e peço desculpas pelo transtorno causado.

Eu
Então passe o número identificador do objeto, para que o destinatário procure a encomenda no Sedex em Rio Branco ou para que eu mesmo acompanhe a situação da entrega no site dos Correios.

Mariana Barros
Altino, não possuo esta informação em meu sistema.

SOLANGE RAMOS FALOU DEMAIS

De um repórter da sucursal do jornal O Estado de S. Paulo no Rio:

- Nós corremos atrás das informações da palestra de Solange Ramos no Acre e verificamos que elas não batem. Quando o ator Marcelo Anthony foi preso, já tinha adotado o garoto, seis meses antes. Ao adotar a segunda filha, foi em 2005, muito depois da prisão. E o processo de adoção transitou na Justiça de São Paulo. Siro Darlan deixou a Vara da Infância em novembro de 2004. Nada bate. Portanto, acho que a assessora falou demais e pode acabar sendo processada.

Meu comentário: Marcelo Anthony foi preso na madrugada de 17 de abril de 2004. De fato, ele havia adotado Francisco em setembro de 2003. Em outubro de 2005, conseguiram a guarda definitiva de outra menina, Stephanie, de 5 anos. Amanhã, quando a edição do Observatório da Imprensa for atualizada, o leitor encontrará um artigo do jornalista e escritor Luciano Martins Costa. Ele trata da polêmica, dando esses dados e creditando tudo a Solange Ramos e discutindo o papel das assessorias de imprensa. Leia mais no blog do jornalista Renato Rovai, editor da revista Fórum.

sábado, 6 de outubro de 2007

CARTA A MARCELO ANTHONY

Itaan Arruda Dias

Caro Marcelo Anthony,

Gostaria de te escrever um texto cujo título fosse "Carta a um jovem pai", parafraseando o título de um clássico de Rilke. Não consigo e tu vais entender o porquê.

O episódio protagonizado pela Sra. Solange Ramos em palestra proferida no Acre já foi analisado de forma competente por Aníbal Diniz, Antônio Alves, Cássia Cortez e os jornalistas da TV Aldeia. Não falarei, portanto, sobre a inconveniência da postura anti-ética da "jornalista". Não falarei sobre o contexto de crise pelo qual passa o jornalismo brasileiro. Não falarei sobre a ausência de verdades comprometidas com a construção da cidadania, exposta em cada "lead".

Falarei sobre o pai que tu não és, Marcelo. Desculpe-me a franqueza, mas o filho que carregas na foto que ilustra o post "Solange Ramos causa mal-estar" não é teu. Ele é fruto de uma artimanha. Ele é filho de um cálculo. Cartesiano. Frio. Matemático.

Meu nome é Itaan Arruda Dias. Sou pai adotivo. Tenho quatro tesouros em minha vida: Alessandra (esposa), Bárbara, Beatriz Maria e João Batista. Por mim, eles são adotados. Todos os filhos devem ser adotados, Marcelo, sejam eles gerados nos ventres de nossas mulheres ou não.

Conheço muitos jovens que foram gerados em ventres cívicos e católicos, mas que não são adotados no dia a dia da relação sempre conflituosa entre pais e filhos. Em outras palavras, meu caro ator de apressado ato, o amor gera a adoção. E isso é tudo.

Sendo fiel à versão ditada pela assessora, exposta em palestra oferecida aqui no Acre, tu aceitaste uma condição maldita para ser pai. Quem ama, não calcula, Marcelo. Ou aceito a versão da “jornalista” e te execro como pai; Ou tu tens que combinar com ela outro argumento, menos lógico e mais humano. Ou (o que seria melhor ainda) dizes para mim que é tudo mentira dela e a foto da criança ao teu lado conquistará em mim outro colorido.

A criança é linda. Forte, saudável e, ironicamente, muito parecida fisicamente com o meu João Batista. Não sei o nome da criança. Nem quero saber. Não quereria nem mesmo ter visto o olhar triste dela. Pela versão da assessora de ética torta, o teu braço vazio carregaria pecados mais leves. Pela versão da assessora estrategista, não posso escrever um texto intitulado “Carta a um jovem pai” porque tu não adotaste com o coração. Essa é a condição primeira para amar.

Hoje, tu podes até nutrir afeição pela criança, Marcelo: o dia a dia acaba nos envolvendo mesmo. Parece que o amor tem lá as suas doses de calo também. Mas, fica em mim a dúvida incômoda: quando o menino que carregas na foto exposta ao Brasil brinca no parque com as outras crianças, tu consegues te lembrar da reunião de gabinete em que ele foi gerado? Sou capaz de me retratar sem nenhum problema, caso a versão da assessora estrategista seja desmentida.

Abraço-o fraternalmente

Itaan Arruda Dias é jornalista, assessor de imprensa do governador Binho Marques. Enviou o texto ao blog com a seguinte observação: "Altino: escrevo como pai, não como assessor".

O PACO-PACO DO BERÉ

José Carlos dos Reis Meirelles

Para quem não sabe, paco-paco é uma árvore que cresce na beira de todos os rios do Acre, também conhecido como algodoeiro. É madeira mole, levíssima e que tem muitas serventias. Cortado em pedaços pequenos, dá excelente bóia de malhadeira, cortado em toras, é madeira usada para fazer balsas quando não existe canoa para travessia de um rio ou igarapé de repiquete. As crianças, índias e brancas, fazem pequenas canoas e ubás de seu âmago mole e bom de trabalhar. Suas folhas servem pra cobrir a carga em viagens no verão, quando a chuva inesperada chega. Sabendo usar e fazer, sua casca dá boa corda.

E assim o paco-paco vai paco-pacando sua vidinha leve e tranqüila, com as raízes fincadas nos barrancos dos rios, satisfeito com suas utilidades. O Beré, mateiro da Frente Envira, sabedor de todas elas, recentemente descobriu outra, inédita.

Pois bom, Beré estava voltando para casa com o Chicão, de uma caçada num sábado, de canoa. Nestas horas o mateiro cansado de andar e carregar a caça nas costas, vem com aquele olhar perdido no horizonte. De um olho só. O outro vem conferindo o barranco. Um olho na banana e outro na irara! Por lá tem índio isolado, flechadas. Mas ninguém consegue ver através da vegetação da beira do barranco. São inúmeras espécies de plantas barranqueiras disputando a luz do sol, criando um muro verde na beira. O paco-paco do Beré, também está nesta disputa, jovem ainda, um palmo de roda, planejando crescer, florar e despejar suas flores no rio para encher o bucho das pirapitingas.

De repente um tiro! A água, bem do lado do Beré é espalhada pelo chumbo, que passou muito próximo de suas costas. O Chicão acelera o motor e chega logo em casa. Passado o susto, no outro dia, de manhã, o pessoal foi verificar o local do ocorrido. Ainda estavam lá alguns “índios isolados” que correram e deixaram uma flecha com as penas amarradas com linha de nylon 020 multicolor, que só tem pra vender no Peru, ou na Feira do Paraguai, em Brasília.

Foi aí que viram o paco-paco com a banda toda lascada por um tiro. O atirador deve ter acompanhado o movimento da canoa com a espingarda e na hora exata em que apertou o gatilho, o paco-paco do Beré estava ali, entre a linha de tiro e suas costas. Desviou a camaçada de chumbo o suficiente para que o tiro desse na água.

O Beré escapuliu, como se diz por aqui. Os madeireiros peruanos estão mandando “índios isolados” atirarem na gente. Não sei como o governo brasileiro pode negociar com o do Peru, para acabar com esta exploração irracional de mogno nas fronteiras dos dois países, protegendo seus parques, terras indígenas e “nóis que véve nas fronteiras”. Digo dos dois países porque os patrícios peruanos, vez por outra, invadem nosso território para roubar mogno.

O que sei, e principalmente o Beré sabe, é que até agora podemos contar mesmo é com a proteção do santo paco-paco.

O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles é chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

SOLANGE RAMOS CAUSA MAL-ESTAR

Jornalista revela durante palestra sobre gestão de crise: em troca da divulgação de um livro no programa Domingão do Faustão, o magistrado Siro Darlan facilitou a adoção de uma criança por Marcelo Anthony, para melhorar a imagem do ator, após o mesmo ter sido flagrado com maconha


Por Surama Chaul,
Tainá Pires, Mariana Dantas, Ilana Zannini, Andryo Amaral e Karoline Gurgel

Caro Altino,

esteve aqui em Rio Branco, ontem, trazida por Fred Perillo, uma jornalista do Rio chamada Solange Ramos, da Rio Press Assessoria Empresarial, para ministrar uma rápida oficina sobre assessoria de imprensa, jornalismo empresarial e gestão de crise. Pois bem, eu (Surama) e parte da equipe de jornalismo da TV Aldeia fomos assistir à última palestra. Lá pelas tantas, a criatura usou como exemplo de gestão de crise o caso do ator Marcelo Anthony quando foi pego pela polícia portando maconha.

Falou com todos os detalhes que uma empresa, que cobra de R$ 80 mil a R$ 100 mil reais para resolver uma questão dessa natureza, a convidou como assessora de imprensa para participar da equipe contratada pela Rede Globo porque o ator estrearia dali a um mês a novela "Senhora do Destino", com o papel de mocinho. Segundo ela, o dono da empresa, cujo nome não recordo, teria sugerido a Marcelo Anthony, que adotasse uma criança. E como adotar uma criança num curto espaço de tempo? Siro Darlan, claro, Juiz da Vara da Infância e da Juventude do Rio teria sido procurado pelo tal dono da empresa especializada em gestão (repito, da qual essa criatura fazia parte) e, segundo ela, o juiz disse que teriam que esperar os trâmites legais para adoção.

Foi quando o dono da empresa perguntou o que Siro Darlan queria para dar a adoção e o juiz então respondeu, segundo ela, que estava lançando um livro e o tal dono teria oferecido um espaço no programa do Faustão para a divulgação, o que teria sido imediatamente aceito pelo juiz, que assinou o papel dando a adoção ao ator. Mas a "sacada genial", ainda segundo ela, "foi do próprio Marcelo Anthony, que resolveu adotar um menino já grande e negro, até que bonitinho, o negrinho". E continuou: "e aquele bobo do Faustão ainda deu o maior espaço pro Siro enaltecendo sua figura. Vocês sabem quanto custa 30 segundos no Faustão? Mais de R$ 500 mil reais. Isso é lindo gente, lindo, gestão é isso...".

Aliás, "isso é lindo" foi a frase usada o tempo inteiro a cada "conquista" do processo. A mulher de Marcelo Anthony, a atriz Mônica Torres, foi tratada como "aquela cara de maracujá seco, aquela mulher horrorosa, que já foi casada até com José Wilker, porque vamos combinar gente, aquela mulher é horrorosa". Ficamos chocados com tanta falta de ética de uma mulher que falava para jornalistas, a maioria estudantes. Para ela, falta de ética, corrupção e racismo não tem nada demais, vale tudo por dinheiro. Resolvemos abandonar a sala e ela ainda perguntou ao primeiro que saiu se estava chocado, ou seja, ela sabia o que estava falando.

Não estamos aqui sendo moralistas, mas se é pouco louvável o que o ator fez, se é que fez, adotando uma criança com essa finalidade, se o país é corrupto, como ela fez questão de frisar, "querida, estamos no Brasil", o pior é multiplicar, propagar a corrupção e a falta de ética como instrumentos de trabalho. É repugnante. E o triste disso é que muitos dos presentes estavam se divertindo com os termos pejorativos de uma pessoa que vem do Rio de Janeiro, achando que estava falando para um bando de ignorantes (e talvez muitos sejam mesmo) que vão sair dali sabendo como é que se faz e que armas devem ser usadas numa gestão de crise.

Pode até ser que haja muita podridão, e há, mas daí fazer disso exemplo, um hábito, um ensinamento para quem está começando sua vida profissional... Bom, fica aqui nosso protesto contra uma pessoa que envergonha a classe e é mais uma daquelas que vem aqui sem conhecer a realidade do lugar achando que só porque não há shopping na cidade "nós vamos adorar quando conhecermos um porque é lindo...".

Agora, a pergunta que não quer calar: o que fariam Siro Darlan, um dos juristas mais respeitados do país e o ator Marcelo Anthony, se soubessem que o caso deles anda servindo de exemplo nas palestras ministradas por esta senhora país afora, ao custo de R$ 80 reais por cabeça? Se é que ela dá palestra país afora ou talvez escolha os lugares "tupiniquins" que não têm shopping para falar as sandices que falou. Porque, como bem disse ela mesma, logo no começo do curso, o importante no jornalismo é vender. Isso é "lhindooooo", na maneira carioca de ser. Aliás, no site Assessoria de Imprensa, da palestrante, está anunciado cursos iguais ao que deu aqui ao preço de R$ 15,00 para Rio e São Paulo.

Foi a palestra mais nojenta e preconceituosa que assistimos. Por isso, não tivemos estômago para ficarmos até o final da aula.

Surama Chaul, Tainá Pires, Mariana Dantas, Ilana Zannini, Andryo Amaral e Karoline Gurgel são da equipe de jornalismo da TV Aldeia.

GEOGLIFOS E POVOS DA TERRA FIRME


Está na última edição da Revista de Arqueologia o artigo "Geoglifos da Amazônia ocidental: evidência de complexidade social entre povos da terra firme", de Denise Schaan, Martti Pärssinen, Alceu Ranzi e Jacó César Piccoli. Veja a conclusão deles:

"Atualmente trabalha-se com diversas hipóteses: de que os geoglifos eram locais cerimoniais, aldeias fortificadas, ou locais de encontro. Ou talvez todas essas coisas, tendo em vista sua variabilidade. Sua geometria perfeita indica seu caráter francamente simbólico: denota a maneira correta de construir assentamentos ou praças cerimoniais, implicando aí talvez a intenção de seguir as diretrizes deixadas por espíritos ancestrais. Em junho de 2007 iniciamos as escavaçõesdentro do projeto Natureza e Sociedade na História da Amazônia Ocidental, resultado de uma cooperação entre pesquisadores brasileiros e finlandeses, ligados ao Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Acre e Universidade de Helsinque. Uma vez que os estudos apenas se iniciaram, ainda não possuímos dados sobre estruturas arqueológicas e cultura material existente nas áreas intra-sítio, atualmente sob investigação. Entretanto, o levantamento regional até agora realizado, ainda que incompleto, já possui o potencial de questionar a tão propalada inferioridade numérica e dispersão social dos povos de terra firme. Seja o que for que os construtores de geoglifos pretendessem com suas obras monumentais, eles estavam organizados regionalmente, obedecendo a lideranças e esquemas culturais de âmbito regional. Até que possamos entender exatamente qual seu tipo de organização regional não poderemos dizer se seriam cacicados centralizados ou se possuiriam uma organização mais heterárquica, como a dispersão de sítios de mesmo formato e tamanho parece sugerir. Mesmo assim, tal configuração é bem diferente das sociedades de terra firme descritas pelos etnógrafos do século XX e consideradas em inúmeros artigos de Betty Meggers como o retrato fiel da vida pré-colonial.".

Clique aqui para baixar o artigo. E aqui para saber mais sobre os geoglifos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A CORUJA DO SOCÓ


Coruja (nanquim e aquarela sobre papel 100 x 70 cm 2007) do artista plástico Fernando França, mais conhecido entre os amigos como Fernando Socó. Clique na imagem.

ÁLCOOL VERDE À MARGEM DA LEI


O deputado Moisés Diniz (PC do B), líder do governo na Assembléia Legislativa, questiona a recomendação do Ministério Público para que o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) suspenda imediatamente a Licença de Instalação da usina Álcool Verde, empreendimento que pertence ao consórcio formado pelo Grupo Farias, de Pernambuco, governo do Acre e empresários locais.

- Não haverá danos ao meio ambiente. O ar e a água serão preservados. A terra utilizada será das áreas de pastagens. A floresta permanecerá em pé. Onde está a degradação ambiental? - indaga o parlamentar.

Moisés Diniz bem que poderia ler, por exemplo, as páginas 5 e 6 do documento elaborado pela Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.

- Os defensivos agrícolas aplicados no cultivo da cana, em especial os herbicidas, são à base de organoclorados (extremamente nocivos à saúde, inclusive já utilizados em guerras, como “arma química”, hoje com utilização banida na maioria dos países). Esse problema pode ainda ser agravado em decorrência da lavagem de tanques de aplicação e da tríplice lavagem das embalagens dos herbicidas utilizados (a qual deverá ser feita, obedecendo à norma técnica específica). Nenhuma dessas possibilidades foi sequer mencionada no Estudo [de Impacto Ambiental], dada a sua superficialidade.

De onde vem a água


A promotoria observa que a Álcool Verde menciona o volume de água a ser captado para o processo industrial da empresa (110 m³/hora), porém não indica precisamente de onde será captada a água, e qual a capacidade de suporte hídrico da fonte. A empresa chega a mencionar que a água utilizada será proveniente do Igarapé Antônio Farias, o qual não existe na região.

- Há, também, menção à um poço para captação de água subterrânea, indicando a provável existência de aqüífero, que também não é referido no Estudo, e se existe, mereceria especial enfoque, pela possibilidade de contaminação, através do uso dos defensivos agrícolas que estão sendo e ainda serão utilizados em larga escala - acrescenta a promotora Meri Cristina Gonçalves.

Louvável a disposição de Diniz em propor audiência envolvendo a Assembléia Legislativa, Ministério Público, Imac e a empresa Álcool Verde, com o objetivo de esclarecer dúvidas. Ao contrário do que pensa o deputado, não se trata apenas de "tranquilizar a população", mas de agir dentro da legalidade.

Desconheço quem seja contrário à produção de etanol em áreas de pastagens no Acre, paradoxalmente, o maior empreendimento econômico articulado até agora pelo "governo da floresta". Mas ninguém pode admitir que o Grupo Farias queira fazer do poder público um escudo para se instalar, à margem da lei, na terra de Chico Mendes e Marina Silva.

Baixe aqui as recomendações do Ministério Público.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

ALÉM DA UMBIGOSFERA

Alexandre Inagaki


Amanhã, dia 4, blogueiros de todo o mundo participarão do "Free Burma!", movimento de protesto em favor da liberdade no país asiático (também chamado de Mianmá, ex-Birmânia). Se você não sabe do que se trata, saiba que, desde agosto, a população de Mianmá, liderada pelos monges budistas, protesta contra a ditadura imposta por um regime militar, em um movimento catalisado pelo recente aumento dos preços dos combustíveis e da cesta básica. Há anos, porém, o país sofre com a opressão imposta por seus generais: há centenas de prisioneiros políticos, dentre eles Aung San Suu Kyi, líder do movimento democrático e Prêmio Nobel da Paz de 1991. Além disso, casos de escravidão infantil são comuns em Burma.

A repressão às manifestações pacíficas que mobilizaram mais de 100 mil pessoas foi covardemente violenta. Um vídeo da CNN mostra homens desarmados sendo espancados por soldados.



Se você quiser participar do movimento "Free Burma" clique aqui e publique um post amanhã divulgando um dos banners da campanha. Você também pode colaborar com o wiki, acompanhar o Twitter da campanha, assinar a petição online e buscar mais informações no Último Segundo e nos blogs da Gabriela Zago e Tiago Dória.

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Está no ar o Nossa Opinião, iniciativa coletiva de um grupo de blogueiros que pretende discutir a cada semana temas de interesse público. A primeira pauta: doação de órgãos.

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Graças a uma campanha iniciada por Francisco Polo, criador do site Di NO a las bombas de racimo, que contou com o apoio massivo da blogosfera hispânica, o governo da Espanha acaba de anunciar seu comprometimento com a erradicação das bombas de fragmentação; deverá, pois, deixar de armazenar, fabricar e vender esse tipo de arma que vitima civis no mundo inteiro.

No Brasil, a mobilização mais efetiva de tal porte ainda foi a campanha "Xô Sarney", alavancada pela jornalista Alcinéa Cavalcante, do Amapá, que sofreu seguidos processos judiciais por causa das críticas desferidas ao senador José Sarney em seus posts. Outros blogueiros reconhecidos são Altino Machado, no Acre, e Cleber Toledo, no Tocantins, lidos religiosamente pelos principais políticos de seus estados. Será que um dia teremos a mesma relevância a nível nacional?

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O blogueiro Marconi Leal foi acintosamente plagiado pelo escritor e colunista do Jornal do Brasil Fausto Wolff. Quem comparar a crônica "Assalto", publicada por Marconi em seu blog no dia 16 de abril, com a coluna "Papo de velho, ladrão e intermediário", assinada por Wolff em 30 de setembro, fica estupefato com as semelhanças entre os dois textos. Mas triste mesmo foi a resposta de Fausto, publicada em sua coluna de hoje, qualificada como "triste" por Idelber Avelar e catalogada por Milton Ribeiro na categoria "nojo". Era de se esperar mais de um escritor já consagrado como Fausto Wolff.

O paulista Alexandre Inagaki escreve no blog Pensar Enlouquece.

SALVE JORGE

"Os médicos fizeram um buraco no meu crânio do tamanho de minha orelha"


Até completar 48 anos, no dia 20 de setembro, a única doença que tirou Jorge Viana de combate foi a malária que o atacou quatro vezes. Porém, duas semanas antes do aniversário, ele começou a sentir dores no ouvido esquerdo em decorrência de um neurinoma do acústico(leia mais aqui) - um tipo raro de tumor benigno cuja incidência na população é de 1 caso para 100.000 habitantes por ano.

Recuperando-se no Hospital São Luiz, em São Paulo, o ex-governador Jorge Viana, presidente do conselho de administração da Helibras, emociona-se ao afirmar que renasceu no sábado passado, quando foi submetido a uma cirurgia para a retirada de cisto que media 1,5 centímetro. E a emoção aumenta ao revelar que muito em breve vai pagar promessa à Nossa Senhora Aparecida, a quem implorou para iluminar a equipe médica que se dedicou ao caso dele.

- Em nenhum momento pensei que poderia morrer. O que me preocupava era ficar, por exemplo, com paralisia facial como sequela da cirurgia. Mas os médicos cuidaram de monitorar o nervo facial com um aparelho especial para não haver risco de lesão.

Os neurinomas do acústico são localizados profundamente no crânio, próximos a centros vitais. Embora não haja prova, estudos tentam correlacionar o neurinoma do acústico com traumas, doenças metabólicas ou hormonais e até a uso de telefone celular. Caso não tivesse sido diagnosticado a tempo, o problema de Jorge Viana envolveria risco de morte.

Na noite de sexta-feira, Jorge Viana e a companheira dele, a arquiteta Dolores Nietto, além do irmão, médico e senador Tião Viana, se reuniram com a equipe médica. O paciente pediu que os médicos falassem a verdade sobre os riscos da cirurgia. Para extirpar o tumor, havia duas opções de perfuração do crânio. E ele ajudou a equipe a tomar uma decisão ao perguntar a um dos médicos por qual perfuração ele optaria caso fosse operar o próprio pai.

- Os médicos fizeram um buraco no meu crânio do tamanho de minha orelha - compara Jorge Viana, referindo-se a uma cirurgia considerada de grande porte e técnica delicada, que durou seis horas, sendo quatro delas para perfurar o crânio. Além da retirada total do tumor, estava o desafio de causar o menor número possível de seqüelas nas estruturas próximas ao tumor - no nervo facial, no tronco cerebral, no cerebelo, nas artérias e veias e no nervo trigêmio.

O ex-governador poderá ter alta na quinta-feira, mas vida normal mesmo ainda vai demorar a mais de uma semana. Por um mês estará proibido de atividades físicas fortes. Ele sabe o quanto é idolatrado no Acre. Na semana passada decidiu distribuir um comunicado público sobre a doença e a cirurgia. Posteriormente, divulgou duas fotos em que aparece em recuperação, com meias e roupas de hospital.

- Agir com sinceridade e transparência numa hora tão difícil foi a melhor maneira que encontrei para retribuir o carinho, respeito e confiança do povo acreano. Aos poucos vou agradacendo a todos pelas orações. Mas meu agradecimento especial é para a padroeira Nossa Senhora Aparecida. Só Deus e ela para me livrarem mais uma vez de um perigo.

A visita que fiz a Jorge Viana demorou mais de uma hora. Dolores Nietto contou a angústia que viveu nas últimas três semanas. Serviu chocolate e, a pedido de seu companheiro, tirou duas fotos de nosso encontro. O procurador-geral de Justiça do Acre, Edmar Monteiro Filho, também o visitou. Para provar que o ex-governador está blindado, abriu os braços para exibir uma camiseta com a letra da canção "Jorge da Capadócia", de Jorge Benjor:

"Jorge sentou na praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo pensamento
Eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo
Meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
Sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem
Sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido
Com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de capadócia
Salve Jorge, salve Jorge
Salve Jorge, salve Jorge"

terça-feira, 2 de outubro de 2007

SEGURA NA MÃO DE DEUS


Ainda estou no saguão do hospital São Luiz, onde fiz uma paradinha para postar a foto acima, após agradável reencontro com meu velho amigo Jorge Viana. Ele está bem demais. Mais tarde conto para vocês o que Jorge Viana contou na presença de sua acompanhante e do visitante ilustre que chegou depois de mim e permanece lá no apartamento.



O ACRE NÃO EXISTE NO G1

Deve ser para alimentar as teorias de conspiração da comunidade "Acre is a lie", do Orkut, segundo a qual o Acre não existe, que o portal G1, da Globo, inventou de publicar um mapa sem o Estado. Mas o Aquiri é um estado de espírito. Só quem possui espírito consegue vê-lo. Então olhe no mapa outra vez, com os olhos do espírito. O Aquiri está lá com a sua luz. Só falta o nome.

ÁLCOOL VERDE PERDERÁ LICENCIAMENTO

Promotoria de Defesa de Meio Ambiente age com rigor após alertas deste blog a respeito do maior empreendimento no Acre

O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) terá que suspender imediatamente, por determinação da promotora Meri Cristina do Amaral Gonçalves, da Defesa de Meio Ambiente, a Licença de Instalação da usina Álcool Verde, o maior empreendimento no Estado, destinado à produção de etanol, na BR-317, próximo ao município Capixaba. Por ser considerado "inservível" à finalidade expressa na legislação ambiental, a promotoria exige que seja reavaliado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Grupo Farias, que lidera um consórcio no empreendimento, integrado por empresários acreanos e o governo estadual.


O Ministério Público do Acre determina que outro documento seja elaborado, obedecendo as diretrizes gerais estabelecidas pelos artigos 5º e 6º da Resolução CONAMA n.º 001/86, o qual traga consigo um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), pois do atual não consta essa parte, e que seja orientado ao proponente que o próximo estudo apresentado seja elaborado por uma equipe verdadeiramente multidisciplinar. As mesmas exigências envolvem o processo de licenciamento do cultivo da cana, para o qual é necessário, também, Estudo de Impacto Ambiental.

"Formação de uma equipe interinstitucional para avaliação do futuro Estudo de Impacto Ambiental, a ser apresentado, desde já salientando-se a inafastável necessidade de participação do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), justificando-se tal medida pelo fato do Imac estar ligado à Administração Direta do Estado", exige a promotoria, assinalando que o governo estadual é também "parte interessada na consecução das licenças".

Segundo Meri Gonçalves, a participação do órgão federal daria maior legitimidade ao processo, bem como a indispensável participação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para a análise dos aspectos referentes ao patrimônio histórico e cultural da região, onde está situada parte do sítio arqueológico dos geoglifos do Acre.

A promotora de justiça quer que o processo de licenciamento da área agrícola, ou seja, do cultivo da cana, também seja objeto de Estudo de Impacto Ambiental, uma vez que se trata de projeto agrícola, acima de 1000 hectares, para o qual a Resolução 237 do CONAMA exige elaboração de EIA-RIMA. "Dispensá-lo ou substituí-lo por outro mais flexível, menos complexo, sujeitará o empreendimento à possibilidade de embargo judicial, através de ação civil pública".

O Imac terá que estabelecer aos empreendedores que nova Licença de Instalação somente será deferida após a apresentação de Estudo de Impacto Ambiental adequado à legislação ambiental. Obedecendo ao princípio da informação, inerente ao direito ambiental, o Imac terá que dar publicidade dos atos de licenciamento do empreendimento a toda sociedade, uma vez que o meio ambiente se caracteriza como bem de interesse público.

As instituições financiadoras do empreendimento serão informadas pelo Imac sobre a atual situação do processo de licenciamento, para que possam adotar as medidas que lhe forem cabíveis. O Imac terá que cientificar o MPE, através da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, de todos os seus atos subseqüentes ao recebimento do documento, no prazo de 10 dias, explicitando todas as providências e medidas efetivadas no sentido de cumprir as orientações.

O não atendimento das exigências resultará no ajuizamento de medidas judiciais civis e criminais ou até mesmo ação civil pública por improbidade administrativa em decorrência do ilícito de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, considerando que as licenças já foram expedidas em completo desacordo com a legislação ambiental.

Melhor que uma nota resumida é clicar aqui para ler o documento da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente. É uma peça que contém críticas consistentes aos empresários e ao "governo da floresta" por desrespeito à legislação ambiental. Sendo assim na terra de Chico Mendes, Marina Silva, Jorge Viana, Tião Viana, Binho Marques e de tantos outros supostos ambientalistas oficiais, dá para se imaginar como é nas demais regiões do país.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

JORGE VIANA CONVALESCE


O ex-governador Jorge Viana recupera-se no Hospital São Luiz, em São Paulo, da cirurgia para extração de um cisto no nervo auditivo do ouvido esquerdo. Ele permanecerá internado até a quarta-feira. Hoje de manhã, caminhou um pouco pelo corredor, sentiu tontura própria dos dias pós-anestesia geral e voltou para o repouso recomendado pela equipe médica. Clique sobre a imagem para conferir detalhes do visual temporário do presidente do conselho de administração da Helibras. Parece vovozinha.