domingo, 8 de outubro de 2006

VANESSA EM PAZ



"Caro Altino

Participei da homenagem que foi prestada à pesquisadora portuguesa Vanessa Sequeira, assassinada no Acre há um mês, quando preparava sua tese de doutorado.

Fui convidado por José Carlos, meu pai, que conheceu a pesquisadora no Centro de Yoga que frequentavam em Rio Branco.


Aceitei prontamente o convite e compareci ao Café da Carol porque me comovi muito com o caso e acompanhei a repercussão através do seu blog.

Quando cheguei, por volta das 9h45, já estavam quase todos lá.
O ambiente, que é muito bonito e agradável, contribuiu para a paz de todos os que compareceram ao evento.

Formamos um círculo de cadeiras e cada um se apresentou, dizendo o nome, o que faz e de onde conhecia Vanessa.
Um dos amigos dela levou um violão e tocou algumas músicas que traziam a sua lembrança.

Caminhamos silenciosamente pelo campo. Cada um fazia a sua reflexão sobre o ocorrido. Foram colhidos vários objetos que lembravam Vanessa.


Uma de suas amigas trouxe um ovo. Segundo ela, Vanessa costumava comer ovos todos os dias. Depois que vários objetos foram reunidos, nos servimos do café da manhã. Já era meio dia.

Para mim, ficou a lição de que a vida pode se esvair a qualquer momento e até de uma forma muito banal. Vanessa estava no local errado na hora certa, pois, como todos assinalaram durante a reunião, é muito seguro trabalhar no interior da Amazônia, onde o povo é receptivo.

Um abraço

Davi Sopchaki"


"Caro Foster, amigos e colegas da Vanessa

Tenho certeza que Vanessa estará em espírito com vocês, bem como nós da família o estaremos também.

Faz bem compartilhar as memórias e estórias vividas junto a ela, e também de rirmos juntos e acharmos nova esperanca, nova perspectiva para continuarmos nos nossos caminhos.

Desse pensamento também surgiu a idéia de um website em homenagem à Vanessa. Vejam aqui. O primeiro passo foi feito e estão online imagens que se trocaram nas últimas semanas.

Mais conteúdo será adicionado nos próximos tempos. Gostaríamos muito que ali comparecessem também imagens e lembranças deste encontro em Rio Branco.


Por enquanto, mando-vos grandes abraços em nome da família toda.

Nathalie Sequeira"

Davi Sopchaki é acreano, tem 18 anos, estuda engenharia florestal e é fotógrafo amador. Nathalie Sequeira é irmã de Vanessa e vive na Áustria. No arquivo de setembro deste blog está o registro da repercussão do assassinato da pesquisadora portuguesa.

SANHAÇU NO NINHO

sábado, 7 de outubro de 2006

SEU HÉLIO MELO NA BIENAL

Neste sábado, acontece a abertura da 27ª Bienal de São Paulo, que terá como destaque o artista acreano Hélio Melo (*1926 - †2001). Há mais de 20 anos a Bienal, que nesta edição tem como tema "Como viver juntos", não apresentava um artista popular.

Segue um vídeo de 1m28s no qual Hélio Melo fala da seca de 1977 e declama o poema Pirarucu. O trecho do vídeo foi cedido pelo documentarista Sílvio Margarido. Faz parte do documentário "A peleja de Hélio Melo com o Mapinguari do Antimary", dirigido por Margarido, Danilo D'Sacre, Dalmir Ferreira, Ivan de Castela e Jorge Nazaré.





O AVESSO DA SERINGUEIRA


Walquíria Raizer

Entro na sala e encontro um Gregório Filho aflito:

- Walquíria, elas estão no hotel. Resolva!

Conheci então a coordenadora do Rumos Itaú Cultural, Aracy Amaral e a curadora Lizette Lagnado, que selecionavam trabalhos de jovens artistas pelo Brasil.

Fizemos périplo básico no Acre: visita aos painéis do Maquesson, no Teatrão, ateliê do Dalmir, Casa da Leitura da Gameleira, conversa com os artistas plásticos, Casa da Leitura Chico Mendes, onde as visitantes se encantaram com o tirar de sandálias das crianças, a Usina de Artes, a sala projetada pela Bia Lessa no Palácio Rio Branco, o Museu da Borracha...

- Quem é esse?

- É o "seu" Hélio. Quero dizer, o artista acreano Hélio Melo.

Meses depois a Lizette Lagnado apresenta projeto para a Fundação Bienal e vence. É a curadora-geral da 27° Bienal de São Paulo, que é internacional, mas ela não fala nas entrevistas por achar meio out. O projeto dela vem quebrar paradigmas e deixa a crítica em polvorosa. Aborda três lugares: São Paulo, Recife e o Acre!

Um artista popular, do Acre? Há mais de 20 anos a Bienal não apresentava um artista popular.

O tema da 27° Bienal é "Como Viver Juntos", como enfrentar as fronteiras interiores, viver junto respeitando o outro, o seu jeito de ser. O "seu" Hélio Melo, o artista plástico acreano está em destaque na Bienal, com sua técnica peculiar, que utiliza extrato de folhas em sua pintura é um popular, sim. Mas o "seu" Hélio faz a crítica social, a crítica à devastação da Amazônia, aos (des)valores implantados, uma crítca contemporânea.

O projeto necessitava de algo vivo, de artistas vivos. Daí a idéia de convidar artistas do mundo, para que fizessem residência nos três Estados e produzissem sua arte.

No Acre, tivemos a arquiteta eslovena Marjetica Portc. Ela quis conhecer nossas construções, moradias. Ela mostrou seu trabalho aos artistas plásticos, arquitetos e universitários e trabalhou muito durante um mês e meio.

A outra foi a desenhista canadense Susan Turcot. Mostrou também o seu trabalho sonoro-visual para uma grande platéia, andou de bicicleta pelas ruas de Rio Branco, ministrou oficina para interessados e aprendeu com eles.

Nesse meio tempo, um artista grego, o Zafos, soube do burburinho e quis vir sem apoio de residência. Queria "ouvir" o som que se ouve no Acre. Ficou dois dias andando com o Gesileu Salvatore.

O terceiro artista residente foi o colombiano Alberto Baraya, aquele que fez uma seringueira de látex em tamanho natural, no Parque Capitão Ciríaco. Também fiz essa cara quando me falaram do projeto.

O Baraya falou de seu histórico, da sua arte, o que pretende com ela, ministrou oficina, enlouqueceu os ajudantes de carpintaria - foi necessário construir um andaime ao redor da seringueira para que ele pudesse revesti-la com leite, quer dizer o látex.

Neste sábado, quando a grande exposição for aberta ao mundo, em São Paulo, seria ótimo se todos os acreanos pudessem estar lá. Mas sabemos que não é possível. Fica aqui o registro de que não temos fórmula e não sabemos a resposta. Mas é ótimo saber que o nosso jeito consegue provocar perguntas.

Como viver juntos? Não sei. E penso que o Acre também não sabe. Mas acho que é assim, tentando entender porque construímos as casas desse e não daquele jeito, desnudando o nosso olhar sobre nós mesmos, vendo ali no centro da cidade o "avesso da seringueira exposta", que a gente pode conseguir encontrar o "como".

Walquíria Raizer é cientista social, cronista e poeta. É dona do blog Um caso poético.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

DESCICLOPÉDIA

Wilkipédia, a enciclopédia livre na web, todo mundo já conhece. Agora surgiu a Desciclopédia, enciclopédia também livre, mas recheada de desinformação e inutilidades.

Pesquisei por "Acre" e, além da hilária versão de nossa história, encontrei frases atribuídas a famosos sobre o Estado:

“El Brasil trocó el Acre por un caballo!"
(Evo Morales)

“Eu aceito o cavalo de volta!”
(Diogo Mainardi)

“Acre? O que é isso?”
(Oscar Wilde)

“Não obrigado. Não queremos aquele fim de mundo”
(Fidel Castro)

“Um lindo planeta”
(Carla Perez)

“Acre? Eu e o Saci fomos à um enterro de anão lá.”
(Gaucho Macho)

“Acre non ecxziste.”
(Padre Quevedo)

“Acre? Sim, acho que já visitei.”
(Chuck Norris)

“Andei, andei, andeeeeeei até encontrar.”
(Chitãozinho e Xororó)

Clique aqui para acessar a Desciclopédia.

TV GLOBO NO ACRE

Para a minissérie Amazônia – De Galvez a Chico Mendes, de Glória Perez, que vai ao ar em janeiro, a TV Globo ergueu, às margens do rio Acre, duas cidades cenográficas que reproduzem o mesmo local, porém em épocas distintas do final do século XIX.

Uma delas é Puerto Alonso, cidade batizada assim, em janeiro de 1899, pelos bolivianos que retomaram a região até então povoada por brasileiros, mas que meses depois viria a se chamar Porto Acre.
A segunda cidade cenográfica foi reproduzida para ilustrar o desenvolvimento da antiga Puerto Alonso, após a chegada do espanhol Luiz Galvez que, no dia 14 de julho de 1899, proclamou o Estado Independente do Acre e nomeou o local de Porto Acre.

A produção, que mobiliza um grande elenco, centenas de profissionais de várias áreas, figurinos e cenários ricos em detalhes, está sendo realizada no estado do Acre para ilustrar parte da história do povo acreano que será contada na minissérie, que tem direção geral de Marcos Schechtman e direção de Marcelo Travesso, Pedro Vasconcelos, Roberto Carminati e Carlo Milani.


As cidades projetadas pelos cenógrafos Mário Monteiro e Juliana Carneiro foram construídas numa área de mais de dois mil metros quadrados em apenas um mês. No Acre, foram contratados cerca de 270 profissionais para trabalhos em carpintaria, marcenaria, alvenaria, limpeza e vigilância.

Todas as edificações foram produzidas com material da região. Roxinho, maçaranduba, cumaru de ferro são algumas das diferentes espécies utilizadas no projeto, que utilizou 500 metros cúbicos de madeira, retirados de uma área de manejo florestal. Panos de palha de ubim e de jaci, com trançado especial, fiel à arquitetura da época, forram os telhados das casas e estabelecimentos. A equipe de cenografia também se esmerou para conseguir materiais verdadeiramente desgastados pelo tempo, como lonas velhas e telhas de zinco antigas.


Como o porto da cidade era um dos locais mais importantes da época, por causa da entrada e saída do látex, sete barcos e quatro canoas foram adaptados para as cenas que mostram a movimentação comercial no rio Acre, a chegada e a partida de personagens importantes como Galvez (José Wilker) e José de Carvalho (Juca de Oliveira). Ao todo, foram produzidas duas mil pélas de borrachas cenográficas - forma em que o látex é armazenado para ser vendido. Parte das pélas fica na alfandêga e outras 400, na beira do rio, reproduzindo o costume da época do ciclo da borracha, quando as peças eram colocadas na água para facilitar o transporte, ao serem manejadas por varões. Como toda a mercadoria entrava pelo porto e passava pela alfândega, a produção de arte encomendou mais de mil sacos de juta para ilustrar a circulação dos produtos.

A cidade cenográfica de Porto Acre é composta pelo palácio de Galvez, cinco casas, alfândega, hospedaria, “Instrucção Publica” (escola), “Departamento de Estatística”, “Departamento de Polícia” (delegacia), armazém, igreja, “Junta de Hygine” (hospital) e marcenaria, somando ao todo 15 edificações. Com 81 pilares de tronco de árvores de diferentes espécies e cerca de quatro mil metros de pano de palha de ubim trançados para a sua cobertura , o castelo de Galvez se destaca entre as construções não só pela sua magnitude e excentricidade, mas também por sua localização estratégica, no alto da cidade. A residência do presidente do Acre é rústica, porém rica em detalhes da arquitetura moura, que remetem à origem espanhola do aventureiro de Cádiz. Estas minúcias podem ser observadas nas treliças das janelas e portas e na decoração.

Puerto Alonso, a cidade de Porto Acre meses antes das mudanças realizadas por Galvez, era mais primitiva e simples. Por isso, a cidade boliviana era formada apenas por duas torres, alfândega, um cruzeiro e pelo “destacamento boliviano”, local onde os soldados bolivianos descansavam. Nesta cidade, por causa das cenas de guerra, também é possível encontrar quatro trincheiras cenografadas com, pelo menos, 400 sacos de arroz de palhas.

Após uma pesquisa extensa e minuciosa, a produção de arte, comandada por Ana Maria de Magalhães, impressionou historiadores e cidadãos acreanos pela fiel reprodução de tudo que era usado na época na região. Para a composição interna e externa dos ambientes, a equipe de produção de arte encomendou aos artesãos locais e às tribos indígenas a fabricação de objetos de cena.

Na cidade de Porto Acre e Rio Branco, foram produzidas as moringas, porongas (lanterna artesanal muita usada no seringal), garrafas de barro com pinturas específicas, entre outros artefatos. Os índios confeccionaram os jamaxi (cesto do ombro), arcos e flechas usados em cena pelos personagens de origem indígena. Muito utilizadas para o transporte de carga, as carroças e cangalhas também foram produzidas na região.


Para recriar o cotidiano da cidade na época, diversos animais foram necessários. Além de cavalos, mulas, bois, cabras, carneiros, cachorros, porcos e galinhas, animais silvestres, como araras, micos, veado roxo, jaguatirica e cacatua, deram o colorido amazônico às cenas.


Mais de 50 malas e baús, além de quatro caminhões, saíram do Rio de Janeiro rumo ao Acre com parte do material de cena encomendado pela produção de arte. Foram reproduzidas as balanças do século XIX, que pesavam a borracha; as machadinhas usadas para a extração do látex da seringueira; armas e facões, que serviam para a segurança do seringueiro, entre outros objetos. Do Rio de Janeiro também foram levadas mais de 15 bandeiras, sendo 10 só do estado do Acre.

No dia-a-dia da cidade cenográfica trabalham mais de 270 pessoas, além da figuração. Viajaram do Rio de Janeiro cerca de 150 profissionais, das equipes de direção, produção, figurino, produção de arte, cenografia, caracterização, efeitos especiais, técnica e o elenco. No Acre, foram contratados mais de 120 profisionais que apóiam as equipes, como motoristas, cenotécnicos, bombeiros e barqueiros, entre outros. A figuração foi toda selecionada na região e chega a contabilizar, em cenas específicas, mais de 500 pessoas – a média diária é de 150 figurantes.

O texto foi enviado pela Central Globo de Comunicação. Crédito das fotos: TV Globo/ João Miguel Jr.

TENDÊNCIA AMBIENTAL

Foster Brown

As chuvas já iniciaram este ano. Esperam-se mais queimadas, mas elas devem ser relativamente pequenas em números. Pensei que uma analise preliminar da situação deste ano poderia ser de interesse. A Sumaia Vasconcelos vai fazer uma análise mais profunda nas próximas semanas.

A análise de focos de todos os satelites, baseados nos dados do Centro de Previsão de Tempos e Estudos Climáticos, mostram uma variação enorme de 2004 a 2006.

As grandes queimadas e incêndios de 2005, ficam evidentes nos dados de focos de calor. Os numeros de focos são provavelmente uma subestimativa dos números de queimadas e incêndios. A Nara Pantoja vai ter dados sobre isto em breve. A Sumaia Vasconcelos está analisando, ainda, polígonos de florestas com copas afetadas e encontrou 50 mil hectares sem um foco de calor superposto.

Em Pando (Bolívia), os focos estão ficando constantes de 2004 a 2006. Em Madre de Dios (Peru) no Acre (Brasil), comportamentos semelhantes, com redução pela metade, de 2004 a 2005.

Estes resultados podem ser vistos em mais detalhe na comparacao de focos entre os anos. A reducao de 2005 a 2006 foi grande em todos, especialmente no Acre, que teve somente ~20% (0.18) dos focos deste ano em comparação com os do ano passado.

A reducao foi menor para Pando e Madre de Dios. A diferença fica clara na comparação, entre 2006 e 2004, para Pando; enquanto o Acre e Madre de Dios tiveram cerca da metade de focos, Pando ficou no mesmo partamar em números de focos.

Deixar de queimar também é problema. Algumas pessoas relataram que vai ser difícil queimar depois das chuvas que tivemos. Rocildo, o presidente do Sinidicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e Epitaciolandia, disse que relativamente poucos produtores rurais conseguiram queimar os seus reçados.

Isto representa um problema social em termos de alimentação para os proximos meses. Baseado nestas informacoes, parece importante um levantamento da situação dos produtores rurais no Acre.

Estamos num períoo de grandes oscilações de clima e de atividade humana na Regiao MAP (Madre de Dios, Acre e Pando). É crucial desenvolver meios de entender o que está acontecendo e disseminar estes resultados para as sociedades da região.

Foster Brown é pesquisador da Universidade Federal do Acre e um dos articuladores do Movimento MAP, onde os dados originais estão publicados para os que queiram analisar melhor as tendências do meio ambiente regional.

MEDO DO SARNEY

"A jornalista Alcinéa Cavalcante é alvo de mais de 20 ações movidas pelo senador reeleito do Amapá, José Sarney. Por conta disso, ela foi condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral a retirar de seu blog o conteúdo considerado ofensivo pelo político e a pagar mais de R$ 500 mil reais de multas.

Alcinéa foi fundadora do Sindicato de Jornalistas do Amapá (Sinjor-AP) e hoje é presidente da Comissão de Ética do Órgão. Tem 50 anos e mora no Amapá desde que nasceu. Passou pela Gazeta Mercantil e pelos jornais paraenses O Liberal e O Estado do Amapá, já extinto.

Hoje, trabalha para a Agência Estado e publica um blog na internet, que foi o estopim para os processos. Além disso, já publicou livros de poesia e está escrevendo um livro sobre política no Amapá".

Alcinéa Cavalcante relata em entrevista à Eliane Scardovelli, do site Amazônia Brasileira, os problemas que atingem a mídia amapaense e detalha sua briga na Justiça com o poderoso José Sarney.

- Aqui, todo mundo tem medo do Sarney - afirma. Clique aqui para ler a entrevista.

SUMIÇO DA MINHOCA

André Kamai usou o telefone celular para tirar a foto do cartaz existente em casa próxima ao Parque da Maternidade. Aparecem o deputado eleito Walter Prado (PSB) e o governador eleito Binho Marques (PT). A candidata derrotada a deputada federal, Antônia Lúcia, que se proclama "A Filha da Terra" e logo foi apelidada de "Minhoca", desapareceu do cartaz. A imagem dela foi recortada e enviada para ornar balsa por eleitor que não recebeu o prometido pela candidata? A principal bandeira de Antônia Lúcia era a promessa de impedir casamento entre gays e, pior, que gays e lésbicas sejam professores, para que não possam dar mau exemplo aos alunos. O movimento gay do Acre organiza festa para comemorar a derrota eleitoral da "Minhoca" no dia 24.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

POLPA DO APURUÍ

Muita gente ficou com água na boca quando contei aqui, no final de agosto, a história do meu pé de apuruí. O primeiro fruto maduro caiu hoje. A casca dele é bastante dura. Consegui partir o fruto ao meio após bater com um martelo sobre a faca. Aí exalou aquele cheiro delicioso que só o apuruí tem. Permaneçam com água na boca enquanto vou fazer suco dessa polpa exótica que só podem experimentar com a visão.

PLÁGIO DA HORA

O texto da reportagem de Sonia Bridi, do Jornal da Globo, com imagens de Paulo Zero, sobre o mercado chinêS de avião, que mostrou ontem o comandante José Batista, um acreano de Xapuri, foi copiado integralmente pelo site Notícias da Hora. Além de negar a fonte, o site atribui à sua redação a autoria do texto. E mais: atribui a Rio Branco e não a Pequim, a sua procedência.

- Apenas a abertura do texto que publicamos é de autoria do repórter Jairo Barbosa, que é da Rade Globo no Acre. Nós obtivemos autorização da emissora para copiar o resto - disse Roberto Vaz, diretor do site.

Após ser questionado, Vaz acrescentou um "veja íntegra da reportagem do Jornal da Globo" ao texto do site.

Melhor assistir ao vídeo. Clique aqui.

SANTINHO DE PAU ÔCO

Somos muito mais do que os 300 picaretas. Vejam a maracutaia que os conterrâneos do presidente Lula armaram contra ele no sertão de Pernambuco. Na zona rural e em algumas cidades do sertão foram distribuídos "santinhos" com as fotos de vários candidatos. A foto de Lula (PT) aparecia entre as dos canditatos, com o número “45”, que é o número de Geraldo Alckmin (PSDB). Mais uma pro rosário de alegações que tenta explicar o desvio de Lula da vitória no primeiro turno. Leia mais no portal Supramax, de Salgueiro (PE).

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

PROMESSA DE VITÓRIA

Nosso Binho Marques (PT), que aparece na foto segurando um microfone, participou hoje da reunião dos governadores eleitos com o presidente Lula, no Palácio da Alvorada.

Disse ter certeza de que "a verdade vai vencer as mentiras da oposição", e que, na comparação entre as conquistas dos quatro anos do governo Lula com os oito anos do governo do PSDB, "o povo vai ficar ao lado do presidente que mais fez pelos pobres do Norte e do Nordeste".


O governador eleito do Acre lembrou da relação histórica que Lula mantém com o Estado, desde a década de 80, e prometeu um segundo turno vitorioso ao candidato petista.

- O Lula esteve conosco nos momentos mais difíceis, como nas mortes dos companheiros Wilson Pinheiro e Chico Mendes, e nós queremos retribuir tudo o que o Lula fez por nós, garantindo-lhe uma grande vitória no segundo turno - disse.

Lula, que foi derrotado por Geraldo Alckmin no Acre petista, disse que a partir de agora vai contar mais com o governador do Acre, Jorge Viana, “que já resolveu a parada em seu Estado no primeiro turno”.

A bobagem do dia ficou por conta da equipe de jornalismo da Rede Bandeirantes, que anunciou Binho Marques como governador eleito pelo PDT. Segundo a Band, ele estaria em dúvida entre Lula e Alckmin.

Jornalistas do sudeste costumam confundir o Acre com o Amapá ou Boa Vista com Rio Branco. Não temos pedra no Acre, mas sempre ocorre de ser mencionado no noticiário de lá a existência de garimpeiros no Estado.

O fato me fez lembrar de Geraldo Alckmin falando recentemente de caravelas durante um ato público às margens do Rio Acre, onde a gente avista apenas canoas e batelões.

ACRE SYNDICATE



"Oi Altino,

Amanhã ou sexta-feira, estarei te mandando uma mensagem com as informações da gravação de segunda-feira que poderá ser acompanhada pela imprensa. O que você precisar é só mandar e-mail ou telefonar.

Estou enviando a foto de uma cena da minissérie "Amazônia – De Galvez a Chico Mendes", no Rio Acre, com Juca de Oliveira (José de Carvalho, personagem histórico da Revolução Acreana), Thiago Oliveira (Bento), Eduardo Galvão (Joaquim Victor) e Cacá Amaral (José Galdino).

Abraços

Paula Lordello"

A jornalista Paula Lordello é da CGCOM, a central de comunicação que grosso modo está para a Rede Globo como o DIP esteve para o Estado Novo. Contemplado a foto tirada por João Miguel Jr., avistei o Alberto Fernandes Rodrigues, ex-funcionário da Eletronorte e ex-presidente do Sindicato dos Urbanitários do Acre, que liderou tantas greves no Estado. Na proa do batelão, Alberto empunha um rifle - é o terceiro, da esquerda pra direita. Pensei que estivesse na luta para reverter a derrota de Lula no Acre. Julgando-me menos feio que ele, estou arrependido de não ter pedido à Glória Perez que providenciasse minha pontinha na minissérie. Clique sobre a foto para ver o nosso sindicalista de prontidão contra o Bolivian Syndicate.

UM MÊS SEM VANESSA



Amigos da pesquisadora portuguesa Vanessa Sequeira, 36, assassinada após abuso sexual, há um mês, no ramal do Toco Preto, na zona rural do município de Sena Madureira, vão se reunir num lugar especial, no Acre, para celebrar a vida dela.

- A homenagem regional será um momento de paz, para refletir e compartilhar as lembranças de Vanessa Sequeira - disse o pesquisador Foster Brown.

Onde: Café da Carol, Rio Branco (Acre), no Km 18 da BR-40.

Quando: domingo, às 10 horas da manhã.

A Secretaria de Segurança Pública do Acre não divulgou até hoje o resultado do exame de DNA que seria apresentado como mais uma prova contra o assassino de Vanessa, o ex-presidiário Raimundo Nonato Pedrosa.

Vanessa Sequeira havia escolhido o Acre para realizar pesquisas para tese de doutorado em ciências sociais.

A VOZ DO POVO

Roberto DaMatta

Conheço muita gente que fala do “povo” com desdém e, no entanto, posa como seu escudeiro político e social. São seus amigos, defensores, padrinhos, educadores e sacerdotes. Sendo seus ministros e pastores, sendo seus representantes mais puros e honestos, têm mais “moral” para dele falar e, eis o ato final de amor: “cuidar”, “proteger”, “tomar conta”, “prover” esse povo sempre lido como “pobre, desamparado, explorado e carente”. Eram, como revela a nossa linguagem familística a qual não conseguimos até hoje sequer criticar devidamente, seus “pais”. Ter a paternidade do povo era um dos símbolos mais caros de nosso populismo mais cínico, desonesto e descarado. Título até hoje disputado com muita garra e palavrão pelos que pretendem que o país seja — como dizia aquela menininha filha do ditador, “O Brasil é uma fazenda; e papai é o seu dono”. Ou, como estamos ouvindo e lendo a todo momento, um instrumento de libertação do qual o nosso líder, vindo do seu ventre, é o messias.

Neste último domingo, ouvimos a tão propalada mas ainda sussurrada voz do tal “povo”, que, no Brasil, ninguém sabe direito quem é. Mas todos temos uma certeza: nós não nos incluímos em seu meio. Para os governistas, a palavra foi “envenenada” pela “imprensa irresponsável e antiética” que trocou a amizade pelo povo e, sem maiores cuidados, saiu discutindo e mencionando o mensalão. Essas mentiras inventadas para conspurcar o nosso inocente e puro povo não deveriam ser transformadas em fatos, pois, como eu aprendo com os jornalistas políticos: “Com os fatos ninguém briga!” Sobretudo, é claro, quando eles estão (ou estavam) do nosso lado ou do lado do “povo”, pelo qual tudo fizemos e estamos dispostos a fazer.

Não vou ensinar aos jornalistas intrigados com os paradoxos do mundo — por que morremos, de onde vem o sofrimento, por que o Brasil é sempre dilapidado pela boa fé dos seus políticos mais bem-intencionados, qual é o elo entre o “coração” (os “hábitos do coração”, como diziam Rousseau e Tocqueville, no que também foi mencionado por Sérgio Buarque de Hollanda como “cordialidade”) e o nosso paternal, cordial e, hoje, doce autoritarismo, sempre realizado em nome do povo — o fato fatal segundo o qual todo fato é um fato, mas um fato de fato construído. Mas posso afiançar que, quando falamos de “fatos”, o buraco — como diz o povo que todo mundo adora citar — é bem mais embaixo. Tome-se, por exemplo, esse “fato” recente — o ritual eleitoral — e pergunte-se — como a grã-fina de Nelson Rodrigues que, vendo um jogo de futebol, queria ser apresentada à bola — quem são os “fatos”? Seriam eles os números avassaladores das pesquisas de opinião que davam uma vitória garantida e insofismável do presidente Lula no primeiro turno? Seriam as teorias que, para quem tem fome, pouco importa a ética, pois o mundo tem uma escala e, como dizia Napoleão e os nossos realistas fascistas, primeiro vem a barriga e depois o resto? Ou será que o povo, contrariando tudo isso e mais alguma coisa — como o nosso irmãozinho Evo —, viu a uva — e resolveu, afinal, dizer chega a um governo que aceita tudo, menos perder o poder? E descobriu que até mesmo a fome, para ser transformada em direito, tem que passar por uma transformação radical e, igualitariamente, passar de “necessidade básica” a prerrogativa do povo? Ou será que vamos topar instituir a república dos famintos como sendo os superiores?

Quem são os fatos? São os números; ou são as motivações que os algarismos exprimem em sua linguagem agregada? São a confirmação de que, finalmente, uma parcela da população entendeu que o governo está brincando de democracia, e usando a eleição como um meio para um fim, como os próceres do PT quase admitem, quando inventam um dossiê cujo objetivo era vencer a eleição em São Paulo? Forjar resultados, comprar votos, usar ilegalmente dinheiro estrangeiro para propósitos eleitorais é algo “normal”, “sistemático” e “regular” no “jogo democrático”, como admitem governo e grande parte da oposição, que ouve isso sem tugir ou mugir? Seria normal que, numa partida de futebol, os jogadores fossem dopados e o seu técnico comprado antes da disputa final? Ou o fato é apenas o evento construído pelo “povo” que defendemos e cuidamos? O mesmo fato ao contrário seria uma conspiração, porque revelaria o conjunto de eleitores do outro lado: “reacionários canalhas e mentirosos”?

O segundo turno que se inicia é um fato ou uma interpretação? Por outro lado, o “povo” que vai decidir quem será o presidente do Brasil é o mero e fajuto eleitor antipovo, que nada entende de teoria da História, gente “alienada” na sociedade de mercado e consumo; ou é o “povo” faminto e pobre que está, como dizem os entendidos, revelando um “fato” inusitado: a divisão do Brasil entre os corretos, os pobres que, como o presidentecandidato, sofrem no palácio; ou o resto que, sendo “rico”, não deveria nem ter o direito do voto, porque o primeiro direito seria o de comer ou, quem sabe, de vestir, ter saúde, pertencer, acreditar, rezar e — viva a descoberta! — escolher? Afinal, o povo é um fato ou é uma criação nacional brasileira que exclui os que dele tiram proveito, os que dizem que por ele governam, rezam e choram? Quando é que o povo vai ser todo mundo, e os fatos só “vão falar” quando devidamente interpretados, como parece indicar — pelo menos para este cronista amador — essa histórica eleição?

Será que o povo resolveu dizer chega a um governo que aceita tudo, menos perder o poder?

Roberto DaMatta é antropólogo. O artigo dele foi copiado da edição de hoje do jornal O Globo. Antonio Alves reproduz no blog A coisa em si outros dois artigos da página de opinião do Globo - "Um grande teste", de Zuenir Ventura, e "A marcha dos palhaços", de Elio Gaspari.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

O MAIS VOTADO DO BRASIL

O senador Tião Viana (PT) foi reeleito no Acre com a maior votação proporcional da história do Brasil.

Foram 187.432 votos, que correspondem a 88,76% do eleitorado acreano.

Votação superior à do governador eleito, Binho Marques (PT), que obteve 165.961 votos (53,05%). No Acre, Lula (42,62%) foi derrotado por Alckmin (51,79%).

Tião Viana divulgou nota de agradecimento aos eleitores sem mencionar a proeza política nacional:

- Você, eleitor acreano, que renovou meu mandato no Senado da República e fez de mim o político mais votado da história do Acre, receba o meu mais sincero agradecimento. Só posso agradecer trabalhando muito e sempre para honrar o Acre no Congresso Nacional e ajudar o governador eleito Binho Marques a fazer nosso Estado a seguir no rumo certo. Esta vitória da Frente Popular do Acre expressa o reconhecimento do povo acreano ao trabalho do governador Jorge Viana. Muito obrigado e vamos em frente unidos pelo Acre e pelo Brasil.

MAIS BALSA



Jornal Página 20 contratou Enilson Amorim para retratar a balsa na qual viajam com destino a Manacapuru (AM) os derrotados nas eleições no Acre. Já fiz muitas vezes essa maldita viagem. Mas como dói. Clique aqui para visualizar melhor a balsa.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

ENFIM, UMA PRIMEIRA-DAMA

Depois de oito anos uma primeira-dama. Depois de 12 anos, uma primeira-dama brasileira.

A última do Acre foi a peruana Beth, mulher do então governador Orleir Cameli.

O governador Jorge Viana está separado desde que assumiu. Vai deixar o cargo como o solteirão mais cobiçado da floresta.

Binho Marques, o governador eleito, é casado com a jornalista Simony D’Avila, reconhecida pela competência com que dirige a TV Aldeia.

A BALSA



Bati as sete províncias à procura da Gazeta, que sumiu cedo das bancas. O jornal dedicou metade da capa à lendária balsa, que leva os derrotados em eleições para a cidade de Manacapuru (AM), onde têm como consolo o choro dos surubins e o ranger de dentes.

Página 20 e A Tribuna, sem a charge do Dim, sobram nas bancas. O erro da Gazeta foi não ter atualizado até agora sua versão na web.

Com a derrota de Márcio Bittar (PPS), O Rio Branco cancelou sua edição extra. O jornal está de luto porque seus donos, Narciso e Célia Mendes, também foram derrotados. Ainda está na web com a manchete na qual a ex-viúva do ex-governador Edmundo Pinto pede voto pro candidato derrotado.


"Pra lavar a balsa com carinho, agora é luva, sabão e pinho"

domingo, 1 de outubro de 2006

A BALSA É DO BITTAR

Em março, anotei (leia aqui) que o franzino Binho Marques (PT) surgia como o mais forte entre os candidatos ao governo do Acre. No dia 9 de setembro, apareceu o Aníbal Diniz e também afirmou (leia qui)que Binho seria eleito governador no primeiro turno.

A assombrosa balsa imaginária, aquela que leva os perdedores Rio Acre abaixo, com destino a Manacapuru (AM), terá mais uma vez como timoneiro Márcio Bittar (PPS), um profissional de candidaturas derrotadas.

Bittar ainda é jovem e vai dispor de tempo para perder a arrogância, escolher melhores companhias e ter plano alternativo de governo.

O acreano elegeu Binho Marques, Tião Viana e Geraldo Alckimin. O segundo turno para a eleição presidencial é um resultado positivo e merecido. Mas o governador Jorge Viana considerou o resultado uma ingratidão do eleitor para com sua gestão.

Lula, o grande chefe do PT paulista, que se cuide e trate de tirar urgentemente lições da democracia sob pena de ser varrido logo mais do mapa político. Para votar nele, a maioria teve que tapar as narinas.

Bem, felizes os acreanos que podem parodiar o jingle que serviu ao governador eleito: "Pra lavar a balsa com carinho, agora é luva, sabão e pinho".
Rá-rá-rá... A balsa é do Bittar.

Clique aqui para conhecer algumas idéias de Binho Marques, expostas durante um debate com os jornalistas do Acre.
"Eu não gosto quando vejo nos jornais os mesmos títulos e textos dos press-releases distribuídos pela Secretaria de Comunicação. Eu acho isso muito feio". Ou, ainda: "Bajuladores e fantoches são pessoas que não quero de maneira nenhuma no meu governo. Quero pessoas de caráter, com autoridade, para dizer o que pensam".

Caro NN, como bem disse o Antonio Alves, o "Binho é o cara". No final do ano passado, quando ainda era forte a possibilidade da candidatura do senador Tião Viana ao governo, foi realizada em Brasília uma reunião "sigilosa" dos cardeais da Frente Popular do Acre.

Toinho quebrou o clima de unanimidade existente em torno do nome do senador ao afirmar:

- O candidato da Frente Popular deve ser o Binho e ele não pode dizer não.

- Eu digo não - rebateu Arnóbio Marques.

Toinho também é o cara. Jorge Viana, idem.

Detalhes aqui.