sábado, 10 de maio de 2025

Cientistas emitem alerta sobre secas severas, queimadas, fumaça e aumento da temperatura na Região MAP

 

Foto: Altino Machado
Foto: Altino Machado

Um grupo de 24 cientistas, pesquisadores e profissionais diversos da "Iniciativa Trinacional MAP", que abrange Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia), divulgaram nesta sexta-feira, 10, um alerta sobre a seca, ondas de calor, queimadas, fumaça e o clima do futuro na região.

⎯ As tendências de elevação da temperatura e de alteração das chuvas, acopladas com a redução de florestas, indicam que podemos ter secas severas neste e nos próximos anos, com probabilidade alta de se agravar ⎯ afirmam.

O alerta assinala que estamos no período mais marcante de mudanças no clima na região MAP. Desde 1990 até 2024, em 34 anos, a temperatura anual na área aumentou cerca de 1,8ºC, segundo dados da Universidade de Maine nos EUA. A tendência na região MAP segue, em geral, a tendência mundial.

Segundo a "Iniciativa Trinacional MAP", as pessoas mais diretamente afetadas pelas mudanças climáticas ⎯os extrativistas, ribeirinhos, povos indígenas e os povos indígenas isolados na região MAP⎯ precisam que suas florestas sejam protegidas contra desmatamento e degradação, seja por atividade madeireira não sustentável ou fogo.

Publicado em espanhol, português e inglês, o documento de 16 páginas apresenta seis recomendações:

1. Atualizar e implementar, nos níveis federal, estadual, municipal e comunitário, planos de contingência para desastres socioambientais associados a eventos extremos climáticos, com a participação ativa de organizações de bairro. No caso de Pando, os Conselhos de Bairro e as Federações de Conselhos de Bairro (FEJUVE), bem como organizações inovadoras de afetados para a gestão adequada dos riscos decorrentes, durante e após eventos extremos. Os custos destas atividades são muito menores do que os danos causados por estes eventos, exemplificados pela inundação em Rio Branco em 2015 e outros eventos no Acre.

2. Preparar as sociedades para lidar com mudanças climáticas, perda de biodiversidade e desastres socioambientais nas décadas que vêm, via modificações nos sistemas educacionais do básico até superior, como proposto no Brasil via a Lei no. 14.926, de 17 de julho de 2024 (11) e o que está estabelecido na Lei de Educação nº 070, Artigo Cinco, (Objetivos da educação), inciso 9 no Estado Plurinacional da Bolívia (12). Além do Objetivo Prioritário 1 da Política Nacional de Gestão de Riscos de Desastres até 2050 e o art. 2.2 do Decreto Supremo que declara de interesse nacional a emergência climática no Peru.

3. Fortalecer e propagar bons exemplos de preparação e resposta de comunidades enfrentando os eventos extremos, como a autogestão de desastres promovida pelos moradores do bairro Junín, duramente afetado pelo transbordamento do Rio Acre na cidade de Cobija.

4. Fazer gestão de paisagens para que se mantenham a estrutura e funcionamento de ecossistemas naturais que amortecem os impactos de mudanças climáticas na escala regional, mantendo áreas de proteção e recuperação de áreas críticas. Em linha com o enfoque ecossistêmico da Convenção sobre Diversidade Biológica e as prioridades estabelecidas no Plano Maestro do Parque Nacional Alto Purus 2024–2029 (SERNANP, 2024). Torna-se urgente implementar medidas de adaptação e mitigação a médio e longo prazo, como a restauração de paisagens degradadas, fortalecimento do monitoramento climático coordenado, salvaguardas específicas para os PIACI e o fortalecimento da governança ambiental trinacional para garantir a resiliência desses ecossistemas e das populações que deles dependem.

5. Integrar ferramentas de governança territorial (Zoneamentos, ordenamentos territoriais e planos de vida) com estratégias de adaptação e mitigação as mudanças climáticas e provisão de serviços ambientais. Priorizar a região do MAP e buscar o envolvimento direto dos governos locais, estaduais e federais, com responsabilidades comuns e diferenciadas.

6. Expandir as redes de monitoramento hidrometeorológico e da qualidade do ar da região MAP para auxiliar em alertas e respostas aos eventos extremos, usando tecnologias de baixo custo integradas com os sistemas educacionais e da saúde para facilitar a aplicação de informações geradas.

Clique aqui para ler o alerta na íntegra.