Luciano Martins Costa
Jornais e revistas distribuídos no final de semana concentram o noticiário nacional em duas frentes: a questão ambiental e o escândalo que envolve o Senado Federal por conta dos atos administrativos secretos.
Os conflitos entre indígenas e forças policiais na fronteira ocidental amazônica, que deixaram um número ainda desconhecido de mortos e feridos, finalmente chamam a atenção da imprensa brasileira.
Os jornais de circulação nacional enviaram repórteres à região e começam a constatar os fatos que já vinham sendo revelados há meses pela imprensa alternativa, com especial destaque para o Blog da Amazônia, produzido pelo acreano Altino Machado.
Desde o começo do ano, com base em informações de líderes indígenas e do sertanista José Carlos dos Reis Meirelles, Machado vem informando regularmente sobre conflitos entre índíos ashaninka e outras tribos e invasores cujo ingresso na floresta vem sendo facilitado pelo lado peruano.
Só depois que o conflito se alastrou e se agravou, com o aumento do número de mortos, a chamada grande imprensa se interessou pelo assunto.
A Folha de S.Paulo admite, na edição de domingo, que a disputa “lança luz” sobre tribos amazônicas até então invisíveis para a imprensa.
A revista Veja tenta, em sua edição desta semana, fazer uma síntese sobre a controvérsia que se estabeleceu entre ambientalistas e representantes dos agronegócios a respeito do futuro da Amazônia.
Interessante notar como a reportagem se choca com um trabalho publicado no site Planeta Sustentável, também pertencente à Editora Abril.
Planeta Sustentável traz informações colhidas em palestra do pesquisador Alberto Veríssimo, fundador do Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, que indica claramente a necessidade de uma política de preservação mais agressiva para a região.
Quanto à Medida Provisória 458, que propõe regularizar a posse da terra, Veríssimo defende o veto a três pontos: o prazo para a venda da terra de três anos para as grandes propriedades, a venda das terras para pessoas jurídicas e prepostos e a falta de exigência de compensação do passivo ambiental.
Na edição da revista, os ambientalistas são tratados com preconceito e a tentativa de simplificar a questão complexa acaba produzindo mais desinformação do que esclarecimento.
Como diz a própria Veja, conciliar desenvolvimento e conservação não é para amadores.
◙ Luciano Martins Costa faz o programa Observatório da Imprensa no Rádio, produzido pela Cultura AM de São Paulo, com a participação de Alberto Dines. O programa é transmitido de segunda a sexta-feira Leia mais aqui.
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