sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

EU E O ZÉ

Leila Jalul

O ano era 1998. Estive em Coimbra para um encontro sobre literatura portuguesa. Não sou letrada, mas, aproveitando a companhia de uma amiga portuguesa, Maria Luísa Coroa, estive lá. Me envolvi na trama da reunião, como se pertencesse à nata dos literatas.

Um dia, em meio ao conclave, o apresentador do evento, de repente pára tudo e anuncia: José Saramago, escritor português, de língua torta, ganhou o Nobel de Literatura.

Puta merda! Foi um suspense e tanto. Todos de pé, em palmas compassadas (português bate palmas diferente de nós, aloprados pela própria natureza). Meia hora de aplausos. Teve gente que chorou.

Na beira do Mondego, refleti sobre minha origem. Puta merda! Puta merda. Puta merda. Eu ganhei o prêmio Nobel de Literatura? Me senti a própria ganhadora. A vaidade me subiu no gogó e me engasgou.

Fui dormir. No dia seguinte, uma noitada na Quinta das Lágrimas - onde Inês de Castro viveu e morreu, vítima de um homem mau. Ali, entre canapés e sorrisos, ouvi um quarteto de Coimbra, todos de preto, guitarras portuguesas e clima de velório-festivo, cantando a melhor e mais difícil obra musical de entender.

A música dizia: "Coimbra, tem mais encantos, na hora da despedida. Coimbra é velha e linda, tanto quando se chega, tanto quando se vai". Eu pensava: puta merda, puta merda, puta merda! Eles querem dizer o quê?

Aqui está a mais velha Faculdade de Direito, aqui mora a mais velha e única pastorinha vivente da aparição, aqui se encontram vestígios de Roma em Portugal – Conimbriga. Esses caras são doidos?

Tem nada não. Amanhã vou para outro trecho e, quem sabe, vou entender melhor a arte de ser português.

E viva o Zé!

4 comentários:

  1. Anônimo7:35 PM

    CARTA D'ALEM MAR
    sergio souto e aldir blanc
    ------------------------------

    Gritos de vitrais
    Prantos d'azulejos
    São mortais os beijos nos portais.
    Chamas bailarinas
    Queimam meu passado
    Ai Lisbôa do Brasil
    Ardo ao teu lado.

    Barcos do teu cais
    Choram pelo tejo
    Morrem do desejo D'alem mar.
    Moura dançarina
    Eu sou teu escravo
    Ai Lisbôa do Brasil
    Te mando um cravo.

    Existe entre nós
    Um cavaquinho,uma guitarra
    A flexa índia
    E a mourisca cimitarra
    Misturei num mesmo trago
    Um Drumond, um Saramago
    Chão mineiro,mar de luzitanos.

    O Esteves me sorriu:
    Aqui é o Stanislau
    Que conta uma piada
    De patricio no quintal.

    A Fátima daqui
    corôa o carnaval
    E vai causar ai
    Hipertensão arterial.

    O Vasco que saiu
    Do porto numa nau
    Aqui é o campeão
    De futebol estadual.

    Dizem os jornais
    Que mãos criminosas
    Acenderam as rosas imorais.

    Ressurge das cinzas
    Ai Lisboa minha
    Pois Inês depois de morta
    Foi rainha.


    Maninha Leila, esse fado é foda!!!

    Abraço

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  2. Anônimo9:36 PM

    E VIVA O ZÉ:
    PEREIRA
    SARAMAGO
    TRINDADE
    DIRCEU (xô cão)
    GENOINO (vixe maria)
    ZÉ CARLOS (puta guitarrista)
    ZÉ BIGORNA (puta saxofonista)
    ZÉ DA VELHA (QUE TROMBONISTA!)
    ZÉ MIGUEL WISNICK (COMPOSITOR GENIAL)
    ZÉ DO CAIXÃO !!!!!
    ZÉ SARNEY
    ZÉ CARIOCA...
    QUE TAL MAMAR UM CHOPP
    COMENDO PIPOCA ?

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  3. Anônimo11:22 AM

    Menino Sérgio,
    Parece que estou sendo indelicada.
    É nada disso não.
    Entendi sua tristeza, mas, resultado de rescaldos de incêndios, como sou, pensei assim: não tem Sérgio Souto, mas tem Villa-Lobos. Tem um piano do caboclo faceiro que chegou diretamente de Paris para comer a Idel. O nome da música tá na ponta da minha língua. Mas, lembrar que é bom, não lembro agora. Tá bom!
    O Sérgio vai vencer mais esta barreira!
    Um beijo.

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  4. Anônimo12:34 PM

    Olá!!! Só parei por aqui para te mandar um abraço, e dizer que, mesmo estando silenciosa sou sua leitora assídua!

    Ah... e nossa minissérie está me dando um orgulho danado! Apesar de ter uma ou outra coisa ali que jgo estar mal colocada... enfim...

    Abraço, Altino!
    Vivi

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