segunda-feira, 5 de junho de 2006

FOLIA NO ERROS DA HORA

Alguns gaiatos agora passaram a fazer cobranças por conta do elogio que fiz ao site Notícas da Hora, êpa!, Erros da Hora. Realmente não dá pra elogiar. A folia tomou conta daquela redação. Erros da Hora informa que "a torcida acreana pelo Hexa (sic) promete não fazer feio". Quem continua fazendo feio é o sujeito que tasca "rítimo" no título de uma manchete. O que falta mesmo é alguém capaz de entrar no ritmo da língua naquela redação.

Um comentário:

  1. Anônimo8:09 AM

    Véio, enquanto você espera poesia,
    eu fico "prosa".

    O RISO É UM CASO SÉRIO

    A arte procura fixar a vida, e o humorista a decompõe em seus elementos mais caricatos, a expõe em seus atributos contraditórios. Não a desnuda, afirma Pirandello, mas a vê em mangas de camisa. Para Freud, a pilhéria se faz, a comicidade se descobre igual ao sonho, nas pessoas e, por transferência, nos objetos, situações, coisas e em si próprio.

    O chiste e sua relação com o inconsciente preocupou tanto Eurípedes quanto o pai da psicanálise.

    Considero o humor um jogo puramente intelectual; uma forma de expressar - às vezes rude e violenta pelo que contém de cruel em seu conteúdo - o ridículo da própria condição humana com um profundo sentimento de simpatia.

    Concordo com Eça, que considera o riso a mais útil forma de crítica porque mais acessível à multidão.

    A ironia, segundo Bergson, consiste em simular que aquilo que deveria ser é realmente o que é. Já o humor descreve o que é, simulando acreditar que é o que deveria ser. Jogo de símbolos a merecer uma sofrida análise das sutilezas semãnticas responsáveis por tantos e distintos tratamentos entre sátira e comédia, sarcasmo e ironia.

    A reflexão aristotélica vê na comédia a imitação dos homens como se fossem piores do que geralmente são. Deixo-me levar pelo princípio do prazer freudiano soblimando situações "desconfortáveis" pela emoção despertada no que elas têm de mais ridículo. Como triunfo do eu.

    Detenhamo-nos na figura de Chaplin, no cinema, revelando em "Tempos Modernos", o mecanicismo de uma vida que muda a todo instante. Crítica fantástica e ingênua, ao mesmo tempo cáustica e anestégica reflexão sobre o pano de fundo da realidade bergsoniana, em que não há nada de cômico fora do que é propriamente humano. Parece-me que o filósofo francês bebeu na fonte inesgotável do seu compatriota, o mestre Rabelais, que afirma pela boca de Gangântua:

    ... et maintenant riez!
    Car le rire est le propre de l'homme!

    Não nos afastemos do lúdico, da brincadeira, do jogo que tem origem no l'esprit de finesse, o qual houve por bem nos conceder o Senhor, através do caricato, da desproporção engraçada, da deformidade perfeita, da feiúra ideal, da poderosa imagem do cotidiano em seu conteúdo simbólico, rindo e castigando costumes.

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