quinta-feira, 15 de setembro de 2005

DE FILHOTES E OTÁRIOS

Essa é boa por expor o quanto o senador Geraldo Mesquita Jr. (PSOL) se apequena politicamente ao chamar o governador Jorge Viana (PT) de "filhote da ditadura".

Não mentiu, é verdade. A mentira ou má fé dele é a de tentar ocultar na afirmação que também é um "filhote da ditadura", sortudo.

Além disso, a amizade deles remonta à mais tenra juventude, quando as famílias de ambos, lideradas pelos patriarcas Wildy Viana e Geraldo Mesquita, eram destaques na Arena.

Em tempo: numa manhã, em meados de 2002, estava com o Jorge Viana em seu gabinete quando a secretária dele, a Graça, abriu a porta e se aproximou para avisá-lo que o ex-governador Geraldo Mesquita já estava na ante-sala.

Geraldo Mesquita, o Barão, pai do Geraldinho, foi o penúltimo governador do Acre nomeado pela ditadura militar.

Quando Jorge disse à secretária que trouxesse o ex-governador, peguei meu gravador e um bloco de anotações que estavam sobre a mesa e levantei da cadeira para bater em retirada.

Mas Jorge disse:

- Não, Machado. Fica aqui.

- Vocês vão falar de política, fiquem à vontade. Vou embora.

- Fica, fica - ele insistiu.

Aí entrou o Barão, de óculos, passo lento, alisando as mãos. Após os cumprimentos, sentou-se na cadeira ao lado da minha. E foi direto ao assunto:

- Governador, nós precisamos contar com um candidato a senador, além da Marina Silva. Alguém que ajude a puxar votos. O Geraldo Mesquita está aqui e é um bom candidato.

- Claro, Barão. Concordo plenamente. Sua estratégia está certa. Vamos conversar mais com os partidos - respondeu Jorge.

Bem, ambos continuaram a falar algumas bobagens a mais que já nem recordo e então pedi licença para me ausentar. Fui embora.

Horas mais tarde, escrevi algo mais ou menos assim e mandei pro jornal Página 20: "O ex-governador Geraldo Mesquita se reuniu ontem com governador Jorge Viana para se oferecer como candidato ao Senado com apoio da Frente Popular do Acre". Pronto.

Eu havia induzido o jornal a uma barriga (divulgação de informação falsa). Claro que o Jorge percebeu isso ao ler o jornal no dia seguinte, mas não ousou me importunar. Só percebi a barrigada uma ou duas semanas depois ao encontrar o Geraldo Mesquita Jr, que disse:

- Altino, o Barão está há dias amuado por sua causa. Está uma fera mesmo. Ao contrário do que você escreveu, sou eu o candidato que ele sugeriu ao Jorge para ser apoiado pela Frente Popular.

- Ah é? Mas ele falou Geraldo Mesquita, sem o Jr.. Como você não tem votos, jamais imaginei que estivesse sugerindo a sua candidatura - tentei justificar.

Moral da história: Geraldinho foi eleito senador com os votos de 104.993 otários, entre os quais me incluo.

P.S.: Recebi a informação de que Geraldo Mesquita Neto, filho do senador Geraldo Mesquita Jr., está no Acre organizando o PSOL e articulando sua candidatura a deputado federal.

4 comentários:

  1. Anônimo6:28 AM

    Pra ver como são as coisas... Pra que tantos dentes ao sol? Quem tiver a história política assim imaculada, nascida e seguida integralmente na originalidade da... tsc tsc... pureza marxista, que atire a primeira pedra. O senador atirou e levou. Acontece.

    ResponderExcluir
  2. Anônimo9:06 AM

    Otário sou eu que votei no Jorge, na Marina e no Tião.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo9:27 AM

    O filho original da ditadura, que além de tudo ainda leva o Jr pra ficar mais claro que é filho mesmo da ditadura. Hoje já percebeu a besteira que fez em puxar briga com quem deu a ele um mandato de senador e que já vai acabar e ele nao tem moral nenhuma pra pegar nem cargo de presidente de bairro.... tah fudido.
    ahh eu fui um dos otários tb

    ResponderExcluir
  4. Anônimo12:40 PM

    Otários são eles que se enganam quando pensam que me enganam. Fênix

    ResponderExcluir

Comentários neste blog passam por minha moderação, o que me confere o direito de publicá-los ou não. Textos assinados por mim refletem exclusivamente a minha opinião e não a das instituições para as quais trabalho ou venha a trabalhar. A reprodução do conteúdo é livre, desde que seja preservado o contexto e mencionada a fonte.