Xapuri 18 de outubro de 1987
Prezados companheiros e companheiras
Estamos chegando ao final de 1987. Um ano de muita luta de grandes sucessos, mas também um ano de muitas perseguições e calúnias.
Todos nós, mais uma vez somos convidados a nos mantermos unidos, cada vez mais na fé, na coragem e na confiança e esperança de vencer. Precisamos mais do que nunca estar unidos, pois desta união depende o nosso futuro, o futuro de nossos filhos. As forças inimigas estão se organizando para nos combaterem. Estas forças são os fazendeiros, e o prefeito de nossa cidade, juntamente os políticos que o apóiam.
E nós vamos ficar de braços cruzados?..
A igreja também está sendo atacada e nós vamos ficar calados?... Companheiros, assim não dá. Vamos à luta. Neste sentido, convidamos todos os delegados sindicais desta área e todos seus auxiliares para um grande treinamento de lideranças sindicais, a se realizar nos dias 27, 28 e 29 de dezembro. Não faltem, por favor. E dia 30 a 31 de dezembro, grande assembléia geral do sindicato. Aí é hora de todo mundo comparecer, homens e mulheres, pois a luta é de todos nós. Precisamos nesta assembléia aprovar nossos planos de luta para 1988, pois neste ano, pela primeira vez vamos enfrentar as forças da maldita UDR.
Espero contar com a colaboração da todos vocês.
Saudações sindicais do companheiro
Chico Mendes
NOTA DO BLOGUEIRO: Chico Mendes foi assassinado por um complô de políticos, empresários e fazendeiros acreanos dentro da casa dele, em Xapuri, no dia 22 dezembro de 1988. O fazendeiro Darly Alves da Silva e o filho dele, Darci Alves Pereira, ambos condenados como mandante e assassino do seringueiro, foram apenas os braços armados da conspiração. Reportagem de Silvânia Pinheiro, do jornal A Gazeta, revelou como foi obtida a carta escrita por Chico Mendes há 18 anos.
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